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Os erros nucleares que quase levaram à 3ª Guerra Mundial:bwin invite apk
Na época, a crise dos mísseis cubanos estava no seu ápice e os nervosbwin invite apktodos estavam à flor da pele.
Onze dias antes, um avião espião havia fotografado lançadores, mísseis e caminhões secretosbwin invite apkCuba, o que indicava que os soviéticos estavam se mobilizando para atingir alvos nos Estados Unidos.
O mundo inteiro sabia muito bem que era necessário apenas um ataquebwin invite apkuma das nações para acionar uma escalada imprevisível.
Na verdade, neste caso não haviabwin invite apkDuluth nenhum invasor - ou, pelo menos, nenhum invasor humano. Acredita-se que a figura esgueirando-se pela grade tenha sido um grande urso. Tudo não passavabwin invite apkum engano.
Mas, no campobwin invite apkVolk, o esquadrão ainda não sabia disso. Eles haviam sido informados que não era um treinamento e, enquanto embarcavam nos seus aviões, estavam totalmente convencidosbwin invite apkque havia chegado a hora - a Terceira Guerra Mundial havia começado.
Por fim, o comandante da base percebeu o que estava acontecendo. Os pilotos foram interceptados enquanto ligavam os motores na pistabwin invite apkdecolagem por um agente que, pensando rapidamente, tomou um caminhão e dirigiu-se a eles.
De lá para cá, a ansiedade atômica dos anos 1960 foi totalmente esquecida. Os abrigos nucleares preservaram a memóriabwin invite apkmegarricos e excêntricos tentando sobreviver e as preocupações existenciais voltaram-se para outras ameaças, como as mudanças climáticas.
Nós esquecemos facilmente que existem cercabwin invite apk14 mil armas nuclearesbwin invite apktodo o mundo, com poder combinadobwin invite apkeliminar a vidabwin invite apkcercabwin invite apk3 bilhõesbwin invite apkpessoas - ou até causar a extinção da espécie, caso acionem um inverno nuclear.
Sabemos que a possibilidadebwin invite apkqualquer líder detonar intencionalmente uma delas é extremamente remota. Afinal, esse líder teria que ser maluco.
O que não calculamos nessa equação é a possibilidadebwin invite apkque isso aconteça por acidente.
Ao longo do tempo, já escapamos pelo menos 22 vezesbwin invite apkguerras causadas por engano desde a descoberta das armas nucleares.
Já fomos levados à iminência da guerra nuclear por eventos inofensivos como um bandobwin invite apkcisnes voando, o nascer da Lua, pequenos problemasbwin invite apkcomputador e anormalidades do clima espacial.
Em 1958, um avião despejou acidentalmente uma bomba nuclear no quintalbwin invite apkuma casabwin invite apkfamília. Milagrosamente, nenhum ser humano morreu, mas suas galinhas, criadas soltas, foram vaporizadas.
E esses contratempos continuam ocorrendo:bwin invite apk2010, a Força Aérea dos Estados Unidos perdeu temporariamente a comunicação com 50 mísseis nucleares, o que significa que eles não teriam conseguido detectar e suspender eventuais lançamentos automáticos.
O sustobwin invite apkYeltsin
Apesar dos vertiginosos custos e da sofisticação tecnológica das armas nucleares modernas (estima-se que os Estados Unidos gastem US$ 497 bilhões (R$ 2,5 trilhões)bwin invite apksuas instalações entre 2019 e 2028), os registros mostram a facilidade com que as salvaguardas estabelecidas podem ser confundidas por erro humano ou por animais silvestres curiosos.
Em 25bwin invite apkjaneirobwin invite apk1995, o então presidente russo Boris Yeltsin tornou-se o primeiro líder mundial da história a ativar uma "maleta nuclear" - uma mochila que contém as instruções e a tecnologia para detonar bombas nucleares.
Os operadoresbwin invite apkradarbwin invite apkYeltsin observaram o lançamentobwin invite apkum foguete na costa da Noruega e assistiram apreensivos àbwin invite apkelevação nos céus. Para onde ele se dirigia? Era um foguete hostil?
Com a maleta nas mãos, Yeltsin consultou freneticamente seus principais conselheiros para saber se deveria lançar um contra-ataque. Faltando minutos para decidir, eles perceberam que o foguete se dirigia para o mar e, portanto, não era uma ameaça.
Posteriormente, veio a informaçãobwin invite apkque não era um ataque nuclear, mas sim uma sonda científica, que havia sido enviada para pesquisar a aurora boreal.
Autoridades norueguesas ficaram perplexas quando souberam da comoção causada pelo lançamento, já que ele havia sido anunciado ao público com pelo menos um mêsbwin invite apkantecedência.
Fundamentalmente, não importa se um ataque nuclear for iniciado por equívoco ou devido a uma ameaça real - depoisbwin invite apkiniciado, ele é irreversível.
"Se o presidente reagir a um alarme falso, ele terá acidentalmente iniciado uma guerra nuclear", afirma William Perry, ex-secretáriobwin invite apkDefesa dos Estados Unidos no governo Bill Clinton e ex-subsecretáriobwin invite apkDefesa do governo Jimmy Carter.
"Não há nada que ele possa fazer a respeito. Os mísseis não podem ser chamadosbwin invite apkvolta, nem destruídos."
Por que já escapamos desse perigo por um triz tantas vezes? E o que podemos fazer para evitar que aconteçabwin invite apknovo no futuro?
Como ocorrem os ataques nucleares
Os primeiros sistemasbwin invite apkalerta criados durante a Guerra Fria estão na raiz desse potencialbwin invite apkerros.
Em vezbwin invite apkesperar que os mísseis nucleares atinjam o seu alvo (o que, é claro, forneceria prova concretabwin invite apkum ataque), esses sistemas os detectam com antecedência para permitir que os países atacados possam retaliar antes que suas próprias armas sejam destruídas.
Para isso, é necessário obter dados. Muitos norte-americanos desconhecem que os Estados Unidos possuem diversos satélites observando a Terra silenciosamente todo o tempo.
Quatro desses satélites encontram-se a 35,4 mil km acima do planeta. Eles estãobwin invite apk"órbita geoestacionária" -bwin invite apkum local adequado, onde nunca mudambwin invite apkposição com relação ao planeta que estão circundando.
Isso significa que eles têm uma visão mais ou menos constante da mesma região e podem detectar o lançamentobwin invite apkqualquer possível ameaça nuclear, sete dias por semana, 24 horas por dia.
Mas os satélites não conseguem rastrear os mísseis depoisbwin invite apklançados. Para isso, os Estados Unidos também mantêm centenasbwin invite apkestaçõesbwin invite apkradar, que podem determinar a posição e a velocidade dos mísseis, calculando suas trajetórias.
Se houver indicações suficientesbwin invite apkum ataquebwin invite apkandamento, o presidente é informado.
"Assim, o presidente será alertado talvez cinco a dez minutos após o lançamento dos mísseis", segundo Perry. E ele e seus assessores têm a tarefa nada invejávelbwin invite apkdecidir se devem contra-atacar ou não.
"É um sistema muito complicado que ficabwin invite apkoperação praticamente todo o tempo", afirma Perry. "Mas estamos falandobwin invite apkum eventobwin invite apkbaixa probabilidade com altas consequências".
Um evento que, aliás, só precisa acontecer uma vez.
Tecnologia traiçoeira
Existem dois tiposbwin invite apkerros que podem gerar alarmes falsos: o erro humano e o tecnológico. Ou, se estivermosbwin invite apkuma grande marébwin invite apkazar, ambos ao mesmo tempo.
Um exemplo clássicobwin invite apkerro tecnológico aconteceu enquanto Perry trabalhava para o presidente americano Jimmy Carter,bwin invite apk1980. "Foi um choque muito grande", segundo ele.
Tudo começou com uma ligação telefônica às 3h da madrugada, quando o escritóriobwin invite apkobservação do comandobwin invite apkdefesa aérea dos Estados Unidos informou a ele que computadores do sistemabwin invite apkvigilância haviam descoberto 200 mísseis dirigidos diretamente da União Soviética para os Estados Unidos.
Mas, naquele momento, eles já haviam percebido que não se tratavabwin invite apkum ataque real. Os computadores haviam feito alguma coisa errada.
"Eles na verdade haviam telefonado para a Casa Branca antesbwin invite apkmim - eles ligaram para o presidente. A ligação caiu direto no seu conselheirobwin invite apksegurança nacional", relembra Perry.
Por sorte, ele levou alguns minutos para acordar o presidente e, nesse período, eles receberam a informaçãobwin invite apkque se tratavabwin invite apkum alarme falso.
Mas, se ele não tivesse esperado e acordasse Carter imediatamente, o mundo hoje poderia ser um lugar muito diferente.
"Se o próprio presidente houvesse atendido a ligação, ele teria tido cercabwin invite apkcinco minutos para decidir se contra-atacaria ou não - no meio da noite, sem poder consultar ninguém", explica Perry.
A partir dali, Perry nunca mais pensou na possibilidadebwin invite apkum lançamentobwin invite apkmísseis por erro como um problema teórico - era, isso sim, uma possibilidade realista verdadeira e alarmante. "Foi por muito pouco", afirma ele.
Naquele caso, o problema acabou sendo um chip com defeito no computador que executava os sistemasbwin invite apkalerta precoce do país. Ele acabou sendo substituído por menosbwin invite apkum dólar (menosbwin invite apkR$ 5).
Mas, um ano antes, Perry havia vivido outra situação extrema,bwin invite apkque um técnico inadvertidamente carregou o computador com uma fitabwin invite apktreinamento. Ele transmitiu acidentalmente os detalhesbwin invite apkum lançamentobwin invite apkmíssil muito realista (mas totalmente fictício) para os principais centrosbwin invite apkalerta.
Isso nos leva à questãobwin invite apkcomo envolver os cérebros profundamente inadequadosbwin invite apkmacacos bípedesbwin invite apkum processo que envolve armas com o poderbwin invite apkarrasar cidades inteiras.
E, além dos técnicos desajeitados, as principais pessoas com quem precisamos nos preocupar são aquelas que realmente detêm o poderbwin invite apkautorizar um ataque nuclear - os líderes mundiais.
"O presidente dos Estados Unidos tem total autoridade para lançar armas nucleares e é a única pessoa que pode fazê-lo - é a única autoridade", afirma Perry.
Esse poder vem desde o tempo do presidente Harry Truman, que governou os Estados Unidos entre 1945 e 1953.
Na época da Guerra Fria, a decisão foi delegada aos comandantes militares, mas Truman acreditava que as armas nucleares são uma ferramenta política e, por isso, deveriam estar sob o controlebwin invite apkum político.
Todos os presidentes norte-americanos que o sucederam sempre foram seguidosbwin invite apktodos os lugares por um auxiliar carregando a "bolabwin invite apkfutebol" nuclear, que contém os códigosbwin invite apklançamento das armas nucleares do país.
Esteja elebwin invite apkuma montanha, viajandobwin invite apkhelicóptero ou atravessando o oceano, o presidente detém a capacidadebwin invite apklançar um ataque nuclear.
Tudo o que ele precisa fazer é dizer as palavras e a destruição mútua garantida (MAD, na siglabwin invite apkinglês) - a total aniquilação do atacante e do defensor - poderá ser atingidabwin invite apkquestãobwin invite apkminutos.
Como muitas organizações e especialistas já indicaram, a concentração desse poderbwin invite apkum único indivíduo é um alto risco.
"Já aconteceu algumas vezesbwin invite apkum presidente beber muito ou estar tomando medicação. Ele pode sofrerbwin invite apkuma doença psicológica. Tudo isso já aconteceu no passado", afirma Perry.
Quanto mais você pensa nisso, mais perturbadoras são as possibilidades. Se for à noite, o presidente estaria dormindo?
Com poucos minutos para decidir o que fazer, ele e seus assessores teriam pouco tempo para acordar completamente, que dirá tomar uma xícarabwin invite apkcafé.
Em agostobwin invite apk1974, quando o presidente norte-americano Richard Nixon envolveu-se no escândalo Watergate e estava à beirabwin invite apkrenunciar ao cargo, ele foi diagnosticado com depressão e estava emocionalmente instável.
Houve rumoresbwin invite apkque ele estava esgotado, bebendobwin invite apkexcesso e apresentando comportamento estranho. Aparentemente, um agente do Serviço Secreto flagrou-o uma vez comendo um biscoito para cães.
Nixon sempre foi conhecido por seus acessosbwin invite apkraiva, bebidas e por tomar fortes medicamentos controlados, mas isso era muito mais sério. Mesmo assim, ele ainda tinha o poderbwin invite apklançar armas nucleares.
E o usobwin invite apkentorpecentes também é um problema entre os militares que protegem o arsenal nuclear do país.
Em 2016, diversos membros da força aérea dos Estados Unidos que trabalhavambwin invite apkuma basebwin invite apkmísseis admitiram o usobwin invite apkdrogas, incluindo cocaína e LSD. Quatro deles foram posteriormente condenados.
Como evitar um acidente catastrófico
Com tudo issobwin invite apkmente, Perry escreveu um livro - The Button: The New Nuclear Arms Race and Presidential Power from Truman to Trump ("O botão: a nova corrida armamentista nuclear e o poder presidencialbwin invite apkTruman a Trump",bwin invite apktradução livre) -bwin invite apkconjunto com Tom Collina, diretorbwin invite apkpolíticas da organização contra a proliferação nuclear Ploughshares Fund.
No livro, eles descrevem a precariedade da nossa atual proteção nuclear e sugerem possíveis soluções.
Antesbwin invite apktudo, eles gostariambwin invite apkver o fim da autoridade única,bwin invite apkforma que as decisões sobre o lançamento ou não dessas armasbwin invite apkdestruiçãobwin invite apkmassa sejam tomadas democraticamente e o impactobwin invite apkdificuldades mentais sobre a decisão seja diluído.
Nos Estados Unidos, isso significaria uma votação no Congresso. "Isso tornaria a decisão sobre o lançamento [de mísseis] mais lenta", segundo Perry.
Considera-se normalmente que a reação nuclear precisa acontecer com rapidez, antes que seja perdida a capacidadebwin invite apkcontra-ataque.
Mas, mesmo se várias cidades e todos os mísseis dos Estados Unidosbwin invite apkterra fossem varridos por armas nucleares, o governo sobrevivente poderia ainda autorizar o lançamentobwin invite apksubmarinos militares.
"A única forma garantidabwin invite apkretaliação ocorre quando você sabe [com certeza] que eles estão atacando. Nós nunca devemos reagir a um alarme que poderá ser falso", segundo Collina. E a única forma realmente confiávelbwin invite apkgarantir que uma ameaça é real é esperar que ela atinja a terra.
Reduzir a velocidadebwin invite apkreação faria com que os países mantivessem os benefíciosbwin invite apkdissuasão oferecidos pela destruição mútua garantida, mas com redução significativa da possibilidadebwin invite apkiniciar uma guerra nuclear por engano, por exemplo, quando um urso começar a subir uma cerca.
Em segundo lugar, Perry e Collina defendem que as potências nucleares comprometam-se a usar armas nucleares apenasbwin invite apkretaliação, sem nunca serem as primeiras.
"A China é um exemplo interessante porque ela já tem uma políticabwin invite apknão ser a primeira a usá-las", afirma Collina.
"E existe alguma credibilidade nessa política, já que a China separa suas ogivas [que contêm o material nuclear] dos mísseis [o sistemabwin invite apklançamento]."
Isso significa que a China precisaria reunir os dois antesbwin invite apklançar um ataque e, com tantos satélites observando constantemente, ébwin invite apkse supor que alguém notaria esse movimento.
Curiosamente, os Estados Unidos e a Rússia não têm essa política. Eles se reservam o direitobwin invite apklançar armas nucleares, mesmobwin invite apkresposta a métodosbwin invite apkcombate convencionais.
A adoção da políticabwin invite apk"não usar primeiro" foi analisada pelo governobwin invite apkBarack Obama, mas eles nunca conseguiram chegar a uma decisão a respeito.
Por fim, os autores do livro argumentam que seria benéfico que os países se desfizessem por completo dos seus mísseis balísticos intercontinentaisbwin invite apkterra.
Por poderem ser destruídos por ataques nucleares inimigos, eles são as armas que seriam mais provavelmente lançadas às pressasbwin invite apkcasobwin invite apksuspeitabwin invite apkum ataque sem confirmação.
Outra possibilidade seria permitir o cancelamento dos mísseis nucleares, caso se descubra que uma provocação é, na verdade, um alarme falso.
"É interessante, pois, quando fazemos voosbwin invite apkteste, eles conseguem fazer isso", afirma Collina. "Se saírem do curso, eles podem autodestruir-se. Mas não fazemos isso com mísseis vivos, com receiobwin invite apkque o inimigo consigabwin invite apkalguma forma o controle remoto e possa desarmá-los."
E existem outras formasbwin invite apkque a tecnologiabwin invite apkum país pode ser usada contra ele próprio.
À medida que nos tornamos cada vez mais dependentesbwin invite apksofisticados computadores, existe a preocupação crescentebwin invite apkque hackers, vírus ou robôs possam iniciar uma guerra nuclear.
"Acreditamos que a possibilidadebwin invite apkalarmes falsos tenha aumentado com o crescimento do riscobwin invite apkciberataques", afirma Collina.
Um sistemabwin invite apkcontrole poderá, por exemplo, ser levado a acreditar que um míssil está a caminho, o que poderia convencer o presidente a contra-atacar.
O maior problema, naturalmente, é que as nações querem que suas armas nucleares reajam rapidamente e sejam fáceisbwin invite apkusar - disponíveis a apenas um botãobwin invite apkdistância. Isso inevitavelmente dificulta o controle do seu uso.
Embora a Guerra Fria tenha terminado há muito tempo, Collina indica que ainda estamos preparados para um ataque não provocado vindo do nada - quando, na realidade, passamos anos vivendobwin invite apkum mundo radicalmente diferente.
Ironicamente, muitos especialistas concordam que a maior ameaça ainda vem dos próprios sistemasbwin invite apklançamento projetados para nos proteger.
* Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
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