Em 5 anos, UPPs trazem segurança, mas moradores pedem mais serviços:bet o bet login
Além do Santa Marta, outras seis comunidades pacificadas (Chapéu Mangueira, Babilônia, Ladeira dos Tabajaras, Morro dos Cabritos, Formiga e Salgueiro) não registraram assassinatosbet o bet login2012,bet o bet loginacordo com os números do Institutobet o bet loginSegurança Pública fluminense (ISP).
No campo da educação, um sinalbet o bet loginavanço é a melhora dos índicesbet o bet loginaprendizado entre alunosbet o bet login170 escolas localizadas num raiobet o bet login500 metros das favelas pacificadas. Entre 2009 e 2011, o Índicebet o bet loginDesenvolvimento da Educação Básica (Ideb) aumentoubet o bet login40,6% nas regiões pacificadas ebet o bet login22,2% no sistemabet o bet loginensino públicobet o bet logingeral. A taxa corresponde ao desempenho dos estudantes do 6º ao 9º anobet o bet loginexames oficiais.
Por outro lado, além da queixa quanto à falta ou deficiênciabet o bet loginserviços - que restringem a cidadania dos moradores e a integração com aqueles que vivem fora das favelas -, há também denúncias indicando que a violência persiste, com alegaçõesbet o bet loginabusos praticados por soldadosbet o bet loginUPPs; o caso do pedreiro Amarildo, cuja investigação indica provável morte após tortura; confrontosbet o bet loginfavelas já pacificadas e a migração do tráfico para outras áreas da cidade e do Estado.
Insatisfação e longo prazo
Para Ignacio Cano, do Núcleobet o bet loginEstudos da Violência da UERJ, os grandes objetivos das UPPs foram atingidos: diminuição da violência, eliminação da lógicabet o bet loginguerra e retomadabet o bet loginterritórios.
"Agora, achar que a favela, da noite para o dia, vai ser como o 'asfalto', é ingenuidade. Estamos falandobet o bet loginum processobet o bet logindez, 15 anos", diz, embora concorde que o governo deva aumentar os investimentosbet o bet loginprojetos que melhorem serviços básicos.
Ele também ressalta que nunca foi meta das UPPs erradicar totalmente o tráfico. "Todos os lugares têm venda e consumobet o bet logindrogas. Ipanema e Leblon também têm. A questão era eliminar o tráfico armado, e retomar o controle nessas regiões, o que Estado conseguiu."
Cano diz que,bet o bet logingeral, após as ocupações a cúpula do tráfico vai para outros morros da mesma facção ainda não pacificados e os intermediários continuam operando nas comunidades. "Claro que como 'convidado'bet o bet loginoutro traficante,bet o bet loginoutras favelas, esses chefes têmbet o bet logincapacidadebet o bet loginatuação muito limitada, coordenando pequenos crimes."
Joana Monteiro, do Ibre/FGV-Rio, concorda que existe uma "realocação" do tráfico, mas que se tratabet o bet loginalgo difícilbet o bet loginprecisar e quantificar.
"Há dados que mostram que no mesmo mêsbet o bet loginque o Complexo do Alemão foi pacificado, por exemplo, houve mais registrosbet o bet logintiroteios relacionados ao tráficobet o bet loginregiões não pacificadas, como o Morro dos Macacos."
Para a pesquisadora, expandir a política, sobretudo intensificando as UPPs na Zona Norte, é um desafio para o futuro.
Quanto à melhoriabet o bet loginserviços, condiçõesbet o bet loginvida e chegadabet o bet loginmais infraestrutura, ela avalia que deve-se levarbet o bet loginconta que o resultadobet o bet login"décadasbet o bet loginabandono não será revertido rapidamente".
"Achar que a UPP transformará as favelas num eldorado é uma ilusão, levandobet o bet loginconsideração um ordenamento urbano irregularbet o bet loginmuitos e muitos anos."
A análise é partilhada por José Mário Hilário dos Santos, presidente da Associaçãobet o bet loginMoradores da Santa Marta. "A UPP não é uma panaceia, não é a soluçãobet o bet logintodos os problemas. Ela só vem permitir que as comunidades não sejam mais consideradas áreasbet o bet loginrisco, e que com isso o Estado não possa mais justificar a impossibilidadebet o bet loginentrar, proporcionando a cobrança dos nossos direitos e criando condições para a verdadeira transformação social."
Desafios
Para ele, o principal desafio da política como um todo continua sendo expandir o projeto para além da segurança pública. "Se você entra apenas com a polícia, estamos falandobet o bet loginuma ocupação, e não uma pacificação. A paz só pode ocorrer com a cidadania."
José Mário diz que na Santa Marta os três maiores problemas atualmente são a coletabet o bet loginlixo, as tarifasbet o bet loginluz muito altas e as condiçõesbet o bet loginmoradia. Mas embora sejam mais gritantesbet o bet loginoutras favelas, mesmo na "UPP modelo" há denúnciasbet o bet loginabusos.
"A diferença é que aqui a gente resolve na hora. Eu tenho os caminhos para levar questões como essas diretamente ao governo. Se houver abuso, a gente consegue tirar (o soldado da UPP da comunidade)."
Há três anosbet o bet loginposiçõesbet o bet logincomandobet o bet logintrês diferentes UPPs (Cidadebet o bet loginDeus, Cerro-Corá e Santa Marta, sobbet o bet loginchefia há três meses), o capitão Jeimison Barbosa diz que é exatamente a construçãobet o bet loginuma relaçãobet o bet loginconfiança entre o morador e o soldado o maior desafio ainda a ser atingido.
"Há pouco tráfico, os assassinatos foram muito reduzidos e o que mais atendemos, ao menos na Santa Marta, são casosbet o bet loginlesão corporal, brigasbet o bet loginvizinhos, violência doméstica, alémbet o bet loginidosos ou mulheresbet o bet logintrabalhobet o bet loginparto que precisam ser levados ao hospital. Agora o difícil é conquistar e manter a confiança do morador."
Barbosa cita dois fatores cruciais para isso: o temorbet o bet loginque a políticabet o bet loginpacificação seja abandonada após as eleições do próximo ano ou depois da Copabet o bet login2014 e das Olimpíadasbet o bet login2016; e, mais uma vez, a faltabet o bet loginmuitos serviços considerados essenciais.
"Claro que é algobet o bet loginlongo prazo, mas instalar delegacia da UPP não é o suficiente. A vida do morador precisa melhorar para ele acreditar no projeto."
Mas apesar dos problemas e da insatisfação pelo longo prazo para as transformações, Eduarda La Roque, presidente do Instituto Pereira Passos e chefe da UPP Social, que mapeia as necessidades das comunidades após a ocupação, diz que há exemplos positivos do que já foi conquistado nestes cinco anos.
Ela cita que as clínicas familiares, por exemplo, elevaram o índicebet o bet logincoberturabet o bet loginsaúde preventiva,bet o bet login3% para 75% nas regiões pacificadas. Nos últimos cinco anos maisbet o bet login6,5 mil vagasbet o bet logincreches foram criadas nessas comunidades, e unidades das Escolas do Amanhã representaram um ganhobet o bet loginensino para as criançasbet o bet loginUPPs.
Ela avalia, no entanto, que "os desafios continuam sendo grandes". "Trata-sebet o bet loginum tecido social muito complexo. Muitos locais ainda são guetos isolados. Não é fácil instituir o Estadobet o bet logincomunidades que tinham regras totalmente excepcionaisbet o bet loginfuncionamento. Precisamos integrar, mas com base no diálogo."
Futuro
Um dos idealizadores do projeto, o secretáriobet o bet loginSegurança Pública do Estado do Rio Janeiro, José Mariano Beltrame, admitiu recentemente que a políticabet o bet loginpacificação "precisabet o bet loginajustes".
Em entrevista ao jornal O Globo, ele também sugeriu que para executar o "segundo passo" exigido pelas comunidades e cobrado por especialistas, o governo não poderá fugirbet o bet loginuma estratégiabet o bet loginrealocaçãobet o bet loginalguns moradores - tema polêmico e que tende a ser muito mal recebido nas comunidades cariocas.
"Como levar saneamento se o cano não passa? Como ajudar os mais pobres se eles vivembet o bet loginaglomerados quase impenetráveis? (...) A favela precisabet o bet loginacesso,bet o bet logincanos,bet o bet logintransporte coletivo,bet o bet loginar livre (...). Mudar essa realidade vai exigir que algumas famílias troquembet o bet loginendereço para a obra passar."