Por que brasileiros que sonham1win site oficialser médicos estão indo para Argentina:1win site oficial

Maria Alice1win site oficialOliveira

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Maria Alice acredita que o acesso à universidade na Argentina é muito mais justo

Em algumas universidades esse ciclo básico comum pode durar1win site oficialtrês meses a até um ano.

"Na minha faculdade, fiz um curso1win site oficialingresso que tinha matérias que envolviam química, física, biologia, anatomia e para quem é estrangeiro tem o espanhol. A gente faz esse curso1win site oficialingresso, depois tem as questões e entrevista com o reitor e professor. No final, eles fazem um ranking com um número1win site oficialpessoas aprovadas", explica a estudante.

Mesmo tendo opções públicas1win site oficialensino, Maria Alice optou por uma faculdade privada pelas oportunidades1win site oficialintercâmbio cultural e1win site oficialtrabalhar na Europa ao fim da graduação.

Atualmente, ela estuda no Instituto Universitário Italiano1win site oficialRosário, uma faculdade italiana que fica a quase 600 quilômetros da capital Buenos Aires.

"Temos materiais1win site oficialinglês e italiano e todas as matérias são1win site oficialespanhol. Temos aula1win site oficialinglês médico e italiano para conhecer a língua. Penso1win site oficialir para Espanha ou Itália depois da graduação, pois a Argentina tem um tratado com a Espanha", diz a jovem, que paga R$ 1,2 mil1win site oficialmensalidade na atual faculdade.

Mesmo tendo ajuda financeira dos pais e não podendo trabalhar por causa da carga horária puxada, ela conta que viver no país como estudante é uma realidade possível para muitos brasileiros que buscam qualidade1win site oficialvida e ingresso1win site oficialboas instituições.

Hoje, ela consegue morar sozinha1win site oficialum apartamento. Seus gastos com a mensalidade da faculdade, aluguel, alimentação e passeios estão1win site oficialtorno1win site oficialR$ 2,5 mil a R$ 3 mil por mês.

Faculdade particular por R$ 600

Cursando biomedicina no Brasil, Nattascha Dumke,1win site oficial30 anos, mudou seus planos quando começou a estagiar na área - e descobriu que suas aptidões eram mais voltadas à medicina.

Nattascha Dumke

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Nattascha paga R$ 6001win site oficialmensalidade pelo curso1win site oficialmedicina1win site oficialBuenos Aires

Estudante1win site oficialescola pública, ela diz que teria sido quase inviável tentar prestar vestibular para uma faculdade pública ou pagar uma instituição privada.

"Eu estava muito longe do conteúdo do ensino médio. Não tinha uma base boa e teria que fazer muito tempo1win site oficialcursinho. As (universidades) particulares começavam1win site oficialR$ 8 mil e tinha algumas que chegavam a custar R$ 12 mil", afirma.

Foi então que ela começou a procurar por faculdades na Argentina e se mudou para o país1win site oficial2018. No início, entrou na Universidade1win site oficialBuenos Aires (UBA), uma das principais referências1win site oficialensino público na América Latina.

Assim como as particulares, não é necessário prestar um vestibular para ingressar na instituição1win site oficialensino.

Ela diz que gostava do curso, mas que a UBA carecia1win site oficialestrutura1win site oficialalgumas modalidades. Por isso decidiu mudar a graduação para uma faculdade privada, na qual paga R$ 6001win site oficialmensalidade.

"Eu estudo na Fundación Barceló. Senti uma diferença no número1win site oficialalunos por sala, na didática e achei ela mais moderna. Eu fiz a troca1win site oficialfaculdade quando estava indo para o terceiro ano", conta.

Nattascha Dumke

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Na minha sala tem 60%1win site oficialbrasileiros', diz Nattascha

Ela também afirma que graças ao baixo custo do ensino do país, é possível ter uma qualidade1win site oficialvida excelente e morar1win site oficialum bom apartamento. Ela pretende fazer o Revalida (o Exame Nacional que valida diplomas médicos expedidos por universidades estrangeiras) quando voltar para o Brasil, mas seu maior desejo é trabalhar na Europa quando se formar.

Mariel Ramos,1win site oficial33 anos, também escolheu uma faculdade particular para seguir com os estudos1win site oficialmedicina e mora1win site oficialBuenos Aires há cinco anos. Ela também não queria mais lidar com os custos1win site oficialcursinho e faculdades particulares no Brasil.

"Tive vários gastos financeiros e emocionais. A pessoa acaba se dedicando muito e1win site oficialforma intensa. Fora isso, o ingresso nas faculdades particulares acaba limitando o acesso e a pessoa tem que fazer um financiamento para entrar. É um ingresso extremamente difícil e você ainda fica com dívida", diz.

Formada1win site oficialCiências Sociais por uma faculdade federal do Paraná, ela resolveu trocar1win site oficialárea e planejou a mudança para a capital da Argentina. Porém, ao contrário1win site oficialmuitos estudantes que têm a ajuda dos pais ou conseguem seguir com a faculdade sem trabalhar, ela teve1win site oficialcumprir uma estressante rotina1win site oficialjornada dupla, conciliando trabalho e estudos.

"Já trabalhei1win site oficialgerente administrativo1win site oficialuma assessoria especializada1win site oficialtrâmites para brasileiros e equatorianos virem estudar aqui. Depois, como Inside Sales,1win site oficialuma startup relacionada ao agro. Com a renda desses trabalhos, comecei um negócio próprio e desde maio estou só com ele", afirma.

Atualmente, ela estuda medicina no período noturno na Universidad Abierta Interamericana (UAI).

Mariel Ramos

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Sem ajuda dos pais, Mariel precisou conciliar o estudo1win site oficialmedicina com trabalho para se manter

"Nas particulares, até o quarto ano você consegue escolher o turno. Após esse período, o curso segue1win site oficialhospitais e não tem opção1win site oficialescolha". Ela conta que são seis horas todos os dias, incluindo aulas aos sábados, que vão das 8h às 14h.

Mesmo tendo um ritmo1win site oficialvida mais puxado, ela afirma que vive muito bem com aproximadamente R$ 3 mil mensais.

"Pago R$ 1 mil por mês na minha faculdade e essa foi a melhor opção para mim. Tenho uma vida social bem ativa, gosto1win site oficialbons restaurantes e entendo que hoje meu custo é um pouco elevado comparado com o1win site oficialoutras pessoas", diz.

Em relação aos cursos no Brasil, ela acredita que não saiu perdendo na escolha, pois as matérias são muito parecidas e até alguns termos usados também são semelhantes.

"Minha faculdade tem até hospital próprio e eu diria que 80% do vocabulário é o mesmo."

Concluir o curso é difícil

Embora o processo1win site oficialadmissão no curso pareça fácil, terminar a graduação1win site oficialmedicina no país pode ser bem demorado e complicado.

Ao contrário1win site oficialmuitas faculdades brasileiras,1win site oficialque o professor passa as matérias para os alunos e há muitas aulas presenciais,1win site oficialalgumas instituições1win site oficialensino argentinas não há essa prática. No caso da Universidade1win site oficialBuenos Aires (UBA) há métodos próprios e o estudante aprende muitas coisas sozinho.

Diogo Alves Schmidt,1win site oficial20 anos, cursa o primeiro ano da carreira1win site oficialmedicina na instituição e defende os critérios adotados pela faculdade tanto na admissão dos alunos quanto nas provas.

Vindo1win site oficialum ritmo "frenético"1win site oficialaulas no cursinho pré-vestibular no Brasil, o estudante reforça que as matérias do primeiro ano foram bem tranquilas.

"Eu estava1win site oficialum ritmo1win site oficialcursinho, que hoje considero extremamente tóxico, e que consome1win site oficialsaúde mental. A melhor coisa é não ter vestibular", diz.

Diego Alves Schmidt

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Eu estava1win site oficialum ritmo1win site oficialcursinho, que hoje considero extremamente tóxico, e que consome1win site oficialsaúde mental', diz Diogo

Ela afirma ainda que as provas na faculdade são orais, o que é considerado, na visão dele, um diferencial na graduação da Argentina. Além disso, é menos provável haver "colas" ou fraudes nos exames.

"O professor não vai correr atrás1win site oficialti. É bem diferente do Brasil e basicamente depende muito do aluno", destaca.

O único ponto negativo que aponta é a falta1win site oficialcontato com pacientes. Em alguns cursos1win site oficialmedicina no Brasil, o estudante tem uma troca logo no primeiro ano, enquanto que, na faculdade pública argentina, a prática clínica só irá ocorrer no quarto ano.

"No Brasil você começa cedo nos postinhos e UPAs, por exemplo", diz.

Assim como Diogo, Gabriela Landini,1win site oficial18 anos, escolheu a UBA para cursar medicina na Argentina. Morando na capital há sete meses, ela conta que não achava justo ingressar1win site oficialuniversidades por meio1win site oficialum vestibular.

"Você fica muito tempo estudando1win site oficialum cursinho ou pagando caro, no fim acaba não passando e se frustra. Eu conheço pessoas que fizeram cursinho por quatro anos, desistiram e mudaram1win site oficialcarreira", ressalta.

Ela desembarcou no país para realizar o sonho1win site oficialser médica e teve o apoio1win site oficialtoda a família, já que1win site oficialmãe também se mudou para o território argentino. A pesquisa para entrar na instituição pública começou com um ano1win site oficialantecedência.

"Tivemos que legalizar todos os documentos escolares, pessoais e ainda tive que fazer uma prova1win site oficialproficiência1win site oficialespanhol, porque para fazer a inscrição na faculdade precisava ter pelo menos um certificado com um nível B2 no idioma", diz.

Ela também elogia o método1win site oficialensino local.

Gabriela Landini

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Gabriela também desembarcou na Argentina para realizar o sonho1win site oficialser médica

"Aqui os estudantes são mais autônomos e vejo um incentivo para o aluno ir buscar e aprender sobre o assunto por conta própria", diz.

Mesmo estando apenas no primeiro ano do curso, ela já afirma que não pretende trabalhar no Brasil. "Quero ir para Espanha e mais para frente posso até escolher algum outro país da Europa", diz.

Não há dados oficias do Ministério da Educação da Argentina sobre o número1win site oficialbrasileiros que entram todos os anos para cursar medicina no país. Mas os relatos todos são1win site oficialque há muitos.

"Na minha sala tem 60%1win site oficialbrasileiros", destaca Nattascha. Já Maria Alice também afirma que pelo menos um quarto dos alunos da1win site oficialgraduação são estudantes do Brasil.

É necessário revalidar o diploma

Terminar a graduação no país vizinho e voltar para o território nacional não é tão simples, caso o brasileiro queira exercer a profissão1win site oficialmédico.

Ao retornar, é necessário prestar o Exame Nacional1win site oficialRevalidação1win site oficialDiplomas Médicos Expedidos por Instituição1win site oficialEducação Superior Estrangeira, conhecido como Revalida. A prova é destinada aos estrangeiros e brasileiros que se graduaram no exterior. A avaliação é dividida1win site oficialduas etapas eliminatórias, que possuem provas escritas e1win site oficialhabilidades clínicas.

"É essencial que o Brasil tenha essa avaliação da qualificação. Em outros países são realizadas até outras exigências quanto à prática e o local1win site oficialformação. Nos Estados Unidos só serão habilitados para fazer a prova estudantes que tenham se formado1win site oficialescolas1win site oficialqualidade", explica Julio Braga, coordenador da Comissão1win site oficialEnsino Médico do Conselho Federal1win site oficialMedicina.

Braga acredita que o alto índice1win site oficialreprovação se dá à baixa qualificação dos estudantes.

"Inicialmente, o exame é feito dentro1win site oficialmetodologias bem reconhecidas, a imensa maioria não questiona a qualidade do Revalida. Então, a baixa taxa1win site oficialaprovação não é porque o exame seja ruim. Eu acredito que os formados no exterior na verdade não têm a capacitação adequada. Muitos fizeram medicina1win site oficialpaíses cuja metodologia e prática são questionáveis."

Atualmente, o Revalida pode ser feito duas vezes ao ano, no primeiro e segundo semestre. De acordo com dados divulgados pela instituição, no segundo semestre durante a primeira etapa, 5.259 brasileiros se inscreveram no teste, sendo que apenas 680 foram aprovados, ou seja menos1win site oficial13% dos inscritos.

- Este texto foi publicado1win site oficialhttp://vesser.net/brasil-63782955