Como os alimentos processados ajudaram a moldar espécie humana:blaze app android

A expressão evoca imagensblaze app androidlanches semelhantes a isopor cobertosblaze app android"queijo" ou refeições que pedem para "adicionar apenas água" com sachêsblaze app android"sabor" suspeitos; estes são os alimentos ultraprocessados.

Mas será que é justo tratar todos os alimentos processados ​​com o mesmo desdém?

Esquecemos que as inovações no processamentoblaze app androidalimentos também ajudaram a melhorar a nutrição, reduzir o desperdícioblaze app androidalimentos e nos proporcionar mais tempo livre.

É muito mais complexo do que afirmar que todos os alimentos processados ​​são ruins. Alimentos processados ​​mudaram, para melhor ou para pior (e provavelmente ambos), nossa relação com a comida. E, muito antes disso, nos moldou como espécie.

Nosso parente hominídeo, o Homo habilis, que viveu entre 2,4 milhões e 1,4 milhõesblaze app androidanos atrás, carrega a primeira evidência do processamentoblaze app androidalimentos. Diferentementeblaze app androidseus predecessores evolutivos, o habilis tinha dentes relativamente pequenos.

Acredita-se que essa tendência evolutiva só poderia ter começado se o alimento estivesse sendo manipulado antesblaze app androidchegar à boca.

Martelar as raízes com pedras ou fatiar a carneblaze app androidtiras finas para torná-la mais fácilblaze app androidmastigar pode significar cercablaze app android5% menos mastigação.

Com menos pressão no aparelhoblaze app androidmastigação — mandíbulas, músculos e dentes—, o corpo pode redirecionar esses tecidos energeticamente dispendiosos para outro lugar, fazendo com que o rosto fique menorblaze app androidrelação ao tamanho total do crânio.

O Homo erectus (1,89 milhõesblaze app androidanos - 108 mil anos atrás) e o Homo neanderthalensis (400 mil - 40 mil anos atrás) tinham dentes muito menores do que se poderia prever com base no tamanhoblaze app androidseus crânios.

A evolução só poderia favorecer essa redução no tamanho dos dentes se a comida tivesse se tornado mais fácilblaze app androidmastigar, e isso provavelmente só foi alcançado por meio do processamento térmico — o cozimento.

Alimentos cozidos requerem 22% menos músculos para serem mastigados e podem liberar energia (calorias) que,blaze app androidoutra forma, seriam inacessíveis no produto cru.

Evolução cerebral

Alémblaze app androidindiscutivelmente proporcionar a nossos ancestrais uma tendência a rostos pequenos e corpos grandes, os alimentos processados ​​levaram a um ganho significativoblaze app androidtempo. Menos tempo gasto na mastigação deixa a boca livre para desenvolver uma linguagem oral complexa.

A energia poderia ser direcionada para o crescimentoblaze app androidum cérebro maior,blaze app androidvezblaze app androidum mecanismo pesadoblaze app androidmastigação, e a comida cozida alimentava esse cérebro faminto por calorias.

Quando digo que os alimentos processados ​​ajudaram a nos moldar como espécie, falo literalmente.

Mas eles continuam a fazer isso — e isso talvez seja mais preocupante. Alimentos ultraprocessados têm sido associados ao nosso tamanho corporal cada vez maior, e nossa dieta cozida e macia é,blaze app androidúltima análise, a culpada pelo desalinhamento dos dentes.

Rosto pequeno, corpo grande, dentes tortos — talvez esta não seja uma tendência que desejamos manter.

O que levou nossos primeiros ancestrais a processar alimentos — a preservação — continua sendo o principal fator por trás do processamentoblaze app androidcomida hoje.

Avanços na tecnologia significam que agora podemos congelar rapidamente a colheita no auge da estação, logo depoisblaze app androidter sido extraída da terra, retendo os nutrientes essenciais até que sejam liberados novamente meses depoisblaze app androidalgum fogão a milharesblaze app androidquilômetrosblaze app androidonde o produto foi cultivado.

No entanto, houve muitos outros fatores ao longo do caminho que forçaram a inovação alimentar.

Quando mais marinheiros morreramblaze app androiddesnutrição do queblaze app androidcombate durante a Guerra dos Sete Anos e as Guerras Napoleônicas, a pressão para encontrar novas maneirasblaze app androidconservar os alimentos impulsionou o desenvolvimento e a adoção generalizadablaze app androidenlatados.

Em 1912, uma mudança na legislação do Reino Unido estabeleceu que a classe média desse aos empregados que trabalhavam na casa meio diablaze app androidfolga por semana; isso levou às primeiras versões das "refeições prontas", uma vez que as donasblaze app androidcasablaze app androidclasse médiablaze app androidrepente se viram obrigadas a preparar o jantar uma vez por semana.

Influência dos conflitos

Foi a guerra novamente (desta vez, a Segunda Guerra Mundial) que limitou a disponibilidadeblaze app androidmetal proveniente da China, interrompendo a produçãoblaze app androidenlatados e abrindo o mercado para os alimentos congelados.

Um excessoblaze app androidofertablaze app androidperu na décadablaze app android1950 deu origem à invenção dos pratos congelados.

O desperdícioblaze app androidcomida levou até um fazendeiro californiano na décadablaze app android1980 a revolucionar o lanche saudável. Cansadoblaze app androidver maisblaze app android360 ​​toneladasblaze app androidcenouras esteticamente feias ​​sendo desperdiçadas a cada ano, ele comprou um cortador industrial e começou a descascá-las e cortá-lasblaze app androidpedaços convenientesblaze app android5 cm.

Foi o início da revolução da mini-cenoura, que impulsionou o consumoblaze app androidcenoura nos Estados Unidosblaze app android33%.

Guerra, desnutrição, oferta e demanda, desperdícioblaze app androidalimentos — todos estes são motoresblaze app androidinovação, assim como sustentabilidade e segurança alimentar.

Outro fator importante por trás da inovação alimentar na sociedade moderna é a conveniência. Em apenas 60 anos, o tempo gasto na preparação do jantar no Reino Unido passoublaze app android1,5 hora para pouco maisblaze app android30 minutos.

Também houve uma mudança dramática na unidade familiar nesses 60 anos. O númeroblaze app androidmulheres que trabalham fora aumentou significativamente, e a quantidadeblaze app androidfamílias monoparentais triplicou.

Não éblaze app androidse estranhar que as pessoas não estejam dispostas a passar uma hora e meia na cozinha preparando uma refeição com as criançasblaze app androidseus calcanhares após um longo diablaze app androidtrabalho.

No entanto, as famíliasblaze app androidgeral ainda conseguem incluir na rotina quase 4 horasblaze app androidtelevisão por dia (o que aumentou para maisblaze app androidseis horas durante o lockdown imposto pela pandemiablaze app androidcovid-19).

Portanto, talvez a gente precise ser honesto sobre até que ponto temos tempo para cozinhar ou se escolhemos gastar nosso tempo fazendo coisas diferentes.

Não é apenas a razão pela qual processamos os alimentos, mas como os processamos, que mudou drasticamente com o tempo. A fabricaçãoblaze app androidqueijos é um excelente exemplo, já que os humanos fazem isso há pelo menos 10 mil anos.

A primeira investida na fabricaçãoblaze app androidqueijos provavelmente aconteceu por acidente. O leite que era levadoblaze app androidum sacoblaze app androidpele feito do estômagoblaze app androidum animal esquentou ligeiramente, e as enzimas remanescentes no saco fizeram o leite coalhar.

Ou talvez o conteúdo estomacalblaze app androidum animal lactante abatido tenha sido explorado, e alguma alma corajosa tenha decidido provar o leite coalhado.

Esses primeiros consumidores aventureiros teriam notado que a coalhada não tinha os mesmos efeitos nocivos que o leite cru (a maioria dos adultos na época seria intolerante à lactose). E os laticínios se tornaram uma fonte básicablaze app androidproteína.

Apenas 8,7 mil anos depois, havia aproximadamente 700 tipos diferentesblaze app androidqueijo sendo produzidosblaze app androidtodo o mundo. De cheddars envelhecidosblaze app androidcavernas a bries macios,blaze app androidfetas frescos ao chhurpupu do Himalaia feitoblaze app androidleiteblaze app androidiaque que pode durar 20 anos se armazenado corretamente.

Então, ao longo dos 200 anos seguintes, conseguimos pegar uma boa parte dessa diversidade e transformá-lablaze app androiduma aproximação monótona produzidablaze app androidmassa da coisa real.

A industrialização fez com que o leiteblaze app androidvárias fazendas fosse amalgamado, perdendo o sabor distintoblaze app androidcada fazenda eblaze app androidcada estação, levando ao desaparecimento do produtorblaze app androidqueijo da fazenda.

Os fabricantes passaram a privilegiar um produto mais consistente, com menos gordura e que pudesse ser feitoblaze app androidmenos tempo e com menos dinheiro.

Eles retiravam o creme da superfície para transformá-loblaze app androidprodutosblaze app androidvalor mais alto e, ao perder a rica cor amarela do queijo, começaram a adicionar sucoblaze app androidcenoura ou calêndula para recuperá-la.

Os fabricantes adicionaram enzimas ao leite para acelerar o tempoblaze app androidmaturação.

Na décadablaze app android1950, a cromatografia gasosa permitiu que os compostos aromáticos associados a um queijo maturado fossem analisados, isolados e identificados.

Isso possibilitou aos cientistasblaze app androidalimentos começar a realmente alterar o processoblaze app androidfabricação dos queijos — aprimorando os sabores por meio da adiçãoblaze app androidaminoácidos específicos para atingir um sabor forteblaze app androidmenos tempo.

A ciência alimentar acabou usando enzimas e compostos aromáticos para criar um queijo que era tão baratoblaze app androidproduzir que se tornou um ingrediente econômico para outros fabricantesblaze app androidalimentos.

Os queijos enzimaticamente modificados podem conferir um verdadeiro saborblaze app androidqueijo a qualquer alimento, com muito pouco produto lácteo caro envolvido.

Mas isso levanta a questãoblaze app androidqual deve ser o limite — a partirblaze app androidque ponto se torna uma enganação?

A série Beyond Natural, da BBC Future, analisa os alimentos processados ​​sob diversas perspectivas.

Dos aditivos escondidosblaze app androidalimentos saudáveis ​​até os processos vistos na própria natureza, a série leva os leitores aos bastidoresblaze app androidum dia na vidablaze app androidum cientista alimentar, alémblaze app androidoferecer conselhos práticos sobre como ler os rótulos dos alimentos.

Também reconhece a complexidade do tema e ajuda a desafiar as percepções sobre alimentos processados.

Como consumidores, temos a obrigaçãoblaze app androidestar informados e fazer com que os fabricantes saibam o que consideramos aceitável (e quando sentimos que passaram do limite) por meio do nosso poderblaze app androidcompra.

As inovações no processamentoblaze app androidalimentos podem ajudar a resolver a insegurança alimentar, reduzir o desperdícioblaze app androidalimentos e diminuir os impactos ambientais da produçãoblaze app androidalimentos — ou colocar mais dinheiro no bolso dos fabricantes.

blaze app android Leia a versão original blaze app android desta reportagem (em inglês) no site BBC Future blaze app android .

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