Frente a frente com o 'rebelde canibal' da Síria:replay pokerstars
- Author, Paul Wood
- Role, Da BBC News, na Síria
replay pokerstars Parecia exagerada demais, algo típicoreplay pokerstarspropagandareplay pokerstarsguerra. Mas a notíciareplay pokerstarsque um comandante dos rebeldes sírios teria comido o coraçãoreplay pokerstarsum soldado inimigo sob aplausosreplay pokerstarsseus homens acabou sendo confirmada – ao menosreplay pokerstarspartes.
Abu Sakkar, o líder do Exército Livre da Síria que aparece comendo um órgãoreplay pokerstarsum vídeo divulgado na internet, não tinha tanta certeza sobre os detalhes quando o entrevistei.
"Eu realmente não me lembro", disse ele, quando perguntei se tratava-sereplay pokerstarsum coração humano, como foi dito na época, ou um fígado, ou ainda um pedaçoreplay pokerstarsum pulmão, como me relatou um médico que assistiu ao vídeo. "Eu não mordi, apenas segurei para mostrar aos outros", acrescentou.
Nas imagens que rodaram o mundo, Sakkar está acima do corporeplay pokerstarsum soldado inimigo, retalhando o cadáver.
"Parece que você está fatiando um coraçãoreplay pokerstarsDia dos Namorados", diz um dos rebeldes. Pouco depois Abu Sakkar pega uma mão cheiareplay pokerstarsalgum material não identificado e declara: "Nós vamos comer seus corações e seus fígados, seus soldadosreplay pokerstarsBashar, o cão" –replay pokerstarsreferência ao presidente sírio Bashar al-Assad.
No momento seguinte, ele traz a mão até a boca e seus lábios se fecham ao redor daquilo que está segurando. Na épocareplay pokerstarsque o vídeo foi divulgado,replay pokerstarsmaio, telefonamos para ele e Sakkar nos confirmou que havia dado uma mordida.
Agora, frente a frente, ele parece mais sóbrio – embora fique com mais raiva quando pergunto por que fez isso.
"Eu não quis fazer isso. Eu tive que", ele me conta. "Nós temos que aterrorizar o inimigo, humilhá-lo, da mesma forma que ele faz conosco. Agora, eles não vão ousar estar no mesmo lugar onde Abu Sakkar estiver", diz.
Aos 27 anos, Sakkar é um beduíno parrudo, com olhar intimidador. Sírio do distritoreplay pokerstarsBaba Amr, na cidadereplay pokerstarsHoms, ele tem a pele queimada pela exposição ao sol durante as muitas horas seguidasreplay pokerstarscombate. Ele me conta a história do seu envolvimento na revolução, até chegar àreplay pokerstarsatual notoriedade.
Manifestações
Antesreplay pokerstarsse juntar às manifestações na Síria, no inícioreplay pokerstars2011, Sakkar trabalhava como operárioreplay pokerstarsBaba Amr. Na época, ele acompanhou o momentoreplay pokerstarsque uma mulher e uma criança foram mortas durante um protesto. Seu irmão foi ajudar, e ele também foi assassinado.
Meses depois,replay pokerstarsum vídeoreplay pokerstarsjunhoreplay pokerstars2011, Abu Sakkar pode ser visto diantereplay pokerstarsuma multidão acenando com ramosreplay pokerstarsoliveira ao cumprimentar soldados que desertavam do Exército do presidente Bashar al-Assad.
Na mesma época, ele acabou pegandoreplay pokerstarsarmas contra o regime, tornando-se um dos primeiros membros do então recém-criado Exército Livre da Síria (ELS).
Em fevereiroreplay pokerstars2012, ele lutava na Brigada Farouq quando os rebeldes tentaram evitar, sem sucesso, que os homensreplay pokerstarsAssad tomassem Baba Amr.
Ao final dos combates, com a retirada do ELS, Sakkar deu início areplay pokerstarsprópria brigada, a Omar al-Farouq.
Ao longo do caminho ele perdeu mais um irmão, muitos parentes, e muitosreplay pokerstarsseus homens. Seus pais foram presos e ele disse que a polícia ligou para ele para que pudesse ouvir o espancamento dos dois.
"Coloque-se na minha pele", ele diz. "Eles levam seu pai ereplay pokerstarsmãe. Massacram seus irmãos, assassinam seu tio ereplay pokerstarstia. Tudo isso aconteceu comigo. Eles massacraram meus vizinhos".
"Canibal"
Voltando a falar sobre o homem que aparece no vídeo, Sakkar dá mais detalhes do que se passou no dia.
"Esse homem tinha vídeos no seu celular. Ele aparecia estuprando uma mãe e suas duas filhas. Ele as despiu enquanto elas imploravam que ele parasse,replay pokerstarsnomereplay pokerstarsDeus. Finalmente ele as esfaqueou e assassinou. O que você teria feito?", ele me pergunta.
Ele diz que meses atrás seus homens tinham ordensreplay pokerstarsalimentar os inimigos capturados e repassarem a mensagemreplay pokerstarsque todos são irmãos. "Mas eles começaram a estuprar nossas mulheres, matar crianças com facas".
Abu Sakkar mostra cicatrizesreplay pokerstars14 diferentes ferimentos à balareplay pokerstarsseu corpo. "Nós estamos sob ataque, já são dois anos agora. Há vídeos das shabiha (milícia do governo) que mostram coisas muito mais terríveis do que o que eu fiz. Vocês não se preocuparam. Não houve tanto alarde na mídia. Vocês não deram importância. Se vocês sofressem uma fração do que nós sofremos fariam o que eu fiz e muito mais".
Argumento internacional
"Se nós não conseguirmos ajuda, uma zonareplay pokerstarsexclusão aérea, armas pesadas, nós faremos muito pior (do que ele fez). Vocês ainda não viram nada", ele ameaça.
Mas ao tornar-se o "rebelde canibal", Sakkar acabou fornecendo um argumento aos membros da comunidade internacional que se opõem aos planosreplay pokerstarsajudar os revolucionários.
Durante a última reunião do G8, o grupo das nações mais ricas do mundo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, citou o ocorrido.
"Essas não são pessoas que simplesmente matam seus inimigos, elas abrem seus corpos, e comem seus intestinos diante do público e das câmeras. São essas pessoas que vocês querem ajudar com armas?", questionou.
É possível que Abu Sakkar tivesse problemas psicológicos desde sempre. Ou talvez a guerra tivesse deixado-o assim.
A guerra transforma as pessoas, e a da Síria não é diferente.