A bota criada a partircasino n1fungo e suor para ajudar na exploraçãocasino n1Marte:casino n1

Botas espaciais

Crédito, George Ellsworth, Caskia/Growing a MarsBoot

Legenda da foto, O exterior da bota é feitocasino n1micélio, enquanto o interior é um material à basecasino n1micélio com algodão e linho

"Marte sempre foi um planeta onde você pode sonhar", diz Ciokajlo. "É um lugarcasino n1que você pode repensar como viver na Terra."

A tarefa levou a designer a um biomaterial surpreendente que já havia atraído a atençãocasino n1engenheiros, que buscam inovação na áreacasino n1materiaiscasino n1construção, ecasino n1grandes agências espaciais, como a Nasa (americana) e a ESA (europeia).

O design final da bota - alta, robusta e feminina - pode ser fabricado a bordocasino n1uma espaçonave, a partircasino n1suor humano e esporoscasino n1fungos, ideal para uma viagemcasino n1sete meses a Marte com pouca bagagem para despachar.

O biomaterial mágicocasino n1questão é o micélio, a parte vegetativacasino n1um fungo. Se você imaginar que os cogumelos são os "frutos" do fungo, o micélio pode ser considerado a raiz ou o caule.

Ele parece um emaranhadocasino n1linhas brancas, chamadas hifas, que se comunicam com o solo e outras superfíciescasino n1que o fungo cresce. O conjuntocasino n1hifas é chamadocasino n1micélio, que constitui a maior parte do fungo.

O micélio tem propriedades surpreendentes. É ótimo para reciclagem, pois se alimentacasino n1um substrato (como serragem ou resíduos agrícolas) para criar mais material e tem potencialcasino n1crescimento quase ilimitado nas condições certas.

Ele consegue suportar mais pressão do que o concreto convencional sem quebrar. É um conhecido isolante, alémcasino n1ser resistente ao fogo. E pode até mesmo fornecer proteção contra radiaçãocasino n1missões espaciais.

Na Terra, o micélio é usado atualmente para criar couro, materiaiscasino n1construção e embalagens, mas no espaço ele se destaca pelo potencial arquitetônico, afirma o artista e engenheiro Maurizio Montalti, que trabalhoucasino n1parceria com Ciokajlo na releitura da bota.

As hifas venosas, coletivamente chamadascasino n1micélio, são a maior parte do fungo

Crédito, Alamy

Legenda da foto, As hifas venosas, coletivamente chamadascasino n1micélio, são a maior parte do fungo

"Você conta com a capacidade das células se replicarem, criando assim mais materialcasino n1pouco tempo", explica.

Para a nova versão do calçado, Ciokajlo queria usar o corpo humano como fontecasino n1matéria-prima e decidiu empregar o suor. Reutilizar a transpiração não é algo inteiramente novo no âmbito da exploração espacial (a Estação Espacial Internacional reaproveita atualmente a urina e o suor dos astronautas como água potável), mas sem dúvida é uma abordagem inovadora para o calçado.

Ela acredita que isso pode fazer os astronautas se sentirem mais pertocasino n1casa durante a longa jornada até Marte.

As aventuras do micélio no espaço vão além da inovação do material. Em suas pesquisas, Ciokajlo encontrou um romance feministacasino n11893 que retratava Marte como um planeta onde os papéiscasino n1gênero eram invertidos - razão pela qualcasino n1criação é uma bota para as mulheres.

O livro levou a designer a imaginar uma sociedadecasino n1que os biomateriais proporcionam uma maneira diferentecasino n1interagir com o ambiente. Até mesmo o nome da bota, Caskia, é inspirado no romance: se refere à única região do planetacasino n1que há igualdade entre homens e mulheres.

O design ainda é hipotético, porque a bota enviada ao MoMa - e atualmentecasino n1exposição no Museucasino n1Designcasino n1Londres - foi criada a partircasino n1micélio, mas nãocasino n1suor humano, já que o prazo era apertado demais. Mas tem respaldo científico.

Os materiais à basecasino n1micélio podem tomar formacasino n1várias maneiras. Se você tem resíduos sólidos (como serragem), pode esterilizá-los e adicionar o fungo para que comece a se propagar.

Ao incubá-locasino n1condições controladascasino n1temperatura e umidade, as hifas brancas venosas se compactam para criar um material sólido fibroso. É assim que a Nasa e a ESA esperam usar o micéliocasino n1suas basescasino n1Marte.

No caso da bota Caskia, um tipo especialcasino n1fungo (existem maiscasino n1cinco milhõescasino n1espécies) se alimentaria dos nutrientes diluídos no suor humano após as impurezas serem filtradas. O "material molhado", como Montalti chama, tomaria forma a partircasino n1um molde feito diretamente nos pés do astronauta e que continuaria a ser "cultivado" pela produçãocasino n1suor.

Em ambos os métodos, o crescimento do fungo pode ser interrompido se aquecer até 70°C ou 80°C, o que significa usar um forno na Terra ou expor a cultura a altas temperaturascasino n1Marte ou no espaço.

Botas espaciais

Crédito, George Ellsworth, Caskia/Growing a MarsBoot

Legenda da foto, Enquanto a maior parte da bota é feitacasino n1micélio, a sola branca écasino n1plástico, feita individualmentecasino n1impressora 3D

O substrato precisaria possivelmentecasino n1um suplemento nutricional adicional para promover seu crescimento, reconhece Moltalti. A bota que eles criaram para o MoMA usou uma fórmula especial diluída.

"Para cada uma das nossas inspirações culturais, há respaldocasino n1cientistas", diz Ciokajlo.

A ESA, agência espacial europeia, também está apostando no micélio. Em um projeto conjunto com Montalti e a Universidadecasino n1Utrecht, na Holanda, a agência está investigando se os fungos podem ser usados para construir prédios, como laboratórios e outras instalações, no espaço.

O lançamentocasino n1uma instalação completamente pronta da Terra para Marte é caro, com custocasino n1cargacasino n1tornocasino n1US$ 10 mil por pound (unidadecasino n1medida que equivale a 453,6 gramas). A mineração no planeta vermelho também é problemática e dispendiosa. Acrescente a isso a questão do gerenciamento do lixo no espaço, e a capacidade do micéliocasino n1se decompor e reciclar começa a parecer muito promissora.

A equipe alcançou resultados provisórioscasino n1outubro, e Montalti conta que são animadores - a ESA ainda está checando os dados, por isso ainda não foram divulgados.

O engenheiro sonhacasino n1combinar micélio com impressão 3D ou até mesmo manipulação genética para ter mais opções.

Do outro lado do Atlântico, a Nasa também está estudando se suas missões a Marte poderiam desenvolver estruturas no próprio planeta. Os americanos estão considerando produzir na Terra uma cápsulacasino n1plástico flexível semeada com micélio e ativar o crescimento dos fungos uma vezcasino n1Marte.

Dessa forma, uma película fina pode se tornar um teto ou uma parede grossacasino n1questãocasino n1dias ou semanas. As construções poderiam ser flexíveis: o crescimento do fungo para quando a matéria-prima é consumida, a temperatura ideal é interrompida ou o micélio é eliminado pelo calor, mas os fungos adormecidos podem ser reativados para crescer, se reparos forem necessários.

Um dos aspectos mais atraentes do micéliocasino n1relação à arquitetura espacial é a capacidadecasino n1certos fungos produzirem melanina, biomolécula que pode proteger os seres humanos da radiação cósmica. Montalti e a ESA testaram esta propriedade como parte do seu projeto.

Em nosso planeta, muitos projetos usaram o micélio como componente estrutural. Por exemplo, uma parceria entre o Institutocasino n1Tecnologiacasino n1Karlsruhe (KIT) e o Instituto Federalcasino n1Tecnologia da Suíça (ETH) utilizou a impressão 3D para criar uma estrutura capazcasino n1suportar um telhado.

Para muitos, o micélio é um ótimo exemplocasino n1economia circular. O resíduo é usado como matéria-prima e o material final é potencialmente biodegradável, assim como a madeira.

"Atualmente, nossos materiais vêm da extração", diz o arquiteto Adi Reza Nugroho, da empresa indonésia MycoTech, que forneceu o micélio para o projeto do ETH e do KIT. "Agora queremos ter um ciclo fechado."

Se os experimentos da Nasa e da ESA forem bem-sucedidos, um pequeno grupocasino n1esporoscasino n1fungos poderia ser o pontocasino n1partida para uma colônia natural e vivacasino n1Marte.

De um punhadocasino n1esporos, os fungos poderiam se replicar e se convertercasino n1dezenascasino n1usos para os astronautas no planeta vermelho.

Se Ciokajlo e Montalti levarem o projeto adiante, e estes seres humanos puderem contribuir com um pouco do seu suor, até as botas deles serão feitascasino n1fungo.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

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