Guerra na Ucrânia: Putin pode apertar o botão nuclear? :rollover arbety
Minha conclusão é que a frase "ele nunca faria" não se aplica a Vladimir Putin.
E isso levanta uma questão desconfortável:
"Ele nunca seria o primeiro a apertar o botão nuclear depois da Segunda Guerra. Não é?"
Não se tratarollover arbetyuma questão teórica. O líder da Rússia colocou no domingo (27/02) as forças nuclearesrollover arbetyseu paísrollover arbetyalerta "especial",rollover arbetyprotesto contra "declarações agressivas" sobre a Ucrânia por líderes da Otan (aliança militar liderada pelos Estados Unidos) e contra sanções econômicas aplicadas contra a Rússia.
Ouça atentamente o que o presidente Putin tem dito. No dia 24/02, quando Putin anunciou na TVrollover arbety"operação militar especial" (na realidade, uma invasãorollover arbetygrande escala da Ucrânia), ele fez um aviso assustador: "Para qualquer umrollover arbetyfora que considere interferir — se o fizer, enfrentará consequências maiores do que qualquer outra que já se enfrentou na história."
"As palavrasrollover arbetyPutin soam como uma ameaça diretarollover arbetyguerra nuclear", acredita o Prêmio Nobel da Paz Dmitry Muratov, editor-chefe do jornal Novaya Gazeta. "Nesse discursorollover arbetyTV, Putin não estava agindo como o dono do Kremlin, mas o dono do planeta; da mesma forma que o donorollover arbetyum carrão fica se exibindo girando seu chaveiro no dedo, Putin estava girando a bomba nuclear. Ele disse muitas vezes: se não existisse a Rússia, por que precisaríamos do planeta? Ninguém prestou atenção. Mas isso é uma ameaçarollover arbetyque, se a Rússia não for tratada como ele quer, tudo será destruído."
Em um documentáriorollover arbety2018, o presidente Putin comentou que "se alguém decidir aniquilar a Rússia, temos o direito legalrollover arbetyresponder. Sim, será uma catástrofe para a humanidade e para o mundo. Mas sou um cidadão da Rússia e seu cheferollover arbetyEstado. Por que precisamosrollover arbetyum mundo sem a Rússia nele?"
Agora voltemos para 2022. Putin lançou uma guerrarollover arbetygrande escala contra a Ucrânia, mas as forças armadas ucranianas estão resistindo duramente. Nações como EUA e países europeus — para surpresa do Kremlin — se uniram para impor sanções econômicas e financeiras que podem estrangular Moscou. A própria existência do "sistema Putin" pode estarrollover arbetyxeque.
"Putin estárollover arbetyapuros", acredita Pavel Felgenhauer, analistarollover arbetydefesarollover arbetyMoscou. "Ele não terá muitas opções depois que o Ocidente congelar os ativos do Banco Central russo e o sistema financeiro da Rússia implodirrollover arbetyverdade. Isso tornará o sistema inviável."
"Uma opção para ele é cortar o fornecimentorollover arbetygás para a Europa, esperando que isso faça os europeus cederem. Outra opção é explodir uma arma nuclearrollover arbetyalgum lugar sobre o Mar do Norte entre o Reino Unido e a Dinamarca e ver o que acontece."
Se Vladimir Putin escolhesse a opção nuclear, alguémrollover arbetyseu círculo próximo tentaria dissuadi-lo? Ou impedi-lo?
"As elites políticas da Rússia nunca estão com o povo", diz Muratov. "Elas sempre ficam do lado do governante."
E na Rússiarollover arbetyVladimir Putin o governante é todo-poderoso. Este é um país com poucos freios e contrapesos; é o Kremlin quem dá as ordens.
"Ninguém está pronto para enfrentar Putin", diz Felgenhauer. "Estamosrollover arbetyum ponto perigoso."
"Putin disse que qualquer interferência externa no conflito, ou qualquer ação contra a Rússia, gerariam uma resposta forte. Nas entrelinhas, há uma ameaça nuclear", diz Alexander Lanoszka, professorrollover arbetyRelações Internacionais da Universidaderollover arbetyWaterloo (Canadá) e especialistarollover arbetysegurança nuclear. "Mas há um interesse comumrollover arbetytodas as partesrollover arbetyrestringir esse conflito à Ucrânia. Então, eu ficaria muito surpreso se armas nucleares fossem usadas neste momento".
Segundo Vicente Ferraro Jr., cientista político e pesquisador do Laboratóriorollover arbetyEstudos da Ásia da Universidaderollover arbetySão Paulo (USP), mesmo no casorollover arbetyum ataque russo contra outras ex-repúblicas soviéticas que hoje fazem parte da Otan, como a Estônia, Letônia e Lituânia, é possível que as duas partes prefiram minimizar os riscos. "Assim como o Ocidente e a Otan evitam conflito direto na Ucrânia, Rússia também evitaria um confronto no restante do Leste Europeu", afirma.
Para Andrew Futter, professorrollover arbetypolítica internacional da Universidaderollover arbetyLeicester (Reino Unido), também não há qualquer indicaçãorollover arbetyque Moscou pretenda usar suas armas nucleares contra a Ucrânia. "Não vejo nenhuma razão pela qual Moscou usaria armas nucleares contra a Ucrânia. Não apenas porque qualquer material radioativo tão pertorollover arbetysua fronteira pode ser perigoso, mas também porque eles provavelmente não querem destruir o país e a população ucraniana, já que seu plano parece ser incorporar o território à Rússia."
Larlecianne Piccolli, pesquisadora especializarollover arbetyarmas estratégicas e políticarollover arbetysegurança e defesa da Rússia e diretora do Instituto Sul-Americanorollover arbetyPolítica e Estratégia (Isape), escreveurollover arbetyseu perfil no Twitter que a elevação do alerta feita por Putin visa principalmente intimidar a Ucrânia e forçá-la à mesarollover arbetynegociações, algo que já estárollover arbetyandamento. Mas os termosrollover arbetynegociação ainda não foram divulgados oficialmente.
De qualquer forma, a guerra na Ucrânia é a guerrarollover arbetyVladimir Putin. Se o líder do Kremlin atingir seus objetivos militares, o futuro da Ucrânia como nação soberana estarárollover arbetydúvida. Se for percebido que ele está falhando e sofrer baixas pesadas, o medo é que isso possa levar o Kremlin a adotar medidas mais desesperadas.
Especialmente considerando que "ele nunca faria isso" é algo que não se aplica a Putin.
*Com informações adicionaisrollover arbetyJulia Braun, da BBC News Brasilrollover arbetySão Paulo.
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