Para analista, falta à policia orientação política para reagir a protestos:imperial casino

Políciaimperial casinoFortalezao (Foto AP)
Legenda da foto, ONU divulgou nota pedindo a Brasil que evite uso desproporcionalimperial casinoforçaimperial casinoprotestos
  • Author, Carolina Montenegro
  • Role, Da BBC Brasilimperial casinoGenebra

imperial casino Desde 2011, cenasimperial casinomultidões protestando nas ruas eimperial casinodura repressão policial têm sido recorrentesimperial casinodiferentes cantos do planeta, dos países árabes à Turquia, passando por Espanha e Londres.

No Brasil, imagens recentes difundidasimperial casinovídeos no YouTube que mostram aparentes abusos da força policial, com agressões a jornalistas e disparosimperial casinosprayimperial casinopimentaimperial casinomanifestantes, foram alvoimperial casinocríticas das Nações Unidas.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos divulgou na semana passada uma nota pedindo ao governo brasileiro que evite o uso desproporcional da força e cobrando uma investigação independente sobre relatosimperial casinoexcessos policiais na repressão aos manifestantes.

Ouvidos pela BBC Brasil, especialistas destacaram dois principais problemas na forma como a polícia brasileira lida atualmente com manifestantes – a faltaimperial casinoorientação política sobre como os policiais devem agir e a abordagem inadequada dos protestos.

Decisão

Salvador Raza, analistaimperial casinosegurança internacional pela National Defense University, nos EUA, acredita que a "preparação da polícia brasileira (para atuarimperial casinomanifestações) é muito boa se comparada com outras do mundo".

"Hoje, ela cumpre bem os protocolos operacionais, mas existe um momento que o problema não éimperial casinoprotocolo, o problema é a decisão política do que você quer que a polícia faça. Quando entra na parte política, há atrasos e definições conflituosas ou dúbias. A polícia é um passo da política", afirma.

Ele explica que, no casoimperial casinoum aumento das manifestações, a faltaimperial casinoorientação política quanto à atuação das forçasimperial casinosegurança torna a situação ainda mais crítica.

"Se houver uma escalada dos protestos, a polícia ainda tem condiçõesimperial casinoatuar, mas necessitaimperial casinoorientação política. O dilema agora está na mão dos governadores e dos partidos. (Eles precisam) definir como querem usar a polícia", acrescentou Raza.

Segundo Raza, a polícia do Estadoimperial casinoSão Paulo atuaimperial casinomédiaimperial casino200 a 300 manifestações por ano e possui atualmente cercaimperial casino20 mil viaturas, 7 mil motos, 26 helicópteros, 2 aviões, maisimperial casino200 embarcações e 100 mil homens.

"Ela é maior e mais bem organizada do que muito Exército no mundo, mas a polícia está chegando no seu limite. Até 80 mil manifestantes é uma coisa, quando a manifestação passaimperial casino300 mil, não há polícia no mundo que consiga controlar", afirmou.

Abordagem

Mesmo com treinamentos regulares para a contençãoimperial casinomultidões, outra necessidade urgente seria a adoçãoimperial casinomedidas para garantir o uso adequado das armas não-letais, segundo nota recente da ONG Instituto Sou da Paz condenando a atuação policial nos protestos.

Um exemploimperial casinouso inadequado seria o disparoimperial casinobalasimperial casinoborracha a menosimperial casino20 metrosimperial casinodistância dos manifestantes e não mirando nas pernas, o que contraria recomendações.

Em outros temas, como execuções extrajudiciais e tortura, a atuação da polícia no Brasil ainda é bastante criticada pela ONU e por organizaçõesimperial casinodefesa dos Direitos Humanos.

Raza também destacou a diferença entre as atuações das políciasimperial casinodiferentes partes do Brasil quando precisam lidar com protestos.

"A polícia do Rioimperial casinoJaneiro não está tão bem preparada para este tipoimperial casinomanifestação quanto aimperial casinoSão Paulo e a do Rio Grande do Sul é mais politizada (a tendência éimperial casinodar tratamento preferencial a alguns grupos). No Nordeste,imperial casinogeral, as polícias estão bem menos preparadas,imperial casinotermosimperial casinotreinamento, material e recursos", afirmou.

Para David Couper, ex-chefeimperial casinopolícia na cidadeimperial casinoMadison, nos Estados Unidos, gerenciar multidõesimperial casinomaneira amistosa é crucial para garantir uma boa imagem para as polícias locais.

“Uma das coisas mais importantes que a polícia faz é lidar com as pessoasimperial casinomultidões porque, no longo prazo, uma polícia profissional será julgada porimperial casinodestrezaimperial casinofazer isso”, ele escreveu no livro “In Arrested Development”.

Modelos estrangeiros

Nos anos 70, Couper estabeleceu táticasimperial casinoabordagem moderadas ("soft") para a polícia americana lidar com os protestos contra a guerra do Vietnã, que viraram modelo nos Estados Unidos.

Os sete passos do Método Madison preveem que a polícia: opte por uma abordagem branda e não-violenta, negocie constantemente com os manifestantes, tenha uma unidade tática preparada para agirimperial casinoemergências, use oficiais treinados para lidar com multidões, recorra a forçasimperial casinosegurança locais (nãoimperial casinofora da cidade) e mantenha comandantes visíveis para atuar na liderança do diálogo.

Já Clifford Stott, psicólogo britânico especializadoimperial casinocontroleimperial casinomultidões, alerta para o uso indiscriminadoimperial casinoexpressões como “vandalismo” para classificar os atosimperial casinoalguns manifestantes. Ele diz destacou que quando indivíduosimperial casinouma multidão se sentem agredidos ou mal tratados pela polícia, podem responder com violência e depredações.

“Ao se juntarem numa multidão, as pessoas sentem ter mais poder e podem inverter as relações sociais normais. Em um mundoimperial casinoque os que não tem poder são geralmente invisíveis, os tumultos e badernas são formasimperial casinobarganha coletiva”, afirmou Stott.

Inspirada nesses métodos e após treinamento especializadoimperial casinooficiais no Reino Unido, a políciaimperial casinoVancouver, no Canadá, usou uniformes regulares e não portou armas (letais ou não-letais)imperial casinosuas açõesimperial casinocontroleimperial casinomultidões durante os Jogosimperial casinoInvernoimperial casino2010.

Eles deram àimperial casinoabordagem o nomeimperial casino“encontrar-e-cumprimentar”. Nela, policiais misturados às multidões, cumprimentavam as pessoas e esclareciam que estavam ali para protegê-las.