ReconhecimentoJerusalém como capitalIsrael por Trump é criticado até mesmo por aliados dos EUA:
O presidente americano, Donald Trump, decidiu reconhecer Jerusalém como a capitalIsrael e iniciar o processotransferência da embaixada dos Estados Unidos da cidadeTel Aviv para lá, segundo disseram membros daadministração. Um anúncio oficial pode ocorrerbreve.
A decisão é polêmica e provocou reações negativas inclusivepaíses aliados dos EUA no Oriente Médio, como a Arábia Saudita e o Egito. Até mesmo o papa Francisco se manifestou pedindo que o status atual seja mantido.
O reconhecimento agrada a Israel, mas líderes árabes e palestinos alertaram que causará prejuízos no processopaz.
Jerusalém abriga vários sítios sagrados não apenas para o Judaísmo, mas também para o Islã e o Cristianismo. Enquanto Israel considera a cidade comocapital, os palestinos dizem que Jerusalém será a capital do futuro Estado Palestino.
Justamente para garantir a eficácia dos diálogospaz no Oriente Médio é que a comunidade internacional nunca reconheceu a soberaniaIsrael sobre a cidade. As embaixadas, por exemplo, estão todas localizadasTel Aviv.
'Ameaça à paz'
Aliada dos Estados Unidos, a Arábia Saudita classificou a decisãoTrumpuma "flagrante provocação aos muçulmanostodo o mundo".
O representante dos palestinos no Reino Unido, Manuel Hassassian, disse à BBC que a medida será o "beijo da morte" nas negociaçõespaz baseadas no reconhecimentodois Estados (um israelense, que já existe, e um palestino, que ainda não foi criado, embora seja uma demanda histórica do mundo islâmico).
O Egito, outro aliado dos EUA, também se opôs à decisão. O presidente, Abdul Fattah al-Sisi, fez um apelo para que Trump "não complique a situação na região".
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, infirmou que o país pode vir a cortar laços com Israel. O rei da Jordânia, Abdullah 2º, disse porvez que a decisão do presidente americano "prejudicará os esforços para a retomada do processopaz".
O líder do Hamas, Ismail Haniya, convocou a comunidade muçulmana a fazer protestos na sexta. Já a China alertou para uma escalada da tensão no Oriente Médio.
A preocupação com a desestabilização da região chegou também ao Vaticano. O papa Francisco pediu que o "status quo" seja respeitado e destacou que o diálogo só irá prosperar "com o reconhecimento dos direitostodos os povos da região".
Na comunidade europeia, a decisão também foi mal recebida. A encarregadapolítica externa da União Europeia, Federica Mogherini, disse que qualquer ação que possa prejudicar um eventual acordopaz entre israelenses e palestinos "deve ser absolutamente evitada".
O secretárioRelações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, disse ver a notícia sobre a decisãoTrump "com preocupação".
O presidente da França, Emmanuel Macron, teria alertado a Trump, por telefone, que reconhecer Jerusalém como capitalIsrael seria má ideia - e que a questão deve ser resolvida por meionegociações entre israelenses e palestinos.
Já o ministro da EducaçãoIsrael, Naftali Bennett, pediu que outros países sigam o exemploWashington. "Jerusalém sempre foi e sempre será a nossa eterna capital."
Por que tanta polêmica?
No conflito entre Israel e palestinos, o status diplomáticoJerusalém, cidade que abriga locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, é uma das questões mais polêmicas e ponto crucial nas negociaçõespaz.
Israel considera Jerusalémcapital eterna e indivisível. Mas os palestinos reivindicam parte da cidade (Jerusalém Oriental) como capitalseu futuro Estado.
A posição da maior parte da comunidade internacional, e dos Estados Unidos até então, é aque a situaçãoJerusalém deve ser decididanegociaçõespaz. Os países mantêm suas embaixadasTel Aviv, a capital comercialIsrael.
Em 1947, quando a Assembleia Geral da ONU decidiu pelo planopartilha da Palestina entre um Estado árabe e outro judeu, Jerusalém foi designada como "corpus separatum" (corpo separado), sob controle internacional. O plano, porém, não chegou a ser implementado.
Em 1948 foi declarada a Independência do EstadoIsrael e, logoseguida, a guerra árabe-israelense. Ao final daquele conflito, Jerusalém foi dividida, com a parte ocidental sob controleIsrael e a parte oriental controlada pela Jordânia.
Em 1967, Israel capturou a parte oriental da cidade e, desde então, vem construindo assentamentosJerusalém Oriental. Esses assentamentos são considerados ilegais pela comunidade internacional, posição que é contestada pelo governo israelense.
"O reconhecimentoJerusalém como capitalIsrael seria uma mudança na política adotada pelos Estados Unidos desde a criação do planopartilha pela Assembleia Geral da ONU", explica o especialistaOriente Médio Fayez Hammad.
"Desde a criação do EstadoIsrael no ano seguinte, os Estados Unidos nunca reconheceram a soberaniaIsraelJerusalém Ocidental ou da JordâniaJerusalém Oriental (até 1967)", ressalta Hammad.