Assexualidade: como orientação sexual 'invisível' saiu do armário:aposta casada app
De fato, a assexualidade — não sentir atração sexual por outras pessoas, como costuma ser definida — tem sido chamadaaposta casada app"orientação invisível".
Ela tende a ser mal interpretada e pouco discutida; muitos costumam não acreditar que alguém possa realmente ser assexual ou ignoram totalmente a assexualidade.
Equívocos comuns sobre a assexualidade incluem que essa orientação sexual equivale ao celibato (não é verdade), ou que é uma escolha (é uma orientação), explica Michael Doré, membro da equipe do projeto global Asexual Visibility and Education Network (AVEN).
Alguns também acreditam erroneamente que alguém só é assexual se nunca sentiu atração sexual ou praticou sexo.
Mas a assexualidade é um espectro,aposta casada appque alguns podem se identificar como demissexual, por exemplo, o que significa que não sentem atração sexual até formar um vínculo emocional com alguém.
Também não é sinônimoaposta casada apparromantismo, o que se aplica a quem não sente atração romântica.
Apesar da confusão e 'invisibilidade', as vozes assexuadas têm se tornado mais altas e exigido reconhecimento na última década.
Indivíduos, ativistas e grupos começaram a contar suas histórias para um público mais amplo e a desfilaraposta casada appparadas do Orgulho LGBTQIA+ ao redor do mundo.
Agora, os esforços dos ativistas assexuais estãoaposta casada appmanter esse trabalho e amplificar as vozes assexuais fora dos países ocidentaisaposta casada applíngua inglesa,aposta casada apponde vem a maior parte das histórias e do ativismo assexual.
Como resultado, junto ao novo dia internacional, estão surgindo iniciativas para tirar a assexualidade das sombras — tornando mais fácil para as pessoas se declararem assexuaisaposta casada apptodo o mundo.
'Não é nada demais como era antes'
Uma consciência limitada da assexualidade tornou mais difícil para as gerações passadasaposta casada appjovens perceberem suas identidades — até mesmo os millennials.
Anahí Charles,aposta casada app34 anos, que mora no México, começou a ver que era diferenteaposta casada appsuas colegas no ensino médio.
Enquanto todas babavam pelos integrantes da banda americana Backstreet Boys, Charles não conseguia entender aquele fascínio.
Eles pareciam "esteticamente bonitos", diz ela, o que não era suficiente para compreender o que fazia suas amigas serem tão loucas por eles.
Charles levou vários anos — bem depois desse episódio na juventude — para aprender sobreaposta casada apporientação e encontrar seu lugar no espectro ace/aro.
Sem acesso a fontes sobre a assexualidade, Charles diz que estava "em negação" por não sentir atração sexual por ninguém.
Mesmo depoisaposta casada appficar sabendo sobre a assexualidade por meioaposta casada appum post na página Have a Gay Day no Facebook,aposta casada app2013, ela ainda questionava se havia algo "errado" com ela.
Charles fez exames médicos e testes hormonais para tentar descobrir o que estava acontecendo. E estava completamente saudável.
O atestadoaposta casada appboa saúde serviuaposta casada appcatalisador para a autoaceitação. Ela encontrou mais informações sobre assexualidade no Facebook e percebeu o quanto ela se relacionava com aquilo.
Um ano depois, virou administradoraaposta casada appum grupo assexual do Facebook no México.
Da mesma forma, nos Estados Unidos, Marisa Manuel,aposta casada app28 anos, lutou para denominaraposta casada apporientação. Ela ouviu o termo "assexual" pela primeira vez quando estava no colégio, mas diz que estava "mal informada" sobre seu significado.
"Alguém me disse que eram pessoas que queriam ficar sozinhas", relembra.
"Gostoaposta casada appestar perto das pessoas."
Na faculdade, ela conheceu alguém que se identificava como ace, o que a levou a aprender mais sobre o que isso realmente significava.
Ela percebeu o quanto se identificava com o que descobriu e, desde então, abraçou totalmenteaposta casada appidentidade — passou a escrever artigos sobreaposta casada appidentificação como ace, assim como resenhasaposta casada applivrosaposta casada appautores ace.
Felizmente, as gerações mais jovens podem ter acesso agora a mais informações sobre a assexualidade — e também ser mais empoderadas a expressar suas identidades.
A representatividade e os recursos aumentaram significativamente desde que Charles e Manuel estavam na escola.
Paralelamente ao aumento das informações disponíveisaposta casada applarga escala, as pessoas também se identificam prontamente como ace nas plataformasaposta casada apprede social e fazem questãoaposta casada appcompartilhar detalhes sobre suas experiências com outros usuários.
'Representatividade é um recurso'
Uma representatividade maior é fundamental para permitir que as pessoas reconheçam e entendam a assexualidade, assim como normalizem essa orientação.
"A representatividade é um recurso", diz Manuel.
E embora alguns recursos tenham aumentado, a representatividade — sobretudo na mídia convencional — ainda não é satisfatória, ela acrescenta.
No entanto, há outros meiosaposta casada appque a visibilidade está aumentando.
Pessoas com plataformas maiores, como a modelo britânica Benoit e a drag queen Venus Envy, falam abertamente sobreaposta casada appidentificação como aces para grandes basesaposta casada appfãsaposta casada appvários canaisaposta casada apprede social.
Há também uma representatividade cada vez maior na literatura; autores no espectro ace, incluem Darcie Little Badger, Akemi Dawn Bowman e Maia Kobabe.
Personagensaposta casada appficção também ajudam, como Todd Chavez do livro Bojack Horseman,aposta casada appquem Manuel tem uma estatuetaaposta casada appplástico.
Ela está tentando aumentar esta lista cada vez maioraposta casada apprepresentatividade.
Antes do Dia Internacional da Assexualidade, Manuel criou o AceChat, uma conta no Instagramaposta casada appque compartilha regularmente históriasaposta casada appdiferentes pessoas que se identificam como ace.
A recepção foi positiva, e ela continua ouvindo indivíduos que querem contar suas histórias. Há agora cercaaposta casada app100 pessoas envolvidas.
Manuel diz que o próximo passo é expandir o alcance do AceChat. Pessoas da França, Rússia, Vietnã, Reino Unido e Canadá já começaram a entraraposta casada appcontato, e tradutores também se juntaram à causa.
A tradução pode ser fundamental, já que alguns lugares têm comunidades ace menores do que outros, o que significa que geralmente têm menos recursos e menos informações disponíveis para pessoas que buscam aprender sobre a assexualidadeaposta casada appseu idioma.
Em Moscou, Daniel,aposta casada app20 anos, que está omitindo seu sobrenome por questõesaposta casada appsegurança, conta que a comunidade ace/aro da qual faz parte tem apenas cercaaposta casada app50 membros.
"Poucas pessoas conhecem termos como 'assexual'", diz ele, talvezaposta casada appparte por causa da intolerância às comunidades LGBTQ+ no país.
Como muitas histórias e materiais ace estãoaposta casada appinglês, Daniel tem se empenhadoaposta casada apptraduzi-los para russo.
Ele diz estar otimista que a assexualidade terá mais reconhecimento nos próximos anos, mesmoaposta casada appseu paísaposta casada apporigem.
'Não desistimos'
Junto às lutas históricas das comunidades ace para ganhar mais visibilidade, elas também tiveram que trabalhar para serem vistas dentro dos grupos LGBTQIA+.
Isso pode causar surpresa, uma vez que a identidade assexual também é frequentemente incluída quando nos referimos a comunidades queer (por exemplo, no acrônimoaposta casada appinclusão 'LGBTQIA',aposta casada appque 'A' significa 'assexual'.)
Charles, que organizou encontros assexuais na Cidade do México, sentiu isso na pele.
Ela diz que seu grupo desfilou pela primeira vez como um coletivo na Parada do orgulho LGBTQIA+aposta casada app2015, mas a grande comunidade LGBTQIA+aposta casada applá ainda não tinha aceitado as pessoas que se identificam como aceaposta casada appbraços abertos.
"Tinha até gente da comunidade LGBTQIA+ com penaaposta casada appnós, dizendo: 'Não queria estar no seu lugar'", relembra.
"Mas não desistimos."
Grupos como oaposta casada appCharles e suas iniciativas educacionais subsequentes realmente ajudaram a fazer a diferença.
Ela conta que quando voltou à Parada do orgulho LGBTQIA+ com um grupo maior no ano seguinte, "fomos mais bem recebidos porque havia mais informações".
"Não foi como, olha lá aqueles esquisitos, estão desfilandoaposta casada appnovo", diz ela.
"Foi mais como, olha os assexuais, estão desfilandoaposta casada appnovo."
Nessa luta pela aceitação, os gruposaposta casada appassexuais têm crescido e prosperado.
Um dos grupos assexuais internacionais mais proeminentes é o AVEN, fundadoaposta casada app2001 pelo ativista assexual David Jay.
Michael Doré, que se juntou à organizaçãoaposta casada app2009 no Reino Unido, diz que a AVEN surgiu com dois objetivos principais: "construir uma comunidade e... legitimar a assexualidade como orientação sexual".
Seu número crescenteaposta casada appmembros chega atualmente a 135.539,aposta casada appacordo com Doré.
Agora, a oportunidadeaposta casada appeducar e aumentar a visibilidade expandiu ainda mais. A AVEN, que recentemente completou 20 anos, aproveitou o aumento das comunicações virtuais durante a pandemia para fortalecer suas conexões globais.
Esses bate-papos virtuais internacionais acabaram estabelecendo um dia único dedicado à celebração da assexualidadeaposta casada apptodo o mundo: o Dia Internacional da Assexualidade.
"Sentimos que este dia era necessário", diz Doré, que deixa claro que a data não é propriedade da AVEN ouaposta casada appnenhuma organização.
"É uma coisa genuinamente internacional."
A criação da data não só estabelece um dia anualaposta casada appvisibilidade, como também marca o surgimentoaposta casada appum intenso esforço internacional para reunir uma comunidade pouco reconhecida, ajudando indivíduos e grupos assexuaisaposta casada apppaíses onde falta informação e representatividade a obter acesso a esses recursos.
Atualmente, diz Doré, há uma consciência cada vez maior da assexualidadeaposta casada apppaíses da Ásia — sobretudo na Índia, ele observa, onde o grupo Indian Aces está prosperando no Facebook.
Novos grupos dedicados à assexualidade também surgiramaposta casada apptoda a África nos últimos anos, acrescenta ele.
Mas, embora haja bons sinaisaposta casada appavanço, as pessoas continuam a interpretar mal a assexualidade.
Manuel conta que escreveu um artigo sobre relacionamento assexual para o site Huffington Post há dois anos, que teve boa acolhida.
No entanto, quando o artigo foi compartilhadoaposta casada appnovo recentemente, "houve muito mais reações negativas" na seçãoaposta casada appcomentários, diz ela
As pessoas escreveram que ela estava confusa, insistindo que ela não estava à procuraaposta casada appum namorado — mas, sim,aposta casada appamigos.
"Isso me fez perceber que, por mais que a gente tenha avançado na questão da representatividade e visibilidade, ainda não chegamos lá", conclui.
aposta casada app Leia a versão original aposta casada app desta reportagem (em inglês) no site BBC Work Life aposta casada app .
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