Como nossos ancestrais sobreviveram ao asteroide que matou os dinossauros:cupom bet7k
Mas esse mundo não era desprovidocupom bet7kvida. Entre os sobreviventes, estava o primata mais antigocupom bet7kque se tem conhecimento, o Purgatorius, que parecia um cruzamento entre um musaranho e um pequeno esquilo.
Sua população sem dúvida foi reduzidacupom bet7kmeio a essa catástrofe global, mas a espécie sobreviveu.
Assim era a vida dos mamíferos primitivos logo após o asteroide atingir a Terra e extinguir três quartos das espécies vivas do planeta.
Apenas a Grande Extinção, há 252 milhõescupom bet7kanos, foi mais mortal (embora menos repentina), ao exterminar 95% da vida nos oceanos e 70%cupom bet7kterra.
O asteroide que acabou com o Cretáceo levou consigo dinossauros famosos como o Tiranossauro e o Tricerátops, assim como criaturas menos conhecidas, mas bizarras, como o Anzu (ou "galinha do inferno").
Havia dinossauros com bicocupom bet7kpato, dinossauroscupom bet7kpescoço comprido, dinossauros com armaduras por todo o corpo — e, rapidamente, todos morreram.
À sombra desses reis e rainhas do Cretáceo Superior, mamíferos como o Purgatorius eram pequenos e aguerridos, muitos deles pertencendo aos tiposcupom bet7knichos ecológicos hoje ocupados por roedores.
Mas, afinal, como foi que esse grupo diversocupom bet7kcriaturas aparentemente vulneráveis — incluindo nossos ancestrais — sobreviveu ao juízo final?
É uma pergunta que Steve Brusatte, autorcupom bet7kThe Rise and Reign of the Mammals ("Ascensão e queda dos mamíferos",cupom bet7ktradução literal) , e seus colegas da Universidadecupom bet7kEdimburgo, na Escócia, têm trabalhado para responder.
O que Brusatte enfatiza é que o diacupom bet7kque o asteroide se chocou com a Terra foi um dia muito ruim para qualquer coisa que estivesse viva, incluindo mamíferos, aves (os dinossauros aviários) e répteis.
"Não foi um asteroide normal, foi o maior asteroide que atingiu a Terra nos últimos meio bilhãocupom bet7kanos", diz ele.
"Os mamíferos quase seguiram o mesmo caminho dos dinossauros."
Havia muito a perder. Já no Cretáceo Superior existia uma diversidade surpreendentemente ricacupom bet7kmamíferos, afirma Sarah Shelley, pesquisadoracupom bet7kpós-doutoradocupom bet7kpaleontologiacupom bet7kmamíferos na Universidadecupom bet7kEdimburgo.
"Muitos deles eram essas coisinhas insetívoras que ficavam nas árvores ou escavando", explica.
Mas nem todos eram comedorescupom bet7kinsetos. Havia os misteriosos multituberculados, chamados assim pelos peculiares nóduloscupom bet7kseus dentes.
"Eles têm esses dentescupom bet7kbloco com muitas protuberâncias, e na frente tinham um dentecupom bet7kformacupom bet7klâmina. Parece quase uma serra", diz Shelley.
"Eles costumavam comer frutas, nozes e sementes."
Também havia carnívoros — um dos maiores da época era o Didelphodon, um parente dos marsupiais que pesava cercacupom bet7k5kg, quase do tamanhocupom bet7kum gato doméstico.
"Por seu crânio e anatomia dental, tinha uma mordida realmente poderosa, então era definitivamente carnívoro — possivelmente triturava ossos", acrescenta Shelley.
Grande parte dessa diversidade se perdeu com o impacto do asteroide — cercacupom bet7knovecupom bet7kcada 10 espéciescupom bet7kmamíferos foram extintas,cupom bet7kacordo com Brusatte, o que ofereceu uma oportunidade sem precedentes para os sobreviventes.
"Imagina que você é um destes nossos pequenos ancestrais, do tamanhocupom bet7kum rato — uma coisinha mansa escondida nas sombras —, e você resiste a esse momento da história da Terra", diz ele.
"Você sai do outro lado e,cupom bet7krepente, os tiranossauros rex sumiram, os dinossauroscupom bet7kpescoço comprido sumiram, e o mundo se abre."
Essa extinçãocupom bet7kmassa preparou o terreno para uma grande profusãocupom bet7kdiversificação que acabou dando lugar a baleias-azuis, guepardos, arganazes, ornitorrincos e, claro, nós, seres humanos.
Primeiro, porém, há um pequeno problema: as florestas do mundo haviam sido destruídas por incêndios florestais, e o céu estava cheiocupom bet7kcinzas, o que sufocava a luz do Sol e impedia que as plantas fizessem fotossíntese.
Os ecossistemas estavam desmoronando "como casteloscupom bet7kcartas", explica Brusatte.
A superfície da Terra estava pronta para se tornar mais quente do que um forno numa montanha-russa viciosacupom bet7kpulsoscupom bet7kcalor e, depois disso, veio um inverno nuclear no qual as temperaturas médias cairiam 20°C por maiscupom bet7k30 anos.
Muitos dos predadores mais perigosos dos mamíferos haviam desaparecido, mas o próprio mundo havia se tornado inimaginavelmente hostil à vida.
O que os mamíferos fizeram então?
Fique pequeno
O tamanho modesto do corpo dos mamíferos — anteriormente limitado pela competição e predação dos dinossauros — se tornou um trunfo para a "fauna do desastre", como são conhecidos os sobreviventes do asteroide.
"Esses mamíferos provavelmente eram coisas que pareciam e agiam como um camundongo ou um rato", diz Brusatte.
"Normalmente, eles seriam bastante ignorados, mas agora, neste admirável mundo novo, eles estavam proliferando porque se adaptaram muito bem a essas condições realmente atemorizantes logo após o impacto".
Ser pequeno pode ter ajudado os animais a reporcupom bet7kpopulação.
Nos animais modernos, "quanto maior o animal, maior será o tempocupom bet7kgestação", explica Ornella Bertrand, pesquisadoracupom bet7kpós-doutoradocupom bet7kpaleontologiacupom bet7kmamíferos da Universidadecupom bet7kEdimburgo.
Por exemplo, a gestação dos elefantes-africanos dura 22 meses, enquanto a gravidezcupom bet7kum camundongo leva cercacupom bet7k20 dias.
Diante do apocalipse, o rato tem mais chancescupom bet7kmantercupom bet7kpopulação.
Além da gestação, um corpo maior costuma levar mais tempo para atingir a maturidade sexual — outra razão pela qual os dinossauros não foram bem-sucedidos, especialmente os maiores.
"Eles levavam um bom tempo para se tornarem adultos. Para o tiranossauro rex, por exemplo, eram necessários cercacupom bet7k20 anos", afirma Brusatte.
"Não é que eles não cresciam rápido, é que muitos deles eram tão grandes que levavam muito tempo para passarcupom bet7kum pequeno filhote a um adulto."
Vá para o subsolo
Outro indíciocupom bet7kcomo os mamíferos sobreviveram às consequências do asteroide está nas formas corporais "muito estranhas" vistas no Paleoceno e mais adiante.
Shelley analisou os ossos do tornozelo (ossos pequenos, duros e densos que se conservam bem) para ver como os mamíferos primitivos do Paleoceno eram parecidos entre si e com os mamíferos vivos hoje.
"Descobrimos que os mamíferos do Paleoceno eram estranhos. Eram diferentes dos mamíferos modernos", diz ela.
"E o que os une é o fatocupom bet7kque eles têm essas morfologias realmente grossas e robustas".
Esses mamíferos têm grandes ligamentos musculares e ossos geralmente fortes — e entre os animais vivos, apresentam maior semelhança com as espécies terrestres que escavam o solo, segundo Shelley.
"Então, a hipótese que surgiu disso foi que os animais que sobreviveram à extinção, sobreviveram sobretudo porque foram capazescupom bet7kcavar para chegar ao subsolo, sobreviver ao período imediato ao impacto e aos incêndios, ao inverno nuclear, e só se esconder um pouco".
Como os sobreviventes eram — digamos assim — sarados, seus descendentes também herdaramcupom bet7kforma corporal robusta.
"Você pode encontrá-los nesse períodocupom bet7k10 milhõescupom bet7kanos durante o Paleoceno", diz Shelley.
"Mesmo sendo um animal que vivecupom bet7kárvores, eles ainda são bem corpulentos".
Se os mamíferoscupom bet7kfato levaram uma vida embaixo da terra, seja cavando por conta própria ou fazendo usocupom bet7kabrigos subterrâneoscupom bet7koutros, Bertrand suspeita que isso possa se refletir emcupom bet7kagilidade também — ou na falta dela.
"Sabemos que houve um colapso da floresta, e então todos aqueles animais que viviamcupom bet7kárvores não tinham mais habitat", afirma.
"Assim, uma das hipóteses seria que havia menos animais capazescupom bet7kse comportarcupom bet7kforma muito ágil."
Bertrand planeja analisar os ossos do ouvido interno dos mamíferos dessa época para ver se respaldam a tesecupom bet7kuma vida subterrânea após o asteroide.
O ouvido interno é vital para o equilíbrio — por isso, se um animal está adaptado a fazer movimentos ágeis e afinados, isso às vezes se reflete na estrutura desses ossos delicados.
No entanto, se foram escavadores corpulentos, tal agilidade não teria sido necessária.
"Poderia nos dar mais pistas", diz ela.
Dito isso, Bertrand aponta as desvantagenscupom bet7kconfiar demais nos ossos para inferir como um animal se movia, algo que a impressionou enquanto assistia à última edição dos Jogos da Commonwealth (Comunidade das Nações, organização intergovernamental composta por 53 países membros independentes, emcupom bet7kgrande maioria ex-colônias britânicas).
"Estava vendo as ginastas fazendo coisas malucas e pensei: 'Que curioso, temos o mesmo esqueleto e não consigo fazer nada disso'", ri Bertrand.
"Eu pensei, bem, isso é realmente interessante porque talvez ter essa capacidade possa te ajudar a sobreviver, mas pelos ossos você não saberia."
Coma qualquer coisa
O asteroide destruiu a maioria das plantas vivas, o primeiro elocupom bet7kmuitas cadeias alimentarescupom bet7kterra.
Mamíferos generalistas que tinham a capacidadecupom bet7kvariar seus paladares se saíram melhor do que aqueles com dietas mais específicas.
"Os animais que conseguiram passar pela extinção sobreviveram basicamente por não serem muito especializados", observa Shelley.
Por exemplo, o Didelphodon (o parente carnívoro do marsupial do tamanhocupom bet7kum gato) caçava animais que se tornaram escassos e espaçados após a extinção.
"Se especializou demais e perdeu seu nicho", diz Shelley.
"Ao passo que quando se é um animal pequeno, você pode adaptarcupom bet7kdieta e seu estilocupom bet7kvida mais rápido. Essa é uma boa maneiracupom bet7ksobreviver à extinção."
Além daqueles que eram capazescupom bet7kgeneralizar, havia aqueles com algumas especialidades que teriam dado certo, observa Brusatte.
Em particular, os comedorescupom bet7ksementes tiveram sorte.
"As sementes eram um bancocupom bet7kalimentos que estava disponível para qualquer animal que tivesse a capacidadecupom bet7kcomê-las", diz ele.
"Então, se você era algo como um tiranossauro rex, você estava sem sorte. A evolução não te deu a capacidadecupom bet7kcomer sementes. Mas para as aves com bico e alguns mamíferos que eram comedores especializadoscupom bet7ksementes, que golpecupom bet7ksorte, não acha?"
Alémcupom bet7ksustentar a fauna do desastre, as sementes ajudaram a restabelecer florestas e outras vegetações quando o inverno nuclear acabou.
"Essas sementes sobreviveram no solo e depois, quando a luz do Sol voltou, começaram a crescer", explica Brusatte.
Não pense demais
À medida que o Paleoceno avançava, os ecossistemas se recuperaram e os mamíferos começaram a preencher os nichos deixados vazios pelos dinossauros não-aviários.
"Os mamíferos começaram a se diversificar imediatamente após a extinção dos dinossauros e começaram a se tornar bastante diversoscupom bet7ktodas as maneiras possíveis", diz Bertrand.
Por um lado, seus corpos ficaram maiores rapidamente. Mas por um tempo, conforme a equipecupom bet7kEdimburgo descobriu, o tamanho dos cérebros dos mamíferos não acompanhou o mesmo ritmo.
"Acho isso muito importante, porque podemos pensar que a inteligência é o que nos faz sobreviver e sermos capazescupom bet7kdominar o planeta", pontua Bertrand.
"Mas, com base nos dados, não foram os cérebros grandes que fizeram os animais sobreviverem após o asteroide".
Na verdade, no início do Paleoceno, os mamíferos com cérebros grandescupom bet7krelação ao tamanho do corpo podiam estarcupom bet7kdesvantagem.
"A questão é por que desenvolveriam um cérebro grande?" diz Bertrand.
"Um cérebro grande é bastante custosocupom bet7kmanter. Se você tem um cérebro grande, precisa alimentá-lo para poder mantê-lo — se não conseguir porque não há comida suficiente, você é extinto."
Em vez disso, ficar grande e musculoso foi a adaptação vantajosa.
O herbívoro Ectoconus (um membro dos Periptychidae, que pode estar relacionado aos mamíferos com cascos vivos, os ungulados) chegou a pesar cercacupom bet7k100 kg algumas centenascupom bet7kmilharescupom bet7kanos após a extinção.
Em tempo geológico, isso é um piscarcupom bet7kolhos.
"É realmente uma loucura que eles tenham ficado tão grandes e especializados tão rápido", diz Shelley.
"E para você ver, uma vez que há herbívoros maiores, surgem carnívoros maiores, e eles começam a aparecer muito rápido."
Há muitos outros mamíferos misteriosos que também aumentaramcupom bet7ktamanho rapidamente.
"Como os taeniodontes — eles ficaram grandes muito rápido, bem grandes", cita Shelley.
Não há esqueletos completoscupom bet7ktaeniodontes, mas o crânio é do tamanhocupom bet7kuma grande abóbora, e eles parecem ser uma daquelas espécies que se tornaram corpulentas e adaptadas para cavar.
"Eles têm estes espaços minúsculos para seus olhinhos brilhantes, dentes enormes na frente, que se assemelham a roedores, mas é só isso", diz Shelley.
"São realmente enigmáticos."
Segundo ela, essa coleçãocupom bet7kvida mamífera que se seguiu à fauna do desastre foi menosprezada por muito tempo.
"Foram chamadoscupom bet7karcaicos e primitivos e generalizados — quando, na verdade, são apenas diferentes", explica.
"Seus ancestrais sobreviveram à segunda maior extinçãocupom bet7kmassa da história da vida. Eles não eram apenas idiotas generalizados que vagavam à toa pela vida. Eles estavam sobrevivendo e prosperando e fazendo isso muito bem."
Em muitos aspectos, esses mamíferos estavam entrando nos vazios ecológicos deixados pelos magníficos e hiperespecializados dinossauros tão bem adaptados ao Cretáceo Superior, mas profundamente mal equipados para lidar com um mundo atingido por asteroides.
"É surpreendente pensar que você tinha um grupo como os dinossauros que existiram há tantas dezenascupom bet7kmilhõescupom bet7kanos, que fizeram coisas tão sublimes como evoluir para gigantes do tamanhocupom bet7kaviões, carnívoros do tamanhocupom bet7kônibus e todas aquelas coisas — e então tudo isso desmoronoucupom bet7kum instante quando a Terra mudou tão rápido", afirma Brusatte.
"Eles eram muito inadequados a essa nova realidade e não conseguiam se adaptar."
A arbitrariedade do evento é algo que parece ressoar entre os integrantes da equipe da Universidadecupom bet7kEdimburgo.
"Estamos aquicupom bet7kgrande parte por acaso", diz Bertrand.
"O asteroide poderia não ter atingido a Terra, poderia ter caídocupom bet7koutra área do planeta no oceano, e isso teria feito a diferençacupom bet7ktermoscupom bet7kquais espécies foram selecionadas. A coisa toda, quando penso nisso, é uma loucura."
Brusatte concorda:
"Poderia ter passado zunindo, poderia ter agitado as camadas superiores da atmosfera, poderia ter se desintegrado à medida que se aproximava da Terra. Poderia ter feito qualquer coisa, mas por total acaso, foi direto para a Terra."
Para os mamíferos vivos hoje, talvez tenha sido bom.
cupom bet7k Leia a versão original desta reportagem cupom bet7k (em inglês) no site BBC Future cupom bet7k .
- Este texto foi publicado originalmente em http://vesser.net/vert-fut-62560813
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