Banhoroleta aovivocaneca, filas na madrugada e até rouboroleta aovivoágua: como é viver na seca:roleta aovivo

"Eu saio do trabalho e vou direto para a faculdade. Chegoroleta aovivocasa às 23h e é nessa hora que eu consigo sair para ir na bica pegar água. Só que lá você passa uma, duas, às vezes três horas na fila para encher um galão. E no dia seguinte às 6h tem que estarroleta aovivopé."

Ao entrar no apartamento localizado no Parque Industrial, um dos bairrosroleta aovivosituação mais críticaroleta aovivoItu, ele se desculpa: "Por favor, não repare a sujeira aquiroleta aovivocasa." Pela casa estavam espalhados galões, baldes e potes, mostrando que o jeito é armazenar água onde for possível.

No banheiro, baldes e bacias ocupam o lugar do box, um poteroleta aovivosorvete virou a fonteroleta aovivoágua para lavar as mãos e o rosto, e o vaso sanitário vive fechado para amenizar o mau cheiro. "Passei produto, Bom Ar, mas não tem muito jeito, o cheiro é esse mesmo, porque não tem descarga há meses, é só balde", lamenta Silvia.

<bold><link type="page"><caption> Leia mais: Na cidade sem água, contas continuam chegando; entenda o 'caos'roleta aovivoItu</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/11/141106_seca_itu_contas_caos_rm.shtml" platform="highweb"/></link></bold>

Silvia e Victor / Crédito: BBC Brasil
Legenda da foto, Silvia e Victor não recebem águaroleta aovivocasa há dois meses

'Calamidade'

O taxista Luiz Carlos da Costa também sentiu na pele o problema da secaroleta aovivoItu. Depoisroleta aovivo20 dias sem abastecimento, ele chegou à conclusãoroleta aovivoque "sem água, você perde a dignidade."

"Fiquei dois dias sem tomar banho porque não tinha água. Minha casa ficou imunda, num estadoroleta aovivocalamidade", conta.

Para amenizar o problema, ele ia buscar água na bica do bairro enquanto tentava solicitar um caminhão pipa para a empresa que administra o abastecimentoroleta aovivoáguaroleta aovivoItu.

"Liguei várias vezes na Águasroleta aovivoItu, ficava uma hora esperando só para ser atendido. Pedi para eles mandarem o caminhão, até me prontifiquei a ficar aqui esperando, mas só veio um nesse domingo, depois que eu já tinha comprado 2.500 litrosroleta aovivoágua."

A Águasroleta aovivoItu é uma empresa privada que tem a concessão da prefeitura para o abastecimentoroleta aovivoágua da cidade. Em meio à crise, a companhia está disponibilizando caminhões pipa para levar água a residências, escolas, hospitais e prédios públicos. São cercaroleta aovivo34 a 38 caminhões pipa por dia, segundo a empresa.

Filas na madrugada / Crédito: Divulgação

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, Na faltaroleta aovivoágua, moradores fazem fila atéroleta aovivomadrugada para abastecer galões nas bicas

Mas os caminhões viraram alvoroleta aovivo'ataques' da população. No desespero da faltaroleta aovivoágua, alguns moradores chegaram a fazer emboscadas para conter os caminhões da empresa antes que eles chegassem ao seu destino.

"Aqui na rua, o caminhão foi passar só 1h30 da manhã, porque ele senão ele é atacado", explica Luiz Carlos.

"Os caminhões sofrem retaliações, teve um motoristaroleta aovivoum deles que foi espancado, tudo isso por causa da briga pela água. Agora os caminhões que entram na cidade são escoltados pela guarda municipal para não dar problema", conta Victor.

<bold><link type="page"><caption> Leia mais: Conheça soluções para a crise da águaroleta aovivo6 cidades do mundo</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/11/141106_seca_itu_contas_caos_rm.shtml" platform="highweb"/></link></bold>

Conflitos

Buscando água nas bicas e caixas d'água espalhadas pela cidade, Luiz Carlos já viuroleta aovivotudo. "A situação lá é desesperadora", resume.

"As filas são enormes, todo lugar que tem um poço, uma caixa, você tinha que ficar horas na fila e era uma briga, uma desavença pra ter água, pra encher um galão", conta.

Além das bicas, a prefeitura colocou algumas caixas d'águaroleta aovivobairros da cidade para que a população tivesse mais lugares para se abastecer.

"Não tem organização, é briga atrásroleta aovivobriga, não tem controle nenhum. Às vezes você está esperando, e o cara põe uma mangueira na torneira e vai encher quatro caixasroleta aovivo1.000 litros no carro dele. Aí você discute, briga, mas ele também não tem culpa", relata Victor.

Garrafasroleta aovivoágua / Crédito: BBC Brasil
Legenda da foto, Para driblar a seca, moradores juntam todos os tiposroleta aovivorecipiente que possa armazenar água

A água virou tamanha raridaderoleta aovivoItu que, segundo relatos, passou a ser motivo até para roubo. Victor contou que já houve casoroleta aovivoassalto à mão armada na bica – não para roubar o carro ou a carteira, mas sim o galãoroleta aovivoágua dos primeiros da fila.

"Eu vi idosos correndo atrásroleta aovivocaminhãoroleta aovivoágua, eu chorei...nunca vi isso na minha vida", lamentou Luiz Carlos.

<bold><link type="page"><caption> Leia mais: Maior crise hídricaroleta aovivoSão Paulo expõe lentidão do governo e sistema frágil</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/03/140321_seca_saopaulo_rb.shtml" platform="highweb"/></link></bold>

Negócio

A escassez fez com que a água – e tudo relacionado a ela – virasse um 'negócio' lucrativoroleta aovivoItu. Os preçosroleta aovivogarrafas e galõesroleta aovivoágua mineral subiram no supermercado e, fora dele, os valores são ainda mais inflacionados.

Um caminhão pipa com 15 mil litrosroleta aovivoágua pode custar entre R$ 800 e R$ 1.500roleta aovivoItu. O preço dele fora do períodoroleta aovivoescassez é cercaroleta aovivoR$ 400.

Um dos produtos mais procurados pelo ituano hojeroleta aovivodia para armazenar água no quintal, a caixa d'água, também sofreu um superfaturamento na cidade – umaroleta aovivo1.000 litros, que custaria entre R$ 350 e R$ 400, pode sair por R$ 500 ou mais. A bomba d'água também ficou mais cara.

Morais, vendedorroleta aovivogalões / Crédito: BBC Brasil

Crédito, BBC Brasil

Legenda da foto, Morais decidiu fazer dinheiro vendendo galões nas bicasroleta aovivoItu

Muitos vendem galõesroleta aovivoplástico perto das bicas da cidade. Um deles, identificado apenas como Morais, contou que "o menor,roleta aovivo20 litros, custa R$ 20...esse maior,roleta aovivo50 litros, é R$ 100". Isso sem a água, que "a pessoa tem que encher aqui na bica."

Morais começa o serviço às 5h e termina às 18h. Segundo ele, dá para vender uma médiaroleta aovivo30 galõesroleta aovivo50 litros por dia.

Mesmo com o negócio lucrativo, ele torce para que as chuvas voltem e acabem com a seca na cidade. "Também tive que buscar água na roça."