Medorenda extra apostas esportivasrepresália inibia denúncias sobre crise dos yanomami, diz médica:renda extra apostas esportivas
Em entrevista à BBC News Brasil, Gonçalves disse que o cenário já era "terrível" e "absurdo". Ela também explicou que a crise só ganhou uma proporção maior agora porque há uma "abertura para diálogo" e menos riscorenda extra apostas esportivasrepresálias.
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"Até recentemente, algumas enfermeiras que atuam nesses locais compartilhavam históriasrenda extra apostas esportivasque sofriam vários tiposrenda extra apostas esportivasrepressão. Alguns profissionaisrenda extra apostas esportivassaúde que trabalhavam lá há anos foram demitidos desde que a coordenação do serviço foi trocada. E os coordenadores que foram nomeados não tinham nenhuma afinidade com o assunto, nunca trabalharam com saúde indígena", relatou.
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A pediatra também destacou alguns casos marcantes que marcaram os dez diasrenda extra apostas esportivastrabalho — como a morterenda extra apostas esportivasuma criança indígena com malária cerebral que estava numa região remota, sem acesso a qualquer tratamento.
Ela ainda ponderou sobre a necessidaderenda extra apostas esportivassuporte aos indígenas assim que os garimpeiros forem expulsos da região.
"Temos que pensar como ficará a situação desses indígenas a partirrenda extra apostas esportivasagora. O que vai acontecer se todos os garimpeiros forem retirados dalirenda extra apostas esportivasuma hora para outra? Muitos jovens estão envolvidos nesse trabalho. [...] Num primeiro momento, a saída dos garimpos será ruim para alguns. Porque os indígenas já não têm nada e, quando sair esse garimpeiro que dá sacorenda extra apostas esportivasarroz e espingarda, vai demorar um certo tempo até eles conseguirem voltar ao modorenda extra apostas esportivasvida que tinham antes", aponta.
Confira os principais trechos da entrevista a seguir.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Como a senhora teve contato com os yanomami?
renda extra apostas esportivas Priscila Tatiana Gonçalves - Eu participorenda extra apostas esportivasexpedições da EDS desde 2014 e 2015. As expedições são mais voltadas para a área cirúrgica, mas também temos uma parte clínica. Até porque nós vamos para territórios onde muitas vezes não existem médicos fazendo atendimento clínico.
Normalmente, as equipesrenda extra apostas esportivassaúde nesses lugares são formadas por enfermeiros e técnicosrenda extra apostas esportivasenfermagem. Então, funcionamos como um complemento à expedição.
Em relação aos yanomami especificamente, nós já estávamos vendo a situação piorarrenda extra apostas esportivasforma muito assustadora nos últimos anos. Foi por isso que fomos até lá. Normalmente, nós sempre ouvimos as lideranças locais, com quem a EDS tem um contato muito próximo por causa do vínculo que foi criado ao longorenda extra apostas esportivastodos esses anos.
Numa das últimas expedições, fomos até a Casarenda extra apostas esportivasSaúde Indígena Yanomami,renda extra apostas esportivasBoa Vista, e identificamos um cenário que já era terrível. Era exatamente o que veríamos pouco depois, nas denúncias que ganharam o noticiário nos últimos dias.
Depois disso, começamos a entrarrenda extra apostas esportivascontato com as lideranças, para conseguirmos fazer as entradas nessas regiões específicas, que estavam sem atendimento. E é muito difícil chegar até lá.
Nessa região onde vivem os yanomami, sabíamos que eles não estavam recebendo as medicações. Também tínhamos ciênciarenda extra apostas esportivasque entrar ali era um risco para nós mesmos. Porque estávamos num local sem acesso a água e luz,renda extra apostas esportivasque precisávamos dormir dentro dos centrosrenda extra apostas esportivassaúde, cercados pelo garimpo.
E é muito difícil falar sobre o que vimos lá. A situação era absurda. Voltamos já pensandorenda extra apostas esportivasum planorenda extra apostas esportivasação, tentando contato com os Médicos Sem Fronteiras e a Unicef. O déficit nutricional era gritante. Crianças e idosos estavam muito desnutridos. Praticamente todos estavam nessa condição.
E é curioso, porque há áreas dentro do território yanomami onde praticamente não há desnutrição. Fomos, por exemplo, para uma região chamada Demini e ali as crianças estão saudáveis, não tem malária, nem garimpo.
Então vimos situações completamente diferentes dentrorenda extra apostas esportivasum mesmo território, uma mesma população. E não há justificativa para tudo o que está acontecendo. Falta medicamento, falta assistênciarenda extra apostas esportivassaúde.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Mas a senhora teve contatos anteriores com os yanomami? A situação era diferenterenda extra apostas esportivasoutras situações?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - Sim, geralmente a logística é um pouco diferente quando vamos para alguma área onde os yanomami estão próximos. Nós vamos até eles e fazemos uma triagem, até pelo fatorenda extra apostas esportivasser uma comunidade coesa e não ter muito contato com outros grupos. Nós fazemos então o atendimento deles, muitas vezes até antes da expedição começar.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Mas se o problema com os yanomami já acontece há alguns anos, por que ele ganhou essa dimensão nacional só agora? A situaçãorenda extra apostas esportivasfato piorou recentemente ou ela foi sempre ruim?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - A situação é completamente diferente nas regiõesrenda extra apostas esportivasserra, pois os yanomami que habitam esses locais já têm uma dificuldade maiorrenda extra apostas esportivasobter alimentos. O que vimos recentemente, e está muito clarorenda extra apostas esportivasrelatóriosrenda extra apostas esportivasoutras instituições, como o Instituto Socioambiental, é o avanço das áreasrenda extra apostas esportivasgarimpo.
Nós descemos nas mesmas pistas usadas pelos garimpeiros e eles estavam o tempo todo com a gente. Outra coisa que observamos foi a contaminação da água. As mulheres yanomami costumam passar o dia coletando pequenos crustáceosrenda extra apostas esportivasigarapés, que são uma fonte importanterenda extra apostas esportivasproteína. Outras fontesrenda extra apostas esportivasproteína são a caça e a pesca. E dava pra ver que eles simplesmente não tinham mais acesso a isso. Ou seja, não tinham como obter os tiposrenda extra apostas esportivasproteína mais comuns da dieta deles.
Mesmo as frutas estavam diferentes. Eles consomem o jambo, que é uma fruta grande. Nessa última entrada, vimos indígenas comendo o fruto pequeno, ainda verde, porque não tinham outras opçõesrenda extra apostas esportivasalimento.
As crianças que atendemos estavam muito desnutridas e pareciam estar há anos sem receber nenhum tiporenda extra apostas esportivasmedicamento, como os vermífugos. Algumas eliminavam vermes pela boca. Outras tinham o abdômen muito amplo, um sinal clarorenda extra apostas esportivasverminose, e as demais partes do corpo muito emagrecidas, num claro sinalrenda extra apostas esportivasdesnutrição. Numa situação dessas, qualquer problemarenda extra apostas esportivasdiarreia ou pneumonia pode levar a óbitorenda extra apostas esportivaspoucos dias.
Ou seja, as crianças das regiõesrenda extra apostas esportivasgarimpo eram muito diferentesrenda extra apostas esportivasqualquer indígenarenda extra apostas esportivasoutras áreas. A diferença é muito gritante. Quando chegamos, olhamos aquilo e ficamos sem saber por onde começar. Sabíamos que a situação era grave. Sabíamos que as crianças precisavam sair dali para fazer uma recuperação nutricional numa clínica. Mas isso era impossível, não conseguiríamos remover todos aqueles jovens para deixá-los 30 ou 40 dias internados num outro lugar.
Em outros territórios indígenas, até vemos quadrosrenda extra apostas esportivasdesnutrição. Mas eles são agudos, provocados por uma deficiência nutricional específica, porque faltou algum alimento temporariamente. Em certas regiões yanomami, o problema era geral. Vimos desnutrição, casosrenda extra apostas esportivasmalária sem tratamento, quadros com diarreia e pneumonia. E o piorrenda extra apostas esportivastudo é que todas são doenças com tratamento. Dava pra ver que as crianças estavam tristes, quando o estado normal delas érenda extra apostas esportivasalegria,renda extra apostas esportivasbrincar o tempo todo,renda extra apostas esportivasinteragir com os outros.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Mas quantas crianças eram acometidas por esse quadro que a senhora descreveu? Qual a proporçãorenda extra apostas esportivasafetadosrenda extra apostas esportivasrelação ao tamanho da população?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - Para você ter uma ideia, visitamos regiões com cercarenda extra apostas esportivas150 indígenas, dos quais 40 eram crianças. Dessas, ao redorrenda extra apostas esportivas30 se encontravam num estadorenda extra apostas esportivasdesnutrição grave e as outras 10 estavamrenda extra apostas esportivasviasrenda extra apostas esportivasiniciar um quadro desses. Esses não são números exatos, mas dão uma ideia do tamanho do problema.
Um dos enfermeiros que estava com a gente relatou que foi para o Haitirenda extra apostas esportivas2010. Naquela catástrofe, as pessoas andavam pelas ruas sem rumo. E ali, nessa região yanomami, a sensação era a mesma. Estávamos diante da catástroferenda extra apostas esportivastoda uma população.
A região do Surucucu conta com um centrorenda extra apostas esportivassaúderenda extra apostas esportivasque há um médico. E comunidades inteiras vão para lá, após caminharem por quatro, cinco ou seis dias. Eles preferem ficar perto desse posto porque sabem que ali há a possibilidaderenda extra apostas esportivascomer e receber tratamento. Eu nunca estive num camporenda extra apostas esportivasrefugiadosrenda extra apostas esportivasguerra, mas acredito que a situação que vimos era similar.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Mas esse é um problema que se acentuou nos últimos anos? Ou é algo que já se arrasta por décadas?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - Eu não consigo contabilizar exatamente isso, mas o que vimos nesses últimos quatro anos foi o fechamentorenda extra apostas esportivasmuitos dos centrosrenda extra apostas esportivassaúde da região. Alguns deles, inclusive, foram convertidosrenda extra apostas esportivasáreasrenda extra apostas esportivasgarimpo. Os garimpeiros tomaram conta desses centros, a pontorenda extra apostas esportivasos profissionaisrenda extra apostas esportivassaúde não conseguirem mais entrar ali.
Ou seja, a população local deixourenda extra apostas esportivaster acesso às consultasrenda extra apostas esportivasrotina e à vacinação. Fora que, dianterenda extra apostas esportivasum problemarenda extra apostas esportivassaúde grave, você não consegue transferir a criança ou o adulto para um centro mais capacitado.
Outro ponto é que as medicações não chegavam. Na entrada que fizemos no finalrenda extra apostas esportivas2022, compramos remédios contra verminoses. O Ministério da Saúde tem alguns protocolos que determinam a aplicação desses remédiosrenda extra apostas esportivastemposrenda extra apostas esportivastempos. Pelo menos uma vez por ano, você oferece esse tratamento para eliminar os vermes daquela população.
Isso é importante para que as crianças consigam ter um desenvolvimento nutricional adequado. Agora, se ela tem uma verminose importante, esse é mais um motivo para que tenha uma perdarenda extra apostas esportivasdesenvolvimento.
Vimos que todas aquelas crianças estavam sem receber a medicação há anos. Se você olhar as listas do Ministério da Saúde, há informaçãorenda extra apostas esportivasque o remédio foi comprado e entregue. Mas ele nunca chegou até lá.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Na visão da senhora, o que levou a esse cenário? Como a situação chegou a esse ponto?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - Eu não sei. Nesses últimos quatro anos, a EDS recebeu muitos pedidosrenda extra apostas esportivassocorro dos yanomami. Nós já fizemos expedições lá, então eles conheciam nosso trabalho e sabiam que chegamos com uma estrutura, com a possibilidaderenda extra apostas esportivasfazer tratamentos médicos e prover alimentos na medida do possível.
Resolvemos ir até lá com o auxílio das lideranças locais, para ver se como estava essa região do Surucucu. Conversamos com agentesrenda extra apostas esportivassaúde indígena, enfermeiros e técnicosrenda extra apostas esportivasenfermagem que trabalham no local há 10 ou 15 anos, e eles disseram que nunca viram algo assim.
Outra coisa que chamou nossa atenção aconteceu na Casai Yanomami, que ficarenda extra apostas esportivasBoa Vista. Vimos dezenasrenda extra apostas esportivasfamílias inteiras que estavam ali abandonadas. Por que esses indivíduos estavam ali? Não fazia o menor sentido. Eles chegaram lá para fazer algum atendimento na cidade e receberam a recomendaçãorenda extra apostas esportivassuporte nutricional. Só que eles estavam lá por um ano, sem nenhuma perspectivarenda extra apostas esportivasvoltar para a comunidade deles. Não fazia sentido do pontorenda extra apostas esportivassaúde estarem ali, pois já deveriam ter recebido alta há tempos.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - A senhora mencionou a faltarenda extra apostas esportivasautorização e suporte do Governo Federal. Existia algum bloqueiorenda extra apostas esportivasfalar sobre a criserenda extra apostas esportivassaúde dos yanomami? Se sim, isso contribuiu para que o assunto só ganhasse uma proporção maior agora, com a transiçãorenda extra apostas esportivasgovernos?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - Eu acho que as próprias mudanças recentes nas coordenadoriasrenda extra apostas esportivassaúde indígena e no Ministério da Saúde facilitaram isso, pois abrem o diálogo e tentam fazer uma união. Porque esse é um problema que ninguém conseguirá resolver sozinho. Precisamosrenda extra apostas esportivasuma frente.
Essas populações conseguem viver muito bem. Basta a gente não atrapalhar. Agora, eles estão nessa situaçãorenda extra apostas esportivasrisco, então é uma obrigação nossarenda extra apostas esportivaspelo menos ajudá-los a sair dessa urgência.
Acho que a gente pode falar agora, porque sabemos que eles não vão sofrer represálias. Até recentemente, algumas enfermeiras que atuam nesses locais compartilhavam históriasrenda extra apostas esportivasque sofriam vários tiposrenda extra apostas esportivasrepressão. Alguns profissionaisrenda extra apostas esportivassaúde que trabalhavam lá há anos foram demitidos desde que a coordenação do serviço foi trocada. E os coordenadores que foram nomeados não tinham nenhuma afinidade com o assunto, nunca trabalharam com saúde indígena
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Durante a última entrada no território yanomami, a senhora testemunhou alguma história que chamou mais arenda extra apostas esportivasatenção?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - Sim, atendemos uma criança com malária cerebral [complicação da infecção marcada por febre alta, dorrenda extra apostas esportivascabeça, sonolência, delírio, confusão, convulsões e coma].
Ela provavelmente estava malária e começou a ter convulsões. O problema era que só tínhamos o contato pelo rádio, porque não conseguimos chegar aonde ela estava. Passamos a madrugada todarenda extra apostas esportivascontato pelo rádio, falando com o técnicorenda extra apostas esportivasenfermagem que estava lá. Mas ele não tinha nenhum remédio para convulsão. Ela também não tinha iniciado o tratamentorenda extra apostas esportivasmalária, porque esse remédio também estavarenda extra apostas esportivasfalta.
Ficamosrenda extra apostas esportivascontato pelo rádio, mas a situação era precária. A antena não funcionava direito. Então ficava uma pessoa segurando a antena, e outra falando pelo aparelho. Passamos a madrugada toda tentando chamar o socorro aéreo, para que ele fosse até a comunidade para resgatar essa criança. No final, a criança faleceu.
Outra história que nos marcou foi arenda extra apostas esportivasuma criança que estava provavelmente com infecção respiratória. Felizmente, ela conseguiu ser levada até onde estávamos. Lá, tínhamos energia elétrica e um pequeno gerador para fazer a oxigenação. Teve um momento, tambémrenda extra apostas esportivasmadrugada, que a luz acabou e ficamos contando as horas para chegar o socorro aéreo. Felizmente conseguimos transferi-la a tempo.
Na maioria das vezes, essas situações são evitáveis. O mínimo que esperamos é ter oxigênio, água e medicações como analgésicos e antibióticos. Pelo menos, assim conseguimos estabilizar o quadro e aliviar o sofrimento enquanto não chega o transporte para um hospital.
Para piorar, muitas dessas situações estavam controladas no passado. A malária, por exemplo, estava praticamente eliminada dessa região. Não tínhamos quadrosrenda extra apostas esportivasdesnutrição dessa gravidade. E tudo piorourenda extra apostas esportivasforma absurdarenda extra apostas esportivaspoucos anos. É algo muito difícilrenda extra apostas esportivasentender erenda extra apostas esportivasfalar. Eu nunca imaginei que veria uma coisa dessas.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Do pontorenda extra apostas esportivasvista técnico, como todas essas questões engatilhadas a partir do garimpo — como a malária, a desnutrição e a faltarenda extra apostas esportivasassistênciarenda extra apostas esportivassaúde — afetam a saúde das crianças?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - A faltarenda extra apostas esportivasum aporte nutricional adequado faz com que a criança sofra com o agravamentorenda extra apostas esportivasvárias outras doenças. Além disso, a desnutrição impede o desenvolvimento do cérebro e do corpo.
E foi o que vimos nesta última entrada que fizemos. As famílias não tinham mais roças, frutas para consumo, pesca, caça ou crustáceos. Isso porque as comunidades geralmente ficam próximasrenda extra apostas esportivasuma fonterenda extra apostas esportivaságua, como um rio ou um igarapé. Só que o garimpo se instalou junto das aldeias.
Vimos igarapés completamente degradados, com água amarela, com manchasrenda extra apostas esportivascontaminação. Naquela água, não existem mais condiçõesrenda extra apostas esportivasvida para os peixes.
Para completar, a presença do garimpo afasta a caça. Os garimpeiros usam helicópteros e outras máquinas grandes e barulhentas. Isso assusta os animais, que vão para outros lugares.
Todas essas mudanças levam, inclusive, a confrontos entre os indígenas. Porque há grupos que são mais favoráveis aos garimpeiros, enquanto outros são contra. Cheguei a ver crianças pequenas com espingardas nas mãos. Essas armas eram trocadas por trabalho. Elas ficavam o dia todo recolhendo cassiterita [um tiporenda extra apostas esportivasminério]. Eram quilos e quilos. Esse material era colocadorenda extra apostas esportivassacolas para depois ser recolhido por um helicóptero. Esse trabalho é pago com sacosrenda extra apostas esportivasarroz ou pequenas espingardas.
renda extra apostas esportivas BBC News Brasil - Vocês sofreram alguma ameaçarenda extra apostas esportivasgarimpeiros enquanto estiveram por lá?
renda extra apostas esportivas Gonçalves - Nós tínhamos contato com eles o tempo todo. Durante o dia inteiro, ouvíamos a chegada dos helicópteros dos garimpeiros. Não sei quantificar com exatidão, mas era uma nova aeronave subindo e descendo a cada duas horas mais ou menos. Foi aí que percebemos que estávamos trabalhando numa situaçãorenda extra apostas esportivasrisco. De vezrenda extra apostas esportivasquando, ouvíamos alguns tiros. Quando perguntávamos para os indígenas que estavam por perto, eles diziam que era briga.
Também temos que pensar como ficará a situação desses indígenas a partirrenda extra apostas esportivasagora. O que vai acontecer se todos os garimpeiros forem retirados dalirenda extra apostas esportivasuma hora para outra? Muitos jovens estão envolvidos nesse trabalhorenda extra apostas esportivasgarimpo,renda extra apostas esportivasrecolher a cassiterita. Num primeiro momento, a saída dos garimpeiros será ruim. Porque eles já não têm nada. Porém, quando esse garimpeiro, que dá sacorenda extra apostas esportivasarroz e espingarda, for embora, vai demorar um certo tempo até conseguirem voltar ao modorenda extra apostas esportivasvida deles. Até esse períodorenda extra apostas esportivasadaptação, eles não terão o alimento. E já não têm saúde.
Muitos indígenas com quem conversamos sempre falavam que o mais importanterenda extra apostas esportivastudo é a saúde. E eles precisarãorenda extra apostas esportivasalgum suporte até que decidam como vai ser a vida depois. Eles têm essa autonomia e esse direito. Eles sabem exatamente o que querem. Basta não atrapalharmos.
Tivemos no passado outras comunidades invadidas pelo garimpo que foram desestruturadas e depois conseguiram restabelecer os modosrenda extra apostas esportivasvida tradicionais. Mas eles precisarãorenda extra apostas esportivasajuda neste períodorenda extra apostas esportivastransiçãorenda extra apostas esportivasque passarão a viver sem os garimpeiros.
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