A missão do século 19 que deu início à oceanografia:apostasonline net

Pinturaapostasonline netbarco no mar

Crédito, Stanislav Pobytov/Getty Images

Legenda da foto, O HMS Challenger passou três anos e meio explorando algumas das partes mais remotas dos oceanos

O HMS Challenger era um navio da Marinha Real Britânica construído na décadaapostasonline net1850. Ele entrou para a história não pelo históricoapostasonline netcombates, mas graças a uma reputação conquistada por algo muito mais minucioso.

Uma viagemapostasonline nettrês anos —apostasonline netobservação científica, e nãoapostasonline netdemonstração do poderio naval — que cruzou o globoapostasonline netuma jornadaapostasonline net68.000 milhas náuticas (125.900 km).

Esta viagem, da qual Murray fez parte, mudou a forma como vemos os oceanos. E, ao longo do caminho, descobriu espécies que vivem nas profundezas do fundo do mar. Não centenas, mas milhares.

***

Os oceanos eram as estradas do fim do século 19. Com os aviões a jato para transporteapostasonline netcarga a um séculoapostasonline netdistância e ferrovias ainda por percorrer grandes áreas do mundo, grande parte do comércio mundial dependiaapostasonline netnavios.

Mas, apesarapostasonline netsua importância vital para o comércio e o poder colonial, as profundezas do oceano poderiam muito bem estarapostasonline netoutro planeta.

Os antigos gregos e romanos haviam mapeado meticulosamente — e com bastante precisão — o litoral do mar Mediterrâneo. Mas emboraapostasonline netcartografia tenha mapeado a costa, o mar ao redor dela era considerado um reinoapostasonline netmonstros e serpentes gigantescas que devoravam embarcações.

Quando os antigos gregos começaram a explorar além do Mediterrâneo, há cercaapostasonline net2,9 mil anos, a descobertaapostasonline netuma forte correnteapostasonline netnorte a sul os fez acreditar que haviam encontrado um enorme rio. Da palavra grega para rio — okeanos —, surgiu o nome oceano.

Durante séculos, a oceanografia ficou apenas engatinhando. Os litorais foram mapeados, as espécies capturadas pelas redes foram desenhadas e analisadas, e as profundidades registradas com linhasapostasonline netprumo. Mas grande parte do oceano — especialmenteapostasonline netprofundeza fria e invisível — continuou sendo um mistério.

Depois da Era dos Descobrimentos e da violenta colonizaçãoapostasonline netgrande parte do globo pela Europa, a atenção começou a se voltar para o que havia embaixo da superfície do mar. As primeiras tentativas foram esporádicas, no entanto, e exploraram apenas uma pequena fração dos oceanos na época.

Ilustraçãoapostasonline netequipamentos da embarcação

Crédito, Universal History Archive/Getty Images

Legenda da foto, O equipamentoapostasonline netmedição usado pelos cientistas do Challenger era relativamente primitivo, mas foi capazapostasonline netcapturar medidas precisas

Apenas na décadaapostasonline net1760, foi realizada a primeira missão oceanográfica exclusiva — uma expedição dinamarquesa aos mares ao redor do Egito na Península Arábica —, coletando espécimes por meioapostasonline netredes e equipamentos simplesapostasonline netdragagem.

No século 19, foi quando o que hoje chamamosapostasonline netoceanografia atingiu a maioridade.

Expedições menores e menos ambiciosas nas décadas anteriores aos anos 1870 foram fundamentais para que o Challenger zarpasse, explica Helen Rozwadowski, fundadora do programaapostasonline netestudos marítimos da Universidadeapostasonline netConnecticut, nos EUA.

De forma lenta e segura, eles forneceriam os pilares para uma missão tão ambiciosa quanto a do Challenger.

"Você não consegue fazer uma viagemapostasonline netcircunavegaçãoapostasonline nettrês anos e meio do nada", afirma.

"Os antecedentes se apresentamapostasonline netduas direções básicas — um deles se refere aos trabalhos hidrográficos feitos especialmente por hidrógrafos britânicos e americanos."

Os EUA lideraram o caminho para as profundezas do mar até a décadaapostasonline net1860. Na sequência, a Marinha Real britânica, não tendo mais que apoiar as tropas na Crimeia, preencheu o vácuo deixado pelos EUA quando o país entrouapostasonline netguerra civil.

Entender mais sobre a topografia do oceano se tornou mais urgente quando a telegrafia se tornou mais difundida, diz Rozwadowski — a única maneiraapostasonline netos telégrafos conectarem a América do Norte ao Reino Unido, por exemplo, era por meioapostasonline netcabos colocados ao longo do fundo do mar.

"Paralelamente a isso, existe essa tradiçãoapostasonline netdragagem da história natural marinha, que começou muito no Reino Unido e algumas outras pessoas adotaram nos Estados Unidos", diz Rozwadowski.

"Penseapostasonline netCharles Darwin, quando ele era um estudanteapostasonline netEdimburgo, aprendeu a dragar."

De fato, um dos colegasapostasonline netDarwin, o naturalista Edward Forbes, foi um defensor entusiasta da dragagem marinha como uma contribuição para os estudos da vida no fundo do mar.

O próprio Darwin não tinha certeza do que poderia ser encontradoapostasonline nettal profundidade, "mas ele pensou que haveria coisas fossilizadas que poderiam nos ajudar a entender mais sobre a evolução", diz Rachel Mills, diretoraapostasonline netciências da vida ambiental na Universidadeapostasonline netSouthampton, no Reino Unido.

"Você tem essas duas vias paralelas que finalmente se juntam com o Challenger."

"Mas, na verdade, houve duas viagens antes do Challenger, a do HMS Lightning foi a primeira, e a do HMS Porcupine, a segunda."

"Essas viagens foram organizadas entre a Royal Society (instituição britânica dedicada à promoção do conhecimento científico) e a Marinha — exatamente como a do Challenger seria organizada, era o mesmo grupoapostasonline netpessoas."

"O Lightning e o Porcupine são enviados para ver se é possível fazer sondagens e dragagem, para ver o que podiam encontrar", acrescenta Rozwadowski

Uma vez realizadas essas missões exploratórias, a missão Challenger foi aprovada pelo governo britânicoapostasonline net1870, e a Marinha foi solicitada a providenciar um navio.

Ilustraçãoapostasonline netbarco no mar

Crédito, Universal History Archive/Getty Images

Legenda da foto, A viagem levou o HMS Challenger a algumas das ilhas mais isoladas do mundo, como as Kerguelen

Muito parecida com a corrida espacial um século depois, a expedição deveapostasonline netexistênciaapostasonline netparte ao orgulho nacional, diz Penelope Hardy, professoraapostasonline nethistória na Universidadeapostasonline netWisconsin La Crosse, nos EUA.

"Também é uma resposta à dragagem escandinava que encontrou crinóides, criaturas antes conhecidas apenas como fósseis, vivas no oceano. Em grande medida, é uma história tecnológica, parte do motivo pelo qual a (expedição) Challenger parece tão revolucionária é porque haviam chegado a um pontoapostasonline netque a tecnologia permitia a eles ir mais fundo com a dragagem do que qualquer um já havia feito."

"Mas uma das questões-chaves é que eles afirmam que estão começando a oceanografia, então todos compram essa história", diz Hardy.

"[O oceanógrafo americano Matthew] Maury é o primeiro a usar o termo oceanografiaapostasonline netinglês. E o que é importanteapostasonline netrelação a ele é que ele realmente vê o oceano como um sistema que precisa ser estudado junto, e é isso que pensamos da oceanografia, certo? Não é um lugar específico onde estão fazendo ciência, mas uma abordagem."

Rozwadowski afirma que as descobertas do Challenger só se tornaram ainda mais importantes com o tempo, à medida que agora entendemos completamente os efeitos que a atividade humana tem nos oceanos.

"Eu defendo que a viagem do (navio) Challenger é o culminarapostasonline netdécadasapostasonline nettecnologia, organização e perguntas sobre o mundo natural", diz ela.

Os relatórios científicos que resultaram da expedição se tornariam "a base para a ciência moderna da oceanografia", argumenta.

Quando o navio Challenger foi escolhido pela Marinha para a expedição, tinha pouco maisapostasonline netuma década, tendo cumprido uma carreira sólida, mas nada notável. Seria a ciência, e não a guerra, que faria seu nome permanecer vivo ao longo da história.

"Eles tiraram as armas, mas ainda navegavam sob a bandeira da Marinha", conta Mills.

"Estavam claramente confiantesapostasonline netque não seriam atacados e poderiam dar a volta ao mundo fazendo escalaapostasonline netqualquer porto que escolhessem."

A viagem do Challenger ao redor do mundo duraria 1.250 dias — algo árduo no século 21, quanto mais na décadaapostasonline net1870.

Embora a embarcação tivesse um pequeno motor a vapor, ele era usado principalmente para fornecer energia para a plataformaapostasonline netdragagem ou para evitar que o navio ficasse à deriva quando fazia uma sondagem profunda,apostasonline netvezapostasonline netajudá-lo a navegar pelo oceano. A maior parte da jornada épica da embarcação foi à vela.

Mills tem alguma experiênciaapostasonline netcomo podem ser as viagens oceanográficas — na décadaapostasonline net1990, no inícioapostasonline netsua carreira, ela participouapostasonline netuma expedição à Dorsal Mesoatlânticaapostasonline netum navio científico russo.

Embora cercaapostasonline net120 anos tenham se passado, havia algumas semelhanças.

"A vida a bordoapostasonline netum navio russo pode ser desconfortável às vezes", diz ela.

"Embora ninguém contraísse escorbuto, é justo dizer que a comida que comíamos não era uma alimentação balanceada."

O Challenger zarpouapostasonline netdezembroapostasonline net1872 do portoapostasonline netPortsmouth, na Inglaterra, durante um inverno britânico particularmente rigoroso. O navio seguiu para o sulapostasonline netdireção a Portugal, onde o químico John Buchanan mais tarde afirmaria audaciosamente que a expedição havia dado início a um campo inteiramente novo da ciência.

"Buchanan diz mais tardeapostasonline netseus registros, 'a ciência da oceanografia nasceu no mar', e dá uma data e uma latitude e uma longitude, quando o Challenger faz aapostasonline netprimeira dragagem realmente profunda na costaapostasonline netPortugal", explica Hardy.

Pintura da tripulação no Japão

Crédito, The Print Collector/Getty Images

Legenda da foto, A expedição levou a tripulação britânica até o Japão

"Eles estão, claro, reivindicando a origem para si próprios."

O Challenger era liderado pelo capitão da Marinha George Nares e pelo cientista-chefe Charles Wyville Thomson, que mais tarde receberia o títuloapostasonline netcavaleiro por seu trabalho na expedição.

Foi Thomson quem persuadiu a Marinha Real a emprestar o HMS Lightning e o Porcupine para as operações anterioresapostasonline netdragagem nas profundezas do mar da costa da Noruega.

O aparecimento dos crinóides havia entusiasmado Thomson. Mas o mesmo acontecia com a riquezaapostasonline netoutros animais trazidos das profundezas do oceano. Thomson queria saber o que uma viagem mais longa e ambiciosa poderia encontrarapostasonline netlugares profundos ao redor do mundo.

O navio transportava uma equipeapostasonline netcinco cientistas, um patologista (que retalhava os corpos para serem dissecados) e um artista oficial, ao ladoapostasonline net21 oficiais da Marinha e 216 tripulantes.

"É incrível pensarapostasonline nettodas essas pessoas juntas por três anos e meio navegando ao redor do mundo", diz Judith Wolf, cientista do Centro Nacionalapostasonline netOceanografiaapostasonline netLiverpool, no Reino Unido, que também é membro da Challenger Society.

O Challenger estava repletoapostasonline netequipamentos paraapostasonline netnova função —apostasonline netfrascosapostasonline netvidro para guardar amostras e álcool para conservação a barômetros, equipamentosapostasonline netdragagem, termômetrosapostasonline netágua e recipientes especiais para recolher animais e detritos do fundo do oceano e trazê-los à superfície.

"Todos os cientistas estão a bordo, e passaram a semana ocupados arrumando seu equipamento", escreveu o assistenteapostasonline netcomissárioapostasonline netbordo Joe Matkin a seu primo pouco antes do início da viagem.

"Há algumas milharesapostasonline netpequenas garrafas herméticas e pequenas caixas do tamanhoapostasonline netcaixasapostasonline netValentine acondicionadasapostasonline nettanquesapostasonline netferro para manter as amostras dentro, insetos, borboletas, musgos, plantas, etc. Há uma sala fotográfica no convés principal, e também uma salaapostasonline netdissecação para retalhar ursos, baleias, etc. "

Também havia corda — muita corda. Quando zarpou, o Challenger carregava maisapostasonline net291 kmapostasonline netcordaapostasonline netcânhamo italiana, o suficiente para estendê-laapostasonline netLondres às Ilhas do Canal.

De acordo com a Challenger Society, cada sondagem era mais do que uma simples leituraapostasonline netprofundidade usando linhasapostasonline netprumo.

Em vez disso, era um processo para várias observações científicas: a profundidade exata era determinada, amostrasapostasonline netlodo e água eram trazidas do fundo do mar, as temperaturas eram registradasapostasonline netuma sérieapostasonline netprofundidades, e por meioapostasonline netdragagem e redesapostasonline netarrasto a fauna era coletada.

"O Challenger realizou 362 sondagens duranteapostasonline netviagem", revela Wolf.

Ilustraçãoapostasonline netbarco no mar cercado por rochedos

Crédito, The Illustrated London News/Getty Images

Legenda da foto, O Challenger visitou os então chamados 'rochedos'apostasonline netSão Paulo no Atlântico, onde o navio atracou usando um elaborado sistemaapostasonline netcordas

"Cada vez que eles tinham que fazer uma sondagem, eles também baixavam uma draga e puxavam para cima tudo o que podiam."

A draga iria despejar enormes quantidadesapostasonline netlama pegajosa — parte dela, formada por restosapostasonline netvida marinha morta há muito tempo — no convés do navio.

"Era um trabalho enfadonho (para os marinheiros)", diz Wolf.

Embora os termômetros não fossem tão precisos quanto os usados ​​hoje, os rigorosos métodos usados ​​para marcar as temperaturas na água são úteis para os cientistas ainda hoje, diz Mills.

"As leituras talvez não fossem muito exatas, mas eram precisas, então os cientistasapostasonline nethoje podem ajustar isso... a diferença entre as temperaturas da superfície e do fundo era muito precisa. Isso por si só é muito útil para os cientistas hoje."

O Challenger navegou primeiro até as Ilhas Canárias antesapostasonline netcruzar o Atlântico para as Bermudas e atravessar novamente para Cabo Verde, com um desvio para o norte até o Canadá ao longo do trajeto.

De Cabo Verde, o navio cruzou o Atlântico novamente, avançando lentamente pela costa do Brasil antesapostasonline netchegar a Tristão da Cunha, perto do Cabo da Boa Esperança,apostasonline netoutubroapostasonline net1873.

De lá, o Challenger atravessou as vastas extensões vazias ao sul dos oceanos Índico e Pacífico, tão ao sul que encontrou icebergs.

Em marçoapostasonline net1874, estava na Austrália, zarpando para a Nova Zelândia alguns meses depois, antesapostasonline netnavegar para as ilhas da Polinésia e fazer uma viagem tortuosa pelo Sudeste Asiático.

Quase um ano depois, o Challenger atracouapostasonline netYokohama, no Japão, antesapostasonline netexplorar as ilhas do Pacífico e as águas costeiras da América do Sul, antesapostasonline netnavegar ao redor do Cabo Hornapostasonline netjaneiroapostasonline net1876.

Depoisapostasonline netpassar mais cinco meses explorando várias partes do Atlântico, o navio voltou para casaapostasonline netmaioapostasonline net1876. Regressou, no entanto, com apenas cercaapostasonline net140 pessoasapostasonline netsua tripulação a bordo — devido a mortes e deserções.

A tripulação do Challenger se gabouapostasonline netter visitado todos os continentes, exceto a Antártida. As temperaturas extremas e condições do mar são desafiadoras até hoje.

"Tento imaginar como essas pessoas conseguiram sem os tecidosapostasonline netalta tecnologia e coisas para nos manter aquecidos", diz Hardy, que é veterana da Marinha dos Estados Unidos.

"O pessoal da Marinha fazia uma gozação amigável com os cientistas — alguns deles tinham passado algum tempo no mar, mas a maioria não tinha muita experiência, então tiravam sarro deles por não saberem os termos para as coisas a bordo."

"Assim que eles deixam o porto, logo enfrentam mau tempo, e os oficiais da Marinha dizem: 'Que bom, é uma boa sacudida para nos certificarapostasonline netque está tudo pronto', e todos os cientistas se retiram para seus aposentos e não são vistos novamente até que o tempo melhore."

Os cientistas e oficiais navais dominam os registros. Encontrar as vozes dos marinheiros comuns é muito mais difícil, diz Hardy. As cartas do assistenteapostasonline netcomissárioapostasonline netbordo Matkin são talvez o melhor registro.

"Ele conta muitas histórias que sugerem que a tripulação ficou menos entusiasmada com tudo isso", diz ela.

"Pensa só, esses caras estão dragando grandes quantidadesapostasonline netlama, essencialmente, do fundo do oceano e despejando no convés, e todos esses marinheiros estão tendo que fazer todo o trabalho braçal— e depois limpar tudo."

Foiapostasonline netmarçoapostasonline net1875 que o navio Challenger fez umaapostasonline netsuas descobertas mais surpreendentes, quase completamente por acaso.

Pertoapostasonline netGuam, a tripulação estava fazendo umaapostasonline netsuas sondagens regulares. Mas o navio estava, por acaso, acima do que agora sabemos ser a Fossa das Marianas, um vasto canal entre duas placas tectônicas que se estende por quase 2.560 km.

O Challenger esbarrou nela por acidente, algo que Mills descreve como "realmente fortuito".

A sondagem mediu uma profundidadeapostasonline net8,1 km — é a parte mais profunda do oceano já descoberta. Hoje chamamos seu ponto mais profundoapostasonline netChallenger Deep.

O trabalho foi árduo e aumentou imensamente o conhecimento humano sobre o que vivia tão abaixo da superfície do oceano. Novas espécies foram descobertasapostasonline netum ritmo extraordinário.

"Em todos os lugares que paravam, eles enviavamapostasonline netvolta caixotesapostasonline netamostras sempre que podiam", diz Wolf.

As espécimes coletadas pelo Challenger —apostasonline netminúsculos crustáceos a grandes tubarões oceânicos — tiveram como destino inicial a Inglaterra e foram posteriormente distribuídas entre instituições científicasapostasonline nettodo o mundo.

"Eles decidiram que os grupos taxonômicos seriam estudados por quem era o especialista na área, fosse ele alemão, americano ou quem quer que fosse", explica Rozwadowski.

"Essa é uma das razões pelas quais os relatórios tiveram um poder tão duradouro. Eles foram escritos por especialistas, não importava quem fosse ou onde estivesse, foram escritos por pessoas que eram consideradas autoridades na área."

"A construçãoapostasonline netuma rede e a distribuição desses resultados também pode ser vista como bastante fundamental para a formaçãoapostasonline netum campo [de estudo científico]", diz Hardy.

Tubarão-galha-branca-oceânico

Crédito, Reinhard Dirscherl/Getty Images

Legenda da foto, Um tubarão galha-branca-oceânico — a tripulação do Challenger estaria obcecadaapostasonline netcapturar tubarões durante a viagem

Se a viagemapostasonline netsi foi longa, nada se compara ao tempo necessário para reunir tudo o que haviam encontrado. Os relatórios levaram 23 anos para serem concluídos; Charles Wyville Thomson morreu alguns anos depois da empreitada, aparentemente devido à exaustão nervosa causada por ter que lidar com os editores.

"Chegou a 50 volumes", conta Wolf.

"E cada um desses volumes tinha a espessuraapostasonline netuma Bíblia."

Milhares dos espécimes preservados pelo Challenger ainda existem, grande parte deles no Museuapostasonline netHistória Naturalapostasonline netLondres, mas há outros espalhados por acervosapostasonline netinstituiçõesapostasonline nettodo o mundo.

De acordo com Mills, há um novo ímpeto para investigá-los, que poderia fornecer informações novas e vitais para os cientistas hoje.

A crescente quantidadeapostasonline netdióxidoapostasonline netcarbono na atmosferaapostasonline netdecorrência da atividade humana está — aos poucos — fazendo com que os oceanos se tornem mais ácidos. As leituras e espécimes do Challenger "se tornaram a base para o início da Revolução Industrial", afirma Mills.

Amostrasapostasonline netanimais coletadas na viagem ainda estão sendo usadas para entender como os oceanos mudaram desde aquela época.

"Se você está estudando um determinado marisco e sabe que as conchas estão ficando mais finas por causa da acidez crescente dos oceanos, é porque temos o registroapostasonline netcomo eles eram 150 anos atrás, graças ao Challenger", explica Mills.

É importante terapostasonline netmente também que, quando o Challenger navegava pelos oceanos do mundo, não havia plástico. Todos os milharesapostasonline netanimais e amostrasapostasonline netágua que a tripulação coletou, estão livresapostasonline netpartículasapostasonline netplástico.

Cento e cinquenta anos depoisapostasonline netter zarpado, o trabalho árduo do Challenger está abrindo novas maneirasapostasonline netvislumbrar como nossos oceanos estão mudando, muito além dos nossos olhos.

apostasonline net Leia a versão original apostasonline net desta reportagem (em inglês) no site BBC Future apostasonline net .

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