'Situationship': o que significa o tipobetanobr comrelacionamento abraçado pela geração Z:betanobr com
E os especialistas afirmam que a popularidade deste estágio do namoro, que é difícilbetanobr comdefinir e acabou designado pelo termo "situação", disparou entre a geração Z.
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"Atualmente, esses acordos resolvem algum tipobetanobr comnecessidadebetanobr comsexo, intimidade, companheirismo - o que seja - mas não têm necessariamente um horizontebetanobr comlongo prazo", segundo Elizabeth Armstrong, professorabetanobr comSociologia da Universidadebetanobr comMichigan, nos Estados Unidos. Suas pesquisas concentram-se especificamente na sexualidade e nas "situações".
E as pessoas vêm adotando cada vez mais esta nova classificaçãobetanobr comrelacionamento. O termo situationship começou a ganhar forçabetanobr cominglês no finalbetanobr com2020, até atingir recordebetanobr compesquisas no Googlebetanobr com2022.
Segundo Armstrong, o interesse pelas "situações" é mundial e independebetanobr cometnias, gêneros e orientações sexuais. A criação e o crescimento contínuo dessa expressão, especialmente entre os jovens, revelam muito sobre como a geração Z está redefinindo o significado do amor e do sexo,betanobr comforma diferente das gerações que a antecederam.
Sem necessidadebetanobr com'darbetanobr comalguma coisa'
Uma "situação" é um acordo informal, tipicamente entre duas pessoas que compartilham conexões físicas e emocionais, fora da ideia convencionalbetanobr comum relacionamento comprometido e exclusivo.
Em alguns casos, as "situações" são restritas a um certo tempo e pela ideiabetanobr comque um acordo casual é a melhor opção naquele momento. Pode ser o casobetanobr comdois universitários cursando o último ano, por exemplo, que não querem progredir para um relacionamento comprometido, já que novos empregos podem levá-los para cidades diferentes após a formatura.
Armstrong defende que as "situações" são populares porque elas desafiam o "elevador do relacionamento": a ideiabetanobr comque as parcerias íntimas precisam ter uma estrutura linear com o objetivobetanobr comatingir marcos convencionais, como morar juntos, o noivado e o casamento.
O conceito da "situação" contraria "essa noçãobetanobr comque estar com alguémbetanobr comalgo que não darábetanobr comnada é 'perdabetanobr comtempo'", afirma a professora - um sentimento que, segundo ela, a geração Z vem abraçando cada vez mais.
As pessoas que adotam esses acordos decidem voluntariamente entrar na área cinzenta dos relacionamentos indefinidos. Segundo Armstrong, eles acreditam que "a 'situação', por alguma razão, funciona no momento. E, no momento, não vou me preocuparbetanobr comter algo que 'dêbetanobr comalguma coisa'."
Pesquisas confirmam essas observações. Em entrevistas com 150 estudantesbetanobr comgraduação, a professorabetanobr comSociologia Lisa Wade, da Universidade Tulane, nos Estados Unidos, observou que a geração Z é mais relutante a definir o relacionamento ou mesmo admitir que deseja seu progresso.
Wade afirma quebetanobr compesquisa demonstrou que "esconder as cartas não é algo exclusivo dos jovensbetanobr comhojebetanobr comdia", mas a geração Z está mais disposta a ocultar seus sentimentos.
Nas redes sociais TikTok e Twitter, os participantes - especialmente os da geração Z - compartilham muitas históriasbetanobr com"situações".
No TikTok, vídeos com a hashtag #situationship foram vistos maisbetanobr com839 milhõesbetanobr comvezes. Existem também muitas referências na cultura pop. O termo "situationship" aparecebetanobr comprogramas popularesbetanobr comnamoro na TV como o britânico Love Island UK ebetanobr commúsicas como Situationship, da cantora millennial sueca Snoh Aalegra.
"Nós brincamos, eu e meus amigos, que estamos todos vivendo a mesma vida", afirma Amanda Huhman, do Texas, nos Estados Unidos, sempre que ela e seus amigos comparam as observações sobre suas "situações".
Com 26 anosbetanobr comidade, Huhman documentou no TikTokbetanobr comexperiênciabetanobr comuma "situação". Pelas suas próprias interações e pelo engajamento que vem observando, ela acredita que esse tipobetanobr comacordo seja comum. "Acho que está se tornando uma parte muito popular da cultura do namoro, pelo menos para a geração Z e para os millennials (nascidos entre 1981 e 1995) mais jovens."
Huhman está há maisbetanobr comum ano no que ela descreve como uma "situação". E, quando postoubetanobr comexperiência no TikTok, ela conseguiu cercabetanobr com8 milhõesbetanobr comvisualizações e dezenasbetanobr commilharesbetanobr comcomentários - muitos deles,betanobr compessoas compartilhando suas próprias situações.
Huhman é consultorabetanobr comsaúde e seu trabalho é remoto. Ela viaja muito e se muda para novas cidades onde mora por alguns mesesbetanobr comcada vez. Ela afirma que estarbetanobr comuma "situação" oferece mais liberdade e autonomia.
"Nossa culturabetanobr comnamoro hojebetanobr comdia é muito caótica e confusa", acredita Huhman. "[A geração Z] vive este... estilobetanobr comvida atribulado e acho que meio que adaptamos o namoro a isso."
Prioridade é a trajetória pessoal
Encontrar o amor nos tempos atuais traz uma sériebetanobr comdesafios. A pandemia, por exemplo, mudou completamente a forma como as pessoas conhecem parceiros e namoram. E a mudançabetanobr comlarga escala para o namoro online também traz suas próprias dificuldades.
Além disso, muitos jovens simplesmente não estão enfatizando intencionalmente o namoro como no passado. A crise climática, a economia instável com inflação crescente e a atual convulsão política e social fizeram com que os jovens ficassem mais envolvidos com o ativismo e buscassembetanobr comestabilidade pessoal, profissional e financeirabetanobr comprimeiro lugar.
"Os jovens diriam que os relacionamentos os distraem dos seus objetivos educacionais e profissionais - e que é melhor não se comprometerem demais, para não sacrificarbetanobr comprópria trajetóriabetanobr comvida por outra pessoa", afirma Wade.
Por isso, as "situações" podem ser a melhor opção para os jovens da geração Z que desejam explorar suas identidades românticas e sexuais sem prejudicar outros compromissos. Este fenômeno "diversifica as opções disponíveis para uma pessoa", segundo Armstrong, e tornou cada vez mais normal optar por essa área cinzenta,betanobr comvezbetanobr comevitá-la.
Mas é claro que este acordo - obscuro, por definição - traz certa precariedade e até algum graubetanobr comrisco.
Teoricamente, as "situações" podem funcionar como um abrigobetanobr com"honestidade radical", segundo Wade, quando duas pessoas se abrem sobre o que realmente querem e concordam com os termosbetanobr comuma situação transparente.
Mas, na prática, pode ser difícil alinhar as prioridades das duas pessoas e as "situações" podem acabar mal quando as duas partes estão forabetanobr comsintonia sobre o que querem da situação. O mais comum, segundo ela, é que isso aconteça quando uma pessoa está pronta para progredir para um compromisso, mas o medo da mudança pode impedir que os dois cheguem até mesmo a discutir esta possibilidade.
De qualquer forma, no mundo atual do namoro, o interesse crescente pelas "situações" indica uma mudança da formabetanobr comque os jovens podem redefinir o progresso do amor e do sexo - aceitando que o seu sentimento é um campo intermediário satisfatório que muitas pessoas das gerações anteriores costumavam evitar.
Com relação a Huhman, ela está perfeitamente satisfeitabetanobr comviver na zona cinzenta.
"A escolha é minha, é uma decisão que tomei e estou feliz. Está funcionando para mim", ela conta. "Se as pessoas estiverem confortáveis e se para elas parecer certo, não se preocupem com as expectativas."
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) na seção Lovelife do site BBC Worklife.
- Texto originalmente publicadobetanobr comhttp://vesser.net/vert-cap-62844504