Por que a ocupação da Maré ocorre só agora?:betboo 912

Polícia ocupa complexo da Maré | Crédito: AP

Crédito, AP

Legenda da foto, Forçasbetboo 912segurança ocuparam complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, neste domingo
  • Author, Luis Kawaguti*
  • Role, Da BBC Brasilbetboo 912São Paulo

betboo 912 O momento escolhido para o início da ocupação por forçasbetboo 912segurança das favelas do Complexo da Maré, na zona norte do Riobetboo 912Janeiro, divide analistas.

A operação, realizada na madrugada deste domingo, é encarada por alguns como uma estratégia calculada das autoridades para controlar uma região vital para a segurança na Copa. Para outros, a ocasiãobetboo 912que acontece e a participação das forças armadas refletem uma açãobetboo 912caráter políticobetboo 912um governo assustado com uma sériebetboo 912recentes ataques à polícia.

O governo do Riobetboo 912Janeiro alega, porbetboo 912vez, que a ocupação estava programada e não é motivada pela proximidade do mundialbetboo 912futebol.

A região da Maré começou a ser tomada na madrugada deste domingo por maisbetboo 9121 mil integrantes das forças policiais do Riobetboo 912Janeiro – especialmente do Bope, o Batalhãobetboo 912Operações Especiais da Polícia Militar. Eles receberam o apoiobetboo 91221 blindadosbetboo 912transportebetboo 912tropas e embarcações da Marinha, que participou da ação prestando apoio logístico.

Segundo a Secretariabetboo 912Estadobetboo 912Segurança do Riobetboo 912Janeiro, a operação, iniciada por volta das 5hbetboo 912Brasília, foi concluídabetboo 91215 minutos, sem resistência. Uma grande quantidadebetboo 912droga foi encontrada escondida dentrobetboo 912um bueiro. Dois homens foram presos.

Forçasbetboo 912segurança permanecem nas comunidades buscando por criminosos, armas, drogas e objetos roubados.

Em um segundo momento, os policiais militares podem ser substituídos por militares do Exército. A participação deles já foi negociada entre os governos estadualbetboo 912Sérgio Cabral (PMDB) e federalbetboo 912Dilma Rousseff (PT).

Na última sexta-feira, a presidente assinou um decreto que autoriza o uso das Forças Armadas na açãobetboo 912caráterbetboo 912GLO (Garantia da Lei e da Ordem, um dos tiposbetboo 912operação no qual a Constituição permite o usobetboo 912tropasbetboo 912território nacional). A decisão será publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira.

A região deve receber também as UPPs (Unidadesbetboo 912Polícia Pacificadora), a peça central da estratégia do governo para retomar o controle das favelas controladas por traficantesbetboo 912drogas e milícias do Riobetboo 912Janeiro.

A data para o fim da operação não foi divulgada, mas acredita-se que os militares permaneçam na área ao menos até o fim da Copa do Mundo.

Com suas 16 comunidades e 130 mil habitantes (segundo o IBGE), a Maré é um dos maiores complexosbetboo 912favelas do Riobetboo 912Janeiro. Depois da ocupação do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro,betboo 9122010, e da Rocinha,betboo 9122011, o conjuntobetboo 912favelas permaneceu no topo da lista como principal desafio para a políticabetboo 912segurança do governo do Rio.

Essa importância se deve não só ao tamanho, mas também àbetboo 912localização. Situada entre o aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão) e o centro da cidade, o complexo fica próximo às principais avenidas expressas da cidade, a Linha Vermelha, a Linha Amarela e a Avenida Brasil.

Muitas dessas vias chegaram a ser fechadas durante a operação, mas já foram liberadas no início da manhã deste domingo.

Segundo analistas, o controle dessas favelas deve ser fundamental para garantir o deslocamentobetboo 912segurançabetboo 912grande parte dos 700 mil turistas que devem visitar a cidade durante o mundial.

Polícia ocupa complexo da Maré | Crédito: Getty

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Polícia ocupa complexo da Maré | Crédito: Getty

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Legenda da foto, Segundo Secretariabetboo 912Segurança do Rio, ocupação foi concluídabetboo 91215 minutos sem resistência

Experiência

A possibilidadebetboo 912ocupação do complexo da Maré já vinha sendo mencionada há algum tempo pelo governo do Estado – especialmente ao longo da segunda metadebetboo 9122013.

Para o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratóriobetboo 912Análise da Violência da UERJ, a proximidade entre o mundial e a ocupação não é coincidência.

"Deixaram (a ocupação do complexo da Maré) por último porque tinham medo que ocorresse um 'novo Alemão', um lugar onde nunca conseguiram um controle total, onde ainda há sérios problemas", disse Cano à BBC Brasil.

A UPP do Complexo do Alemão é uma das mais problemáticas do Rio, com registrosbetboo 912ataques à base da polícia, mortesbetboo 912confrontos e tráficobetboo 912drogas. A Rocinha tem registrado tiroteios entre facções inimigas além foi o palco do escândalo do pedreiro Amarildo – que teria sido torturado e assassinado por policiais da unidadebetboo 912pacificação.

"O governo Cabral e a PM vinham sinalizando e mandando mensagensbetboo 912que iam ocupar a Maré havia muito tempo. Mas com a péssima situaçãobetboo 912algumas das UPPs mais complexas isso acabou sendo adiado. Eles não poderiam correr o riscobetboo 912a operação dar errado", acrescenta.

Segundo analistas,betboo 912tese, nos primeiros mesesbetboo 912ocupação os grupos criminosos da Maré seriam desestabilizados - garantindo assim ao governo um períodobetboo 912relativa tranquilidade que coincidiria com a realização do mundial.

Mensagem política

Já o coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacionalbetboo 912Segurança Pública e professor do Centrobetboo 912Altos Estudosbetboo 912Segurança da PMbetboo 912São Paulo, afirmou que a ocupação neste momento é mais uma ação política do que uma estratégiabetboo 912segurança pública.

Isso porque ela acontece logo após ataques recentesbetboo 912grupos criminosos às UPPsbetboo 912Manguinhos e Camarista Méier – que deixaram cinco bases e dois carros da PM incendiados, alémbetboo 912dois policiais baleados.

Os ataques a essas duas UPPs foram os últimos episódiosbetboo 912uma sériebetboo 912ações orquestradas do crime organizado contra unidades policiaisbetboo 912regiões consideradas pacificadas.

"Os ataques assustaram o governo. (O pedidobetboo 912ajuda das Forças Armadas para ocupar o complexo da Maré) não é a solução que as autoridadesbetboo 912segurança queriam, parece mais uma decisão política do (Sérgio) Cabral", disse Silva Filho.

Na avaliaçãobetboo 912Silva Filho, os ataques recentes não representam um graubetboo 912ameaça ou uma quebra da ordem pública que justifiquem o usobetboo 912uma brigadabetboo 912infantaria levebetboo 912um complexobetboo 912favelas. Para ele, as forças policiais cariocas têm condiçõesbetboo 912lidar com a crise.

Contudo, o governo teria feito a opçãobetboo 912pedir ajudabetboo 912tropas federais para não ser acusado no futurobetboo 912omissão durante a atual crisebetboo 912segurança.

"Se a Maré era uma prioridade, por que está acontecendo a 70 dias da Copa? Por que não ocorreu antes?", disse.

A tropa a ser usada na ação seria a Brigada Paraquedista, uma das quatro principais unidadesbetboo 912elite do Exército no país. Ela já foi usada na pacificação do complexo do Alemão, na segurançabetboo 912favelas cariocas durante as eleições ebetboo 912diversas ocasiões na missãobetboo 912paz da ONU no Haiti.

Mesmo assim, Silva Filho disse que por mais capacitada que seja, a brigada não foi criada para exercer a função policial, que exige um maior controle da força que a atividade puramente militar.

Segundo o analista, as forças do Exército deveriam atuar apenas no início da ocupação, durante um mês no máximo, passandobetboo 912seguida a responsabilidade para forças policiais – e atuando apenasbetboo 912apoio a essas forças se elas fossem atacadas por grupos criminosos.

Ele se disse contrário aos militares fazerem patrulhamento regular nas favelas.

Polícia ocupa complexo da Maré | Crédito: Getty

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Legenda da foto, Maisbetboo 9121 mil policiais participarambetboo 912operação no complexo da Maré neste domingo

Governo

O governo do Rio afirmou no começo da semana passada que a ocupação do complexo da Maré não está relacionado à Copa do Mundo. O secretáriobetboo 912Segurança Pública José Mariano Beltrame afirmou que o governo não pensou no mundial, mas sim no "cidadão brasileiro".

Ele também disse que os ataques às UPPs seriam reflexo da perdabetboo 912poder dos traficantesbetboo 912drogas e uma tentativa delesbetboo 912impedir a continuidade do programabetboo 912pacificação.

*Colaboraram Júlia Dias Carneiro e Jefferson Puff, da BBC Brasil no Riobetboo 912Janeiro