Para analista, falta à policia orientação política para reagir a protestos:bet 09

Políciabet 09Fortalezao (Foto AP)
Legenda da foto, ONU divulgou nota pedindo a Brasil que evite uso desproporcionalbet 09forçabet 09protestos

Decisão

Salvador Raza, analistabet 09segurança internacional pela National Defense University, nos EUA, acredita que a "preparação da polícia brasileira (para atuarbet 09manifestações) é muito boa se comparada com outras do mundo".

"Hoje, ela cumpre bem os protocolos operacionais, mas existe um momento que o problema não ébet 09protocolo, o problema é a decisão política do que você quer que a polícia faça. Quando entra na parte política, há atrasos e definições conflituosas ou dúbias. A polícia é um passo da política", afirma.

Ele explica que, no casobet 09um aumento das manifestações, a faltabet 09orientação política quanto à atuação das forçasbet 09segurança torna a situação ainda mais crítica.

"Se houver uma escalada dos protestos, a polícia ainda tem condiçõesbet 09atuar, mas necessitabet 09orientação política. O dilema agora está na mão dos governadores e dos partidos. (Eles precisam) definir como querem usar a polícia", acrescentou Raza.

Segundo Raza, a polícia do Estadobet 09São Paulo atuabet 09médiabet 09200 a 300 manifestações por ano e possui atualmente cercabet 0920 mil viaturas, 7 mil motos, 26 helicópteros, 2 aviões, maisbet 09200 embarcações e 100 mil homens.

"Ela é maior e mais bem organizada do que muito Exército no mundo, mas a polícia está chegando no seu limite. Até 80 mil manifestantes é uma coisa, quando a manifestação passabet 09300 mil, não há polícia no mundo que consiga controlar", afirmou.

Abordagem

Mesmo com treinamentos regulares para a contençãobet 09multidões, outra necessidade urgente seria a adoçãobet 09medidas para garantir o uso adequado das armas não-letais, segundo nota recente da ONG Instituto Sou da Paz condenando a atuação policial nos protestos.

Um exemplobet 09uso inadequado seria o disparobet 09balasbet 09borracha a menosbet 0920 metrosbet 09distância dos manifestantes e não mirando nas pernas, o que contraria recomendações.

Em outros temas, como execuções extrajudiciais e tortura, a atuação da polícia no Brasil ainda é bastante criticada pela ONU e por organizaçõesbet 09defesa dos Direitos Humanos.

Raza também destacou a diferença entre as atuações das políciasbet 09diferentes partes do Brasil quando precisam lidar com protestos.

"A polícia do Riobet 09Janeiro não está tão bem preparada para este tipobet 09manifestação quanto abet 09São Paulo e a do Rio Grande do Sul é mais politizada (a tendência ébet 09dar tratamento preferencial a alguns grupos). No Nordeste,bet 09geral, as polícias estão bem menos preparadas,bet 09termosbet 09treinamento, material e recursos", afirmou.

Para David Couper, ex-chefebet 09polícia na cidadebet 09Madison, nos Estados Unidos, gerenciar multidõesbet 09maneira amistosa é crucial para garantir uma boa imagem para as polícias locais.

“Uma das coisas mais importantes que a polícia faz é lidar com as pessoasbet 09multidões porque, no longo prazo, uma polícia profissional será julgada porbet 09destrezabet 09fazer isso”, ele escreveu no livro “In Arrested Development”.

Modelos estrangeiros

Nos anos 70, Couper estabeleceu táticasbet 09abordagem moderadas ("soft") para a polícia americana lidar com os protestos contra a guerra do Vietnã, que viraram modelo nos Estados Unidos.

Os sete passos do Método Madison preveem que a polícia: opte por uma abordagem branda e não-violenta, negocie constantemente com os manifestantes, tenha uma unidade tática preparada para agirbet 09emergências, use oficiais treinados para lidar com multidões, recorra a forçasbet 09segurança locais (nãobet 09fora da cidade) e mantenha comandantes visíveis para atuar na liderança do diálogo.

Já Clifford Stott, psicólogo britânico especializadobet 09controlebet 09multidões, alerta para o uso indiscriminadobet 09expressões como “vandalismo” para classificar os atosbet 09alguns manifestantes. Ele diz destacou que quando indivíduosbet 09uma multidão se sentem agredidos ou mal tratados pela polícia, podem responder com violência e depredações.

“Ao se juntarem numa multidão, as pessoas sentem ter mais poder e podem inverter as relações sociais normais. Em um mundobet 09que os que não tem poder são geralmente invisíveis, os tumultos e badernas são formasbet 09barganha coletiva”, afirmou Stott.

Inspirada nesses métodos e após treinamento especializadobet 09oficiais no Reino Unido, a políciabet 09Vancouver, no Canadá, usou uniformes regulares e não portou armas (letais ou não-letais)bet 09suas açõesbet 09controlebet 09multidões durante os Jogosbet 09Invernobet 092010.

Eles deram àbet 09abordagem o nomebet 09“encontrar-e-cumprimentar”. Nela, policiais misturados às multidões, cumprimentavam as pessoas e esclareciam que estavam ali para protegê-las.