As descobertas sobre origem e história dos povos indígenas da América do Sul reveladas pela genética:cbet 3bet

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Legenda da foto, Algumas populações indígenas brasileiras podem ter realizado 'a maior migração da história da humanidade', apontam pesquisas

Nos últimos anos, a equipe coordenada pela geneticista Tábita Hünemeier publicou pelo menos três trabalhos que modificaram o que se sabia sobre as populações que já habitavam o continente bem antes da chegada dos europeus nos séculos 15 e 16.

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FIFA 23 Não Incluirá times da J1 League e Paul Pogba Recebe Suspensão cbet 3bet Quatro Anos

A FIFA 23, o jogo cbet 3bet futebol mais esperado do ano, não terá as equipes da J1 League, devido ao encerramento da parceria cbet 3bet seis anos entre a EA e a J. League.

Além disso, a estrela da Juventus e da seleção francesa, Paul Pogba, recebeu uma suspensão cbet 3bet quatro anos por um caso cbet 3bet doping.

  • FIFA 23 não inclui as equipes da J1 League
    • Parceria entre a EA e a J. League chegou ao fim.
  • Paul Pogba suspenso por quatro anos
    • Testou positivo para testosterona
    • Proibida pela anti-dopagem da Itália

A notícia da exclusão da J1 League foi um choque para os fãs e jogadores, pois essa importante liga asiática nunca havia sido deixada cbet 3bet fora cbet 3bet um título da FIFA antes.

Além do mais, a suspensão do meia francês Paul Pogba por quatro anos por doping é uma outra fatalidade para a FIFA 23. Segundo o portal Sportstar, o atleta testou positivo para a proibida testosterona cbet 3bet {k0} setembro cbet 3bet 2024 during an anti-doping test cbet 3bet acordo.

Após a confirmação do Tribunal Nacional Antidoping Italiano (NADO Italia), Pogba é agora inelegível para disputar jogos oficiais até setembro cbet 3bet 2026.

O francês, por sua vez, anunciou planos para apelar da decisão afirmando que está muito surpreso e frustrado com essa notícia.

Mesmo com essas más notícias, a FIFA 23 continua sendo um dos jogos mais aguardados do ano, graças à sua engajante jogabilidade, gráficos realistas e modos divertidos y excitantes.

Em resumo, a FIFA 23 terá uma série cbet 3bet ausências, das equipes da J1 League à estrelas do futebol como Paul Pogba.

Entretanto, com sua inegável qualidade e diversão, o jogo provavelmente sempre será um sucesso entre os fãs cbet 3bet futebol e jogos eletrônicos.

Fim do Matérias recomendadas

"Graças à genética e à capacidadecbet 3betprocessamentocbet 3betdados pelos computadores, conseguimos hoje estudar essas populaçõescbet 3betuma maneira muito mais profunda. A partir disso, detectamos mutações e traçamos a história desses indivíduos", resume Hünemeier.

"Saber tudo isso é muito importante, porque temos praticamente um apagão da história indígena brasileira. Nas escolas, o estudo da época pré-colombiana não é obrigatório e, mesmo quando existem aulas sobre o tema, elas focamcbet 3betforma superficial apenas nos incas, nos maias e nos astecas."

"O DNA talvez seja a única maneiracbet 3betreconstruir a história dessas populações", completa.

Conheça a seguir as principais descobertas sobre o passado dos povos indígenas do Brasil e da América do Sul até agora — e o que ainda falta descobrir.

Os primeiros humanos nas Américas

Nas aulascbet 3betHistória na escola, aprendemos que a chegada dos primeiros indivíduos às Américas se deu pelo Estreitocbet 3betBering, um canalcbet 3betgelo e terra firme que conectou a Sibéria, na Rússia, ao Alasca, nos Estados Unidos.

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Legenda da foto, O estreitocbet 3betBering conectou a Sibéria (esq.) com o Alasca (dir.) e serviu como portacbet 3betentrada dos seres humanos nas Américas há cercacbet 3bet15 mil anos

E esse trajeto continua a ser encarado como a principal — e talvez a única — portacbet 3betentrada para o continente. A partir dali, os grupos "desceram" até chegar à Patagônia, ao sul.

"Mas nossos trabalhos mostram que o povoamento das Américas é muito mais complexo do que se imaginava", aponta Hünemeier.

Um dos conceitos que caiu por terra a partir das pesquisas da USP é a ideiacbet 3betuma entrada única — ou seja, a teoriacbet 3betque houve apenas uma incursãocbet 3betseres humanos pelo novo território, que deu origem a todas as populações ameríndias dalicbet 3betdiante.

"Hojecbet 3betdia, vemos que foram vários fluxos migratórios. As populações vieram da Ásia e chegaram nessa região conhecida como Beríngia, que se conectava com as Américas. Mas elas permaneceram ali por cercacbet 3bet10 mil anos", calcula a pesquisadora.

Depois, com a mudança nas condições climáticas locais — como a inundação desses territórios —, essas populações tiveram que sair da Beríngia e foramcbet 3betdireção ao que conhecemos hoje como Alasca e Canadá.

Outra vantagem dessa mudançacbet 3betterritório pode ter sido a maior quantidadecbet 3betrecursoscbet 3betterras americanas. Embora a porção norte do continente seja tão fria quanto a Sibéria, ela apresenta uma umidade maior, o que facilita o desenvolvimento da fauna, com mais possibilidadecbet 3betcaça e alimentos.

"Também vimos que essas ondas migratórias da Beríngia não aconteceram todas ao mesmo tempo. Elas ocorreramcbet 3betlevas, e grupos foram chegando aos poucos às Américas", explica Hünemeier.

Outra descoberta interessante das pesquisas foi acbet 3betque algumas populações nativas da América do Sul, como os suruí, os karitiana, os xavante e os guarani-kaiowá, no Brasil, e os chotuna, no Peru, ainda trazem no genoma uma pequena, mas estável semelhança com povos da Austrália e da Oceania.

Segundo o trabalho, eles compartilham 3% do genoma.

Isso indica, segundo Hünemeier, que esses indivíduos seriam descendentescbet 3betuma daquelas primeiras levas que cruzaram a Beríngia há cercacbet 3bet15 mil anos.

Esse grupo antepassado é conhecido entre os cientistas como população Y (a letra inicialcbet 3betypykuéra, ou "ancestral"cbet 3bettupi).

Que fique claro: não há nenhuma evidênciacbet 3betque povos da Oceania cruzaram o Pacífico e chegaram diretamente à América do Sul. O que muito provavelmente aconteceu, segundo os dados mais recentes, foi a migração deles para a Ásia e depois para a Beríngia.

Ali, eles se relacionaram com as populações que já habitavam o local — e uma fração do DNA desses indivíduos se preservou até hoje.

A (intensa) troca entre povos andinos e amazônicos

O biólogo Marcos Araújo Castro e Silva, que faz parte da equipecbet 3betHünemeier, explica que, durante muito tempo, acreditava-se que as dinâmicas populacionais eram muito diferentes na América do Sul.

"Por um lado, teríamos grandes populações conectadas nos Andes, que teriam dado origem a impérios, como os incas. Do outro, acreditava-se que os povos da Amazônia eram pequenos e isolados", contextualiza.

Em tese, essa teoria poderia ser explicada pelo DNA. Se isso fossecbet 3betfato verdade, a tendência era que a diversidade genética dos andinos fosse vasta — já que eles estariamcbet 3betmaior número e com comunidades conectadas —, enquanto os amazônicos teriam uma menor variabilidade genômica — porque seriam poucos e sem muita relação entre os grupos.

"Só que não foi isso o que vimos na prática. Com base na diversidade genética que encontramos entre os habitantes da Amazônia, podemos inferir que existiam grandes populações ali, com milhõescbet 3betindivíduos", pontua Castro e Silva.

Esse achado, aliás, vai ao encontro do que é observadocbet 3betoutras áreas do conhecimento. Em trabalhos publicados recentemente pelo arqueólogo Eduardo Góes Neves, também da USP, há estimativascbet 3betque a Amazônia teria abrigado entre 8 e 10 milhõescbet 3betpessoas no passado, antes da chegada dos europeus.

Outro mito que cai por terra a partir das últimas pesquisas é a chamada "divisão Andes-Amazônia". Segundo essa noção, existiria uma pretensa separação entre os povos que habitavam essas duas regiões,cbet 3betmodo que eles não se relacionavam.

"As análises genéticas revelam que isso não acontecia, e essas populações tiveram trocas e contatos", afirma Hünemeier.

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Legenda da foto, Antes, acreditava-se que os povos que habitavam os Andes (esq.) não mantinham relações com as comunidades das terras baixas da Amazônia (dir.)

A grande expansão Tupi

"A expansão tupi é uma das maiores migrações da história da humanidade", diz a geneticista.

"Em resumo, eles saíram do noroeste da Amazônia e andaram maiscbet 3bet4 mil quilômetros para vários cantos da América do Sul. E isso tudo aconteceucbet 3betcercacbet 3betmil anos."

De acordo com as pesquisas, essas populações tupi estavamcbet 3betfranco crescimento e foram margeando os rios ou a costa litorânea,cbet 3betbuscacbet 3betterras férteis para a agricultura.

Esse fenômeno começou mais ou menos há 2,1 mil anos e teria atingido o seu pico no ano 1000, quando a população tupi teriacbet 3bet4 milhões a 5 milhõescbet 3betindivíduos.

"Antes, acreditava-se que essa onda migratória tinha acontecido por uma rota só", diz Hünemeier.

Os trabalhos da USP mostram que a expansão se iniciou no noroeste amazônico e, já na origem, se desmembroucbet 3bettrês ramos principais.

A primeira parte seguiu até a Ilhacbet 3betMarajó, no Pará, e desceu pela costa do Atlântico até o litoral sulcbet 3betSão Paulo — no caminho, deu origem aos tupinambá, tupiniquim e tamoios, grupos que se tornaram os senhores da costa litorânea e fizeram os primeiros contatos com os portugueses.

"Um segundo grupo foicbet 3betdireção ao sul, na borda da Bolívia e Paraguai, e deu origem aos Guarani. O terceiro, porcbet 3betvez, seguiu para o oeste, na região da fronteira entre Brasil e Peru", completa.

A pesquisadora entende que esse é um feito notável, já que falamoscbet 3betuma sociedade que não tinha acesso a metalurgia ou exércitos organizados.

"Os tupis se locomoveramcbet 3betgrupos grandes e, conforme encontravam outros indivíduos, lutavam ou desviavam o caminho", explica.

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Legenda da foto, Os tupi saíram do noroeste da Amazônia e se expandiram por praticamente todo o Brasil

Uma evidência dessa "dominação" vem da Amazônia peruana: lá, é possível encontrar o povo kokama, que há gerações fala tupi.

Mas a análise do DNAcbet 3betintegrantes dessa população mostra que eles são muito mais semelhantes geneticamente aos chamicuro, que são seus vizinhos e falam a língua arawak.

"Ou seja, eles adotaram a língua tupi, mas, geneticamente, são mais próximoscbet 3betoutro povo", explica Hünemeier.

"Essa pode ter sido uma assimilação cultural que ocorreu a partir da expansão tupi, e corrobora algo que já foi sugerido por estudoscbet 3betoutras áreas."

A ascensão tupi foi seguida por uma queda vertiginosa.

"Tivemos o crescimento dessa população até chegar aos 5 milhõescbet 3betindivíduos. Porém, um pouco antes da chegada dos portugueses, ela entracbet 3betdeclínio", observa.

Ainda não se sabe muito bem os motivos disso — as principais suspeitas são mudanças climáticas ou uma tensão populacional por recursos cada vez mais escassos.

"Quando os europeus se instalam, então, acontece um desastre. A partir dali, estimamos uma reduçãocbet 3bet98% na população tupi, números semelhantes ao que foi observado entre os povos que habitavam o México e a América Central", calcula Hünemeier.

Os tupiniquim estão entre nós

Para fechar a listacbet 3betdescobertas, o grupo da USP conseguiu restaurar por meio da genética a história e a origem dos tupiniquim.

Hünemeier conta que essa população era considerada completamente desaparecida.

"Eles não estão no censo do IBGE e eram declarados extintos desde o século 19", diz ela.

Mesmo assim, alguns moradorescbet 3betAracruz, no Espírito Santo, sempre declararam pertencer à etnia tupiniquim.

A análise genética feita pelo grupo da USP mostrou que,cbet 3betfato, os tupiniquim nunca foram extintos, e os genes deles estão presentes nesses indivíduos até hoje.

"Eles nos disseram que sempre lutaram muito para que fossem ouvidos. É claro que nós nunca duvidamos — se eles se consideram tupiniquins, são tupiniquins —, mas agora há um dado que corrobora e dá força ao que sempre defenderam", destaca a geneticista.

Com isso, os indígenas tupiniquimcbet 3betAracruz se juntam aos tupinambá da Bahia e aos potiguara da Paraíba como os últimos remanescentes dos povos tupi que ocupavam o litoral na época das grandes navegações europeias.

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Legenda da foto, Genética está ajudando a desvendar o passado da migração pelas Américas

Ela conta que, depoiscbet 3betconcluir o estudo, a equipecbet 3betcientistas foi mostrar os resultados aos participantes.

"Daí, nós contamos que eles tinham vindo do norte, e não a partir dos guarani do sul, que chegaram a ser uma populaçãocbet 3bet100 mil pessoas e, hoje, são cercacbet 3bet3 mil", afirma.

"E foi interessante ver os caciques dizendo que já sabiam daquilo tudo. Porque eles têm muito forte as questões da ancestralidade e da transmissão do conhecimentocbet 3betgeraçãocbet 3betgeração", complementa.

Muito trabalho pela frente

Mas como é possível descobrir tanta coisa sobre o passado?

Castro e Silva explica que nosso DNA é formado por 3 bilhõescbet 3betletrinhas (ou parescbet 3betbases nitrogenadas, no jargão científico). Elas formam o genoma e definem basicamente todas as nossas características físicas e condiçõescbet 3betsaúde.

"Dessas 3 bilhões, 99,9% são idênticascbet 3bettodos os seres humanos. Mas há 0,1% que variacbet 3betpessoa para pessoa", calcula o cientista.

Esse 0,1% pode até parecer pouco, mas,cbet 3betum universocbet 3bet3 bilhõescbet 3betbases nitrogenadas, representa um espaço para 3 milhõescbet 3bet"letrinhas" diferentes.

"Ao comparar isso, conseguimos inferir qual a relação entre dois indivíduos,cbet 3betacordo com as mutações compartilhadas ou não entre eles", diz o geneticista.

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Legenda da foto, Ilustraçãocbet 3bet1888 retrata algumas das etnias das Américas

Ao coletar amostrascbet 3betDNA no sangue e na saliva das populações indígenas, os cientistas usam equipamentos para fazer o sequenciamento genético. Depois, todas essas informações são comparadas e classificadas por computadores muito potentes.

E, embora o esforçocbet 3betpesquisa já tenha encontrado algumas peças deste enorme quebra-cabeça, o trabalho está apenas começando.

"Queremos montar uma espéciecbet 3betfotografiacbet 3betcomo era o Brasilcbet 3bet1499, antes da chegada dos portugueses. A partir daí, poderemos voltar ou avançar no tempo para entender as dinâmicas populacionais e migratórias", avalia Hünemeier.

"Os indígenas são a população menos estudada do pontocbet 3betvista genético, então, precisamos fazer praticamente tudo desde o início", pondera.

E, considerando as características da América do Sul, a genética talvez seja a mais poderosa ferramenta para reconstituir esse passado remoto.

"Na maioria das vezes, não encontramos registros por escrito, e o próprio clima dessa região dificulta a preservaçãocbet 3betesqueletoscbet 3betseres humanos ou animais", complementa Castro e Silva.

"É claro que não andamos sozinhos e precisamos da antropologia, da arqueologia e da história, entre outras disciplinas", acrescenta Hünemeier.

"Mas não há dúvidascbet 3betque estamos diantecbet 3betum trabalho imenso, para o qual ainda temos mais perguntas do que respostas", conclui.

- Este texto foi publicado emhttp://vesser.net/geral-64309059