Centrais sindicais testam Dilma com paralisação nacional:tigre 777 link
Ambiente favorável
Embora tenham negado agir por "oportunismo", lideranças sindicais ouvidas pela BBC Brasil reconheceram que as manifestações criaram um ambiente favorável para a luta por seus pleitos.
Para Vagner Freitas, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior entidade sindical do Brasil, o protesto, que promete paralisar maistigre 777 link50 cidades brasileiras, foi organizado porque o governo "não atende ao pleito da classe trabalhadora".
"O trabalhador brasileiro melhoroutigre 777 linkvida, mas da portatigre 777 linksua casa para dentro. Da porta da casa dele para fora, continua pagando um preço proibitivo para o transporte coletivo, que é precário, e trabalhando longas jornadas. Queremos que o governo sente conosco e negocie", afirma.
"De nada adianta ter ganhos salariais acima da inflação, como obtivemos nos últimos anos, se esse dinheiro é sugado pelo aumento do planotigre 777 linksaúde privado que o trabalhador precisa contratar porque não pode contar com a saúde pública", acrescenta.
Ele, entretanto, evitou fazer críticas diretas à presidente Dilma Rousseff.
"A manifestação não é partidária. Não queremos derrubar a presidente, apenas queremos que esse governo realize as transformações sociais para as quais foi eleito".
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), concorda. Segundo ele, o protesto não é "contra Dilma", mas contra a "forma como o governo vem administrando as reivindicações da classe".
"O problema é que fazemos reuniões com o governo e nenhuma solução sai desses encontros. Estamos insatisfeitos", diz.
Patah reconhece que os protestos do mês passado deram força ao movimento.
"Em uma oportunidade importante, o governo cedeu. Por essa razão, não há melhor momento do que esse para reivindicarmos nossa pauta", diz.
Divergências internas
Embora tenham definido uma pauta única, as centrais sindicais divergem quanto à defesatigre 777 linkoutros pontos, como o plebiscito e a reforma política, que terminaram não incluídos na agenda comum.
Freitas, da CUT, que é a favor da reforma política, encampada pelo PT e pelo governo, diz que levará a proposta isoladamente à manifestação.
"A discussão sobre a reforma política é fundamental para garantir eleições mais limpas", afirma.
Ele critica o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira, mais conhecido como "Paulinho da Força", que "defende o Congresso conservador".
"O Paulinho não tem interesse na reforma política porque teme não conseguir fundar seu partido", diz.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, rebate a acusação. Segundo ele, a central foi contra "a apropriação do movimento pelo PT".
"Somos contra um partido querer se aproveitartigre 777 linkuma manifestação legítima dos trabalhadores", defende.
Cisão?
Na avaliaçãotigre 777 linkcientistas políticos ouvidos pela BBC Brasil, o protesto, por outro lado, não significará um rompimento dos sindicatos com o governo que, segundo eles, fez concessões amplas aos trabalhadores na última década.
Nesse período,tigre 777 linkacordo com dados do Dieese (Departamento Intersindicaltigre 777 linkEstatística e Estudos Socioeconômicos), o podertigre 777 linkbarganhatigre 777 linkentidades sindicais aumentou consideravelmente. Somente a proporçãotigre 777 linkacordos salariais acima da inflação quintuplicoutigre 777 link2003 — anotigre 777 linkque o ex-presidente Lula foi eleito até 2012.
O cientista política Milton Lahuerta, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) considera remota a possibilidadetigre 777 linkruptura dos sindicatos com o governo pelo que chamoutigre 777 link"sindicalismotigre 777 linkresultados".
"Atualmente, os sindicatos usam ao máximotigre 777 linkcapacidadetigre 777 linkbarganha e atuam no limite da chantagem para viabilizar seus interesses. Não há nenhuma perspectiva ideológica ou política para a construçãotigre 777 linkuma agenda propositiva", diz.
"Além disso, os sindicatos só abandonariam a base aliadatigre 777 linkdois casos: ou se fossem acolhidos pela oposição, o que é improvável, ou se a situação econômica do país se degradasse a tal ponto que as lideranças tivessemtigre 777 linkse opor ao governo para mantertigre 777 linklegitimidade."
Já o cientista político Ricardo Caldas, da Universidadetigre 777 linkBrasília (UnB), acredita que a manifestação foi motivada pelo "oportunismo" da CUT, uma das principais lideranças sindicais por trás do movimento.
"A CUT é visivelmente controlada pelo PT, que perdeu credibilidade junto à sociedade. O protesto nada mais é do que uma reafirmaçãotigre 777 linkimportância do sindicato, que teme pelatigre 777 linkprópria sobrevivência."