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Quanto da riqueza mundial está escondidaapostas ganha betparaísos fiscais:apostas ganha bet
Já está entediado ou confuso? Essa é justamente a ideia.
O sucessoapostas ganha betparaísos fiscais dependeapostas ganha betsua capacidadeapostas ganha betao menos dificultar a compreensão do fluxoapostas ganha betdinheiro e, nos casos mais graves, impossibilitá-lo.
Técnicasapostas ganha betcontabilidade que dão dorapostas ganha betcabeça sóapostas ganha betpensar nelas permitem que multinacionais como Google, eBay e Ikea minimizem os impostos devidos -apostas ganha betforma totalmente legal.
É fácil entender por que isso deixa as pessoas com raiva. Impostos são uma espécieapostas ganha betmensalidadeapostas ganha betum clube: parece errado evitar seu pagamento e se beneficiar dos serviços oferecidos aos associados - no casoapostas ganha betum país, Estado ou cidade, estamos falandoapostas ganha betsegurança, estradas, esgotos, educação e assim por diante.
Mas os paraísos fiscais nem sempre tiveram uma reputação tão ruim. Eles já funcionaram como locais seguros para minorias escaparemapostas ganha betregimes autoritários. Na Alemanha nazista, por exemplo, judeus contaram com a ajudaapostas ganha betbanqueiros suíços para esconder seu dinheiro.
Evitar x evadir
Infelizmente, os bancos da Suíça logo desfizeram essa boa imagem ao mostrar que estavam igualmente dispostos a ajudar nazistas a esconderem bens que roubaram e relutantesapostas ganha betdevolvê-los a seus donos originais.
Hojeapostas ganha betdia, paraísos fiscais são polêmicos por duas razões: a evasão fiscal, que usa meios ilícitos para evitar o pagamentoapostas ganha betimpostos, e a elisão fiscal, que explora brechas na lei para evitar o pagamentoapostas ganha betimpostosapostas ganha betforma legal.
As leis valem para todos: pequenos negócios e até mesmo pessoas comuns poderiam criar sistemas internacionais para tirar proveitoapostas ganha betdiferentes legislações. Só que eles não faturam o suficiente para justificar o que teriamapostas ganha betpagar a contadores por esse tipoapostas ganha betserviço.
Se cidadãos comuns quisessem reduzirapostas ganha betcontaapostas ganha betimpostos, suas opções estariam limitadas a diferentes formasapostas ganha betcrimeapostas ganha betevasão fiscal: fraudes sobre os valores devidos, transaçõesapostas ganha betdinheiro vivo não declaradas ou até mesmo passar pela Receita Federal no aeroporto sem declarar os produtos que superam o valor permitido para compras no exterior.
Segredo
Autoridades fiscais apontam que grande parte da evasão fiscal derivaapostas ganha betincontáveis - e modestas - infrações, e nãoapostas ganha betricos e milionários encondendo seu dinheiro com a ajudaapostas ganha betbanqueiros escusos. Mas é difícil ter certeza. Afinal, se fosse possível medir o problemaapostas ganha betforma precisa, ele sequer existiria.
Talvez não seja surpreendente que o sigilo bancário tenha começado na Suíça: as primeiras regulamentações que limitam a capacidadeapostas ganha betum banco compartilhar informações sobre seus clientes foram aprovadasapostas ganha bet1713apostas ganha betGenebra.
O segredoapostas ganha bettornoapostas ganha betoperações ganhou força nos anos 1920, quando muitos países europeus elevaram impostos para pagar dívidas contraídas na Primeira Guerra Mundial - e muitos cidadãos ricos buscaram formasapostas ganha betesconder seu dinheiro.
Ao perceber que isso favoreciaapostas ganha beteconomia,apostas ganha bet1934, a Suíça tornou crime que banqueiros divulgassem informações financeiras.
O eufemismo para paraísos fiscais é offshore - termo usado para contas e empresas mantidas no exterior. Gradualmente, paraísos fiscais surgiramapostas ganha betpequenas ilhas como Jersey, Malta e no Caribe.
Há uma razão lógica para isso: indústria e agricultura não são exatamente atividades que costumam prosperarapostas ganha betuma pequena ilha, então serviços financeiros tornam-se uma alternativa óbvia.
Mas a real explicação é histórica: o desmantelamentoapostas ganha betimpérios europeus nas décadas após a Segunda Guerra Mundial.
Por não querer darapostas ganha betforma clara subsídios às Bermudas ou às Ilhas Virgens, o Reino Unido encorajou esse países, por exemplo, a desenvolverem expertiseapostas ganha betserviços relacionados aos da Cityapostas ganha betLondres, como é chamado o centro financeiro da capital britânica. Assim, o subsídio ocorreuapostas ganha betforma indireta, por meioapostas ganha betreceitas financeiras movimentadas nessas ilhas.
Lacuna
O economista Gabriel Zucman teve uma ideia engenhosa para estimar a riqueza que está escondida no sistema bancárioapostas ganha betparaísos fiscais.
Em teoria, se forem somados os ativos (bens) e passivos (obrigações devidas) informados por todos os centros financeiros globais, as contas devem ficarapostas ganha betequilíbrio, mas isso não acontece. Cada um desses centros tende a informar individualmente mais passivos do que ativos.
Zucman analisou os números e descobriu que, globalmente, os passivos superavamapostas ganha bet8% os ativos. Isso sugere que ao menos esse percentual da riqueza global não é declarada. Outros métodos aplicados para fazer esse cálculo chegam a somas ainda maiores.
O problema é particularmente graveapostas ganha betpaísesapostas ganha betdesenvolvimento. Por exemplo, Zucman estima que 30% da riqueza da África esteja escondidaapostas ganha betparaísos fiscais. Ele calculaapostas ganha betUS$ 14 bilhões (R$ 43,8 bilhões) o prejuízo anual na arrecadaçãoapostas ganha betimpostos. Isso seria suficiente para construir muitos hospitais e escolas.
A soluçãoapostas ganha betZucman é a transparência: criar um registro globalapostas ganha betquem é dono do quê e dar fim ao sigilo e ao anonimato bancário que protegem empresas e fundos.
Isso pode ajudar com a evasão fiscal, mas a elisão fiscal é um assunto bem mais complexo e repletoapostas ganha betsutilezas. Para entender por quê, imagine que eu seja donoapostas ganha betuma padaria na Bélgica,apostas ganha betuma fábricaapostas ganha betlaticínios na Dinamarca eapostas ganha betuma lojaapostas ganha betsanduíches na Eslovênia.
Se eu vendo um sanduicheapostas ganha betqueijo e ganho 1 euroapostas ganha betlucro, quanto desse valor deve ser taxado na Eslovênia, onde vendi sanduíche, na Dinamarca, onde o queijo foi produzido, e na Bélgica, onde assei o pão? Não há uma resposta simples.
Truques
Nos anos 1920, conforme os impostos aumentavam enquanto o mundo se globalizava, a Liga das Nações (antecessora da ONU) criou protocolos para lidar com essas questões.
Eles permitem que empresas tenham alguma flexibilidade escolher onde registram seus lucros. Há argumentosapostas ganha betprol desse sistema, mas ele também possibilita alguns truques contábeis duvidosos.
Há um exemplo apócrifo muito mencionado que ilustra bem os extremos lógicos dessa prática: uma empresaapostas ganha betTrinidad e Tobago supostamente vende canetas esferográficas para uma empresa-irmã por US$ 8,5 mil cada uma, resultandoapostas ganha betmais lucros sendo contabilizadosapostas ganha betTrinidad, onde se paga menos impostos, e menosapostas ganha betlocais onde as taxas são mais elevadas.
A maioria dos truques do tipo são menos óbvios e, por isso, mais difíceisapostas ganha betquantificar. Ainda assim, Zucman estima que 55% dos lucrosapostas ganha betempresas americanas passem por paraísos fiscais, como Luxemburgo e Bermudas, o que gera prejuízosapostas ganha betUS$ 130 bilhões para o contribuinte.
Outra estimativa aponta que as perdasapostas ganha betarrecadaçãoapostas ganha betpaísesapostas ganha betdesenvolvimento superemapostas ganha betmuito o volumeapostas ganha betdinheiro enviado como ajuda humanitária a essas nações.
Há soluções possíveis: os lucros poderiam ser taxados globalmente, com governos criando formasapostas ganha betdeterminar qual proporção dos impostos devidos deve ser paga a cada país.
Vontade política
Uma fórmula similar existe para determinar a parte dos lucros devida por empresas americanas a cada unidade da federação dos Estados Unidos.
Mas isso dependeapostas ganha betvontade política para lidar com os paraísos fiscais. E, ainda queapostas ganha betanos recentes tenham surgido algumas iniciativas neste sentido, especialmente por meio da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), elas geraram pouco impacto.
Talvez não seja uma surpresa, dados os incentivos envolvidos. Pessoas inteligentes podem faturar mais explorando brechas do que tentando acabar com elas.
Governos têm incentivos para competir entre si ao oferecer menos impostos, porque receber uma pequena parteapostas ganha betum valor é melhor do que uma parte maiorapostas ganha betnada.
Para ilhas pequenas, pode inclusive fazer sentido isentarapostas ganha betimpostos, já que a economia local será beneficiada pelo impulso a seus mercadosapostas ganha betadvocacia e contabilidade.
O maior problema talvez seja que os paraísos fiscais se beneficiam principalmente da elite financeira, incluindo alguns políticos e seus doadoresapostas ganha betcampanhas. Enquanto isso, a pressãoapostas ganha beteleitores por medidas contra esses esquemas é limitada pela natureza confusa do problema.
Vai um sanduíche aí?
*Tim Harford é colunista do Financial Times e apresenta o podcats "50 Things That Made The Modern Economy" ("50 Coisas que Criaram a Economia Moderna"), do Serviço Mundial da BBC.
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