Bolsonaro abre Assembleia Geral da ONU: Brasil deve R$ 1,5 bilhão à organização:bonus f12

O presidente Jair Bolsonaro discursando na Assembleia Geral da ONUbonus f122019

Crédito, JOHANNES EISELE/AFP via Getty Images

Legenda da foto, Comobonus f12praxe, Bolsonaro será o primeiro a discursar na sessãobonus f12debates da Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira

Detalhes da dívida

Pelas regras da ONU, todo estado-membro deve pagar contribuições para o funcionamento regular da entidade. Esses valores são calculados com basebonus f12critérios como o tamanho do produto interno bruto (PIB)bonus f12cada país.

O Brasil é responsável por 2% do orçamento regular da entidade. Os Estados Unidos são o país responsável pelo maior percentual: 22%.

Além das contribuições regulares, os países também precisam contribuir para as missõesbonus f12paz desenvolvidas pela ONU. Desde a criação da ONU, o Brasil é um dos países mais atuantesbonus f12missõesbonus f12paz ao redor do mundo. Em 2004, por exemplo, ele liderou a Missão das Nações Unidasbonus f12Estabilização do Haiti (Minustah).

Segundo o levantamento feito pela ONU, dos US$ 306,7 milhões que o Brasil deve para entidade, US$ 249 milhões são relativos a dívidas do Brasil com as missõesbonus f12paz da organização acumuladasbonus f12outros anos.

Jair Bolsonaro durante discurso na ONU

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Brasil chega à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas com uma dívida junto à ONUbonus f12US$ 306 milhões, o equivalente a R$ 1,5 bilhão

Outros US$ 56,4 milhões são relativos ao valor que o Brasil deveria pagar a títulobonus f12contribuições regulares ao orçamento da ONU.

O resto,bonus f12tornobonus f12US$ 1 milhão, é relativo a dívidas do Brasil com tribunais internacionais como os que foram criados para julgar crimesbonus f12guerra nos Bálcãs e no continente africano.

A BBC News Brasil pediu à ONU a lista completa dos países devedores, mas não obteve resposta. A entidade informou, apenas, que dos 193 países-membros, 125 já teriam quitado suas contribuições regulares até setembro deste ano.

Aindabonus f12acordo com a ONU, o valor do débito já contempla pagamentos parciais feitos pelo governo brasileiro entre os mesesbonus f12maio, junho e julho deste ano.

Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasilbonus f12caráter reservado afirmam que esses pagamentos têm sido feitos há alguns anos como uma formabonus f12evitar que o Brasil perca o direitobonus f12voto junto à Assembleia Geral da ONU.

Eles comparam essas quitações como o pagamento do crédito rotativobonus f12um cartãobonus f12crédito no qual paga-se apenas um percentual da dívida para evitar a inadimplência.

O que o governo diz

Procurado, tanto o Itamaraty quanto o Ministério da Economia apresentaram dados diferentes sobre o valor da dívida brasileira junto à ONU.

O Itamaraty disse, por meiobonus f12sua assessoriabonus f12imprensa, que o débito do Brasil com a organização ébonus f12US$ 296 milhões, cercabonus f12US$ 10 milhões a menos que o valor apresentado pela ONU.

A pasta disse que os repasses para o pagamento das dívidas são responsabilidade do Ministério da Economia.

Bandeirasbonus f12diferentes paísesbonus f12frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU)bonus f12Nova York, nos EUA, antes da 77ª sessão da Assembleia Geral da ONU,bonus f1219bonus f12setembrobonus f122022

Crédito, Anna Moneymaker/Getty Images

Legenda da foto, Brasil é responsável por 2% do orçamento regular da ONU

Procurado, o Ministério da Economia apresentou um número ainda menor: US$ 232,6 milhões.

Com base nos dados enviados pela pasta, a dívida do Brasil apontada pela ONU seria maior que a registradabonus f12setembrobonus f122021, que totalizava US$ 255,8 milhões. O valor, porém, seria menor que as dívidas registradas nos anos anteriores.

Em 2020, a dívida do Brasil, segundo o ministério, foibonus f12US$ 352,1 milhões. Em 2019, foibonus f12US$ 411,6 milhões. Em 2018, o débito erabonus f12US$ 352,1 milhões.

Dívida remonta a período Dilma, apontam especialistas

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que os débitos do Brasil com a ONU começaram a se agravar durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas dizem que a gestão da dívida é reflexo da política internacional comandada pelo presidente Bolsonaro.

"Se formos ver os dados, a gente vê que, já no final do governo Dilma, a coisa 'desandou'. Há uma descontinuação nos pagamentos e isso foi se avolumando", afirmou o professorbonus f12Relações Internacionais da Universidade Federalbonus f12Minas Gerais (UFMG) Dawisson Belém Lopes.

Para a doutorabonus f12Relações Internacionais e professora da Escola Superiorbonus f12Guerra (ESG) do Ministério da Defesa Mariana Kalil, apesarbonus f12não ser a primeira vez que o Brasil fica devendo à ONU, a atual dívida do país com a entidade precisa levarbonus f12consideração o contexto político do país.

"A diferença é o contexto. Há, sem dúvidas, a questão da pandemia, que impactou diversos países financeiramente, mas há, também, uma retórica 'antiglobalista' do Brasil que, ao lado da questão do atraso na contribuição financeira, coloca o compromisso do país com a ordem multilateral do pós-Segunda Guerra Mundialbonus f12xeque", disse a professora.

O "antiglobalismo" é uma corrente ideológica marcada pelo questionamento à ordem multilateral na qual os países atuariambonus f12forma coordenada por meiobonus f12organismos como a própria ONU. No Brasil, um dos principais defensores dessa ideologia foi o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo.

De acordo com o Portal da Transparência, o governo reservou US$ 211 milhões para o pagamentobonus f12contribuições à ONU. Até agora, apenas US$ 33 milhões desse total havia sido gasto.

Bandeira da Organização das Nações Unidas (ONU)bonus f12Nova York, nos EUA, antes da 77ª sessão da Assembleia Geral da ONU,bonus f1219bonus f12setembrobonus f122022

Crédito, Anna Moneymaker/Getty Images

Legenda da foto, Pelas regras da ONU, um país pode perder o direito ao voto se acumular uma dívida equivalente a dois anos ou mais

Em nota, o Ministério da Economia disse que a causa da dívida do Brasil com a ONU foi a "insuficiênciabonus f12dotação orçamentária".

Questionada sobre qual a previsão para a quitação da dívida, a pasta disse que é preciso haver "previsão suplementar à LOA (Lei Orçamentária Anual) para o equacionamento das dívidas".

O Itamaraty, porbonus f12vez, atribuiu a dívida a "restrições fiscais" do orçamento federal.

"As dívidas incluem valoresbonus f12várias moedas, e seu pagamento, assim como as demais ações orçamentárias, está sujeito às restrições fiscais que se impõem ao orçamento federal, dentro dos montantes previstos na Lei orçamentária Anual", disse a pastabonus f12nota enviada à BBC News Brasil.

Ainda segundo o Itamaraty, o governo tem tentado "equacionar" a dívida junto à ONU.

"O governo brasileiro não tem poupado esforços para equacionar a situação da dívida perante as Nações Unidas,bonus f12linha com o compromisso histórico do país com o sistema multilateral e a Carta da ONU", disse o órgão.

Bolsonaro deverá fazer o primeiro discursobonus f12chefesbonus f12Estado do debate geral da Assembleia Geral da ONU na manhã desta terça-feira (20/9). O discurso está previsto para começar por volta das 9h. A previsão é que ele volte ao Brasil no final da tarde.

- Este texto foi publicadobonus f12http://vesser.net/brasil-62966074

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