Frente a frente com o 'rebelde canibal' da Síria:aposta ganhabet
"Parece que você está fatiando um coraçãoaposta ganhabetDia dos Namorados", diz um dos rebeldes. Pouco depois Abu Sakkar pega uma mão cheiaaposta ganhabetalgum material não identificado e declara: "Nós vamos comer seus corações e seus fígados, seus soldadosaposta ganhabetBashar, o cão" –aposta ganhabetreferência ao presidente sírio Bashar al-Assad.
No momento seguinte, ele traz a mão até a boca e seus lábios se fecham ao redor daquilo que está segurando. Na épocaaposta ganhabetque o vídeo foi divulgado,aposta ganhabetmaio, telefonamos para ele e Sakkar nos confirmou que havia dado uma mordida.
Agora, frente a frente, ele parece mais sóbrio – embora fique com mais raiva quando pergunto por que fez isso.
"Eu não quis fazer isso. Eu tive que", ele me conta. "Nós temos que aterrorizar o inimigo, humilhá-lo, da mesma forma que ele faz conosco. Agora, eles não vão ousar estar no mesmo lugar onde Abu Sakkar estiver", diz.
Aos 27 anos, Sakkar é um beduíno parrudo, com olhar intimidador. Sírio do distritoaposta ganhabetBaba Amr, na cidadeaposta ganhabetHoms, ele tem a pele queimada pela exposição ao sol durante as muitas horas seguidasaposta ganhabetcombate. Ele me conta a história do seu envolvimento na revolução, até chegar àaposta ganhabetatual notoriedade.
Manifestações
Antesaposta ganhabetse juntar às manifestações na Síria, no inícioaposta ganhabet2011, Sakkar trabalhava como operárioaposta ganhabetBaba Amr. Na época, ele acompanhou o momentoaposta ganhabetque uma mulher e uma criança foram mortas durante um protesto. Seu irmão foi ajudar, e ele também foi assassinado.
Meses depois,aposta ganhabetum vídeoaposta ganhabetjunhoaposta ganhabet2011, Abu Sakkar pode ser visto dianteaposta ganhabetuma multidão acenando com ramosaposta ganhabetoliveira ao cumprimentar soldados que desertavam do Exército do presidente Bashar al-Assad.
Na mesma época, ele acabou pegandoaposta ganhabetarmas contra o regime, tornando-se um dos primeiros membros do então recém-criado Exército Livre da Síria (ELS).
Em fevereiroaposta ganhabet2012, ele lutava na Brigada Farouq quando os rebeldes tentaram evitar, sem sucesso, que os homensaposta ganhabetAssad tomassem Baba Amr.
Ao final dos combates, com a retirada do ELS, Sakkar deu início aaposta ganhabetprópria brigada, a Omar al-Farouq.
Ao longo do caminho ele perdeu mais um irmão, muitos parentes, e muitosaposta ganhabetseus homens. Seus pais foram presos e ele disse que a polícia ligou para ele para que pudesse ouvir o espancamento dos dois.
"Coloque-se na minha pele", ele diz. "Eles levam seu pai eaposta ganhabetmãe. Massacram seus irmãos, assassinam seu tio eaposta ganhabettia. Tudo isso aconteceu comigo. Eles massacraram meus vizinhos".
"Canibal"
Voltando a falar sobre o homem que aparece no vídeo, Sakkar dá mais detalhes do que se passou no dia.
"Esse homem tinha vídeos no seu celular. Ele aparecia estuprando uma mãe e suas duas filhas. Ele as despiu enquanto elas imploravam que ele parasse,aposta ganhabetnomeaposta ganhabetDeus. Finalmente ele as esfaqueou e assassinou. O que você teria feito?", ele me pergunta.
Ele diz que meses atrás seus homens tinham ordensaposta ganhabetalimentar os inimigos capturados e repassarem a mensagemaposta ganhabetque todos são irmãos. "Mas eles começaram a estuprar nossas mulheres, matar crianças com facas".
Abu Sakkar mostra cicatrizesaposta ganhabet14 diferentes ferimentos à balaaposta ganhabetseu corpo. "Nós estamos sob ataque, já são dois anos agora. Há vídeos das shabiha (milícia do governo) que mostram coisas muito mais terríveis do que o que eu fiz. Vocês não se preocuparam. Não houve tanto alarde na mídia. Vocês não deram importância. Se vocês sofressem uma fração do que nós sofremos fariam o que eu fiz e muito mais".
Argumento internacional
"Se nós não conseguirmos ajuda, uma zonaaposta ganhabetexclusão aérea, armas pesadas, nós faremos muito pior (do que ele fez). Vocês ainda não viram nada", ele ameaça.
Mas ao tornar-se o "rebelde canibal", Sakkar acabou fornecendo um argumento aos membros da comunidade internacional que se opõem aos planosaposta ganhabetajudar os revolucionários.
Durante a última reunião do G8, o grupo das nações mais ricas do mundo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, citou o ocorrido.
"Essas não são pessoas que simplesmente matam seus inimigos, elas abrem seus corpos, e comem seus intestinos diante do público e das câmeras. São essas pessoas que vocês querem ajudar com armas?", questionou.
É possível que Abu Sakkar tivesse problemas psicológicos desde sempre. Ou talvez a guerra tivesse deixado-o assim.
A guerra transforma as pessoas, e a da Síria não é diferente.