Com Dilma, o Brasil perdeu força na política internacional?:dicas sporting bet

Luiz Alberto Figueiredo e Dilma Rousseff | Foto: Reuters

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Rompimento com estratégia diplomáticadicas sporting betLula pode erodir a confiabilidade do Brasil nas relações internacionais
  • Author, Camilla Costa*
  • Role, Da BBC Brasildicas sporting betSão Paulo

dicas sporting bet A ausência do Brasildicas sporting betdebates internacionais estratégicos está se acentuando no governo Dilma e pode prejudicar a posição do país na comunidade internacional,dicas sporting betacordo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

Desde a substituição do ministro Antônio Patriota pelo atual chanceler, Luiz Alberto Figueiredo, o Brasil declinou um convite para participar da conferênciadicas sporting betGenebra 2, que discute a crise na Síria, e também da Conferênciadicas sporting betSegurançadicas sporting betMunique, fórum que reúne representantes das principais potências mundiais para debates sobre políticadicas sporting betsegurança, entre os dias 31dicas sporting betjaneiro e 2dicas sporting betfevereiro.

Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas, é um dos principais críticos da política externa do governo Dilma e afirma que a diminuição da participação brasileira nos grandes debates internacionais ameaça "eliminar os ganhos importantes dos anos Lula".

"Não ir a Genebra 2 e a Munique, na qual o Brasil esteve presente no ano passado com o Patriota, tem consequências diretas. A primeira é que o Brasil não sabe o que está acontecendo, deixadicas sporting betacompanhardicas sporting betperto as questões internacionais", disse à BBC Brasil.

"O debate não é só sobre a Síria, mas sobre como a comunidade internacional lida com situações assim. Isso pode acontecer num paísdicas sporting betque o Brasil tem fortes interesses econômicos, como Angola, e aí já se estabeleceram regras pra lidar com esse conflito das quais o Brasil não participou."

O chanceler Figueiredo declinou o convite para participar da conferência sobre a Síria, com a justificativadicas sporting betque ficaria no Brasil para preparar a participação da presidente Dilma Rousseff na reunião do Fórum Econômico Mundialdicas sporting betDavos, na Suíça. O Itamaraty enviou seu secretário-geral, Eduardo dos Santos, a Montreux (onde foi realizado o início da conferência da Síria).

Em relação a Munique, o Ministério não justificou a ausênciadicas sporting betum representante brasileiro.

"A gente vê uma posição passiva brasileiradicas sporting bettodas as áreas. Não vemos o chanceler no debate público porque existe um processodicas sporting betcentralização do poder no Planalto e Dilma não dá a ele muita liberdade para se pronunciar sobre questões como a Síria, por exemplo. O chanceler não se engaja muito com a sociedade civil e isso não é só culpa do Itamaraty", afirma o especialista.

Questionado pela BBC Brasil, o Gabinete da Presidência disse que não responderia às críticas.

Já o Itamaraty enviou um e-mail à BBC dizendo que "o Brasil sempre se faz representardicas sporting bettodos os organismos internacionais e privilegia sempre o diálogo nos foros e mecanismos multilaterais. A atuação brasileira nessas instâncias é pautada por princípios permanentes, que dão continuidade e consistência à política externa."

A chancelaria afirmou ainda que a atuação da diplomacia brasileira segue "diretrizes e objetivos definidos conforme interesses nacionais" e ressaltou que "é um dos 12 países do mundo que mantêm relações diplomáticas com todos os demais membros da ONU."

Sem prioridade

"Se pegarmos todos os discursos que Dilma fez e mesmo o momentodicas sporting betque ela fez a troca do Patriota pelo Figueiredo, se percebe que a política externa sempre foi algo secundário no governo dela", diz a especialistadicas sporting betpolítica externa brasileira da Escola Superiordicas sporting betPropaganda e Marketing (ESPM), Denise Holzhacker.

De acordo com ela, o governo Dilma adotou uma visão pragmática que prioriza as questões domésticas e, no plano internacional, as discussões econômicas nas quais o país tem interesse direto.

"O ganho (das açõesdicas sporting betpolítica externa) na visão da presidente tem que ser ligado a questões econômicas. Nessa lógica, participardicas sporting betfóruns para construir soluções e consenso não parece tão interessante."

A visão da professora é compartilhada pelo especialista americanodicas sporting betpolítica externa da América Latina Harold Trinkunas, da Brookings Institution,dicas sporting betWashington. "O governo atual tende a ver a política externa como algo que deve servir às políticas domésticas", disse à BBC Brasil.

O Itamaraty afirma que o Brasil "continua participando com protagonismodicas sporting betgrandes debates da agenda global que lhe dizem respeito" e contribui especialmente nos debates internacionais sobre questõesdicas sporting betpaz e segurança, desenvolvimento sustentável, direitos humanos e outras.

Holzhacker, no entanto, discorda: "Mesmodicas sporting bettemasdicas sporting betdireitos humanos o Brasil se manteve distante e da discussão ambiental também, apesar da Rio+20 edicas sporting betoutras conferências importantes terem acontecido na gestão Dilma".

'Medo'

Para os especialistas, um dos motivos pelos quais o chanceler Figueiredo teria pouca liberdadedicas sporting betatuação edicas sporting betposicionamento seria o "medo" da presidentedicas sporting betque o posicionamento do Itamaraty sobre assuntos como a Síria pudesse,dicas sporting betalguma forma, ter um efeito indesejável sobredicas sporting betimagemdicas sporting betano eleitoral.

"A política externa brasileira geralmente não impacta o debate das eleições, mas neste momento Dilma está tentando eliminar qualquer assunto que possa impactar negativamente a opinião públicadicas sporting betrelação ao governo dela", afirma Stuenkel.

Para Trinkunas, as questões discutidas nas conferências na Alemanha e na Suíça tratavamdicas sporting betquestõesdicas sporting betsegurança internacional, que seriam "pouco úteis para o governo Dilma sob a perspectiva doméstica e eleitoral, já que não envolvem diretamente o Brasil. "

"O Brasil perdeu uma oportunidadedicas sporting betinfluenciar a discussão sobre os principais desafios globais do momento."

Masdicas sporting betano eleitoral, a retração diplomática brasileira sinaliza um rompimento com a estratégia da diplomacia dos anos Lula - que pretendia conseguir para o Brasil uma posiçãodicas sporting betprotagonismo e um assento no Conselhodicas sporting betSegurança da ONU.

E segundo Denilde Holzhacker, ela pode ter também um impacto negativo na imagemdicas sporting betDilma e do PT.

"Ao não participar do debate internacional, ela passa uma ideiadicas sporting betque tudo o que se fez durante o governo Lula foi só para gastar dinheiro e não priorizar os problemas internos. Essa percepção também não é benéfica. Ela reforça as críticasdicas sporting betque este é um governo que não tem uma direção", afirma Denilde Holzhacker.

Legado ameaçado

Segundo os especialistas, manter o excessodicas sporting betcautela nos pronunciamentos sobre temas globais pode acabar erodindo a posiçãodicas sporting betdestaque do Brasil nos fóruns multilaterais, caso a presidente se reeleja. "Dilma está menos interessadadicas sporting betpolítica internacional, o que limita a capacidade do Brasildicas sporting betmanter o níveldicas sporting betinfluência que Lula havia conquistado", diz o analista do Brookings.

Oliver Stuenkel afirma que o maior problema para o Brasil será a perda da confiançadicas sporting betseus parceiros internacionais, após um períododicas sporting betque o Brasil "apareceu no mapa".

Patriota e Figueiredo | Foto: Reuters

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Legenda da foto, Após trocadicas sporting betPatriota por Figueiredo teria acentuado ausência brasileiradicas sporting betdebates globais

"No final do governo Lula, não se podia mais falar sobre qual é o grande desafio global sem consultar o Brasil e procurar entender o que o Brasil achava. Mas isso certamente vai acabar porque um parceiro internacional precisa ser confiável. Não dá para ter um país que quer participar por oito anos e se retirar por mais oito e depois voltar."

Para Holzhacker, no entanto, o governo Dilma está correto ao não seguir à risca a política externa do governo Lula.

Segundo ela, o ex-presidente cometeu "exageros" ao tentar fazer do país um interlocutordicas sporting betquestões complexas, como o impasse sobre o programa nuclear do Irã – na buscadicas sporting betapoio para um assento no Conselhodicas sporting betSegurança da ONU.

Por isso, a retirada do paísdicas sporting betalguns debates é compreensível, mas o governo atual ainda não demonstrou objetivos claros emdicas sporting betpresença internacional.

"O grande exagero do governo Lula foi que abriu muitas frentes (de atuação). É o oposto do governo Dilma, que nem abriu novas frentes nem manteve as frentes tradicionais", avalia.

Espionagem

Mas se por um lado o país parece se distanciar das questões mais conflitantes e urgentes da geopolítica internacional, ele marcou presença na movimentação que se seguiu às denúnciasdicas sporting betque o governo americano espionou vários chefesdicas sporting betgoverno, entre eles a própria presidente Dilma - alémdicas sporting better acesso às comunicaçõesdicas sporting betmilharesdicas sporting betbrasileiros.

Em abril, São Paulo sediará uma conferência global sobre os modelosdicas sporting betgovernança na internet.

Para os especialistas, o protagonismo brasileiro nessa questão – após – é positivo, mas parece uma aposta "segura"dicas sporting betaçãodicas sporting betpolítica externa.

"Acho que a razão principal pela qual a Dilma tomou essa decisão foi que ela viu que isso tem um apelo junto à opinião pública e que ela poderia ser vista tomando liderança e defendendo a soberania nacional contra os Estados Unidos", diz Stuenkel.

*Colaborou Mariana Della Barba, da BBC Brasildicas sporting betSão Paulo