Com faculdades públicas e sem vestibular, Argentina atrai cada vez mais universitários brasileiros:bet io casino

Estudantes na Universidadebet io casinoBuenos Aires

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Legenda da foto, Estudantes na Universidadebet io casinoBuenos Aires, que tem 4%bet io casinoestrangeiros, principalmente brasileiros

O sistema universitário argentino exige dos brasileiros apenas o diploma do ensino médio, reconhecido nos ministérios da Educação do Brasil e da Argentina, e um documentobet io casinoidentidade (o DNI, emitido pelas autoridades migratórias). O desempenho do aluno no ensino médio não é avaliado. No caso do DNI, o processo foi simplificado nos últimos anos, mas o agendamento para o início da emissão do documento pode demorar alguns meses.

Sem vestibular

Diferentemente das universidades brasileiras, as universidades públicas argentinas não têm limitesbet io casinovagas para vários cursos, incluindo osbet io casinoMedicina,bet io casinoacordo com a assessoriabet io casinoimprensa das instituições acadêmicas. Essa facilidadebet io casinoingresso tem sido um chamariz para estudantes brasileiros.

Outro fatorbet io casinopeso, segundo acadêmicos ouvidos pela BBC Brasil, é a crise econômica brasileira.

"Nos perguntamos aqui por que tantos alunos brasileiros vieram nos últimos dois ou três anos e entendemos que o período coincide com a crise no Brasil", disse um assessor acadêmico, pedindo para não ser identificado. "Sem dúvida, o que vem ocorrendo nos últimos tempos chama a atenção", disse outro.

A Faculdadebet io casinoMedicina da Universidade Nacionalbet io casinoLa Plata (UNLP), a uma hora e meiabet io casinoBuenos Aires, registravabet io casino2015 apenas 11 alunos brasileiros. Esse número saltou para 311bet io casino2017 e, neste ano, há 566 universitários brasileiros matriculados.

Universidade Nacionalbet io casinoLa Plata

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Legenda da foto, Alguns setores acadêmicos já manifestam preocupação com a presença crescentebet io casinobrasileiros, uma vez que as universidades são financiadas com dinheiro do contribuinte

A reitoria da Faculdadebet io casinoMedicina da UNLP diz que, nesse caso específico, o aumento é explicado pelo recente fim da exigência da provabet io casinoadmissão, colocandobet io casinoprática uma lei nacionalbet io casino2015.

"As provas (de admissão) deixarambet io casinoser exigência para todas as universidades desde o retorno da democracia, nos anos 1980. Mas, por serem autônomas, algumas delas ainda aplicavam provas", explica o reitor da Universidade Nacionalbet io casinoRosário (UNR), Hector Floriani, à BBC Brasil.

Ali, dos cercabet io casino4 mil alunosbet io casinoMedicina, 1,5 mil são brasileiros.

A UNR, assim como a Universidadebet io casinoBuenos Aires (UBA), já não exigia há anos o examebet io casinoadmissão, nem mesmo para o cursobet io casinoMedicina.

Para facilitar a vida dos que chegambet io casinofora, algumas universidades ainda oferecem cursos grátisbet io casinoespanhol, antesbet io casinoas aulas na faculdade começarem.

A brasileira Raquel Moraes, 25 anos, estudou Engenharia durante cinco anos na Universidadebet io casinoBrasília e decidiu passar para Medicina. Ela está no primeiro ano da Universidadebet io casinoLa Plata e conta que optou por Buenos Aires justamente pela gratuidade e facilidadebet io casinoingresso. "Tem muitos brasileiros estudando aqui", agrega.

Críticas

No entanto, o acesso ilimitado e gratuito - que é igual para argentinos e estrangeiros - começa a despertar críticasbet io casinoalguns setores acadêmicos.

Aindabet io casinoforma incipiente, há quem defenda que o acesso continue irrestrito, mas apenas para os estrangeiros que cursaram os ensinos fundamental e médio na Argentina e que provavelmente continuarão vivendo no país.

"A Argentina tem maisbet io casino20%bet io casinopobres. Não é mais um país rico. Como podemos sustentar a educação da classe média brasileira?", questiona um assessor acadêmico.

O reitor Floriani, da UNR, admite que a crescente presença brasileira tem causado preocupação.

Estudantesbet io casinoMedicina

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Legenda da foto, Cursosbet io casinoMedicina são os mais procurados pelos brasileiros

"É interessante contar com alunos estrangeiros, porque a troca é enriquecedora. Mas depende da quantidadebet io casinoalunos. Mil e quinhentos (brasileiros) é um número elevado. Além disso, não existe um sistemabet io casinoreciprocidade. Não imagino que uma universidade federal brasileira receba 1,5 mil alunos argentinos", diz ele, destacando ainda que 80% do sistema universitário argentino é financiado por dinheiro público.

Segundo o reitor, algumas famílias brasileiras têm achado mais vantajoso economicamente enviar o filho para uma universidade argentina, mesmo pagando passagem e estadia, do que mantê-lobet io casinouma universidade particular brasileira. Isso apesarbet io casinoo custobet io casinovida não estar baixo na Argentina, onde a inflação deve chegar a 20% neste ano.

Procurados pela BBC Brasil, o Ministério da Educação da Argentina e o Consulado do Brasil no país vizinho informaram não ter dados atualizados sobre estudantes brasileiros nas universidades públicas.

Em São Paulo, o ex-ministro brasileiro da Educação Renato Janine Ribeiro concorda que a gratuidade do ensino e a não existência do vestibular são os motivos que atraem os estudantes brasileiros para as universidades argentinas. "É muito difícil entrar para uma universidade pública (no Brasil), principalmentebet io casinoMedicina, e as particulares são caras", destaca.

Mesmo no ensino particular há grande discrepânciabet io casinovalores. O preço da mensalidadebet io casinoMedicina na faculdade Barceló,bet io casinoBuenos Aires, onde a presençabet io casinobrasileiros é a maior entre estudantes estrangeiros, ébet io casino7,5 mil pesos (cercabet io casinoR$ 1.250). Já a mensalidadebet io casinouma faculdade particular no Brasil pode variar entre R$ 3,5 mil e maisbet io casinoR$ 7 mil.

"Temos estudantes brasileirosbet io casinovários lugares do Brasil, como Riobet io casinoJaneiro, Mato Grosso e Fortaleza", diz o Departamentobet io casinoRelações Institucionais e Admissão da Barceló.

Janine afirma ainda que a tradição do ensino argentino também contribui para atrair brasileiros, lembrando que ainda é "muito baixo" (20%) o percentualbet io casinobrasileiros entre 18 e 24 anos matriculados no ensino superior.

Prédio da Universidadebet io casinoBuenos Aires

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Legenda da foto, Analista diz que é mais fácil entrarbet io casinouniversidades argentinas, mas também é mais difícil concluir cursos

Fácil entrar, difícil sair?

O especialista argentino Alieto Guadagni, membro da Academia Argentinabet io casinoEducação, é um dos que tem levantado hipóteses para a maior presençabet io casinoalunos brasileiros nas universidades argentinas.

"Será que esses alunos não passaram no Enem no Brasil e buscam as universidades argentinas como alternativa?", questiona.

Ao mesmo tempo, Guadagni afirma ainda que, embora seja mais fácil ser admitido, "é mais difícil concluir a faculdade na Argentina".

Ele cita dados oficiaisbet io casino2015 que apontam que, a cada 10 mil habitantes na Argentina, 29 estudantes concluíram a universidade (não há dados específicos sobre estudantes brasileiros) naquele ano. Sob os mesmos critérios, no Brasil foram 56 estudantes.

"Ou o ensino aqui é mais exigente ou os alunos estão menos preparados quando entram na universidade e por isso têm dificuldadebet io casinochegar ao final da faculdade", analisa Guadagni.

Como regra própria, a Universidadebet io casinoBuenos Aires, a maior da Argentina, ministra o Ciclo Básico Comum (CBC), que é o primeiro anobet io casinoestudo na instituição e vale para estudantesbet io casinotodas as áreas, incluindo Medicina. O curso pode ser ministrado até à distância.

O CBC é cursado durante um ano e oferece cursos específicos paralelos, como compreensãobet io casinotexto e matemática, para aqueles que apresentam dificuldades para acompanhar o ritmo das matérias. O objetivo, informou a UBA, é "nivelar" a educação dos alunos para facilitar o ensino e aprendizagem "igualitários" nas aulas.

'Meus pais não poderiam pagar'

A brasileira Rafaela Laiz, 20 anos, começou a cursar à distância o CBC neste ano e pretende se mudarbet io casinoLajinha (MG) para a Argentinabet io casino2019, para cursar Medicina na UBA.

"Quero ser cardiologista, mas a faculdade aqui no Brasil é muito cara,bet io casinotornobet io casinoR$ 5 mil. Meus pais não poderiam pagar. Por isso, me inscrevi no CBC da UBA, e no ano que vem vou para Buenos Aires", conta. "Já soube que a prova para revalidar meu diploma argentino aqui no Brasil é bem difícil, mas mesmo assim vale a pena."

O Revalida é o exame anual realizado no Brasil para que brasileiros ou estrangeiros que cursaram Medicina no exterior possam exercer a carreirabet io casinomédico no país. O exame, aplicado pelo INEP (ligado ao Ministério da Educação), é considerado exigente. Em 2016, o índicebet io casinoreprovação chegou a quase 60%.

A UBA, escolhida por Rafaela Laiz, tem 300 mil alunos (40 milbet io casinoMedicina) - sendo 4% deles estrangeiros, liderados por brasileiros, que começaram a chegarbet io casinomaior número a partirbet io casino2016.

Os últimos dados disponíveis apontam que maisbet io casino60% dos brasileiros que estudam na UBA escolhem a carreirabet io casinoMedicina.

O subsecretáriobet io casinoAssuntos Internacionaisbet io casinoUBA, Patrício Conejero, diz à BBC Brasil que o destaque da instituição nos rankings universitários internacionais acaba atraindo estrangeiros.

"O acesso à universidade é igual para argentinos e estrangeiros. A presençabet io casinoestudantes estrangeiros contribui para melhorar nossa performance internacional", opina.