Alergias alimentares: por que a condição está ficando cada vez mais comum no mundo:
Embora não possamos dizer com certeza por que as taxasalergia estão aumentando, pesquisadorestodo o mundo estão se esforçando para encontrar formascombater esse fenômeno.
O que causa alergia?
A alergia é causada pelo sistema imunológico que reage para combater substâncias presentes no meio ambiente que deveriam ser consideradas inofensivas, conhecidas como alérgenos.
Essas substâncias a princípio inocentes se tornam alvos, levando a reações alérgicas.
Os sintomas variam desde vermelhidão da pele, urticária e inchaço até - nos casos mais graves - vômitos, diarreia, dificuldade respiratória e choque anafilático.
Entre os alimentos a que crianças costumam ser alérgicas, estão leite, ovos, amendoim, tiposnozes (por exemplo, nozes, amêndoas, pinhões, castanha do Pará), gergelim e frutos do mar.
Onde as alergias alimentares são mais prováveis de ocorrer?
A frequência das alergias alimentares aumentou nos últimos 30 anos, principalmente nas sociedades industrializadas. O tamanho do aumento depende do tipoalimentação eonde o paciente vive.
Por exemplo, houve um crescimentocinco vezes nas alergias a amendoim no Reino Unido entre 1995 e 2016.
Uma pesquisa com 1,3 mil criançastrês anos para o Estudo EAT da universidade King's College London, no Reino Unido, sugeriu que 2,5% têm alergia ao amendoim.
A Austrália tem a maior taxaalergia alimentar confirmada. Um levantamento descobriu que 9% das crianças australianasum ano tinham alergia a ovo, enquanto 3% eram alérgicas a amendoim.
O aumento das alergias não se deve simplesmente ao fatoa sociedade estar mais consciente delas econseguir diagnosticá-las melhor.
Acredita-se que o aumento da sensibilidade aos alimentos esteja relacionado a fatores ambientais e ao estilovida ocidental.
Sabemos que há taxas mais baixasalergias nos paísesdesenvolvimento. E que também são mais propensasocorreráreas urbanas do que rurais.
Os fatores envolvidos podem incluir poluição, mudanças na dieta e menos exposição a micróbios, que mudam a maneira como nossos sistemas imunológicos reagem.
Os migrantes parecem apresentar uma incidência maiorasma e alergia alimentar no paísque escolheram viverrelação a seu paísorigem, ilustrando ainda mais a importância dos fatores ambientais.
Algumas explicações possíveis
Não há uma única explicação para um aumento global das alergias a alimentos, mas a ciência tem algumas teorias.
Uma delas é que a melhoria da higiene pode ser uma das causas, já que as crianças não estão tendo tantas infecções.
As infecções parasitárias,particular, são normalmente combatidas pelos mesmos mecanismos envolvidos no combate às alergias. Com menos parasitas para combater, o sistema imunológico se volta contra elementos que deveriam ser inofensivos.
Outra hipótese é que a vitamina D pode ajudar nosso sistema imunológico a desenvolver uma resposta saudável, nos deixando menos suscetíveis a alergias. Mas a maioria das populações ao redor do mundo não obtém vitamina D suficiente por várias razões, incluindo passar menos tempo ao sol. Nos EUA, acredita-se que a taxadeficiênciavitamina D tenha quase dobradopouco maisuma década.
Uma nova teoria"exposição a alérgenos duplos" sugere que o desenvolvimento da alergia alimentar se deve ao equilíbrio entre o momento, a dose e a formaexposição.
Por exemplo, o desenvolvimentoanticorpos antialérgicos pode ocorrer por meio da pele, principalmente da pele inflamadabebês com eczema.
Mas acredita-se que a ingestãoalimentos que podem desencadear alergia durante o desmame pode levar a uma resposta saudável e prevenir o desenvolvimento da alergia, porque o sistema imunológico do intestino está preparado para tolerar bactérias e substâncias estranhas, como alimentos.
Esta foi a base para o Estudo LEAP do King's College London, que revelou uma redução80% nas alergias a amendoimcriançascinco anos que comiam regularmente o alimento desde o anoque nasceram.
Esse estudo levou a mudanças nas diretrizes dos EUA sobre o consumoamendoim na infância. Os pais do Reino Unido foram aconselhados a consultar um médico primeiro.
Impacto humano
As recentes mortesadolescentes que sofriamalergias alimentares no Reino Unido destacam o impacto humano desta condição e a importância do alerta claro e preciso nas embalagens.
Atualmente, não há cura para a alergia alimentar, e o controle da doença dependeevitar os alimentos que causam a reação eum planotratamentoemergênciacasoexposição.
Mas até mesmo o diagnóstico inicial é um desafio. A principal maneiraidentificar alergias alimentares é fazer com que o paciente consuma gradualmente quantidades maiores do alimentoquestão sob supervisão médica.
No entanto, isso é angustiante para as crianças e tem riscos. Os testesacompanhamento da reação do sistema imunológico também podem dar um falso positivocrianças não alérgicas.
No King's College London, desenvolvemos uma alternativa: um examesangue que se mostrou preciso no diagnósticoalergia a amendoim, comparado aos métodos existentes.
Esses testes agora contemplam os alimentos responsáveis por 90% das alergias infantis, e espera-se que estejam disponíveis aos pacientes nos próximos dois anos.
Mesmo após um diagnóstico bem sucedido, é difícil evitar alimentos que ativam a alergia, e reações acidentais são comuns.
A imunoterapia com alérgenos - administraçãopequenas quantidades da substância - mostrou reduzir a sensibilidade dos pacientes alérgicos e pode proteger contra a exposição acidental.
Um teste recente com drogasimunoterapia mostrou que 67% dos indivíduos alérgicos a amendoim poderiam consumir o equivalente a dois grãos após um ano,comparação com 4% do grupocontrole. No entanto, eles ainda são alérgicos.
Outros tratamentos para alergia alimentar estão sendo estudados e são muito necessários.
Enquanto isso, as alergias continuarão sendo uma fontepreocupação e parte da vida diária das crianças eseus pais.
Sobre este artigo
Esta análise foi encomendada pela BBC a um especialista que trabalha para uma organização externa.
Alexandra Santos é professora do DepartamentoAlergia Pediátrica do King's College London.
Editado por Eleanor Lawrie.
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