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O que é o Cinturão da Bíblia dos EUA, os Estados onde líderes religiosos acreditam que Trump é 'enviadoroleta lucrativaDeus' para ser presidente:roleta lucrativa
A maioria das pessoas que frequentam o culto são famílias brancas jovens, com muitos filhos, que compartilham o mesmo ritual todos os domingos.
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Fim do Matérias recomendadas
Às 10h45, começa a cerimônia religiosa, com Deevers tocando violão e cantando junto aos fiéis. A apresentação é seguida por um sermão baseadoroleta lucrativauma passagem bíblica do Evangelhoroleta lucrativaJoão.
Deevers, um senador nascidoroleta lucrativaElgin, é pairoleta lucrativaseis filhos, tem mestradoroleta lucrativaDivindade e um negócio no setor imobiliário. Ele prega no púlpito aos domingos, e propõe leis como senador às segundas-feiras no Capitólioroleta lucrativaOklahoma, onde maisroleta lucrativa80% dos legisladores são republicanos.
Ele representa a dualidade político-religiosa que caracteriza a maioria dos líderes locais.
Uma dualidade comum no chamado Cinturão da Bíblia dos Estados Unidos, do qual Elgin faz parte. Uma vasta parte do país com fortes convicções religiosas e conservadoras, onde poucos discutem quem vai ganhar a disputa entre o republicano Donald Trump, que se apresenta como protestante, e a democrata Kamala Harris, uma mulher que cresceuroleta lucrativaum larroleta lucrativatradição protestante e hindu e que é casada com um judeu.
Localizado no sul dos Estados Unidos, o Cinturão da Bíblia é um extenso território que inclui pelo menos nove Estadosroleta lucrativamaioria protestante, nos quais Trump venceu nas últimas eleições presidenciais.
E assim se espera que aconteça novamenteroleta lucrativa5roleta lucrativanovembro.
É um cinturão majoritariamente vermelho — cor que identifica o Partido Republicano —, no qual a influência política dos líderes religiosos tem crescido nos últimos anos, e cuja "fivela" está no Estado conservadorroleta lucrativaOklahoma.
'Não há como desconectar o cristianismo da política'
"O que você achou do culto?", Deevers me pergunta,roleta lucrativauma primeira tentativaroleta lucrativadescobrir quem sou eu, enquanto conversamos no escritório da igreja, sentados ao redorroleta lucrativauma mesa, com outros membrosroleta lucrativaseu círculo próximo.
"Posso fazer algumas perguntas antesroleta lucrativacomeçar a entrevista?", ele fala. "Claro", respondo.
Depoisroleta lucrativauma longa conversa sobre assuntos religiosos, ele me conta que, no curto prazo,roleta lucrativaagenda política visa banir o aborto, eliminar a pornografia e acabar com a cobrançaroleta lucrativaimpostos sobre a renda e a propriedade.
São ideias da ala conservadora mais ultrarreligiosa, cada vez mais influente dentro do Partido Republicano liderado por Trump.
Mas, a longo prazo, seu objetivo é muito mais ambicioso: transformar os Estados Unidos, considerado o primeiro país claramente laico da história, numa nação cristã.
E para cumprir essa missão, parte essencial da estratégia é ocupar cargos políticos até chegar aos níveis mais altosroleta lucrativapoder.
"Você quer converter a Casa Branca no reinoroleta lucrativaDeus?", pergunto a ele. "Tudo na Terra é o reinoroleta lucrativaDeus", ele se esquiva.
Sua visão política éroleta lucrativaque "é preciso mudar as estruturasroleta lucrativapoder".
"A maior esperança desta nação, e a melhor pessoa para preencher o vazioroleta lucrativaliderança, é Cristo", explica.
É nisso que também acredita Aaron Hoffman, pairoleta lucrativacinco filhas que, aos 37 anos, se prepara para ser pastorroleta lucrativauma nova igreja batista.
Separar a Igreja do Estado, do pontoroleta lucrativavista deles, não faz sentido. "Não há como desconectar o cristianismo da política", afirma.
O assunto o afeta tão profundamente que lágrimas escorrem pelo seu rosto enquanto explica que os americanos se rebelaram por muito tempo contra Cristo, mas adverte que ainda podem se arrepender. Sua visão para o futuro é que as leis do país sigam as da Bíblia.
Caminhando pelo pátio da igreja, sob 35 graus neste domingoroleta lucrativajulho, uma das fiéis que assistiu ao culto, Gina Desmarais, uma mulher brancaroleta lucrativaolhos claros, me conta que foi abençoada com quatro filhos.
Em vezroleta lucrativamandá-los para a escola, ela prefere educá-losroleta lucrativacasa, para que sigam os valores cristãos. E se fosse possível, ela gostariaroleta lucrativaviver num país governadoroleta lucrativaacordo com os ensinamentos da Bíblia.
"Você não pode obrigar as pessoas a serem cristãs, você não pode obrigar seus corações. Mas políticas e leis que estão alinhadas com as Escrituras são boas para todos, até mesmo para os que não são crentes", diz ela, com uma voz muito serena.
Ensinar a Bíblia nas escolas públicas
Essa visão política do cristianismo protestante teve manifestações bastante concretas no Cinturão da Bíblia neste ano.
No Estado da Louisiana, por exemplo, foi ordenado que todas as salasroleta lucrativaaula tivessem os Dez Mandamentos pendurados nas paredes, enquanto no Alabama, a Suprema Corte determinou que os embriões congelados são "bebês", causando o fechamento temporárioroleta lucrativaalgumas clínicasroleta lucrativafertilização in vitro por temorroleta lucrativaque as equipes médicas sofressem consequências legais.
E,roleta lucrativaOklahoma, a Superintendênciaroleta lucrativaEnsino Público emitiu uma ordemroleta lucrativajunho tornando o ensino da Bíblia obrigatório nas escolas públicas do Estado, gerando uma enorme polêmica.
Sendo Oklahoma um dos Estados com maior escassezroleta lucrativaprofessores do país, a notícia não foi bem recebida por muitos docentes que, cansados dos salários e do baixo orçamento destinado às escolas, afirmam que a ordem das autoridades vai contra a liberdade religiosa garantida na Primeira Emenda da Constituição do país.
A professora primária Susie Stephenson, uma protestanteroleta lucrativa44 anos, denuncia que existe um clima hostil contra os professores.
Embora seja religiosa,roleta lucrativaposição é clara: "Devemos separar a Igreja do Estado".
Frustrada com a gestão do superintendenteroleta lucrativaEnsino Público, o republicano Ryan Walters, queroleta lucrativamaioroleta lucrativa2023 chamou o sindicato dos professoresroleta lucrativaOklahomaroleta lucrativa"organização terrorista", Stephenson renunciou ao cargo.
"Sou cristã, a fé é muito importante na minha vida, mas não gostaria que outra pessoa ensinasse a Bíblia aos meus filhos, como vou saber como eles a interpretam!"
Walters, que ocupa um cargo eleito por voto popular, recusou um pedidoroleta lucrativaentrevista da BBC News Mundo.
Stephenson acredita que a medida faz parteroleta lucrativauma agenda políticaroleta lucrativalíderes conservadores que promovem o nacionalismo cristãoroleta lucrativaOklahoma.
Mas o que é o nacionalismo cristão?
Samuel Perry, professor da Universidaderoleta lucrativaOklahoma e especialistaroleta lucrativanacionalismo cristão, explica que se trataroleta lucrativauma ideologia que idealiza e promove uma fusão entre a vida civil americana e uma etnocultura anglo-protestante conservadora.
Na prática, ele acrescenta, existe uma estratégia política para ativar essa ideologia nas pessoas que sentem queroleta lucrativainfluência está diminuindo no país, principalmente entre os membros da classe trabalhadora branca.
Os exemplosroleta lucrativaLouisiana e Oklahoma ilustram como as escolas se tornaram um dos camposroleta lucrativabatalha para as chamadas "guerras culturais" travadas por ultraconservadores e progressistasroleta lucrativatodo o país.
"Em vezroleta lucrativaimpor a Bíblia, deveriam se preocupar com a pobreza nas escolas", diz Erika Wright, fundadora da Coligaçãoroleta lucrativaEscolas Ruraisroleta lucrativaOklahoma, uma organizaçãoroleta lucrativapais que procura melhorar a educação pública.
Em Oklahoma, a pobreza atinge 15% da população, algo que parece impensável no país mais rico do mundo.
'Trump foi enviado por Deus'
Ao estabelecer pequenas igrejas nas comunidades mais pobres, os pastores do Cinturão da Bíblia têm muita influência entre os crentes, e muitos são voltados para o setor mais conservador do Partido Republicano.
E Trump se tornou o melhor veículo para este grupo conquistar avanços nos últimos anos.
Mas o pastor e senador Dusty Deevers acredita que Trump não vai tão longe quanto ele gostaria. "Está inclinando o Partido Republicano para a esquerda", argumenta. Por isso, quando perguntoroleta lucrativaquem ele vai votar, ele me diz que ainda não tem certeza.
Outros pastoresroleta lucrativaOklahoma, como Jackson Lahmeyer e Paul Blair, apoiam incondicionalmente o candidato republicano, assim como a maioria da populaçãoroleta lucrativaOklahoma.
"Trump foi enviado por Deus para governar este país", explica por telefone Lahmeyer, fundador do grupo Pastors4Trump ("Pastores por Trump"), cujo objetivo é "mobilizar o blocoroleta lucrativaeleitores evangélicos".
Lahmeyer considera que "foi um milagre divino" que o ex-presidente tenha sobrevivido à tentativaroleta lucrativaassassinato num comícioroleta lucrativameadosroleta lucrativajulho. "Estávamos a um passoroleta lucrativauma guerra civil no nosso país."
Ex-candidato ao Senado dos EUA por Oklahoma (ele perdeu a disputa para outro republicano), Lahmeyer se recusa a ser identificado como nacionalista cristão.
"Isso nada mais é do que um rótulo que a imprensa nos deu para nos representar como uma ameaça à democracia", afirma. "Não é verdade."
O pastor Paul Blair, líder da Igreja Batista Fairviewroleta lucrativaEdmond, um subúrbioroleta lucrativaOklahoma City, tampouco se define dessa maneira.
"Desculpa a roupa que estou usando", diz Blair, com traje esportivo, enquanto caminhamos para seu escritório dentro da igreja.
Sentado àroleta lucrativamesa, o pastor me mostra fotos da épocaroleta lucrativaque era jogador profissionalroleta lucrativafutebol americano na linharoleta lucrativaataque do Chicago Bears, no fim dos anos 1980.
Hoje, Blair organiza camposroleta lucrativatreinamento para pastores (Liberty Pastor Training Camps), onde estudam temas como a influência cristã no governo ou a defesa cidadã da liberdade, para que os líderes religiosos "pensem biblicamenteroleta lucrativatodas as áreas da vida, incluindo no âmbito do governo civil, da economia, da sexualidade humana, da caridade e da família".
Ele se define como um "pastor patriota" e acredita que seu país deveria regressar aos valores do momento da fundação, quando foi assinada a Declaração da Independênciaroleta lucrativa1776.
"O governo não pode controlar a igreja", diz o pastor, que foi candidato a senador por Oklahoma.
"No entanto, os cristãos sempre influenciaram o governo", acrescenta.
Blair acredita que Trump foi o vencedor legítimo das eleiçõesroleta lucrativa2020 — e que as pessoas detidas porroleta lucrativaparticipação na invasão do Capitólioroleta lucrativajaneiroroleta lucrativa2021 são "presos políticos".
Agora, ele tem esperançaroleta lucrativaqueroleta lucrativa5roleta lucrativanovembro, Trump, que venceuroleta lucrativaOklahoma com 65% dos votos (um dos percentuais mais altos no país), se torne presidente dos Estados Unidos pela segunda vez.
Uma esperança compartilhada pelos líderes políticos protestantes conservadores que lutamroleta lucrativaseus congressos locais para legislar contra tudo o que consideram progressista, como a diversidaderoleta lucrativagênero, a livre orientação sexual ou a defesa do aborto como um direito.
Trump e seu candidato à vice-presidência, J. D. Vance, são as pessoas que personificam essa luta.
Trump e o aborto
Os seguidores do ex-presidente são gratos a ele, entre outras coisas, pela nomeação histórica, durante seu mandato,roleta lucrativatrês juízes para a Suprema Corte, garantindo uma maioria conservadora no mais alto órgão judicial do país por várias décadas.
Graças a essa maioria conservadora, a Suprema Corte acabou,roleta lucrativa2022, com o direito ao aborto que era garantido no país há quase meio século, deixando a decisão nas mãosroleta lucrativacada Estado.
E isso faz com que Estados do Cinturão da Bíblia, como Oklahoma e Arkansas, tenham leis muito restritivas sobre a interrupção da gestação, que só pode ser realizada se a vida da mãe estiver correndo perigo.
Em outros Estados, a legislação inclui algumas exceções, como quando não se espera que o feto sobreviva,roleta lucrativacasoroleta lucrativaestupro ou se a gestação tiver até seis semanas.
A Carolina do Norte é o único Estado do cinturão que permite o aborto até os três mesesroleta lucrativagravidez, uma exceção que os protestantes conservadores consideram inaceitável.
O aborto é justamente um dos principais temas destas eleições, já que a ala mais conservadora do Partido Republicano, a que tem mais poder no Cinturão da Bíblia, não está satisfeita com o que foi alcançado — e defende, inclusive, uma lei que proíba a interrupção da gravidezroleta lucrativatodo o país, algo que talvez seja possível se Trump voltar ao poder.
Apesar das diferenças que possam ter com Trump, que muitos veem como um libertino nova-iorquino sem valores religiosos profundos, o magnata abriu as portas da Casa Branca a conhecidos líderes protestantes conservadores durante seu governo e continua participandoroleta lucrativagrandes eventos com pastores evangélicos que lhe deram apoio.
Como quase 40% da população americana se declara protestante, segundo o Pew Research Center, os republicanos se esforçam para tentar obter os votos daqueles que não conseguem perdoar os democratas por apoiar que as mulheres decidam livremente sobre a interrupção da gravidez, entre outras coisas.
Apesarroleta lucrativanegar que vai buscar como presente uma proibição nacional do aborto, o que custou a ele críticas entre os mais ultraconservadores, muitos crentes veem Trump como um candidato muito mais próximo daroleta lucrativafé do que a democrata Kamala Harris.
Embora o Partido Republicano tenha historicamente representado valores americanos conservadores, como o respeito pela tradição, pela família e pela religião, junto a ideiasroleta lucrativaliberdade individual e liberalismo econômico, a apariçãoroleta lucrativaTrump na arena política há uma década provocou uma reviravolta.
Com Trump, criou-se um movimento dentro do partido com um forte componente político-religioso, que apela a uma base importante do eleitorado americano.
Por exemplo, durante seu governo, Trump assinou um decreto para criar um novo gabinete na Casa Branca chamado Iniciativaroleta lucrativaFé e Oportunidades.
"A fé é mais poderosa que o governo, e nada é mais poderoso que Deus" disse ele ao assinar o documento.
O rosto mais conhecido dos evangélicos na Casa Branca foi Paula White-Cain, que fez a invocação religiosa naroleta lucrativaposse e foi nomeada funcionária do governo na qualidaderoleta lucrativaassessora especial da Iniciativaroleta lucrativaFé e Oportunidades no Gabineteroleta lucrativaRelações Públicas.
Quando Trump perdeu as eleiçõesroleta lucrativa2020, muitos pastores saíram dizendo que haviam roubado a presidência dele, e muitos se juntaram ao recém-formado movimentoroleta lucrativadireita radical ReAwaken America Tour, liderado pelo empresárioroleta lucrativaOklahoma, Clay Clark.
Atualmente, eles continuam a organizar eventos com a participaçãoroleta lucrativaevangélicos, defensoresroleta lucrativaarmas, anti-imigrantes, anti-LGBTQ+, anticomunismo e qualquer pessoa que sinta que seu estiloroleta lucrativavida está ameaçado — e que apenas Trump os representa.
Não é raro escutar ou ver cartazes nestes eventos com frases como "estamosroleta lucrativaguerra" e "somos soldadosroleta lucrativaDeus".
Os mesmos slogans que se repetem várias vezes nas redes sociais, a plataforma perfeita para a rápida propagação destas ideias num momentoroleta lucrativaque as organizações religiosas desenvolveram uma gigantesca indústriaroleta lucrativacomunicação online.
Algumas dessas ideias estão incluídas no chamado Projeto 2025, a polêmica proposta radicalroleta lucrativaex-assessoresroleta lucrativaTrump para reformular o governo federal e aspectos-chave da vida americana.
O projeto traça quatro objetivos principais: restaurar a família como peça central da vida americana; desmantelar o Estado administrativo; defender a soberania e as fronteiras da nação; e garantir os direitos individuais dados por Deus para viver livremente.
Embora o próprio Trump tenha se distanciado do projeto, muitos acreditam que os influentes grupos conservadores e religiosos por trás da iniciativa vão impor a ele essa agenda caso volte à Casa Branca.
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