De testecomo apostar no bbb na betanoDNA caseiro a organismos geneticamente modificados: os projetos dos biohackers brasileiros:como apostar no bbb na betano

Tuboscomo apostar no bbb na betanoensaio

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Legenda da foto, A ideia do biohacking é democratizar o acesso à ciência | Foto: JVisentin

Mas o conceitocomo apostar no bbb na betanohacking na verdade é muito mais amplo – e não está necessariamente ligado à ações maliciosas. Em seu sentido original, significa fazer modificaçõescomo apostar no bbb na betanosistemas ou programas para obter um recurso que antes não estava disponível, encontrar uma melhoria ou corrigir um problema.

Existe inclusive a chamada "cultura hacker", uma ideologia que prega amplo acesso à tecnologia, livre circulaçãocomo apostar no bbb na betanoinformação, descentralizaçãocomo apostar no bbb na betanoconhecimento e inovação.

Experimentoscomo apostar no bbb na betanoextraçãocomo apostar no bbb na betanoDNA
Legenda da foto, O projeto Conector Ciência, do carioca Filipe Oliveira, faz experimentos como extraçãocomo apostar no bbb na betanoDNA com equipamentos baratos | Foto: Divulgação

O hacking também não precisa estar restrito ao mundo da informática: o biohacking une o universo da biologia com a cultura hacker, formando a Biologia DIY, que quer dizer "do it yourself", ou "faça você mesmo".

"A ideia é democratizar a tecnologia, mostrar que a ciência não precisa se restringir à área da universidade. É ampliar o númerocomo apostar no bbb na betanoexperiências possíveis com menos recursos", diz o colombiano Andres Ochoa, consultorcomo apostar no bbb na betanotecnologia e criador da rede SynTechBio, que reúne biohackers da América Latina. A rede tem como membros pelo menos 14 grupos espalhados pelo continente, três deles no Brasil.

O biohacking é essencialmente interdisciplinar, ou seja, atrai pessoascomo apostar no bbb na betanoáreas como Física, Design, Artes, Computação e Matemática. "Elas juntam seus conhecimentos à Biologia para desenvolver projetos", diz Ochoa.

Claro que, assim como hackers de computadores, os interessados precisam ter um bom conhecimento no assunto para poder se aventurarcomo apostar no bbb na betanoações mais inovadoras. Mas isso não significa ter doutoradocomo apostar no bbb na betanoBiotecnologia, diz a professora Liza Felicori, da Universidade Federalcomo apostar no bbb na betanoMinas Gerais (UFMG).

"A Biologia é bastante acessível, é possível fazer o conhecimento se popularizar. Tanto que às vezes a gente faz experimentos com alunoscomo apostar no bbb na betanoensino médio e eles entendem, fazem bem. Conseguem tranquilamente extrair o DNAcomo apostar no bbb na betanoum morango, por exemplo", afirma ela, que está montando um laboratório aberto para pessoascomo apostar no bbb na betanofora da universidade.

"Muitas vezes, a universidade fica fechada demaiscomo apostar no bbb na betanosi mesma. Os jovens não têm os bloqueioscomo apostar no bbb na betanoquem lida com as dificuldades da ciência há anos e acabam trazendo novas soluções."

Chips e DNA

Há três principais subdivisões na Biologia DIY. Grupos focadoscomo apostar no bbb na betanofazer experimentos para encontrar soluções; pessoas interessadascomo apostar no bbb na betanodesenvolver e baratear equipamentos ecomo apostar no bbb na betanomontar laboratórios coletivos que possibilitem esses experimentos; e uma terceira vertente, interessadacomo apostar no bbb na betanomodificações corporais tecnológicas.

Experimento

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Legenda da foto, Grupos focadoscomo apostar no bbb na betanofazer experimentos para encontrar soluções para problemas do cotidiano são uma das vertentes do biohacking

Nessa última área estão, por exemplo, pessoas que injetam chips e ímãs sob a pele e fazem experimentações colocando substâncias e até mesmo circuitos eletrônicos no próprio corpo. Essa é a vertente do biohacking que acaba chamando mais atenção, mas também atrai críticas dentro do movimento.

"É um grupo muito pequeno que faz isso. Chamam atenção, mas são minoria. Estamos falandocomo apostar no bbb na betanotecnologias que estão evoluindo cada vez mais rápido. Não faz sentido você colocarcomo apostar no bbb na betanoseu corpo um negócio quecomo apostar no bbb na betanopouco tempo vai ficar obsoleto", diz Andres Ochoa.

Ele argumenta que a grande tendência são as tecnologias "usáveis", como relógios inteligentes e circuitos que podem ser colados sobre a pele e removidos com facilidade.

"Em geral, quem faz isso na verdade está fazendo uma declaração, é mais um ato simbólico do que uma coisa que tenha uma grande função prática", diz o biohacker Otto Heringer,como apostar no bbb na betanoSão Paulo, que começou a fazer experimentos como distração e acabou criando uma pequena empresa para criar um novo defensivo agrícola através do desligamentocomo apostar no bbb na betanoum genecomo apostar no bbb na betanopragas.

Umcomo apostar no bbb na betanoseus sócios, Erico Perrella, implantou um chip RFID na mãocomo apostar no bbb na betano2014 -como apostar no bbb na betanointenção era usar o mecanismo para dar partida emcomo apostar no bbb na betanokombi, mas o carro acabou vendido, e o chip, que ainda está emcomo apostar no bbb na betanomão, hoje não tem mais utilidade para ele.

Ilustração da Pipetadora
Legenda da foto, Projetocomo apostar no bbb na betanouma pipetadoracomo apostar no bbb na betanobaixo custocomo apostar no bbb na betanodesenvolvimento pelo biohacker Otto Heringer

Já dentro do campo das experimentações, as possibilidades trazidas pela Biologia DIY são inúmeras. A ideiacomo apostar no bbb na betanoanalisar a origemcomo apostar no bbb na betanoalimentos, por exemplo, se baseiacomo apostar no bbb na betanouma técnica chamada DNA Barcoding (Codigocomo apostar no bbb na betanoBarrascomo apostar no bbb na betanoDNA,como apostar no bbb na betanotradução livre).

Todo segundo sábado do mês o centro Genspace,como apostar no bbb na betanoNova York, abre seu laboratório para que as pessoas levem suas próprias amostrascomo apostar no bbb na betanoalimentos e façam testes do tipo. Há quem invista na divulgação científica e nas possibilidades educacionais da Biologia DIY.

É o caso do carioca Filipe Oliviera, um dos criadores do Conector Ciência, iniciativa que visa colocarcomo apostar no bbb na betanocontato escolas com métodoscomo apostar no bbb na betanoensinocomo apostar no bbb na betanobaixo custo e fazer os próprios alunos construírem os equipamentos. Dá para descobrir a biodiversidade com um microscópiocomo apostar no bbb na betanopapel, fazer a automaçãocomo apostar no bbb na betanoluzes com sensorescomo apostar no bbb na betanoluminosidade, entre outros usos.

Outro caminho comum é o desenvolvimentocomo apostar no bbb na betanonovos materiais, como fez o estudantecomo apostar no bbb na betanoBiotecnologia baiano Geisel Alves, que ajudou uma ONG a criar um mecanismo que converte fibra do coco verdecomo apostar no bbb na betanopapel reciclável usando métodos caseiros e materiais acessíveis.

Carol numa sala
Legenda da foto, A estudante Carol Gongaza (à esq.) com o time com quem está montando um laboratório abertocomo apostar no bbb na betanoinovação no Riocomo apostar no bbb na betanoJaneiro | Foto: Hub/Divulgação

"É um material fibroso genérico que você mistura com outros materiais para fazer várias coisas. Além do papel, dá pra fazer telha, piso, tijolo", explica Alves. "Aqui, o alto consumocomo apostar no bbb na betanococo é um problema grande, porque eles acabam empilhados nas praias. Atrai ratos, mosquito da dengue."

"Novos materiais são um nicho", diz Andres Ochoa. "No Brasil já se trabalha com produçãocomo apostar no bbb na betanoum tecido ecológico que parece com couro a partir dos micro-oganismos que fazem kombucha (uma bebida fermentada)."

Manipular micro-organismos também é muito útil para tornar alguns tiposcomo apostar no bbb na betanofármacos mais acessíveis. Andrés Ochoa participou da fase inicial do projeto Open Insulin,como apostar no bbb na betanoque um grupocomo apostar no bbb na betano16 biohackers se uniu para criar um protocolo open source (aberto)como apostar no bbb na betanoinsulina - espéciecomo apostar no bbb na betanoinstrução que servecomo apostar no bbb na betanobase para a produção da substância, usada no tratamentocomo apostar no bbb na betanodiabetes,como apostar no bbb na betanomaneira mais barata e acessível. O projeto conseguiu arrecadar U$ 16 mil ( R$ 50 mil) no Experiment, uma plataformacomo apostar no bbb na betanofinanciamento coletivo para pesquisas científicas.

No Brasil, não há legislação específica para "laboratórioscomo apostar no bbb na betanogaragem", no entanto, tudo o que é produzido fica sujeitos à legislação específica para aquele produto. Remédios, por exemplo, terãocomo apostar no bbb na betanopassar por aprovação da Anvisa antescomo apostar no bbb na betanoserem distribuídos.

Carlos
Legenda da foto, Carlos Gonçalves faz partecomo apostar no bbb na betanouma iniciativa que quer usar bactérias na produçãocomo apostar no bbb na betanocalcitriol, um remédiocomo apostar no bbb na betanodifícil produção | Foto: Carlos Gonçalves

Por isso, os biohackers acabam criando empresas e muitas vezes profissionalizando o que era um hobby. A engenheira química Clarissa Lopes, o estudantecomo apostar no bbb na betanoEngenharia Aeroespacial Lucas Milagres e o estudantecomo apostar no bbb na betanoBioinformática Carlos Gonçalves criaram uma empresa para tocar seu projetocomo apostar no bbb na betanousar bactérias na produçãocomo apostar no bbb na betanocalcitriol, um medicamento usado no tratamentocomo apostar no bbb na betanoinsuficiência crônica renal.

"A indústria farmacêutica usa hoje outro processo,como apostar no bbb na betanobem mais difícil acesso. Não há nenhum produtor local", afirma Gonçalves, que evita divulgar mais detalhes do projeto por ainda não ter registrado uma patente. Sua expectativa é chegar a um formacomo apostar no bbb na betanoprodução mais barata do remédio.

Laboratórios

O Brasil já tem diversos laboratórios "de garagem" abertos, com impressoras 3D e outros materiais para quem é adepto do faça-você-mesmo — como o Olabi, no Riocomo apostar no bbb na betanoJaneiro, e o Garoa Hackerspace e os FabLabs da Prefeituracomo apostar no bbb na betanoSão Paulo.

Para trabalhar com "Biologiacomo apostar no bbb na betanoGaragem", no entanto, é preciso um pouco mais: áreas separadas, estéreis, com equipamentos específicos e protocoloscomo apostar no bbb na betanobiossegurança. São os chamados wetlabs, laboratórios "molhados", porque lidam com componentes vivos.

O espaço aberto pela professora Liza Felicori, da Universidade Federalcomo apostar no bbb na betanoMinas Gerais (UFMG), é um deles. Ele já recebeu os equipamentos e deve abrir até o fim do ano. Há microscópios, estufa, pipetas, uma centrífuga (para separar componentescomo apostar no bbb na betanosoluções), uma impressora 3D, uma máquinacomo apostar no bbb na betanoPCR (para reproduzir DNAcomo apostar no bbb na betanograndes quantidades) e um nanodrop (que mede a concentraçãocomo apostar no bbb na betanomoléculas).

Filipe
Legenda da foto, O projetocomo apostar no bbb na betanoFilipe Oliveira trabalha com divulgação científica para crianças e adolescentes | Foto: Arquivo Pessoal

A estudante Carol Gonzaga também montou um desses espaços, o Hub, com outros cinco biohackers no Riocomo apostar no bbb na betanoJaneiro. O laboratório fica atualmentecomo apostar no bbb na betanoum local improvisado, mas será levado para um galpãocomo apostar no bbb na betano320 m².

"Terá um espaçocomo apostar no bbb na betanofabricação digital, uma cozinha experimental, laboratóriocomo apostar no bbb na betanobiohacking e um laboratóriocomo apostar no bbb na betanomídia para lidar com eletrônica e comunicação", explica ela, que conseguiu apoio do parque tecnológico da Universidade Federal do Riocomo apostar no bbb na betanoJaneiro (UFRJ).

Interessadocomo apostar no bbb na betanobaratear equipamentos para esses laboratórios, o brasileiro André Maia Chagas desenvolveu projetos nesse sentido e acabou lançando a start-up [empresa iniciantecomo apostar no bbb na betanotecnologia] Prometheus Science, na Alemanha.

Sua empresa é parte da enorme comunidade criando equipamentos baratos e mais acessíveis. "Possibilitando que um experimento que custa 100 euros possa ser feito por 3, você quebra um das principais barreiras da ciência, que é a dificuldadecomo apostar no bbb na betanoacesso por causacomo apostar no bbb na betanodinheiro", diz ele.

Laboratório
Legenda da foto, O laboratório aberto idealizado pela professora Liza Felicori acaboucomo apostar no bbb na betanoreceber os equipamentos e deve ser inaugurado até o fim do ano

Nós e eles

Nos Estados Unidos e na Europa, o movimento Biologia DIY foi surgindo conforme tecnologias biológicas, como sequenciamentocomo apostar no bbb na betanoDNA, foram ficando mais acessíveis. Já no Brasil ecomo apostar no bbb na betanopaíses como Índia e África do Sul, contam os biohackers, o movimento surgiu da necessidade.

"Nos Estados Unidos, o acesso é tão fácil, tudo é tão barato que a galera consegue montar laboratórios na própria garagem. Aquicomo apostar no bbb na betanoSão Paulo, não tem como fazer isso. Para começar, a gente nem tem garagem", diz Otto Heringer, que faz especialização na Universidadecomo apostar no bbb na betanoSão Paulo (USP).

Há maiscomo apostar no bbb na betano80 espaçoscomo apostar no bbb na betanoBiologia DIY pelo mundo,como apostar no bbb na betanoacordo com o site DIYBio. A maioria écomo apostar no bbb na betanocidades do hemisfério norte como Amsterdã (Holanda), Berlim (Alemanha), Paris (França), Nova York e São Francisco (Estados Unidos).

"Não posso reclamar da USP, mas muitas universidades federais não têm os laboratórios que os caras na Europa têmcomo apostar no bbb na betanocasa", afirma o Heringer. Nos Estados Unidos, por exemplo, é possível comprar kits prontoscomo apostar no bbb na betanoengenharia genética pela internet.

FlyPi
Legenda da foto, Componentes do equipamento barato para estudocomo apostar no bbb na betanoneurogenética criado pelo projetocomo apostar no bbb na betanoAndré Maia Chagas / Foto: Arquivo Pessoal

No Brasil, por conta dos preços e das dificuldades, a maioria dos laboratórios abertos na áreacomo apostar no bbb na betanobiologia ainda são,como apostar no bbb na betanoalgum modo, ligados às universidades - ocupando espaços ou reaproveitando equipamentos.

"Mesmo a ciência 'oficial' que fazemos muitas vezes écomo apostar no bbb na betanouma salinha minúscula, com material improvisado, com muita dificuldade. A gente está acostumado com a gambiarra. Sair dos muros da universidade ou dos laboratórios das grandes indústrias é quase uma questãocomo apostar no bbb na betanosobrevivência pra gente. O biohacking faz muito mais sentido para nós do que para eles", afirma.

Ele também aponta a diferença nos tiposcomo apostar no bbb na betanoiniciativas: enquanto no Brasil os projetos tendem a ser voltados para resolver problemas reais, nos Estados Unidos e na Europa, muitos deles são mais recreativos ou tem um quêcomo apostar no bbb na betanohobby excêntrico.

Nos locais onde o movimento é mais desenvolvido, já começaram as surgir as preocupações com possíveis riscos – laboratórios amadores não poderiam criar organismos nocivos? O FBI, a polícia federal americana, monitora o movimento, mas não há regulamentação específica.

Os entusiastas dizem que todos os locais seguem protocoloscomo apostar no bbb na betanobiossegurança e cartilhascomo apostar no bbb na betanobom funcionamento. O cientista francês Thomas Landrain, que estuda o movimento, diz emcomo apostar no bbb na betanopesquisa que os espaços ainda não têm sofisticação suficiente para gerar problemas.

Mas, apesar da relativa limitação técnica, os biohackers seguem entusiasmados. "Tornar a ciência mais acessível tem um enorme potencial transformador", diz André Maia Chagas, do Prometheus Science.