Demanda por energia limpa ameaça uma das regiões mais ricas e férteis na Amazônia:blaze apostas bônus
A extração frenética dos últimos meses ameaçou o habitatblaze apostas bônusanimais protegidos, aumentou a extração ilegal, precarizou o trabalho e dividiu as comunidades indígenas, afirmam diferentes fontes consultadas pela BBC News Mundo, serviçoblaze apostas bônusespanhol da BBC.
"Foi um desastre", descreve Pablo Balarezo, coordenadorblaze apostas bônuseconomia florestal da Fundação Pachamama, no Equador.
As comunidades indígenas da região, proprietárias ancestraisblaze apostas bônusmuitos dos hectares onde se extrai o Pau-de-balsa, ativistas e empresários pedem ao Estado que intervenha, regularize mais o setor e o proteja dos anos que alguns temem ser irreversíveis.
O Ministério do Meio Ambiente e Águas do Equador realizou operações para interceptar o deslocamento e a exploração ilegalblaze apostas bônusPau-de-balsa, mas várias associações acreditam que o esforço não tem sido suficiente. A BBC News Mundo entroublaze apostas bônuscontato com o ministério, mas não havia recebido resposta até o momento da publicação desta reportagem.
O que é o Pau-de-balsa e para que é usado
O Pau-de-Balsa é uma árvore que cresce nas florestas tropicais,blaze apostas bônusuma altitude entre 300 e 1.000 metros.
"Na América do Sul, você o encontra na Cordilheira dos Andes, na Amazônia, no Peru, na Colômbia, na Venezuela e no Panamá. Ao norte, você encontra o Pau-de-Balsa na Costa Rica e também no sul do México", diz Ricardo Ortiz, que se dedica à exportaçãoblaze apostas bônusPau-de-Balsa há maisblaze apostas bônus25 anos.
Do Pau-de-Balsa se obtém uma madeira leve, e cada árvore oferece um rendimento considerável, uma vez que pode chegar a ter entre 25 e 30 metrosblaze apostas bônusaltura. Em geral, ela morre aos 6 ou 7 anos, mas "para tirar o máximo proveito, é derrubada aos 3 ou 4 anos, quandoblaze apostas bônusmadeira atinge a melhor qualidade", explica Balarezo à BBC News Mundo.
A madeira do Pau-de-Balsa é usada principalmente para fabricar pásblaze apostas bônusgeradoresblaze apostas bônusenergia eólica.
Ortiz conta que à medida que os países mais ricos buscam fontes renováveis de energia, a demanda por Pau-de-Balsa aumentou no Equador.
"Na última década, ela vem crescendo, mas nada se compara ao que aconteceu nos últimos dois anos, desde que a China entrou com força no mercado. O anoblaze apostas bônus2020 foi um frenesi. Ficou forablaze apostas bônuscontrole", afirma ele à BBC News Mundo.
Febre do Pau-de-balsa
Como diz Ortiz, nos últimos anos a China liberou bilhõesblaze apostas bônussubsídios para incentivar a instalaçãoblaze apostas bônuspainéis solares e geradoresblaze apostas bônusenergia eólicablaze apostas bônustodo o país.
Há muitos geradores eólicos a serem fabricados — e, para isso, é necessário muito Pau-de-Balsa.
O Equador é o maior vendedorblaze apostas bônusPau-de-Balsa do mundo. Ortiz estima que o país exporte 75% do total dessa madeira para todo o planeta. China, Estados Unidos e Europa são os principais compradores.
"Em 2019 e 2020, eu vi algo sem precedentes nos 25 anos que estou neste negócio. Os chineses vieram com muito dinheiro para comprar todo o Pau-de-Balsa que pudessem. O preço da matéria-prima triplicou. Muita gente pobre que vive nas áreasblaze apostas bônusmaior concentração da espécie ganhou muito dinheiro", relata Ortiz.
O "frenesi" aumentou ainda mais no segundo trimestreblaze apostas bônus2020, quando os lockdowns impostos pela pandemiablaze apostas bônuscovid-19 foram relaxados, a China anunciou a redução dos subsídios e os investidores correram mais do que nunca para se apossar da madeira.
O empresário explica que compradores dos Estados Unidos e da Europa adquirem madeira certificada e cumprem com mais rigor os contratos. Os chineses, diz ele, trabalham maisblaze apostas bônusondas e operamblaze apostas bônusforma um pouco "mais desorganizada", o que também contribuiu para a enxurradablaze apostas bônusdemanda.
A necessidadeblaze apostas bônusPau-de-Balsa e seus lucros inegáveis atraíram muito mais participantes para o negócio do que as empresas tradicionais que já atuavam nele.
As comunidades indígenas também tiram uma renda, e "as máfias fora do Equador atuam como intermediárias e lavam dinheiro para explorar o Pau-de-Balsa", denuncia Balarezo, da Fundação Pachamama.
Por um pedaçoblaze apostas bônuscercablaze apostas bônusum metro e meio dessa madeira, se chegou a pagar entre 10 e 12 dólares.
"Juntou tudo. A demanda, os lucros e a faltablaze apostas bônuscontrole do governo devido às restrições da pandemia. Ficou uma bagunça", acrescenta Balarezo.
Um problema ambiental... e social
A extração do Pau-de-Balsa por si só não é um problema graveblaze apostas bônusdesmatamento. Trata-seblaze apostas bônusuma espécie primária e cresce tão rápido que, onde há uma árvore derrubada, volta a crescer outra que blaze apostas bônuscercablaze apostas bônusquatro anos chega a 20 metros.
A "preocupação", concordam empresários, representantes indígenas e ambientalistas, é quando sai do controle sem fiscalização estatal suficiente.
"Com o boom, o Pau-de-Balsa foi explorado sem a técnica necessária. Se desperdiçou madeira, e por acidente e desconhecimento, foram derrubadas outras árvores que, sim, são críticas", explica Balarezo.
Muitas das áreasblaze apostas bônusPau-de-Balsa são habitatsblaze apostas bônusanimais protegidos, como onças, tartarugas, várias espéciesblaze apostas bônuspássaros e outros mamíferos.
"O desmatamento sem controle ameaça habitats muito delicados. O ecossistemablaze apostas bônusPastaza é um dos mais ricos e conservados do Equador. Estamos brincando com fogo", alerta Balarezo.
O especialista adverte ainda que as máfias camuflam madeiras nobresblaze apostas bônusoutras árvoresblaze apostas bônuscaminhões carregadosblaze apostas bônusPau-de-Balsa.
"Foi algo que documentei e queria denunciarblaze apostas bônusfevereiroblaze apostas bônus2020, mas eles me viram e me ameaçaram com uma arma no peito. Tive que apagar as fotos. Essa gente é muito perigosa."
'Divisão e decomposição dentro das comunidades indígenas'
A febre do Pau-de-Balsa tem gerado conflitos e divisões entre as comunidades indígenas que povoam a bacia do Rio Pastaza.
O negócio rendeu dinheiro, "e muitas comunidades indígenas muito pobres, donas do território, estão aproveitando isso", diz Ortiz.
Mas o dinheiro "corrompe", e alguns o estão usando "mal", gerando problemasblaze apostas bônusdependência química, alcoolismo e "decomposição" social.
"Muitos jovens indígenas, com o dinheiro do Pau-de-Balsa, vão às cidades gastarblaze apostas bônusfesta. Não é que o capital do extrativismo esteja sendo utilizado com um bom fundo social", afirma Andrés Tapia, da equipeblaze apostas bônuscomunicação da Confederação das Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (Confeniae).
No entanto, não é isso que mais preocupa ele.
"Nossa principal ameaça é a divisão social. Gerou muita polarização entre aqueles que queriam trabalhar por necessidade e os que se opunham ao extrativismo. Muitos se manifestaram contra e proibiram a extração, mas outros, por conta própria, ignoraram esses pronunciamentos", conta Tapia.
Fonteblaze apostas bônusrenda, mas tambémblaze apostas bônusprecarização
Balarezo e Tapia reconhecem que o boomblaze apostas bônusPau-de-Balsa foi uma importante fonteblaze apostas bônusrenda para muitas famílias, mas também admitem que levou à precarização do trabalho.
"Em muitas ocasiões, as negociações são feitas diretamente com as comunidades indígenas, e estas, por não terem alternativas, aceitam condições injustas", relata Balarezo.
"É verdade que pagam a eles pela madeira, mas se você levarblaze apostas bônusconta todo o esforçoblaze apostas bônusmãoblaze apostas bônusobra, o que eles recebem não é justo. Os intermediários que levam o Pau-de-Balsa para cidades como Guayaquil e Quevedo ficam com a maior parte", acrescenta.
"Meus trabalhadores são formalizados, mas a extraçãoblaze apostas bônusmassa no oriente pelos indígenas não está regularizadablaze apostas bônusforma alguma", denuncia Ortiz.
A faltablaze apostas bônuscontrole e a penetraçãoblaze apostas bônusintermediáriosblaze apostas bônuscidades grandesblaze apostas bônusum anoblaze apostas bônuspandemia também fizeram com que o novo coronavírus se propagasse fatalmente entre as cidades amazônicas, acrescenta Tapia.
Oportunidade econômica, mas se o Estado intervir
Em meio ao que muitos consideram uma crise ambiental e social, as fontes consultadas pela BBC News Mundo concordam que, sendo controlada e administrada pelas autoridades, a exploraçãoblaze apostas bônus Pau-de-Balsa pode ser uma importante oportunidade econômica.
É verdade que o boomblaze apostas bônus2020 já passou, mas por isso mesmo acredita-se que seja o momento ideal para planejar essa atividade.
As principais potências estão buscando obter fontesblaze apostas bônusenergia renováveis e reduzir progressivamente ablaze apostas bônuspegadablaze apostas bônuscarbono.
"Dianteblaze apostas bônustanta demanda, uma árvore como o Pau-de-Balsa, que se regenera rápido, pode oferecer muita rentabilidade sem comprometer gravemente o meio ambiente", sinaliza Ortiz.
"Se o Estado controlar e a extraçãoblaze apostas bônusmadeira for feitablaze apostas bônusforma sustentável e amigável, é uma grande oportunidade. Por isso, estamos tentando promover o Pau-de-Balsa amazônicoblaze apostas bônusáreas degradadas e assim diminuir a pressãoblaze apostas bônusterritórios que sofreram muito", diz Balarezo.
Ortiz também pede mais investimentosblaze apostas bônusinfraestrutura.
"A Europa e os Estados Unidos vêm comprando há muito tempo, mas não é que se tenha investido muito no país. É verdade que são necessários dezenasblaze apostas bônusmilhões para plantar e construir, mas a rentabilidade poderia ser espetacular", afirma o empresário.
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