Covid-19: vacinas podem curar a covid longa? Estudos apontam que, para alguns, sim:nacional bets apostas
E é aí que a vacina entra na história.
Um levantamento feito sobre o impacto da vacinação nos efeitos da covid longa mostrou que 57% dos participantes apresentaram uma melhora geral dos sintomas após serem imunizados. Esse estudo, que não foi revisado por outros cientistas, é o mais amplo até agora sobre o assunto. Ele foi liderado pelo gruponacional bets apostasapoio britânico LongCovidSOS e contou com a colaboração das universidadesnacional bets apostasExeter e Kent, no Reino Unido.
O governo britânico estimounacional bets apostasmarçonacional bets apostas2021 que 1,1 milhãonacional bets apostaspessoas enfrentaram pelo menos 1 dos maisnacional bets apostas50 efeitos persistentes da covid-19 no país, onde hoje 59% dos 67 milhõesnacional bets apostashabitantes receberam pelo menos uma dose da vacina.
Ainda não está claro se a melhoranacional bets apostasvacinados que tinham covid longa ocorreu diretamente por causa da vacina, pela progressão natural da doença ou por fatores psicológicos, por exemplo. E para alémnacional bets apostaslevantamentos coletivos e relatos individuais, cientistas tentam descobrir as verdadeiras explicações por trás disso.
É o caso da imunologista Akiko Iwasaki, da Universidade Medicinanacional bets apostasYale (Estados Unidos), que vem se dedicando a estudos sobre o impacto do sistema imunológiconacional bets apostasrelação à covid-19 e atualmente, na mais recente linhanacional bets apostaspesquisanacional bets apostasseu grupo, investiga o efeito das vacinasnacional bets apostaspacientes com a covid longa ou a síndrome pós-covid, que até pouco tempo era vista por autoridades, cientistas, pacientes e seus familiares como uma "doença psicossomática", ou seja, problemasnacional bets apostassaúde oriundosnacional bets apostasquestões psicológicas, emocionais.
Ela e outros cientistas estudam pelo menos três possíveis explicações. "Nossa (principal) hipótese énacional bets apostasque a covid longa é causada por uma infecção viral persistente e/ou doença autoimune", diz Iwasaki à BBC News Brasil.
Ou seja, a primeira hipótese aponta que haveria um reservatórionacional bets apostascoronavírusnacional bets apostasalgum lugar do corpo que continua afetando o paciente sem ser detectado por exames.
Na segunda, o combate ao coronavírus desencadeou um mecanismo autoimune no qual o sistemanacional bets apostasdefesa ataca o próprio corpo.
A terceira falanacional bets apostasfragmentos do coronavírus continuariam no corpo como "fantasmas virais" que estimulam o sistema imunológico e provocam inflamação constante.
Para os cientistas, provavelmente não haverá uma explicação ou solução única para todos os atingidos por um problemanacional bets apostassaúde tão complexo.
Entenda abaixo quem são os mais atingidos pela covid longa, como as vacinas podem funcionar como tratamento para algumas delas e o que tem sido feito para diagnosticar e reabilitar pacientesnacional bets apostaspaíses como Brasil.
A dimensão da covid longa enacional bets apostaspossíveis tratamentos
Há diversos obstáculos para estudar o tema da covid longa. Um dos principais deles é a dificuldadenacional bets apostasdiagnóstico. Como o acesso aos testes demorou ou nunca foi democratizadonacional bets apostasdiversos países, a exemplo do Brasil, muitas pessoas que podem ter sido infectadas não tiveram o diagnóstico confirmado da covid-19. Então, como medir o tamanho do problema?
Além disso, o fatonacional bets apostasa covid longa ser uma condição com efeitos e durações diferentesnacional bets apostasuma pessoa para outra, o eventual tratamento acaba sendo variado. Uma característica marcante dessa condiçãonacional bets apostassaúde é a trocanacional bets apostasinformações e experiências entre pacientesnacional bets apostasforma dispersa ounacional bets apostasgruposnacional bets apostasapoio, por exemplo. Ainda se tenta entender o que está acontecendo.
Na pesquisa do grupo britânico LongCovidSOS, os dez sintomas mais comuns da covid longa são fadiga, confusão mental, faltanacional bets apostasar, dores musculares, dor no peito, insônia, sintomas gastrointestinais, tosse persistente, perdanacional bets apostasolfato e lesões na pele.
Com essa quantidadenacional bets apostassintomas diferentes, que tiponacional bets apostasespecialidade médica deveria se buscar? Para alguns pesquisadores ou especialistas, um dos caminhos pode ser a abordagem multidisciplinar. Ao se deparar com um paciente com tantos sinais, um médico clínico geral, por exemplo, pode encaminhar uma abordagem que associa um neurologista, um pneumologista e um gastroenterologista enquanto um fisioterapeuta atua na reabilitação motora e respiratória. E isso é só um dos exemplos.
Um estudo publicado na revista científica Nature em abril deste ano apontou a covid longa como o próximo grande fardo do sistemanacional bets apostassaúde dos EUA. Na Hungria, uma universidade abriu um ambulatório pioneiro voltado a acompanhar e tratar crianças com covid longa.
No Brasil, o Ministério da Saúde lançou o projeto piloto chamado "Reabilitação pós-Covid-19", que levou a um aumentonacional bets apostas26% na evolução motora e funcionalnacional bets apostaspacientes com síndrome pós-covid. Ao longonacional bets apostasdois meses, há participaçãonacional bets apostasmédicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, fonoaudiólogos, assistentes sociais e especialistasnacional bets apostasgestão hospitalar. Há um número crescentenacional bets apostasambulatórios voltados à covid-19 no país.
Só que a ampliação dos programasnacional bets apostasvacinação ao redor do mundo e o compartilhamentonacional bets apostasexperiências pessoais acabaram apontando um outro caminho relativamente mais "simples" para a recuperaçãonacional bets apostasparte dessas pessoas com covid longa: as vacinas.
O que pode explicar os casosnacional bets apostasmelhora pós-vacina?
Quando o corpo humano é infectado por vírus e bactérias, na maioria das vezes ele utiliza recursos da resposta imunológica inata para tentar eliminá-lo. Após vencer o invasor nessa batalha, o passo seguinte é se reequilibrar. O problema é que, no caso da covid-19, por exemplo, o processo não segue esse roteiro para algumas pessoas.
O estudonacional bets apostasandamento sob liderançanacional bets apostasAkiko Iwasaki, da Universidade Yale, considera três hipóteses.
nacional bets apostas 1. Reservatório viral
A princípio, uma das explicações para a covid longa é a que pode haver um reservatórionacional bets apostascoronavírusnacional bets apostasalgum lugar do corpo (a princípionacional bets apostasuma área do nariz que não é alcançada pelos cotonetes dos exames) que continua afetando o paciente. Os efeitos positivos da vacina podem confirmar essa hipótese porque a imunização induzirá respostas do sistemanacional bets apostasdefesa do corpo contra o coronavírus que continua se replicando.
nacional bets apostas 2. "Fantasma viral"
Uma segunda explicação é a presençanacional bets apostasfragmentos do coronavírus (RNA e proteínas) que permanecem no corpo mesmo depois da infecção. Esses pedaços agiriam como "fantasmas virais" que não são infecciosos, mas continuam estimulando o sistema imunológico e provocando uma inflamação constante. Cientistas tentam entender também se há fatores genéticos que favorecem essa situação e têm coletado amostrasnacional bets apostasDNAnacional bets apostaspacientes para tentar esclarecer essas dúvidas.
nacional bets apostas 3. Resposta autoimune induzida pela infecção
Uma terceira explicação é a autoimunidade. Ou seja, o sistema imunológico, responsável pela defesa do corpo, não consegue distinguir invasores como vírus e bactérias das células saudáveis do próprio corpo. Assim, acaba gerando autoanticorpos que atacam e destroem o tecido saudável e causam inflamação e dor, danificando praticamente qualquer parte do corpo, segundo o Ministério da Saúde. Nesse caso, o tratamento passaria por impedir que células autorreativas fiquem ativas, tanto durante a infecção quanto na fasenacional bets apostascovid longa.
"Nossa hipótese énacional bets apostasque a covid longa é causada por uma infecção viral persistente e/ou doença autoimune. Nesses casos, as vacinas podem melhorar a condiçãonacional bets apostasalguns pacientes com covid persistente ao induzir respostas robustasnacional bets apostasanticorpos para eliminar o reservatório viral, ou desativar células autorreativas, pelo menos por algum períodonacional bets apostastempo.", explica Iwasaki.
Segundo ela, "se alguém tem covid longanacional bets apostascaracterística autoimune, a vacina pode ajudar a induzir as citocinas que atenuam os efeitos tóxicosnacional bets apostascélulas autorreativas. Por exemplo, interferons do tipo 1 podem agir sobre as células T autorreativas para encerrar a produçãonacional bets apostascitocinas tóxicas".
Os interferonsnacional bets apostastipo 1 são glicoproteínas produzidas numa célula invadida por um vírus, por exemplo. Essas substâncias são liberadas para fora da célula como um chamado para outras célulasnacional bets apostasque um combate deve ter início contra o invasor. Mas às vezes o próprio corpo pode agir contra eles, como os autoanticorpos, que se ligam aos interferons e os "retiram" da corrente sanguínea antes que possam alertar o resto do corpo sobre a invasão.
Por outro lado, as citocinas ganharam notoriedade durante a pandemianacional bets apostascoronavírus por causa da "tempestadenacional bets apostascitocinas", nome dado a essas substâncias agressivas que o sistema imunológico libera para atacar um invasor, mas que num quadronacional bets apostasreação exagerada pode acabar atacando partes vitais do corpo e levando à morte. Ou seja, o sistemanacional bets apostasdefesa do corpo acaba sendo mais danoso que o próprio invasor.
Para entender o papelnacional bets apostastodas essas substâncias no contextonacional bets apostascovid longa e vacinação, a equipe liderada por Iwasaki vai coletar amostrasnacional bets apostassangue e saliva antes e depois da vacinaçãonacional bets apostaspessoas com maisnacional bets apostas18 anos, que ainda não foram vacinadas e que apresentam sintomas persistentes da covid-19 há maisnacional bets apostasdois meses. Os pesquisadores vão monitorar perfis imunológicos (anticorpos, citocinas, fenótipos, células T) e vão comparar alterações imunológicas enacional bets apostassintomas. Eles esperam que essas análises tragam respostas para o que causa a covid longa e quais tratamentos são eficazes para a condição. Ainda não há previsão para a publicação dos resultados.
Quais os resultados obtidos até agora com vacinas contra covid longa?
O amplo levantamento da LongCovidSOS envolveu quase 900 pessoas. Há diversas limitações do pontonacional bets apostasvista metodológico, porque os dados foram colhidosnacional bets apostaspacientes que informaram as condições que enfrentavam e o que passaram a sentir (ou não) depoisnacional bets apostastomarem uma ou duas dosesnacional bets apostasvacina contra covid.
A ampla maioria dos relatos énacional bets apostasmulheres (maisnacional bets apostas80%), brancas (91%) e com idadesnacional bets apostas31 a 65 anos. Isso não significa necessariamente que esse grupo seja o mais atingido por essa condição, mas sim o que teve mais acesso à pesquisa, ao diagnóstico ou a informações sobre o tema, por exemplo. O levantamento também aborda vacinasnacional bets apostasdiferentes fabricantes, e as mesmas limitações metodológicas impedem conclusões sobre um imunizante ser eventualmente "mais eficiente" que outro.
Maisnacional bets apostas70% dos participantes da pesquisa vivenciavam antes do estudo sintomas persistentes por pelo menos nove meses. De início, parte delas ficou inseguranacional bets apostasser vacinada porque há estímulo à resposta imunológica, e elas temiam que a condição piorasse ou desencadeasse mais sequelas. Segundo o levantamento, 7% dos participantes relataram piora dos sintomas e 57% disseram ter melhoradonacional bets apostasmaneira geral.
Segundo o levantamento, houve melhora nos registros dos dez principais sintomas nos três graus (leves, moderados e severos).
Outros dois estudos com pacientes que foram hospitalizados com coronavírus no Reino Unido, um dos países com mais pesquisanacional bets apostastorno da covid longa, também apontaram melhoranacional bets apostasuma parte das pessoas que foram vacinadas. Pesquisadoresnacional bets apostasambos os estudos defendem análises aprofundadas sobre o real impacto da vacinação.
A professora Jucilene Alvesnacional bets apostasMorais,nacional bets apostas47 anos, moradoranacional bets apostasSão Geraldo do Araguaia, no Pará, não participou desse estudo no Reino Unido, mas relatou algo parecido à BBC News Brasil, uma melhora depoisnacional bets apostasreceber a primeira dose da vacina contra covid. Por um ano, ela enfrentou efeitos associados à covid-19 longa, com mal estar, fraqueza e cansaço que iam e viam como se ela estivesse enfrentando uma gripe atrás da outra.
"Essas coisas que sentia no pós-covid acabaram. Meus filhos também ficaram muito felizes do quanto melhorei após tomar a 1° dose. Agora estou ansiosa para a próxima dose." No levantamento do LongCovidSOS, apenas 130 dos quase 900 participantes tinham recebido a segunda dosenacional bets apostasuma das vacinas (AstraZeneca-Oxford, Moderna ou Pfizer). Não havia, portanto, quantidade suficiente para permitir grandes conclusões, masnacional bets apostaslinhas gerais aqueles que receberam as doses relataram uma melhora ainda maior.
Como relata Morais, a covid longa impacta também quem convive com aqueles atingidos pela condiçãonacional bets apostassaúde.
Uma pesquisa feita pelas Universidadenacional bets apostasCardiff e Universidadenacional bets apostasHertfordshire, no Reino Unido, e publicada na revista científica British Medical Journal, envolveu 735 parceiros e familiares desses pacientes. Segundo ela, 93,6% deles afirmaram se sentir preocupados, 81,7% se sentiam frustrados, 78,4% julgavam-se tristes, 83,3% tiveram as atividades familiares impactadas, 68,9% constataram impacto no sono e 68,1%, na vida sexual.
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