Mais descanso e menos antibiótico: a receita para evitar superbactérias:vbet paga
"Os números referentes à evolução da resistência antimicrobiana são assustadores", diz Luiz Henrique Melo, médico infectologista e consultor da empresa farmacêutica MSD, que gere programas para a racionalização no usovbet pagaantibióticos.
"A resistência a antibióticos é um dos fenômenos que pode levar a um colapso econômico. Parece banal, mas há um custo enorme no uso extensivo dos antibióticos", complementa Melo.
Um estudo encomendado pelo governo britânico no ano passado aponta que 700 mil pessoas morrem todos os anos vítimasvbet pagabactérias resistentes no mundo e que, se nada for feito nas próximas décadas, esse número pode saltar para 10 milhões.
Pacientes e médicos
Pacientes não devem esperar sempre pela prescriçãovbet pagaantibióticos, e os médicos têm o papelvbet pagaexplicar ao enfermo o porquê da prescrição ou não, afirma Melo. "Precisa munir o pacientevbet pagatodos os argumentos necessários para ele entender que não prescrever trará benefícios no curto e longo prazo", diz o infectologista.
Se a resistência antimicrobiana não for contida, cirurgiasvbet pagaalta complexidade, transplantes e quimioterapia, por exemplo, podem se tornar impraticáveis. "A grande questão é que se você usar antibióticovbet pagauma forma inadequada você irá perdê-lo, porque as bactérias ficarão resistentes com o tempo. Isso se refletevbet pagadoenças mais difíceisvbet pagacurar,vbet pagamais internação evbet pagamais custosvbet pagasaúde", afirma.
Por isso, pacientes podem contribuir para a solução do problema ao não buscar por antibióticos sem necessidade. "São constante as ligações no consultóriovbet pagapessoas que reclamamvbet pagagripe e, porque irão viajar, querem remédio", relata Escobar.
Do lado dos médicos, há uma "pressão" para que receitem antibióticos, principalmentevbet pagapostosvbet pagasaúde, onde os profissionais tratam emergências e não fazem um acompanhamento periódico do paciente. "O médico nessa situação trata caso a caso, e há uma tendência exagerada à prescrição. Se o paciente está com secreção purulenta, o médico já dá antibiótico", diz Escobar.
A faltavbet pagaestrutura adequada dos postos e hospitais, onde nem sempre há a possibilidadevbet pagadiagnóstico rápido por exames laboratoriais para checar se há uma infecção bacteriana, também dificulta a vida dos médicos. De acordo com um levantamento preliminar da Agência Nacionalvbet pagaVigilância Sanitária (Anvisa)vbet paga2015, o Brasil tem praticamente um laboratóriovbet pagamicrobiologia para cada dez hospitais.
Esses laboratórios são essenciais para identificar as causasvbet pagauma infecção e municiar médicos com informações sobre que remédios receitar ao paciente. Sem tais laboratórios e exames, médicos tomam decisões no escuro e podem errar na prescrição.
Ausênciavbet pagacritérios claros
Para auxiliar os profissionaisvbet pagasaúde no uso racional desses remédios, seriam necessários protocolos mais claros e rígidos, afirma Escobar. De acordo com a médica,vbet pagamuitos casos, há critérios bem definidos para o usovbet pagaantibióticos – como no tratamentovbet pagapneumonia, amigdalite e otite –, mas seriam necessárias recomendações mais abrangentes.
"Esse respaldo precisaria virvbet pagadiretrizes universais. Um critério, por exemplo, é a recomendaçãovbet pagaantibiótico para amigdalite apenas se houver infecções por bactérias estreptococos do grupo A (GAS)", afirma. "Temos algumas diretrizes, mas não temos uma divulgação disso."
Em maio, o governo brasileiro anunciou a elaboraçãovbet pagaum plano nacionalvbet pagacombate a bactérias resistentes a pedido da Organização Mundialvbet pagaSaúde (OMS). O governo diz que pretende educar melhor profissionais e pacientes sobre a urgência do tema. A previsão é que o plano seja colocadovbet pagaprática a partirvbet paga2018.
O Ministério da Saúde disse por meiovbet paganota que o Brasil se destaca no combate à resistência antimicrobiana na América do Sul. "Entre os esforços [nacionais], está a experiência brasileiravbet pagaobrigatoriedade e retençãovbet pagaprescrição para antibióticosvbet pagafarmácias, que contribuiu para a contenção da resistência", afirmou.
"Este é um tema prioritário para a saúde pública devido ao crescimento no númerovbet pagabactérias resistentes, com comprometimento ou, até mesmo, impossibilidadevbet pagacura com os antibióticos existentes,vbet pagadoenças como tuberculose e malária", declarou.
Resistência antimicrobiana
Desde a descoberta do primeiro antibiótico, a penicilina, bactérias e medicamentos travam uma disputavbet pagaque um busca vencer o outro.
A resistência a antibióticos é um processo natural – as bactérias, ao serem atacadas pelos remédios, criam mecanismosvbet pagadefesa para sobreviver. Os organismos não exterminados por medicamentos são chamadosvbet pagaresistentes e passam o gene da resistência àvbet pagaprole, gerando uma nova linhagemvbet pagabactérias resistentes.
O uso abusivovbet pagaantibióticos contribui para esse processo e, por isso,vbet pagautilização racional é importante para controlar a expansãovbet pagabacterias mais fortes que os medicamentos disponíveis.
Quando o ritmovbet pagainovação da indústria farmacêutica na áreavbet pagaantibióticos era alto, a resistência não apresentava grandes desafios. Porém, nas últimas três décadas, o númerovbet pagaantibióticos desenvolvidos desacelerou, enquanto as bactérias continuaram com suas mutações naturais e passaram à frente nessa corrida.
A redução no númerovbet paganovos antibióticos aprovados nos Estados Unidos nos últimos 30 anos ilustra essa desaceleração: enquanto na décadavbet paga1980, 30 novos antibióticos foram aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), a Anvisa americana, apenas sete foram registrados entre 2000 e 2009.
"Ao longo dos anos a indústria farmacêutica se desinteressou pelo setorvbet pagaantibióticos. Os governos estão estimulando as empresas a voltar a produzir, principalmente para cobrir esses medicamentos que estamos perdendo", afirma Melo.