Como sete irmãos e seus leões aterrorizaram uma cidade na Líbia:bet 3.65

Os corpos enterrados são o legado horrívelbet 3.65um reinadobet 3.65terror, que durou quase oito anos, imposto à cidade por uma família local, os Kanis, e a milícia que eles criaram.

Três dos sete irmãos Kani estão mortos agora, e os outros foram obrigados a fugirbet 3.65junhobet 3.652020 por forças leais ao Governo do Acordo Nacional (GNA) da Líbia, reconhecido pela ONU, mas até agora muitos residentesbet 3.65Tarhuna têm medobet 3.65falar sobre seus crimes. Alguns dizem que ainda estão sendo ameaçadosbet 3.65longe pelos apoiadores dos Kani.

Juntar a história dos irmãos — Abdul-Khaliq, Mohammed, Muammar, Abdul-Rahim, Mohsen, Ali e Abdul-Adhim — não é fácil. Mas o que emerge das conversas com aqueles que os conheciam é uma história aterrorizantebet 3.65como uma família pobre aproveitou o caos que envolveu a Líbia apósbet 3.65revoluçãobet 3.652011 contra o ditador, o coronel Muammar Gaddafi, e passou a governarbet 3.65comunidade com crueldade absoluta.

"Aqueles sete irmãos eram pessoas rudes, sem educação. Seu status social era zero", diz Hamza Dila'ab, advogado e ativista comunitário, que se lembrabet 3.65tê-los conhecidobet 3.65casamentos e funerais antesbet 3.652011.

"Eles eram como um bandobet 3.65hienas quando estavam juntos. Eles xingavam e brigavam. Eles podiam até bater uns nos outros com varas."

Famílias inteiras mortas

Quando a revolução estourou, a maioria das pessoasbet 3.65Tarhuna permaneceu leal a Gaddafi. O ditador havia favorecido a cidade, dando aos homensbet 3.65suas principais famílias bons empregosbet 3.65suas forçasbet 3.65segurança. Os Kani estavam entre os poucos que apoiaram os revolucionários — embora não por idealismo, diz Hamza Dila'ab, mas por causabet 3.65uma rixabet 3.6530 anos com alguns primos, uma famíliabet 3.65apoiadoresbet 3.65Gaddafi.

Na turbulência após a quedabet 3.65Gaddafi, os irmãos virambet 3.65chance.

"Os Kani lenta e discretamente conseguiram que aquela família fosse assassinada, um por um", diz Hamza Dila'ab.

Mas isso deu início a um ciclobet 3.65vingança que culminou no assassinato,bet 3.652012, do segundo mais novo Kani, Ali.

"Ali era um jovem e bonito irmão Kani e, quando ele morreu, eles o transformarambet 3.65uma lenda", diz Jalel Harchaoui, um especialistabet 3.65Líbia do Instituto Clingendael na Holanda, que pesquisou a história da família.

"Os irmãos decidiram responder ao assassinato dele não apenas encontrando os responsáveis ​​e matando-os. O que eles realmente fizeram foi matar suas famílias inteiras".

Os Kani gradualmente assumiram e construíram algumas forças militares existentes na cidade, criandobet 3.65própria milíciabet 3.65vários milharesbet 3.65combatentes. Como a maioria das milícias na Líbia, tinha acesso a fundos estatais. Os irmãos restantes usaram usaram a vingança para carimbarbet 3.65autoridade absolutabet 3.65Tarhuna.

"A política deles era aterrorizar as pessoas apenas para criar medo. Eles matavam apenas por esse motivo. Qualquer pessoabet 3.65Tarhuna que se opusesse a eles morreria", disse Hamza Dila'ab

Hanan Abu-Kleish estavabet 3.65casa no dia 17bet 3.65abrilbet 3.652017 quando uma multidãobet 3.65milicianos Kani entrou. "Um deles apontou uma arma na minha cabeça", diz ela. "Ele me perguntou quem estava na casa e eu disse: 'Ninguém'. Mas ele me arrastou para o quarto do meu pai. Disseram para ele: 'Vamos matar você primeiro.' E eles realmente fizeram. Fiz tudo o que pude para impedir. Mas eles apenas atiraram balas no peito dele."

Três irmãosbet 3.65Hanan também foram mortos naquele dia, e doisbet 3.65seus sobrinhos,bet 3.6514 e 16 anos. Outros parentes estão desaparecidos após terem sido aparentemente sequestrados pelas forças dos Kani. Hanan diz que não havia motivo, a não ser o fatobet 3.65quebet 3.65família era relativamente rica e respeitadabet 3.65Tarhuna.

A essa altura, os Kani haviam estabelecido seu próprio miniestado dentro e ao redorbet 3.65Tarhuna, controlando até a polícia uniformizada. Eles administravam um império comercial, extorquindo taxasbet 3.65uma fábricabet 3.65cimento e outros negócios locais, construindo um shopping center e administrando alguns empreendimentos legítimos, incluindo uma lavanderia. Eles lucraram com a "proteção" dos traficantesbet 3.65drogas e dos migrantes cujas rotas cruzavam seu território no caminho do Saara à costa do Mediterrâneo. E, ao mesmo tempo, eles se gabavambet 3.65combater o tráfico e criar uma ilhabet 3.65ordem na Líbia devastada pela guerra.

À frente do miniestado estava Mohammed al-Kani, um salafista (seguidorbet 3.65movimento fundamentalista do Islã) e o segundo mais velho dos irmãos. Ele era o único membro da família com um poucobet 3.65educação e um emprego regular remunerado. Antes da revolução, ele havia trabalhado como motorista para uma empresabet 3.65petróleo. Frugal e calmo, ele geralmente usava uma vestimenta salafista tradicional.

"Geralmente,bet 3.65famíliasbet 3.65gangsters, a pessoa no alto da hierarquia não é particularmente assustadora ou até carismática", diz Jalel Harchaoui. "No topo, você geralmente encontra a pessoa que é capazbet 3.65entender todos os complicados esquemas necessários para fazer toda a pirâmide funcionar. E esse foi o casobet 3.65Mohammed."

Abaixo dele, Abdul-Rahim,bet 3.65cabeça raspada, era o encarregado da "segurança interna", lidando com qualquer suspeitobet 3.65traição, enquanto Mohsen era o "ministro da Defesa", encarregado da milícia Kani.

"Abdul-Rahim era o assassino número um. Depois dele, Mohsen", lembra Hamza Dila'ab. Ele diz que ele, e muitos outros que fugirambet 3.65Tarhuna, informaram sucessivos governosbet 3.65Trípoli sobre os assassinatos, "mas infelizmente esses governos simplesmente ignoraram todos os crimes dos Kani, porque a milícia dos Kani foi útil para eles".

Em 2017, os irmãos promoveram um desfile militar incluindo armamento pesado, fileirasbet 3.65policiais uniformizados — e leões. Eles eram propriedades pessoais dos irmãos e dizia-se que foram alimentados com a carnebet 3.65algumas das vítimas da família.

Jábet 3.652019, os Kani mudarambet 3.65lado decisivamente na guerra civil. Abandonandobet 3.65aliança com o GNA, que controlava o oeste da Líbia, eles convidaram seu maior inimigo, o general Khalifa Haftar, mestre da metade oriental do país, a usarbet 3.65cidade como plataformabet 3.65lançamento para atacar a capital.

De repente, a minúscula Tarhuna se tornou campobet 3.65batalhabet 3.65uma luta internacional. Haftar foi apoiado por uma estranha aliançabet 3.65França, Egito, Emirados Árabes Unidos — e Rússia, que enviou pessoas para a cidade dos Kani. Contra eles, a Turquia despejou armas para apoiar o governobet 3.65Trípoli. E provavelmente foi um drone turco que matou Mohsen al-Kani e o irmão mais novo, Abdul-Adhim,bet 3.6522 anos,bet 3.65setembrobet 3.652019.

Suas mortes e o fracassobet 3.65tomar Trípoli desencadearam o período mais sangrento que Tarhuna conheceu. "Os assassinatos tiveram que ser cometidos com mais frequência porque as coisas não estavam funcionando", disse Jalel Harchaoui. "Como você garante quebet 3.65população não conspire com o inimigo? A família Kani teve que se tornar cada vez mais paranóica."

Mas também houve assassinatos aparentemente motivados pela necessidade dos Kani por equipamentos para continuar a guerra.

Certo dia,bet 3.65dezembrobet 3.652019, a donabet 3.65casa Rabia Jaballah viu seu primo Tareq morto a tiros embet 3.65porta pelos milicianos Kani. Eles roubarambet 3.65picape 4x4. No dia seguinte, enquanto ele estava sendo enterrado, a polícia invadiu o cemitério, sequestrando 10 homens da família, incluindo o marido dela. Eles estavam com a picapebet 3.65Tareq, agora com um lançadorbet 3.65granadas montado nele. De repente, ela entendeu o motivo do ataque: "Nós da família Jaballah ganhamos a vida com um negóciobet 3.65automóveis, principalmente 4x4. Então, eles nos atacaram para nos roubar, para usar nossos veículos na guerra."

Combatentes pró-governo finalmente capturaram Tarhuna no iníciobet 3.65junhobet 3.652020, e os irmãos Kani restantes ebet 3.65milícia fugiram com as forçasbet 3.65Haftar para o leste da Líbia.

"Tínhamos tanta esperança, não dormimos naquela noite, as crianças estavam felizes", disse Rabia Jaballah.

Na manhã seguinte, ela e muitos outros cujos maridos, irmãos ou filhos haviam sido sequestrados, correram para os famosos centrosbet 3.65detenção dos Kanibet 3.65busca deles. Em uma prisão, para seu horror, eles encontraram uma fileirabet 3.65celasbet 3.6570 cm por 70 cm, pequenas até para ficar sentado. Havia roupas descartadas, mas a prisão estava vazia.

"Isso destruiu completamente nossa esperança", diz Rabia. "As paredes estavam cobertasbet 3.65sangue. Eu não aguentava mais. Tive um colapso total."

Daniel Hilton, do Middle East Eye, um dos poucos repórteres estrangeiros a visitar Tarhuna desde a derrota dos Kani, fez outras descobertas perturbadoras.

"Acima das celas havia montesbet 3.65cinzasbet 3.65fogueiras que as pessoas que mantinham esses presos acendiam para transformar as celasbet 3.65fornos, como formabet 3.65tortura", diz ele. No chãobet 3.65outra prisão, ele encontrou sapatinhosbet 3.65cores brilhantes, pertencentes a crianças que agora se acredita estarem mortas ou desaparecidas.

Kamal Abubakr, chefe da Autoridade para a Busca e Identificaçãobet 3.65Pessoas Desaparecidas do GNA, disse que maisbet 3.65350 pessoasbet 3.65Tarhuna estão registradas como desaparecidas, embora alguns moradores digam que o número real está pertobet 3.65mil.

Até agora, poucos dos corpos encontradosbet 3.65valas comuns foram identificados, pois o trabalhobet 3.65correspondênciabet 3.65DNA está apenas começando. Mas o Dr. Abubakr diz que os enterros descobertos até agora são mais chocantes do que quaisquer outros encontrados na Líbia desde o início do conflitobet 3.652011.

"Esta é a primeira vez que encontramos mulheresbet 3.65valas comuns ou crianças. Também encontramos um corpo enterrado com equipamentos médicos, uma máscarabet 3.65oxigênio e tubos intravenosos... um homem vivo retirado do hospital e enterrado. Isso é um choque para nós também."

O governobet 3.65Trípoli diz que está investigando a responsabilidade pelas mortes, embora Hanan Salah, pesquisadora sênior da Líbia da Human Rights Watch, diga que o governo anunciou muitas investigações desdebet 3.65formaçãobet 3.652015 e ainda não houve uma única concluída.

"As autoridades deveriam agirbet 3.65relação à descobertabet 3.65valas comuns tomando as medidas adequadas para identificar os corpos e levando os responsáveis ​​pelos abusos à justiça", disse ela.

Ecoando Hamza Dila'ab, Hanan Salah sugere que o GNA, que foi aliado dos Kani por vários anos, "possivelmente fez vista grossa a algumas dessas alegações muito sérias, o que significa que a liderança sênior do GNA, não apenas os oficiais militares, mas também autoridades, podem ser responsáveis ​​por violações muito graves".

Pedidos persistentes da BBC para uma entrevista com um funcionário do governo que responderia a esta acusação não foram atendidos.

Enquanto isso, o Tribunal Penal Internacional abriu um inquérito sobre os assassinatosbet 3.65Tarhuna e Mohammed al-Kani foi incluído na listabet 3.65sanções do governo dos Estados Unidos. Mas, sob a proteção do general Haftar, ele e seus irmãos provavelmente não enfrentarão a justiça tão cedo.

Em Tarhuna, há pedidosbet 3.65vingança, e Wadah al-Keesh, o jovem escavadorbet 3.65túmulos, teme pelo futuro. "O povobet 3.65Tarhuna acababet 3.65ser libertadobet 3.65uma milícia para outra. O governo é apenas o rosto, as milícias controlam o terreno", afirma. "E eles simplesmente fazem suas coisas, o que é aterrorizante para as pessoas."

No entanto, no enterrobet 3.65um homem encontradobet 3.65uma vala comum, Said Mesbah al-Shoshi, Wadah ouviu um discurso do irmão da vítima que lhe pareceu um pequeno raiobet 3.65luzbet 3.65uma cidade trágica.

"Ele disse: 'Meu irmão não se entregou a nenhum tipobet 3.65causa. A causa do meu irmão era apenas viver e viver para seus filhos. Não temos nada a ver com esta guerra. Então, se alguém alegar que pessoas morreram por uma causa, descarte isso, porque eles querem apenas usar a mortebet 3.65outrosbet 3.65seu benefício. Queremos acabar com o círculobet 3.65vingança, porque é um desastre para este país. '

"E quando ouvi isso, estava prestes a chorar, na verdade. Foi maravilhoso,bet 3.65certa forma."