Montagem com gravuras que representam diferentes personagens e povos que habitavam a América no final do século 15

Como realmente era a América antes da chegada25 free bet bonusColombo?:25 free bet bonus

Quando Cristóvão Colombo chegou ao outro lado do Atlântico25 free bet bonus1225 free bet bonusoutubro25 free bet bonus1492, o “novo mundo” era um lugar complexo, diverso e fascinante.

Ao contrário do que fizeram parecer muitos relatos25 free bet bonuseuropeus na época, o continente era muito povoado e abrigava sociedades dinâmicas, cuja sofisticação,25 free bet bonusmuitos casos, não tinha paralelo na Europa.

Nas Américas viviam entre 25 free bet bonus 40 e 60 milhões25 free bet bonuspessoas, segundo estimativas mais recentes. Elas falavam cerca25 free bet bonus1.200 idiomas diferentes, agrupados25 free bet bonus120 famílias linguísticas, disse à BBC News Brasil Charles C. Mann, autor do livro “1491 - Novas revelações das Américas antes25 free bet bonusColombo”.

Gravura do século 19 representando o encontro25 free bet bonusCristóvão Colombo com nativos americanos

A América que existia quando Colombo chegou era muito diferente da que mostravam pinturas como esta, do século 19. Imagem: Getty

Desde estruturas sociais quase democráticas, passando pelo manejo25 free bet bonusflorestas e o domínio da engenharia e da matemática, os povos originários da região ajudaram a criar grande parte do mundo que vivemos hoje, mesmo que não tenham recebido o crédito. Um exemplo disso é o milho, uma criação mesoamericana que revolucionou a alimentação humana e se tornou um componente essencial na dieta mundial.

“A domesticação e a manipulação genética25 free bet bonusplantas é a tecnologia mais impressionante desenvolvida pelos indígenas na América”, disse à BBC Brasil o arqueólogo americano Kurt Anschuetz, especialista na agricultura25 free bet bonuspovos pré-colombianos da América do Norte.

Os nativos também tinham “uma dieta mais equilibrada e mais nutritiva” do que25 free bet bonusoutras partes do mundo na época, graças não somente ao milho, mas também ao cultivo da batata, do abacate, do tomate e das abóboras, entre outros. Diferentemente do que ocorría no “velho mundo”, não havia evidência25 free bet bonusperíodos25 free bet bonusfome prolongada entre eles, segundo Charles C. Mann.

As plantas também são o principal indício25 free bet bonusque existia um intercâmbio entre norte e sul. No entanto, até hoje os arqueólogos não sabem explicar exatamente como espécies domesticadas na Amazônia, como o tabaco, chegaram à região do atual Canadá ou o cacau mesoamericano à América do Sul, sem uma rota direta, animais25 free bet bonuscarga ou caravanas.

À partir do século 15, muitos 25 free bet bonus dos povos originários foram dizimados por doenças trazidas25 free bet bonusalém-mar que chegaram através dos rios ou25 free bet bonusanimais, até mesmo antes do contato direto com os europeus.

No choque entre dois mundos que se seguiu à chegada25 free bet bonusColombo, muitas das formas25 free bet bonusvida e das estruturas construídas no continente foram rapidamente destruídas, deixando perguntas que os especialistas ainda tentam responder. Esse é um dos motivos pelos quais é difícil obter informações sobre todos os que viviam na América pré-colombiana.

Nessa reportagem especial da BBC News Brasil, nos concentramos25 free bet bonus 25 free bet bonus uma seleção, feita com a ajuda25 free bet bonusantropólogos e arqueólogos, das maiores e mais influentes culturas da região logo antes da chegada dos espanhóis e portugueses.

Em alguns casos, elas deixaram mais evidências arqueológicas das suas sociedades. Em outros, como no caso dos povos da Amazônia, descobertas mais recentes estão mudando completamente o que se acreditava sobre a vida no continente.

AMÉRICA DO NORTE

As dezenas25 free bet bonusculturas que viviam desde o atual Canadá até o extremo norte do México costumavam se organizar25 free bet bonuscomunidades menos monumentais e mais igualitárias do que os grandes reinos da Mesoamérica, por exemplo — e muito mais do que as monarquias europeias do século 15.

Estima-se que nessa parte do continente havia cerca25 free bet bonus5 milhões25 free bet bonuspessoas quando chegaram os primeiros europeus.

“Em geral, eram povos que viviam25 free bet bonusgrupos relativamente pequenos e se juntavam para ajudarem-se mutuamente, mas colocavam limitações muito claras ao poder das suas autoridades”, diz Charles C. Mann.

Em algumas sociedades, tudo tinha que ser decidido por consenso e os líderes podiam inclusive ser destituídos pelo povo — ideias que continuavam impressionando os teóricos do iluminismo francês no século 18.

Haudenosaunee

As nações indígenas Mohawk, Onondaga, Oneida, Cayuga e Seneca, formavam o povo Haudenosaunee e viviam25 free bet bonusáreas rurais densamente povoadas.

Mapa mostrando a extensão do território haudenosaunee no norte dos atuais EUA e Canadá

Suas aldeias eram extensas e ficavam próximas uma à outra, mas não havia uma capital específica.

“Dessa forma, todos ficavam mais próximos do suprimento25 free bet bonuscomida. Na América do Norte não havia animais25 free bet bonuscarga como o cavalo. Por isso, transportar alimentos até uma cidade grande era mais difícil”, diz Charles C. Mann.

Os haudenosaunee formavam uma confederação regida por um governo com leis aprovadas por um conselho25 free bet bonusque homens e mulheres tinham poder25 free bet bonusdecisão, inclusive sobre as guerras.

Na prática, segundo especialistas, era um governo25 free bet bonusconsenso, como uma democracia sem partidos.

Isso impressionou os europeus que, quando chegaram à América, ainda viviam sob monarquias absolutistas25 free bet bonussociedades extremamente desiguais.

Ilustração canadense que mostra uma reunião25 free bet bonuschefes das tribos Mohawk, Onondaga, Oneida, Cayuga, Seneca e Tuscarora

Reunião dos chefes das tribos Mohawk, Onondaga, Oneida, Cayuga, Seneca e Tuscarora; esta última se uniu aos haudenosaunee no século 18. Imagem: Getty

Atualmente, os haudenosaunee são a única nação indígena oficialmente reconhecida nos Estados Unidos como um povo originário que influenciou a constituição e a forma25 free bet bonusgoverno americanas.

Charles C. Mann acredita que a semelhança entre o sistema político dos nativos e o atual é pequena, mas diz que o impacto cultural causado pela forma25 free bet bonusvida dessa e25 free bet bonusoutras nações indígenas é inegável.

“Os europeus encontraram povos que não tinham medo25 free bet bonusseus governos, que eram autônomos e que riam da ideia25 free bet bonusque a nobreza era hereditária. Essas foram lições importantes que aprenderam com eles”, afirma.

Culturas mississipianas

As culturas mississipianas eram um grupo extenso25 free bet bonuscidades que compartilhavam as mesmas práticas religiosas e visões25 free bet bonusmundo.

Se estendiam pelo meio-oeste, o leste e o sudeste do que seriam atualmente os Estados Unidos, chegando até a fronteira com o Canadá.

Mapa mostrando a extensão territorial das culturas mississipianas nos Estados Unidos no período pré-colombiano

“Em seu apogeu, pouco antes do ano 1400, a extensão territorial desses povos era equivalente ao que chamamos25 free bet bonus‘cristandade’ na Europa na mesma época. Isso nos dá uma ideia25 free bet bonusquão influente essa cultura foi na América do Norte”, explica Charles C. Mann.

As cidades mississipianas mais importantes tinham conjuntos25 free bet bonusmontículos25 free bet bonusterra25 free bet bonusforma25 free bet bonuspirâmide ou plataforma, sobre os quais se construíam casas e templos.

Entre elas esteve a imponente Cahokia — já desabitada quando chegaram os colonizadores — e também Moundville, o segundo maior centro urbano daquela cultura.

Recriação artística25 free bet bonusMoundvile, com templos e residências sobre montículos25 free bet bonusterra e mississipianos tocando instrumentos e festejando

Em seu apogeu, Moundville tinha templos e residências sobre montículos25 free bet bonusterra, como nessa recriação artística. Imagem: Caleb O’Connor, Museus25 free bet bonusUniversidade do Alabama

Mais que centros políticos ou comerciais, esses locais eram pontos importantes para a vida social e mística dos mississipianos. Alí aconteciam enormes festivais religiosos e sacrifícios25 free bet bonusmassa, segundo revelaram escavações arqueológicas.

No entanto, pouco antes da chegada dos europeus, Moundville, assim como outras antes dela, deixou25 free bet bonusser habitada e passou a ser um local reservado para enterros e peregrinação religiosa.

“Hoje se consideram duas possibilidades: uma delas, segundo os indígenas descendentes dos mississipianos, é que eles acreditavam que as cidades tinham uma missão e um ciclo25 free bet bonusvida. Depois25 free bet bonusalgum tempo, saíam delas para que se transformassem25 free bet bonusoutra coisa. A segunda possibilidade é que abandonaram Moundville porque se cansaram25 free bet bonussua estrutura elitista e só mantiveram as cidades onde o poder era mais compartilhado”, diz Mann.

Culturas pueblo

Entre o que hoje é o sudoeste dos Estados Unidos e o noroeste do México havia mais25 free bet bonus20 comunidades com idiomas e etnias diferentes, mas com uma cultura e religião25 free bet bonuscomum.

Mapa mostrando a extensão territorial aproximada das culturas pueblo no período pré-colombiano, entre os atuais EUA e norte do México

Os espanhóis as chamaram25 free bet bonuspueblos (vilarejos), mas algumas das comunidades eram tão grandes que os primeiros relatos escritos se referiam a elas como “reinos” e diziam que “se estendiam até onde a vista alcançava”.

É o caso25 free bet bonusZuni e 25 free bet bonus Acoma, esta última uma cidade impressionante construída sobre um platô no atual Estado do Novo México, nos EUA.

Foto25 free bet bonus1927 mostrando uma vista aérea25 free bet bonusAcoma

Acoma, visto desde cima nesta foto25 free bet bonus1927, era um dos pueblos mais importantes da região quando os europeus chegaram. Imagem: Getty

“Algumas cidades eram maiores do que outras, mas não havia uma dominante. Temos evidências25 free bet bonusque25 free bet bonustempos25 free bet bonusseca ou25 free bet bonusfome as comunidades se deslocavam25 free bet bonusuma cidade a outra e eram abrigadas pelos vizinhos, às vezes por anos, até que as condições melhorassem na25 free bet bonusárea. As culturas aprendiam umas com as outras e as comunidades eram multinacionais”, explica à BBC News Brasil Kurtz Anschuetz.

Os pueblanos também eram 25 free bet bonus agrônomos e agricultores talentosos, segundo Anschuetz.

Desenvolveram variedades25 free bet bonusmilho e tecnologias para poder cultivá-las25 free bet bonusdiferentes tipos25 free bet bonussolo,25 free bet bonuscampos espalhados por todo o território. Isso garantia que teriam alimento suficiente para todo o ano, reservas para compensar colheitas ruins e também o necessário para cumprir seus rituais religiosos.

Mas, mesmo que não houvesse na Europa naquela época uma agricultura tão sofisticada25 free bet bonusgrande escala, a técnica e a eficiência dos nativos não impressionou os colonizadores.

“Os europeus estavam buscando riquezas minerais e almas para catequizar. Eles diziam que o solo americano era tão fértil que as pessoas não tinham que fazer nada, só semear e colher. Mas não era assim”, diz Anschuetz.

MESOAMÉRICA

Estabelecidos25 free bet bonuscidades monumentais e organizados25 free bet bonusgrandes impérios ou25 free bet bonuspequenos estados independentes, os mesoamericanos se pareciam mais com o que os europeus identificavam como “civilizações”.

Quando eles chegaram, cerca25 free bet bonus24 milhões25 free bet bonuspessoas,25 free bet bonusacordo com as estimativas mais recentes, viviam no coração da América.

Essa região foi berço25 free bet bonusinovações e avanços tecnológicos importantes, o que fez com que suas grandes e populosas cidades,25 free bet bonusmuitos aspectos, funcionassem melhor do que as europeias.

Os povos nativos desviavam o curso natural25 free bet bonusrios, construíam enormes lagos impermeáveis e plantavam dentro25 free bet bonusbalsas flutuantes. Extraíam borracha das árvores para jogar bola e, ao contrário do que acreditavam os espanhóis, conheciam muito bem a roda, apesar25 free bet bonusnão a utilizarem porque era inútil25 free bet bonusseus terrenos irregulares e sem animais25 free bet bonuscarga.

Os maias estão entre os poucos povos da humanidade, e são o único25 free bet bonustodo o continente, a desenvolver a escrita25 free bet bonusforma independente. Mas isso não impediu que outras culturas mesoamericanas registrassem seu profundo conhecimento25 free bet bonusastronomia, matemática e uma elaborada poesia oral.

Império mexica

No final do século 15, o império mexica (que mais tarde muitos historiadores chamariam25 free bet bonusasteca) estava25 free bet bonusseu auge.

As cidades-estado25 free bet bonus 25 free bet bonus Tenochtitlán, Texcoco e Tacuba tinham formado uma poderosa aliança político-militar que tomou o poder dos tepanecas e conquistou a maior parte do centro e do sul do que hoje é o México.

Mapa mostrando a extensão do império mexica e situando as cidades25 free bet bonusTenochtitlán, Texcoco e Tacuba

Os mexicas não necessariamente tinham presença militar nos territórios conquistados, mas obrigavam seus novos súditos a enviar produtos e soldados a Tenochtitlán, a sede do império, como tributo.

Também se casavam com as filhas dos chefes locais para que seus herdeiros, educados na capital, comandassem as regiões no futuro.

Tudo isso lhes permitia manter um império hegemônico, mesmo que dentro dele se falassem muitos idiomas além do oficial, o náuatle.

“Em muitos sentidos, não era um sistema tão diferente do que se via na Europa nessa mesma época”, disse à BBC News Brasil a etnóloga Antje Gunsenheimer, da Universidade25 free bet bonusBonn, na Alemanha.

Gravura representando Moctezuma 2º

O zoológico que Moctezuma 2º tinha dentro25 free bet bonusTenochtitlán é um exemplo25 free bet bonuscomo os mexicas ostentavam seu poder. Imagem: Getty

Assim como nos reinos europeus, os mexicas exibiam seu poder através da riqueza e do esplendor dos palácios e jardins25 free bet bonusTenochtitlán.

Quando os europeus chegaram, Tenochtitlán era uma cidade maior do que Paris.

Estima-se que ali podem ter vivido cerca25 free bet bonus250 mil pessoas, 25 free bet bonus a maior densidade populacional da América.

Gravura do início do século 20 representando a praça principal25 free bet bonusTenochtitlán

Cada bairro25 free bet bonusTenochtitlán tinha25 free bet bonusprópria estrutura política e religiosa, com seus templos, escolas e soldados, conta Gunsenheimer. Imagem: Getty

"Era uma cidade refinada, com banheiros públicos, mais25 free bet bonus30 palácios que tinham cerâmicas finas e tecidos elegantes. E ficava25 free bet bonusmeio a mais25 free bet bonus2 mil km²25 free bet bonuslagos ricos25 free bet bonuspeixes, enquanto que a agricultura nos arredores era bastante produtiva e permitia sustentar a população da região”, disse à BBC News Mundo, o serviço25 free bet bonusespanhol da BBC, Esteban Mira Caballos, doutor25 free bet bonusHistória da América pela Universidade25 free bet bonusSevilha, na Espanha.

Mas, a capital era, acima25 free bet bonustudo, um triunfo da engenharia sem comparação.

Um sofisticado sistema25 free bet bonuscanais e represas construídos ao longo do tempo permitia regular a quantidade25 free bet bonuságua que chegava a Tenochtitlán das montanhas, por meio dos lagos. Dessa forma, evitava-se a inundação muito frequente da cidade25 free bet bonusperíodos25 free bet bonuschuva intensa e se garantia o fornecimento25 free bet bonuságua doce para a população.

Gravura representando Tenochtitlán25 free bet bonusmeio aos lagos e canais

Apesar25 free bet bonuster sido construída25 free bet bonusmeio a um lago, a capital mexica não era inundada graças a um sistema25 free bet bonuscanais e represas. Imagem: Getty

“Os mexicas viviam num ambiente que parecia muito abundante, mas que era muito frágil e tinha que ser muito bem administrado. E eles faziam isso perfeitamente. Entendiam que, com tanta gente25 free bet bonusuma só cidade, o risco25 free bet bonuscontaminação dos lagos era alto. Sabemos hoje que eles tinham profissionais que coletavam os excrementos e os levaram para a terra firme para que fossem usados como adubo orgânico nas plantações, por exemplo. A cidade era muito limpa”, diz Antje Gunsenheimer.

Depois da conquista, os espanhóis destruíram o sistema hidráulico25 free bet bonusTenochtitlán, que se transformou na Cidade do México, e o reconstruíram no estilo europeu. A partir daí, 25 free bet bonus a cidade foi inundada mais vezes durante o século 16 e sofreu graves epidemias25 free bet bonustifo — prova25 free bet bonusque o sistema original era melhor do que o implementado pelos conquistadores.

Império tarasco

Os arqui-inimigos dos mexicas são menos conhecidos porque sobraram menos registros da25 free bet bonussociedade e relatos25 free bet bonuscomo viviam antes do contato com os espanhóis.

No entanto, os tarascos tinham o segundo maior Estado da Mesoamérica quando os europeus pisaram pela primeira vez no continente.

Mapa mostrando a extensão do império tarasco e25 free bet bonusfronteira com o império mexica

En25 free bet bonusmitologia, os mexicas se referiam aos tarascos como uma das tribos que saíram25 free bet bonussua terra ancestral, Aztlán, mas que não chegaram junto com eles a Tenochtitlán.

“Falar deles nesses termos ajudava os mexicas a justificar25 free bet bonusincapacidade25 free bet bonusderrotar os tarascos e expandir25 free bet bonusfronteira até o noroeste. É como se eles dissessem: ‘eles são fortes assim porque são nossos parentes, é por isso que não conseguimos vencê-los’”, disse à BBC News Brasil Sarah Albiez-Wieck, da Universidade25 free bet bonusColônia, na Alemanha.

No final do século 15, 25 free bet bonus a capital tarasca, Tzintzuntzan, tinha quase 30 mil habitantes e era parte25 free bet bonusum centro25 free bet bonuspoder formado por três cidades-estado próximas a um lago, assim como no império mexica. Mas, nesse caso, os especialistas acreditam que o poder estava menos concentrado25 free bet bonusuma só cidade.

Tzintzuntzan era a capital administrativa e tinha um grande centro religioso com edifícios e pirâmides25 free bet bonusestrutura mista, retangular e circular, chamadas25 free bet bonusyácatas. Nessas construções viviam os sacerdotes, se realizavam sacrifícios rituais e se acendiam fogueiras como sinal25 free bet bonusque o império entraria25 free bet bonusguerra.

Modelo reproduzindo o centro cerimonial25 free bet bonusTzintzuntzan

O centro cerimonial é a área mais bem conservada25 free bet bonusTzintzuntzan. Imagem: Getty

Em relatos dos mexicas e dos espanhóis, os tarascos também aparecem como 25 free bet bonus respeitados metalúrgicos.

“O oeste do México foi o berço da metalurgía na Mesoamérica, e os tarascos são parte dessa tradição, que é anterior a eles. Mas eles foram os primeiros a organizar a extração e o trabalho com metais25 free bet bonusnível estatal”, explica Albiez-Wieck.

Montagem com fotos25 free bet bonusadorno e ferramenta25 free bet bonusmetal feitos pelos tarascos

Os tarascos conseguiram 25 free bet bonus manter parte do seu poder político por mais tempo do que seus inimigos. Por meio25 free bet bonusnegociações com os espanhóis após a queda25 free bet bonusTenochtitlán, os líderes tarascos puderam continuar recebendo tributos e tendo subordinados até o início do século 17.

Civilização maia

No século 15, a maioria das grandes cidades maias, com suas pirâmides e monumentos imponentes — hoje atrações turísticas populares — já estavam25 free bet bonusdecadência. Mas algo revolucionário vinha acontecendo com essa civilização nos últimos séculos.

“Sabemos que o sistema25 free bet bonusreis divinos desapareceu mais ou menos no século 9 e não ressurgiu. Então a administração das cidades maias passou a ser mais comunal. No século 15 não acho que chegasse a ser uma democracia, mas certamente mais pessoas participavam das decisões”, disse à BBC News Brasil Nikolai Grube, das universidades25 free bet bonusTexas, nos Estados Unidos, e25 free bet bonusBonn, na Alemanha, um dos maiores especialistas25 free bet bonustextos maias.

Como na Grécia antiga, o mundo maia sempre foi formado por cidades-estado que competiam e entravam25 free bet bonusguerras umas com as outras, apesar25 free bet bonuscompartilharem a cultura, o idioma e a ideia25 free bet bonusque pertenciam a um mesmo povo. Os reis tinham um forte controle sobre as rotas25 free bet bonuscomércio.

Mapa mostrando a extensão da civilização maia no período pré-colombiano

Quando o sistema controlado pela nobreza entrou25 free bet bonuscolapso, segundo Grube, as pessoas parecem ter aproveitado esse vácuo25 free bet bonuspoder para ter mais acesso a bens25 free bet bonusluxo como as jóias feitas25 free bet bonusjade e a cerâmica.

As rotas25 free bet bonusintercâmbio com outros povos, agora livres, permitiram que produtos como o ouro e o cobre, entre outros, também chegassem ao mundo maia. “De certa maneira, as pessoas ficaram mais ricas25 free bet bonusum mundo mais globalizado”, diz Grube.

Ao mesmo tempo, a arquitetura das cidades ficou mais modesta. Sem reis que organizassem o trabalho25 free bet bonusobras gigantescas, chegou ao fim a era dos grandes monumentos e palácios. Os templos, feitos por famílias, passaram a ser menores.

Foto atual do sítio arqueológico25 free bet bonusMayapán, no México

Os templos mais modestos25 free bet bonusMayapán refletiam o momento25 free bet bonusque se encontrava a civilização maia antes da chegada dos espanhóis. Imagem: Getty

Na península25 free bet bonusYucatán, no atual México, Mayapán foi a maior cidade maia antes da conquista, mas também já tinha sido abandonada quando os espanhóis chegaram. Nojpetén, capital dos Itzá Maia construída sobre um lago, foi tão poderosa que chegou a controlar todo o norte do que hoje é a Guatemala.

Essa mudança política e econômica também não foi a única revolução cultural da qual os maias participaram na América. No fim do século 15, eles já eram os astrônomos mais avançados do continente, baseados25 free bet bonusum grande conhecimento matemático. Por causa deles, a humanidade conheceu o símbolo do zero.

Imagem do códice Dresden, onde se vê cálculos25 free bet bonusescrita maia e,25 free bet bonusdestaque, o símbolo usado para o zero matemático

“Sabemos que na Mesopotâmia se faziam cálculos com a ideia do zero, mas sem um signo que o representasse. Mas os maias tinham isso e foram os primeiros”, explica Grube.

Apesar25 free bet bonusque a ideia do zero já existia, um símbolo para o zero é importante porque facilitava representar números mais longos e, portanto, fazer cálculos muito mais complexos. Dessa forma, os maias desenvolveram um sistema25 free bet bonuscalendários que misturava crenças religiosas, o ano solar25 free bet bonus365 dias e outros fenômenos astronômicos como os ciclos25 free bet bonusVênus, da Lua e25 free bet bonusoutros planetas com enorme precisão.

Foram também os maias os únicos no continente — e um dos quatro povos da humanidade — a desenvolver a escrita25 free bet bonusmaneira independente.

O sistema25 free bet bonusescrita maia era semelhante aos hieróglifos egípcios e permitia escrever todas as palavras25 free bet bonusseu idioma. Hoje, no entanto, 25 free bet bonus só quatro livros maias foram preservados, com textos cerimoniais e25 free bet bonusastronomia, já que o resto foi perdido durante e depois das batalhas contra os espanhóis.

Por outro lado, o fato25 free bet bonusque não terem um governo unificado também deu à civilização maia uma vantagem sobre os invasores — eles nunca foram completamente conquistados.

“A península25 free bet bonusYucatán e as regiões montanhosas da Guatemala estavam divididas25 free bet bonusmuitos Estados pequenos liderados por grupos ou por senhores. Apesar25 free bet bonusalguns terem se unido aos espanhóis, grande parte não foi submetida ao controle do império colonial nem das autoridades mexicanas até pelo menos o início do século 20”, diz Nikolai Grube.

AMÉRICA DO SUL

Em 1492, a América do Sul 25 free bet bonus abrigava cerca25 free bet bonus25 milhões25 free bet bonuspessoas, organizadas25 free bet bonusmuitos povos extremamente diferentes.

Desde os grandes impérios andinos como o chimú e o inca até os povos do sul conhecidos por resistir à conquista e desenhar a fronteira do império espanhol.

As sociedades pré-colombianas menos conhecidas da região até hoje são as amazônicas, cujo encontro com os europeus,25 free bet bonusmuitos casos, não aconteceu até o século 16.

Na verdade, durante muito tempo se pensou que somente grupos pequenos e itinerantes podiam viver25 free bet bonusum ambiente tão complexo.

Agora, os pesquisadores acreditam que entre oito e 10 milhões25 free bet bonuspessoas viviam na Amazônia, falando cerca25 free bet bonus300 idiomas diferentes e, em25 free bet bonusmaioria, estabelecidos25 free bet bonusgrandes centros.

“Não podemos dizer que eram cidades como as dos incas ou maias. Eram espaços com valor político e religioso, que eram ocupados habitualmente, se misturavam com a floresta e estavam hiperconectados por um sistema25 free bet bonusestradas”, disse à BBC News Brasil Eduardo Góes Neves, do Museu25 free bet bonusArqueologia e Etnologia da Universidade25 free bet bonusSão Paulo (MAE-USP).

A floresta amazônica também não era completamente virgem quando os europeus chegaram, como se pensou durante muito tempo. Esses povos a transformaram, plantaram nela e a tornaram mais resistente a eventos climáticos.

A costa atlântica do continente, por25 free bet bonusvez, também abrigava uma variedade enorme25 free bet bonuspovos como 25 free bet bonus os tupinambás, os guaranis e os charrúa, mas o colonialismo e a fundação das cidades apagaram grande parte das evidências materiais25 free bet bonussuas vidas pré-colombianas.

Império inca

No final do século 15, o império inca havia se tornado o maior do mundo — uma expansão só comparável com a do império romano.

Sua capital, Cusco, foi redesenhada pelo líder expansionista Pachacuti para ter a forma25 free bet bonusum puma, um dos principais animais sagrados nos Andes.

Gravura do século 17 representando os líderes inca Pachacuti e Túpac Yupanqui

O inca Pachacuti (à direita) foi o principal líder expansionista do império, que chegou a ser, na época, o mais extenso do mundo. Imagem: Getty

No lugar onde estariam os órgãos genitais do animal ficava o Coricancha, ou templo do Sol, o mais importante do império.

25 free bet bonus “Era o Vaticano dos Andes”, disse à BBC News Brasil Sonia Alconini, da Universidade25 free bet bonusVirgínia, nos Estados Unidos.

O império abarcava cerca25 free bet bonus3 milhões25 free bet bonusquilômetros quadrados, do norte do atual Equador até a região central do Chile, e estava dividido25 free bet bonusquatro grandes partes, cada uma com suas províncias.

Tudo isso era conectado por um sistema viário25 free bet bonuspedra, bem construído e25 free bet bonusuma escala que ainda impressiona pesquisadores. “Havia infraestrutura por todos os lados: pontes, escadas para subir as montanhas com lhamas. Muitas dessas estradas continuam sendo usadas”, diz Alconini.

Mapa mostrando a extensão do império inca e as principais estradas incas já descobertas

Pelas estradas do império circulavam as conchas do molusco spondylus, muito valorizadas como adornos, penas25 free bet bonusaves tropicais, ayahuasca, folhas25 free bet bonuscoca, pimenta-aji, cobre e madeiras vindas da Amazônia.

O ouro e a prata, que cobriam as paredes25 free bet bonustemplos25 free bet bonusCusco, tinham uma importância mais ritual do que comercial: o ouro representava o sol e a prata, a lua. Por isso, só quem podia usá-los eram as elites, consideradas divinas.

Para conseguir dominar uma parte tão grande do continente, os incas tiveram que subjugar todos os povos da região,25 free bet bonustribos a Estados mais complexos, e estimulá-los a trabalhar25 free bet bonusobras25 free bet bonusinfraestrutura — que não incluíam só as estradas, mas também templos, fortalezas e palácios.

Sem moeda e sem mercado, que mecanismos econômicos tornaram um império tão extenso viável?

A resposta, segundo Alconini, tem a ver com a sofisticada administração e distribuição25 free bet bonusrecursos feitas pelos incas, mas também com suas estratégias25 free bet bonussoft power.

“Quando os incas chegavam a um centro ritual importante, como o oráculo25 free bet bonusPachacamac, construíam ali outros templos e incorporavam aquela divindade a seu panteão imperial. Levavam25 free bet bonusestátua a Cusco e a colocavam no Coricancha. Imagine o efeito que isso tinha nas comunidades”, explica.

Ao mesmo tempo, um dos aspectos mais importantes da conquista inca era a organização da economia da nova província. Para isso, eles faziam 25 free bet bonus um censo dos recursos locais e25 free bet bonustodas as pessoas, segundo idade e gênero, algo que permitia determinar o tributo que cada um tinha que pagar ao Estado —25 free bet bonusforma25 free bet bonustrabalho.

Gravura do século 16 mostrando um homem inca segurando um quipu

Os quipus guardavam a informação dos censos25 free bet bonustodas as províncias imperiais. Imagem: Getty

Na capital havia 25 free bet bonus bibliotecas25 free bet bonusquipus que guardavam não só os dados administrativos25 free bet bonustodo o império, mas também as linhagens das famílias reais — os diferentes tipos25 free bet bonusinformação eram organizados segundo o tipo25 free bet bonusnó,25 free bet bonusposição, grossura, cor ou da extensão do quipu.

Uma vez feito o censo25 free bet bonusuma nova província, todos os recursos disponíveis e produzidos ali a partir daquele momento eram divididos25 free bet bonustrês partes: um terço para o Estado, outro para o soberano e a família imperial e o último para as próprias comunidades.

Era o sistema chamado25 free bet bonusmita.

O terço dedicado ao Estado funcionava como garantia25 free bet bonussegurança para a população, já que25 free bet bonusperíodos25 free bet bonusseca, por exemplo, a ajuda vinha daí.

Esse sistema também foi essencial para manter as obras e o movimento25 free bet bonussoldados por toda a rede25 free bet bonuscaminhos do império. O Estado colocava comida, tecidos e sandálias nas callancas — armazéns construídos nas estradas25 free bet bonusintervalos25 free bet bonusum dia25 free bet bonuscaminhada — para que os soldados, e outros funcionários, pudessem viajar sem tanto peso.

Foto atual25 free bet bonusuma callanca25 free bet bonusMachu Picchu, no Peru

Os viajantes25 free bet bonusmissão oficial podiam se abastecer25 free bet bonus“callancas” como esta, que encontravam nas estradas incas. Imagem: Getty

Em algumas regiões, as escavações arqueológicas sugerem que a conquista inca e seu sistema25 free bet bonusredistribuição serviu para nivelar as condições25 free bet bonusvida das elites e dos cidadãos comuns, segundo Alconini.

No entanto, isso não quer dizer que todos os povos aceitavam e gostavam25 free bet bonusser dominados pelos incas, que exigiam, entre outras coisas, que se falasse o quechua, idioma do império. Caso colaborassem, as comunidades recebiam terras melhores como compensação. Caso se rebelassem, eram transportadas, integralmente, a outras áreas.

“Os incas levaram gente da região do Equador para a Bolívia. O mesmo aconteceu no Chile. Isso mostra a capacidade enorme que eles tinham25 free bet bonusmover, organizar e planejar a sociedade”, diz Sonia Alconini.

A mão25 free bet bonusobra dos povos conquistados também serviu para expandir a fronteira agrícola do império. Graças à técnica dos terraços25 free bet bonuscultivo, construídos nas montanhas andinas, conseguiram plantar milho e batatas, entre outros.

Foto atual25 free bet bonusum "andén" inca, terraço25 free bet bonuscultivo,25 free bet bonusum sítio arqueológico no Peru

Esse sistema permitiu a expansão sem precedentes dos incas, mas não impediu as crises políticas provocadas pela sucessão25 free bet bonusseus líderes. Uma delas causou a divisão que culminou na derrota do império para os espanhóis.

Império chimú

Até aproximadamente os anos 1470, o império chimú — que se estendia por cerca25 free bet bonus500 km desde o sul do atual Equador até a costa norte do Peru, talvez até Lima, segundo alguns pesquisadores — era um dos mais poderosos dos Andes.

Mapa mostrando a extensão do império chimú25 free bet bonusrelação ao império inca, que o conquistou

Chan Chan,25 free bet bonuscapital, era uma das maiores e mais esplêndidas cidades25 free bet bonustoda a América.

“Ela foi tão grande quanto Tenochtitlán ou até maior. Chan Chan tinha 24 km²25 free bet bonusconstrução e se estima que25 free bet bonusseu apogeu viveram entre 25 mil e 50 mil pessoas. Mas se contarmos todas as comunidades-satélite, facilmente poderíamos chegar a 100 mil habitantes”, disse à BBC News Brasil Gabriel Prieto, da Universidade da Flórida, nos EUA.

Dentro da cidade ficavam os enormes palácios reais, alguns com até 150 hectares25 free bet bonusextensão e paredes25 free bet bonusbarro25 free bet bonus15 metros25 free bet bonusaltura. Um sistema25 free bet bonuspraças25 free bet bonusordem descendente dava acesso à parte mais íntima dos palácios, para enfatizar que nem todo mundo tinha acesso aos espaços da elite.

Os edifícios eram decorados com motivos marinhos porque, para os chimú, o mar não era apenas a principal via25 free bet bonusintercâmbio com outros povos da costa andina, mas também seu lugar mitológico25 free bet bonusorigem.

Foto25 free bet bonusum muro do sítio arqueológico25 free bet bonusChan Chan com detalhe mostrando uma ave marinha25 free bet bonusalto relevo

Os chimú decoravam seus palácios com peixes e aves marinhas porque acreditavam ter nascido25 free bet bonusum homem que veio do mar. Imagem: Getty

Mas, apesar25 free bet bonusse considerarem gente do mar, o principal investimento dos chimú aconteceu25 free bet bonusterra.

O império construiu um sistema25 free bet bonusirrigação25 free bet bonuszonas desérticas com canais feitos25 free bet bonuspedra e barro que são considerados um exemplo do alcance da engenharia pré-colombiana.

“Essas pessoas conseguiram, sem ferramentas que hoje são básicas para a engenharia civil, manter uma variação25 free bet bonusnível25 free bet bonusseus canais25 free bet bonusmenos25 free bet bonusum metro por cada quilômetro, algo essencial para que um sistema como esses funcione bem”, explica Gabriel Prieto.

A capital foi construída25 free bet bonusum vale artificial criado a partir desse sistema: um canal principal trazia água25 free bet bonusum rio a 80 km25 free bet bonusdistância, enquanto outros canais traziam água das montanhas. Hoje, essa região voltou a ser desértica.

Nas áreas residenciais25 free bet bonusChan Chan foram encontrados vestígios25 free bet bonusmuitas oficinas25 free bet bonustecelagem, cerâmica e metalurgia. Essa última foi um dos grandes legados dos chimú à região, já que foi a primeira vez que o metal passou a ser utilizado25 free bet bonuslarga escala pelas pessoas comuns, não apenas pelas elites, nos Andes.

“Eles eram basicamente 25 free bet bonus uma máquina industrial25 free bet bonusprocessar objetos25 free bet bonusmetal, especialmente25 free bet bonuscobre e bronze arsênico (liga25 free bet bonuscobre e bronze que pode ocorrer naturalmente ou ser produzida)”, diz o arqueólogo.

Fotografia25 free bet bonusanimal marinho feito25 free bet bonusmetal pelos chimú

Depois25 free bet bonusconquistarem o império, os incas levaram os ourives e metalúrgicos chimú a Cusco para que eles ensinassem suas técnicas. Imagem: Getty

Para os chimú, o ouro e a prata representavam a dualidade complementar do mundo. Por isso, eram abundantes25 free bet bonusseus palácios e mausoléus, onde os senhores mais poderosos eram enterrados com adornos extravagantes.

A ourivesaria chimú tinha tanto prestígio que os incas adotaram seu estilo e os espanhóis contabilizaram quantidades impressionantes25 free bet bonusmetais preciosos nas ruínas25 free bet bonussuas cidades após a conquista.

O império perdeu força poucos anos antes da chegada dos europeus, quando entrou25 free bet bonusum conflito definitivo com os incas, segundo os pesquisadores.

“Essa briga definiu o futuro da região andina porque os incas nunca tinham enfrentado uma organização política tão poderosa quanto os chimú, mas esses últimos não tinham o aparato militar que os incas tinham. No fim, os incas venceram e conquistaram todo o território norte”, diz Gabriel Prieto.

Povos amazônicos

Culturas dos Llanos25 free bet bonusMoxos

Na atual Bolívia, arqueólogos encontraram indícios25 free bet bonusuma cultura que desafia tudo o que se pensava sobre as pessoas que viviam na Amazônia até 1492.

“Nessa região havia muitas obras monumentais, algo que não se espera nem se diz da Amazônia. Sempre esperamos encontrar monumentos25 free bet bonuspedra, mas, aqui, a monumentalidade é25 free bet bonusterra”, disse à BBC News Brasil Carla Jaimes Betancourt, da Universidade25 free bet bonusBonn, na Alemanha.

Mapa situando a região dos Llanos25 free bet bonusMoxos, na Bolívia

São estruturas arquitetônicas diferentes que pertenciam aos povos da área25 free bet bonusplanícies e floresta úmida dos Llanos25 free bet bonusMoxos, na atual província do Beni.

Esses povos são chamados coletivamente25 free bet bonus“cultura casarabe” ou “cultura hidráulica das lomas”.

As lomas25 free bet bonusquestão são o principal tipo25 free bet bonusestruturas encontrado na região — montículos25 free bet bonusforma25 free bet bonuspirâmide que chegavam a medir até 20 metros25 free bet bonusaltura e eram conectados por canais e aterros. Eles eram usados25 free bet bonusresidências, cemitérios, áreas25 free bet bonuscultivo e, os maiores, como centros cerimoniais ou casas para a elite.

Na foz do rio Madeira foi encontrada uma rede25 free bet bonus500 lomas. Estima-se que,25 free bet bonustodo o Beni, chegaram a ser construídos até 20 mil desses montículos no total.

“Aparentemente essas pessoas marcavam a paisagem para mostrar hegemonia política e religiosa. Alguns sítios são maiores e se conectam com montículos menores, o que nos faz pensar que havia áreas25 free bet bonusinfluência, como uma capital e seus satélites”, diz Betancourt.

Outras estruturas que nos mostram como viviam os povos nos Llanos25 free bet bonusMoxos são as plataformas elevadas25 free bet bonuscultivo25 free bet bonusvários tamanhos encontradas no local — algumas25 free bet bonusaté 30 metros25 free bet bonuslargura e centenas25 free bet bonusmetros25 free bet bonuscomprimento, onde se plantava milho, mandioca, pimenta e abóboras.

Perto da atual fronteira com o Brasil estão os vestígios25 free bet bonusoutra sociedade, especializada na construção25 free bet bonusvalas que formavam geoglifos. No entanto, não eram simplesmente desenhos no solo. Eles serviam como trincheiras25 free bet bonustrês a quatro metros25 free bet bonusprofundidade que protegiam as aldeias, mas ainda não se sabem do que, nem25 free bet bonusquem.

“São aldeias que impressionam pelo seu tamanho. Encontramos valas circulares delimitando áreas gigantescas,25 free bet bonus240 hectares. E havia uma aldeia ao lado da outra, separadas por um sistema25 free bet bonusvalas (…). Como na região viviam povos diferentes é possível que houvesse tensões entre eles, mas não sabemos exatamente que fenômenos aconteciam ali”, afirma a arqueóloga.

Foto aérea25 free bet bonusuma das valas25 free bet bonusum sítio arqueológico da região dos Llanos25 free bet bonusMoxos

As valas circulares funcionavam como trincheiras para proteger as aldeias e tinham até quatro metros25 free bet bonusprofundidade. Imagem: Carla Jaimes Betancourt

Mas o mais importante é que criar todas essas estruturas requeria muita mão25 free bet bonusobra, o que mostra que as sociedades do Beni eram mais complexas e muito maiores do que se imaginava.

“Para realizar essas construções era necessário uma organização social e política estável e muita gente. Estimamos que hoje25 free bet bonusdia a população do departamento do Beni (cerca25 free bet bonus500 mil pessoas) seja cerca25 free bet bonus20% do que era antes da chegada dos europeus)”, diz Carla Betancourt.

E, apesar da grande quantidade25 free bet bonuspessoas vivendo e mudando a paisagem local durante milhares25 free bet bonusanos, o legado das culturas pré-colombianas foi um território rico25 free bet bonusbiodiversidade. “Comparado com o que estamos fazendo hoje com a Amazônia, com o desmatamento e a monocultura agrícola, o que eles fizeram é impressionante”, conclui.

Povos amazônicos

Povo do Xingu

O complexo25 free bet bonusKuhikugu é um dos sítios arqueológicos mais importantes e reveladores da Amazônia.

São 20 aldeias espalhadas25 free bet bonusuma área25 free bet bonuscerca25 free bet bonus20 mil km² na região do Alto do Xingu, no Centro-Oeste brasileiro, descobertas por Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida, com a colaboração25 free bet bonusprofissionais brasileiros e indígenas locais.

Mapa localizando o Parque Indígena do Xingu e o sítio arqueológico25 free bet bonusKuhikugu

Elas provavelmente foram construídas pelos antepassados do povo kuikuro, que atualmente vive na região.

“Onde hoje há uma aldeia kuikuro havia 20 há 500 anos, e a maior25 free bet bonustodas era cerca25 free bet bonus15 a 20 vezes maior do que a atual. Estimamos que cerca25 free bet bonus50 mil pessoas viviam nesse complexo25 free bet bonus1491”, disse o arqueólogo à BBC News Brasil.

O mais surpreendente para os pesquisadores, no entanto, foi a organização da área.

Kuhikugu, uma das maiores, tem um centro25 free bet bonusmais25 free bet bonus50 hectares, possivelmente destinado a cerimônias, mas também a algumas residências, com uma enorme praça e rodeado por trincheiras.

Recriação artística da aldeia25 free bet bonusKuhikugu, com uma praça central e estradas que a conectavam a outras aldeias do complexo

Nessa recriação25 free bet bonusKuhikugu vê-se a praça principal, as áreas residenciais misturadas com a floresta e as estradas que a conectavam ao complexo25 free bet bonusaldeias. Imagem: Luigi Marini

Outros sítios residenciais parecidos ficam dispostos25 free bet bonusseus arredores: dois assentamentos grandes 5 km ao norte e ao sul e alguns menores à leste e à oeste. Entre todas estas aldeias, e25 free bet bonusdireção a outras próximas, havia um sistema25 free bet bonusestradas com até 50 metros25 free bet bonuslargura, quatro pistas e até calçadas.

“Acreditamos que toda a região do Xingu estava conectada por esta rede. Algo assim não existia nem na Grécia antiga, nem na Europa medieval, onde havia grandes cidades, mas elas não estavam conectadas a outras comunidades25 free bet bonusmaneira tão precisa”, afirma Heckenberger.

O que foi encontrado na Amazônia brasileira, afirma Heckenberger, é um tipo25 free bet bonusurbanismo diferente e único no mundo.

“Os indígenas descobriram há 800 anos que a natureza poderia ser incorporada às cidades. As áreas25 free bet bonusocupação humana se misturavam e se alternavam com a floresta, os pomares e as plantações.”

Durante muitos anos os pesquisadores assumiram que no interior da floresta amazônica pré-colombiana os povos eram nômades e caçadores-coletores, mas descobertas como a25 free bet bonusKuhikugu mostram que ainda há muito por entender.

Gravura do século 19 representando indígenas da região do Xingu

Como a maioria dos povos da região, os indígenas do Xingu sofreram uma queda25 free bet bonuspopulação após entrar25 free bet bonuscontato com os europeus. Essa representação é do século 19. Imagem: Getty

“As pessoas não perceberam que esses sistemas complexos existiam na Amazônia porque a expectativa era encontrar algo como uma grande cidade maia. Mas o fato25 free bet bonusque isso não exista não quer dizer que a população não estivesse25 free bet bonusum processo25 free bet bonusurbanização, que não estivessem se organizando e administrando os recursos naturais25 free bet bonusmaneira sofisticada”, diz Heckenberger.

“Kuhikugu tem uma trincheira dupla ao seu redor que se estende por dois quilômetros, tem 15 metros25 free bet bonuslargura e cinco metros25 free bet bonusprofundidade. Eram construções enormes. Seria mais óbvio para nós se fosse uma pirâmide, mas uma vala como esta requeria a mesma mobilização25 free bet bonusmão25 free bet bonusobra.”

O trabalho daquela sociedade também se destinava a modificar a floresta: segundo estudos recentes, os indígenas praticavam 25 free bet bonus uma forma25 free bet bonusagroflorestação, escolhendo a forma e os locais mais convenientes para que determinadas espécies25 free bet bonusplantas crescessem.

Nos últimos anos, novas escavações mostravam que havia sociedades complexas, densas e estabelecidas como a do Xingu nas principais bacias25 free bet bonusrios amazônicos, segundo Heckenberger.

“Através dessas estradas, os povos25 free bet bonustoda a bacia amazônica provavelmente se conectavam uns aos outros. Não vemos mais isso hoje porque o colonialismo jogou uma bomba nuclear25 free bet bonustoda a sociedade que existia ali.”

Povos amazônicos

Aisuaris

Décadas depois da chegada dos europeus à América, muitos povos da Amazônia central permaneciam sem contato e,25 free bet bonusalguns casos, protegidos das doenças que já atingiam outras comunidades do continente.

É o que parece ter acontecido com os aisuaris.

De acordo com os relatos dos primeiros padres espanhóis que entraram25 free bet bonuscontato com eles (Gaspar25 free bet bonusCarvajal25 free bet bonus1540 e Cristóbal25 free bet bonusAcuña25 free bet bonus1639), esse povo vivia25 free bet bonus 25 free bet bonus uma região densamente povoada — com pelo menos 30 aldeias só da25 free bet bonuscultura, sem contar os povos vizinhos — nas margens do rio Amazonas, perto da atual cidade25 free bet bonusTefé (AM).

Mapa mostrando os limites do território dos aisuaris segundo os relatos dos primeiros europeus

Os religiosos descreveram os nativos como povos compostos25 free bet bonusmilhares25 free bet bonusguerreiros, com “caminhos bons e largos que saíam para as aldeias do interior” e que criavam animais como o tracajá (uma espécie25 free bet bonuscágado).

Durante muito tempo acreditou-se que essas descrições eram exageradas, mas, nos últimos anos, arqueólogos brasileiros começaram a comprovar que, na verdade, elas se aproximavam da realidade.

“Os relatos diziam que os aisuaris tinham aldeias lineares nas barrancas dos rios. Nós encontramos sítios assim,25 free bet bonusaté um quilômetro25 free bet bonusextensão,25 free bet bonusum assentamento que ocupava um total25 free bet bonus18 hectares. E este lugar estava bastante degradado pela ação do tempo e do ambiente, o que nos faz pensar que a aldeia original devia ser muito maior”, disse à BBC News Brasil Rafael Lopes, do Instituto25 free bet bonusDesenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Segundo Lopes, o antropólogo brasileiro Antonio Porro, especialista nos povos da Amazônia central, estima que a comunidade aisuari pode ter tido até 60 mil pessoas no final do século 15.

Gravura25 free bet bonusSpix e Martius feita no século 19, mostrando uma aldeia indígena na margem do rio Japurá, no atual Estado do Amazonas

A ilustração dos cientistas alemães Spix e Martius mostra uma aldeia na margem do rio Japurá no século 19. Imagem: Getty

Os vestígios arqueológicos também parecem confirmar que os nativos domesticavam tracajás, algo que, novamente, desmonta a ideia25 free bet bonusque as civilizações da região eram apenas caçadoras e coletoras.

“Isso garantia que eles teriam proteína em25 free bet bonusdieta, mas é importante mencionar que, ainda que tivessem muitas bocas para alimentar, separavam uma quantidade25 free bet bonustartarugas e liberavam o resto. Isso é fazer uma boa gestão25 free bet bonusrecursos naturais”, diz Eduardo Neves, do MAE-USP.

Outra prova dessa gestão está na própria floresta. Em 2019, o Grupo25 free bet bonusPesquisa25 free bet bonusArqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto Mamirauá, do qual Rafael Lopes faz parte, descobriu 25 free bet bonus um castanhal25 free bet bonus400 a 500 anos25 free bet bonusidade próximo a um sítio arqueológico na região. As árvores chegavam a quase exatos 500 metros da margem do rio. “Isso mostra que houve um trabalho humano para plantar e manter isso aqui”, diz o arqueólogo.

Segundo os relatos dos padres espanhóis, a cada 15 km nas estradas aisuaris havia abrigos rodeados25 free bet bonusplantações para abastecer as pessoas que saíam25 free bet bonusexpedições comerciais a outras aldeias — um conceito semelhante ao das callancas dos incas. Esses detalhes, no entanto, ainda não foram confirmados.

Os aisuaris eram famosos na região pelo intercâmbio25 free bet bonuspeixe seco e25 free bet bonuscerâmica, e recebiam principalmente adornos25 free bet bonusouro. As cerâmicas encontradas na região, diz Lopes, parecem confirmar que os nativos pertenciam a uma rica malha25 free bet bonusintercâmbio comercial e cultural.

Montagem25 free bet bonusfotos25 free bet bonusurnas funerárias encontradas25 free bet bonussítio arqueológico na região do Médio Solimões

As urnas decoradas encontradas próximo25 free bet bonusonde viviam os aisuaris indican que25 free bet bonusarte tinha influência25 free bet bonusoutros povos. Imagens: Erêndira Oliveira e GP Arqueologia do IDSM

As mesmas pessoas também nos permitem saber algo sobre a25 free bet bonusvisão25 free bet bonusmundo e conexão com o território. Um exemplo são as urnas funerárias dos séculos 14 a 16 encontradas pela equipe25 free bet bonusLopes25 free bet bonusum sítio da região, que demonstram a existência25 free bet bonusum ritual religioso complexo e importante.

O fato25 free bet bonusserem pequenas,25 free bet bonusno máximo um metro25 free bet bonusaltura, mostra que nem todo o corpo25 free bet bonusuma pessoa era enterrado. Em geral, enterrava-se o corpo no solo primeiro, esperava-se25 free bet bonusdecomposição e os ossos eram depois retirados da terra e colocados nas urnas, às vezes junto a ossos25 free bet bonusanimais, para serem enterrados novamente.

No final do século 17, o missionário jesuíta Samuel Fritz disse que encontrou somente poucas aldeias aisuaris onde antes havia dezenas. Como muitos povos da região, eles teriam sofrido um enorme declínio populacional após o contato com os colonizadores.

Povos amazônicos

Cultura santarém

As margens do Amazonas no extremo norte brasileiro, onde fica a atual cidade25 free bet bonusSantarém (PA), foram o lar25 free bet bonusuma civilização pré-colombiana 25 free bet bonus cuja arte era tão valorizada que suas peças chegaram até o Caribe pelas redes25 free bet bonusintercâmbio da região.

A cultura Santarém, como é chamada pelos pesquisadores, viveu seu apogeu entre os anos 1200 e 1400.

Seu centro era uma grande cidade25 free bet bonuspelo menos 400 hectares com seções semelhantes a bairros, fileiras25 free bet bonuscasas ordenadas e construídas sobre montículos, na região onde fica a atual cidade25 free bet bonusSantarém, no Pará.

Ali foram encontrados exemplares25 free bet bonusum tipo25 free bet bonuscerâmica e25 free bet bonusadornos únicos nas Américas: entre eles, vasos e urnas, esculturas antropomórficas (especialmente25 free bet bonusmulheres), pontas25 free bet bonuslança e “muiraquitãs” — amuletos25 free bet bonusforma25 free bet bonusrã ou25 free bet bonusoutros animais, esculpidos25 free bet bonusamazonita, usados como colares e que se espalharam por muitas regiões da Amazônia.

Foto25 free bet bonusmuiraquitã25 free bet bonusamazonita encontrada no sítio arqueológico25 free bet bonusSantarém

As muiraquitãs aparecem25 free bet bonusmuitas lendas amazônicas, e Santarém parece ter sido seu centro25 free bet bonusprodução. Imagem: Departamento25 free bet bonusArqueologia do Museu Nacional/UFRJ

A cultura Santarém também tinha 25 free bet bonus um “culto25 free bet bonuscremação”.

“Eles mumificavam os corpos, os guardavam, vestiam e saíam com eles na rua. Eles eram considerados seres vivos, como no caso dos incas. Mas as múmias se deterioravam. Por isso, a cremação era provavelmente a etapa final. As cinzas eram colocadas25 free bet bonusvasilhas especiais e possivelmente diluídas25 free bet bonusum tipo25 free bet bonuschá, que as pessoas bebiam”, explica à BBC Brasil Anna Roosevelt, da Universidade25 free bet bonusIllinois25 free bet bonusChicago (EUA), que escavou sítios25 free bet bonusSantarém.

“É um ritual comum na Amazônia e significa reverência. Você está bebendo a alma, o poder e o status da pessoa.”

Essas cinzas, junto aos restos orgânicos das festas fúnebres, tiveram também um papel vital na fertilidade do solo amazônico. Juntos, eles produziam uma “terra preta”, que os indígenas transportavam para locais25 free bet bonuscultivo.

“Basicamente era lixo orgânico que se transformava25 free bet bonusadubo. Eles não o produziam especificamente para isso, mas era uma forma25 free bet bonususar esses resíduos, que deviam ser abundantes porque as populações eram grandes”, afirma Roosevelt.

Mapa situando a cidade25 free bet bonusSantarém, no atual Estado do Pará

A terra preta é hoje uma das principais pistas encontradas25 free bet bonussítios arqueológicos que indica que, ao contrário do que se pensava, a Amazônia era bastante povoada.

Os primeiros europeus a chegar na região25 free bet bonusSantarém,25 free bet bonus1542, foram padres que tiveram contato com o povo tapajó, que foi extinto tempos depois do encontro com os colonizadores.

Apesar25 free bet bonusnão haver, segundo Roosevelt, evidência arqueológica definitiva25 free bet bonusque os tapajós eram parte da cultura Santarém, ela acredita que eles possam ter sido seus descendentes.

25 free bet bonus A continuidade das culturas dos povos amazônicos é impressionante. A maioria delas continua viva até hoje, apesar da colonização e da perda25 free bet bonusterritório. Há povos que mantêm os mesmos símbolos, cerimônias e arte dos que viviam na região há milhares25 free bet bonusanos”, afirma.

Mapuches

No início dos anos 1540, quando os espanhóis chegaram ao centro-sul do que hoje são Chile e Argentina, perto da Patagônia, encontraram uma organização social tão bem estruturada que nunca conseguiram dominá-la.

Tanto é assim que os mapuches resistiram com sucesso à conquista mais do que qualquer outro povo da América.

Mapa mostrando a extensão aproximada do território mapuche no período pré-colombiano

Os nativos daquela região foram os únicos com quem a Espanha teve que assinar um acordo25 free bet bonuspaz, garantindo que respeitaria os limites25 free bet bonusseu território. Antes disso, os mapuches já tinham enfrentado os incas numa guerra sangrenta e perderam parte25 free bet bonussuas terras no norte do Chile, mas impediram o avanço do império. Tudo isso sem um governo central.

“Os espanhóis estimaram o número25 free bet bonusmapuches com base nas batalhas que tiveram com eles. Hoje sabemos que houve exageros, mas calculamos que havia provavelmente entre 1,2 e 1,3 milhão25 free bet bonuspessoas no território deles na época”, disse à BBC News Brasil Tom Dillehay, da Universidade Vanderbilt, nos EUA e da Universidade Austral do Chile.

Gravura que mostra os mapuches25 free bet bonusbatalha contra soldados incas

Os incas conquistaram uma parte do território mapuche, mas não conseguiram avançar mais ao sul. Imagem: Felipe Guaman Poma25 free bet bonusAyala/Wikimedia Commons

Os povos mapuches eram comunidades confederadas, semelhantes a muitos dos nativos da América do Norte, unidos ideologicamente, culturalmente e para fins militares.

Mas há 25 free bet bonus aspectos únicos da organização mapuche que, segundo Dillehay, foram essenciais para que eles pudessem resistir aos espanhóis por tanto tempo.

“Eles se organizavam25 free bet bonusuma estrutura25 free bet bonusparentesco que eu chamo25 free bet bonus‘telescópica’. Os grupos familiares relacionados a um antepassado masculino comum formavam um lof e esses lofs se uniam,25 free bet bonustempos25 free bet bonusguerra,25 free bet bonusoutros grupos sob o comando25 free bet bonuschefes militares chamados toquis. Regiões diferentes mandavam seus toquis a cerimônias públicas para que eles entrassem25 free bet bonusacordo sobre estratégias para enfrentar os invasores”, explica.

Gravura do século 19 mostrando mulheres mapuches cozinhando25 free bet bonusaldeia na Argentina

Durante os séculos25 free bet bonusresistência à conquista, os mapuches expandiram seu território até o atual Uruguai. A gravura mostra mulheres25 free bet bonusuma aldeia na Argentina no século 19. Imagem: Getty

Em épocas25 free bet bonusconflito, as aldeias mapuches se especializavam25 free bet bonusacordo com as necessidades do povo: algumas se responsabilizavam pela comida, outros por receber famílias desalojadas, outros por fornecer guerreiros, etc.

“Outra vantagem que eles tinham era a 25 free bet bonus utilização25 free bet bonustáticas25 free bet bonusguerrilha. Atacavam25 free bet bonusgrupos pequenos e25 free bet bonusáreas planejadas,25 free bet bonusonde podiam sair rapidamente. A guerra móvel era seu ponto forte”, diz o arqueólogo.

A resistência dos mapuche teve sucesso até o século 19, quando os militares chilenos conseguiram conquistar seu território e submetê-los às autoridades do país. Hoje25 free bet bonusdia, descendentes desse povo continuam mobilizados politicamente, especialmente no Chile.