Ácido hialurônico: os riscos e contraindicações do produto que virou hit contra rugas:

Injeção com ácido hialurônico pertotestauma mulher

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Legenda da foto, Injeçõesácido hialurônico ajudam a preencher camadas a pele que se tornam menos espessas com o passar dos anos

O que é ácido hialurônico?

O ácido hialurônico é uma substância fabricada pelo nosso próprio organismo e omuitos outros animais.

Ele tem a funçãomanter a hidratação natural das células que compõem as camadas internas da pele, alémajudar a sustentar e preencher esse tecido.

"Com o passar dos anos e o processoenvelhecimento, a gente vai perdendo a matriz extracelular da pele, que se torna mais fina e solta", explica a médica Alessandra Grassi Salles, coordenadora do GrupoCirurgia Estética, Cosmiatria e Laser da FaculdadeMedicina da UniversidadeSão Paulo (USP).

Essa "matriz extracelular" que a especialista menciona corresponde justamente a todas as substâncias que fazem o "recheio" da pele e mantém as células cutâneas unidas.

Com o passar dos anos e a diminuição natural desses compostos, é normal que a camada superficial do nosso corpo fique flácida, ganhe rugas e acabe se tornando menos espessa.

É aí que entram as aplicaçõesácido hialurônico: o objetivo é repor ou aumentar a quantidade dessa substância,modo a manter a pele com a espessura desejada.

Qual a diferença entre os cremes e as injeções?

"A grande questão é que o ácido hialurônico que nós produzimos naturalmente tem uma meia vida muito curta. Ele é absorvido pelo corpomenos48 horas", diz o médico Daniel Boro, da Sociedade BrasileiraCirurgia Plástica.

"A indústria então desenvolveu versões desta substância que são bem mais resistentes e permanecem no organismo por meses."

Atualmente, o ácido hialurônico injetado nos procedimentos estéticos é obtido por meioum processofermentaçãoalguns micro-organismos.

Já os cremes carregam versões sintéticas desse ingrediente.

Duas mulheresperfil com os olhos fechados

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Legenda da foto, Durante o processoenvelhecimento, a pele perde conjuntosubstâncias que dá apoio e firmeza à camada superficial

Além da fabricação, os dois tiposprodutos trazem diferenças fundamentais no mecanismoação.

"A função básica do creme é promover uma hidratação bem superficial da pele. Já os injetáveis têm o papelpreencher, dar suporte e rejuvenescer partes do rosto", resume a médica Alessandra Ribeiro Romiti, assessora do DepartamentoCosmiatria Dermatológica da Sociedade BrasileiraDermatologia.

Os especialistas explicam que o creme traz moléculas grandes, que não conseguem ultrapassar as primeiras camadas da pele. Com isso, não há possibilidadeo ácido hialurônico que faz parte da formulação se aprofundar e preencher a matriz extracelular, mencionada anteriormente.

Um efeito parecidohidratação, aliás, é observadocápsulas que também trazem esse ingrediente.

Porém, antescomeçar a usar qualquer um desses itens, o ideal é buscar a orientaçãoum especialista.

"Se a pessoa tem pele oleosa e usa creme demais, há o riscoesse hábito entupir os poros da pele e causar acne", explica Salles.

Para quem o ácido hialurônico é indicado?

De forma geral, não existe uma "receitabolo", ou uma recomendação geral que sirva para todas as pessoas.

"Nós podemos aplicar o ácido hialurônico como parte do processogerenciamento do envelhecimento da pele", aponta Boro.

Na visãoRomiti, tudo vai depender do que o paciente busca e das características individuais dele.

"Não existe uma idade certa para iniciar o tratamento. Tem gente que começa a trabalhar as olheiras com 25 anos, outros buscam corrigir certos aspectos do rosto após uma cirurgia bariátrica ou querem uma abordagem mais global quando chegam aos 50 ou 60 anos", afirma.

Salles acrescenta que, além das possibilidadesmodificar certos aspectos do rosto com novas tecnologias estéticas como o ácido hialurônico, o profissionalsaúde precisa entender as motivaçõescada pessoa.

"É um grande erro achar que a gente precisa ter um rosto30 anos para ser feliz. Se não trabalharmos o que está acontecendo dentro do paciente, ele pode até ficar com uma face rejuvenescida, mas nunca vai estar satisfeitoverdade", ressalta.

Os resultados da aplicação são definitivos?

Não. O ácido hialurônico utilizadoprocedimentos até dura mais tempo, mas aos poucos ele é absorvido pelo organismo. "Tudo depende do tipogel e da parte do rostoque ele será aplicado", responde Boro.

"Em linhas gerais, ele permanece nas camadas da pele por cercaum ano, mas esse tempo costuma variar entre seis e 18 meses."

Vale explicar aqui que nem todo ácido hialurônico é igual: existem formulações mais consistentes e outras mais maleáveis.

O profissional seleciona o tipo adequadoacordo com a parte do rosto e o efeito desejado — no queixo ou na mandíbula, por exemplo, pode ser necessário um gel mais firme, enquanto que, nos lábios ou nas pálpebras, é melhor aplicar um produto flexível e elástico, que vai permitir uma movimentação mais natural da boca ou dos olhos.

Mulher aplica creme no rosto

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Legenda da foto, Cremes com ácido hialurônico até ajudam a hidratar a pele, mas não alcançam camadas mais profundas

Além da consistência, outro fator que interfere na duração do ácido hialurônico é a movimentação das estruturas da face. A tendência é que ele se esgote rapidamenteáreas que se movem com muita frequência, como os lábios e os olhos, e permaneça por um tempo extrapartes que são menos móveis, como a mandíbula.

Mas é claro que os especialistas não esperam que o ácido hialurônico acabe completamente para indicar novas aplicações.

"Nós realizamos um acompanhamento periódico e temos protocolos para fazer reposições,acordo com a necessidade", diz Boro.

Há o riscoefeitos colaterais depois do procedimento?

Eventos adversos podem acontecer, e é importante que tanto especialistas quanto pacientes saibam identificá-los para agir rápido e conter os danos.

Um dos perigos mais temidos ocorre quando o produto é injetado na parte errada do rosto. Com isso, o ácido hialurônico pode parar dentro dos vasos sanguíneos que irrigam a face, onde vai provocar um entupimento que leva à mortetecidospartes do nariz, dos lábios ou até um quadrocegueira.

"Para minimizar esse risco, é importante fazer esse procedimento com profissionais que tenham muita experiência e anostreinamento", diz Salles.

"Isso não é algo que se aprendeum cursofinalsemana. São anosestudos para entender todas as variações anatômicas do rosto e onde provavelmente estão as veias e as artérias. E mesmo os especialistas mais experientes podem cometer erros e injetar sem querer a substância dentroum vaso."

Para minimizar os danos, é possível utilizar uma enzima chamada hialuronidase, que tem a função justamenteabsorver o ácido hialurônico aplicadoforma inadequada

Mas esse "antídoto" também não pode ser usadoqualquer situação: existem pacientes que têm alergia à hialuronidase e desenvolvem reações graves.

Além do entupimentoartérias e veias, outros efeitos colaterais possíveis são reações inflamatórias, marcadas por vermelhidão e inchaço, e a formaçãonódulos no local da aplicação.

A boa notícia é que, como o produto é absorvido pelo organismo, esses problemas costumam ser passageiros.

Por fim, Salles considera que a aplicação excessivaácido hialurônico — e os resultados estéticos indesejados disso — também podem ser vistos como um evento adversoalgumas situações.

"Há casosque se injeta 10 a 20 mililitrosácido hialurônico e você vê transformações impressionantes", observa.

"Mas isso pode afetar a movimentação do rosto e a pessoa deixater um sorriso ou uma expressão natural. É preciso encontrar um equilíbrio para que a pessoa se sinta bem e consiga reconhecer o próprio rosto no espelho."

- Texto originalmente publicadohttp://vesser.net/geral-62042982

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