Por que a qualidade do sêmen está caindo no mundo e como isso ameaça a reprodução humana:blazelogin
Ela conta que o CentroblazeloginAtenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da universidade realiza examesblazeloginespermograma desde 1989. Das 33.944 amostras registradas entre 1989 e 2016, ela analisou 18.902.
Anne dividiu os examesblazelogincinco períodosblazelogintempo e analisou os principais parâmetros que medem a qualidade do sêmen: concentração (quantidadeblazeloginespermatozoides na amostra), motilidade progressiva (capacidadeblazeloginmovimentação, importante para o encontro com o óvulo e a fertilização) e morfologia (sua forma). "Notamos uma queda significativablazelogintodos eles", ela afirma.
A concentração seminal, por exemplo, caiublazelogin86,4 milhõesblazeloginespermatozoides por mililitro (ml) no períodoblazelogin1989 a 1995 para 48,32 milhões/ml entre 2011-2016. A porcentagem com boa motilidade baixoublazelogin47,6% para 35,9%, e o índice dos que tinham formas normais reduziu-seblazelogin37,1% para 3,7%.
Apesar dessas quedas, os dois primeiros parâmetros estão dentro dos padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que são, respectivamente, mínimosblazelogin15 milhões e 32%.
Quanto à morfologia, a porcentagem encontrada por Ropelle está um pouco abaixo do que é considerado normal pela OMS, que é acimablazelogin4%. Esses dados podem ser um alerta. "Se os números continuarem caindo, os casais poderão encontrar maior dificuldade para conseguirem uma gestação", diz a especialista.
Discussões
No exterior, as pesquisas sobre o tema são mais antigas e numerosas. Todas apontam na mesma direção. O médico urologista Leocácio Barroso, do Hospital Universitário Walter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará (UFC), cita algumas meta-análises (revisão sistemáticablazeloginvárias pesquisas realizadas sobre um mesmo tema).
Uma delas foi feita pela bióloga dinamarquesa Elisabeth Carlsen, que analisou 61 estudos sobre qualidade do sêmen realizados por outros pesquisadoresblazeloginvários países, entre 1938 e 1991. Os resultados foram divulgadosblazelogin1992. "Ela mostrou que nesse período a concentração médiablazeloginespermatozoides caiublazelogin113 milhões/ml para 66 milhões/ml", informa Barroso.
Para ele, a mensagem essencial do estudoblazeloginCarlsen e colaboradores é que a concentração seminal declinou globalmenteblazelogincercablazelogin50% no último século, atraindo uma atenção significativa e sendo focoblazelogindiversas discussões. "A partir dessa publicação, diversos laboratórios têm analisado seus próprios dados retrospectivamente e muitos estudos sugerem que,blazeloginfato, houve um declínio na qualidade do esperma", conta.
Um desses trabalhos foi divulgado cinco anos mais tarde,blazelogin1997, pela especialistablazeloginreprodução humana Shanna Swan, dos Hospital Mount Sinai,blazeloginNova York. Ela fez uma reanáliseblazelogin56 estudos analisados por Carlsen e confirmou uma significativa queda na densidade espermática nos Estados Unidos e na Europa, mas nãoblazeloginoutras partes do mundo.
"Mais tarde,blazelogin2000, ela realizou outra extensa meta-análise, dessa vezblazelogin101 estudos, que confirmou o declínio na qualidade seminal no períodoblazelogin1934 a 1996", diz Barroso.
A própria OMS reduziu os valoresblazeloginreferência que definem uma amostra seminal como "normal". "De 1987 até hoje, a organização publicou cinco edições do Manual para o Exame do Sêmen Humano", diz Barroso.
"A publicação mais recente,blazelogin2010, traz valoresblazeloginreferência mais baixos do que os encontrados na última edição,blazelogin1999." Os novos parâmetrosblazeloginconcentração mínima foram reduzidosblazelogin20 milhões/ml para 15 milhões/ml, os da motilidade,blazelogin50% para 32%, e os da morfologia,blazelogin14% para 4%.
Para a definiçãoblazelogintais valores, foram avaliadas amostrasblazelogin4.500 homensblazelogin14 paísesblazeloginquatro continentes. Barroso tem, no entanto, uma crítica ao manual. De acordo com ele, enquanto algumas áreas foram super-representadas, como o norte da Europa, outras foram subrepresentadas, como a África e a América do Sul.
"De fato, para esse estudo não foi avaliada nenhuma amostra proveniente do Brasil", diz. "Portanto, a interpretação e aplicação dos valoresblazeloginreferência definidos pela última publicação da OMS para o brasileiro é imprecisa."
Estiloblazeloginvida?
Que a qualidade seminal vem caindo no mundo é praticamente uma certeza. Já as causas não são bem conhecidas. "Nosso bancoblazelogindados não possuía informações sobre estiloblazeloginvida ou hábitos dos pacientes, desta forma não pudemos correlacionar a queda a uma ou mais causas", afirma Anne. Mas há suspeitas.
Seu orientador, o ginecologista Luiz Francisco Baccaro, da FCM da Unicamp, aponta alguns. "Vários autores relatam que substâncias com efeitos similares ao estrogênio (hormônio cuja ação está relacionada ao controle da ovulação e ao desenvolvimentoblazelogincaracterísticas femininas), conhecidas como 'desreguladores endócrinos', poderiam agir no feto do sexo masculino ainda no útero da mãe, levando a problemas na função testicular", diz.
Entre esses "desreguladores endócrinos" estão substâncias químicas, presentesblazeloginpequena quantidadeblazeloginpesticidas, solventes e recipientesblazeloginplástico, por exemplo. Além dos fatores ambientais, aspectos relacionados aos hábitosblazeloginvida também devem influenciar a produçãoblazeloginesperma.
"Alguns estudos demonstraram que o tabagismo e o consumoblazeloginálcoolblazeloginexcesso podem diminuir a qualidade do sêmen", acrescenta Baccaro. "Além disso, um fator muito prevalente que influencia nisso é a obesidade, que pode levar a um desequilíbrio hormonal. Um estudo mostrou que homens com excessoblazeloginpeso têm o esperma pior."
Barroso cita outros suspeitos. "O usoblazelogintelefones celulares têm aumentado as preocupaçõesblazeloginrelação ao efeito das suas ondas eletromagnéticas na fertilidade", afirma.
"Estudo observacional recente, in-vivo e in-vitro, mostrou que os aparelhos podem causar uma diminuição da densidade, motilidade, viabilidade e morfologia dos espermatozoides. Hipertermia (alta temperatura) testicular também pode impedir a espermatogênese. Por isso, o usoblazeloginlaptops próximo à genitália, utilização frequenteblazeloginsaunas e banheiras aquecidas estão entre os fatores considerados como possíveis causas da queda da qualidade do sêmen."