Trabalhador ou máquina? As 10 ocupações com maior (e menor) chancesumir no Brasil:
Veja as listas e,seguida, entenda o que essas ocupações têmcomum e como a previsão para o mercado brasileiro se compara com resultadosoutros países.
10 ocupações com maiores probabilidadesautomação
Operadoresentradadados (digitador) - 99%
Profissionaisnível médiodireito e afins (assistente) - 99%
Agentesseguros - 99%
Operadoresmáquinas para fabricar equipamentos fotográficos - 99%
Vendedores por telefone - 99%
Despachantes aduaneiros - 99%
Contabilistas e guarda livros - 98%
Secretários jurídicos - 98%
Condutoresautomóveis, táxis e caminhonetes - 98%
Balconistas e vendedoreslojas - 98%
10 ocupações com menores probabilidadesautomação
Dietistas e nutricionistas - 0.4%
Gerenteshotéis - 0.4%
Especialistasmétodos pedagógicos - 0.4%
Médicos especialistas - 0.4%
Médicos gerais - 0.4%
Fonoaudiólogos e logopedistas - 0.5%
Trabalhadores do sexo - 0.6%
Dirigentesserviçosbem estar social - 0.7%
Psicólogos - 0.7%
Dirigentesserviçoseducação - 0.7%
Fonte: ISE Business School e Consultoria IDados
O que essas profissões têmcomum?
As ocupações com maior probabilidadeautomação "são muito bem definidas, são coisas que você pode especificar com muita precisão o que tem que ser feito e que não precisammuito juízo,muita subjetividade humana para tomar uma decisão", explica o diretor-presidente da consultoria IDados e professor da ISE Business School, Paulo Rocha e Oliveira, um dos autores do artigo.
Por outro lado, as profissões com menor chancesubstituição são aquelas com "muita interação e muita subjetividade humana", que envolvem "saber lidar com pessoas e resolver situações onde as emoções são muito predominantes", resume Rocha e Oliveira.
O economista Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e do Ibre/FGV e um dos autores do artigo, acrescenta que, além das habilidades socioemocionais, outros dois fatores-chave ajudam a entender se um trabalho está mais ou menos suscetível. Um trabalho com grande exigênciacriatividade/originalidade está mais protegido, assim como ocupações que exigem habilidades motoras finas ou são realizadasambientes pouco estruturados.
Este último ponto explica, segundo Ottoni, porque trabalhos comojardineiro e empregada doméstica não estão muito ameaçados pela tecnologia no curto prazo.
"Esses são trabalhos que, apesarserem,geral, executados por pessoas com menor grauqualificação, eles exigem habilidade motora fina e exigem que o trabalhador saiba navegar num ambientetrabalho muito pouco estruturado - por isso, também estão protegidos, porque a máquina não consegue substituir. Ainda não tem aquela coisa do humanóide, um robô com perna e braço e que vai realmente operar como um ser humano."
Os critérios usados por eles estão baseados nas probabilidadesautomação calculadas pelos pesquisadores Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da UniversidadeOxford - aos quais Rocha e Oliveira se refere como "as maiores autoridades mundiais sobre o assunto". O trabalho deles foi focado no mercadotrabalho dos Estados Unidos, conforme a BBC News Brasil noticiou2014.
Países vizinhos
E como a taxa brasileiraempregos que correm riscodesaparecer se compara a outros países? A proporção brasileiracerca58% está pouco abaixotaxas encontradasoutras pesquisas para países da América do Sul, como Uruguai (63%), Paraguai (63,7%) e Argentina (64,6%).
"Não apenas o Brasil, mas nossos vizinhos aqui têm que olhar para esse tema com atenção", diz Ottoni.
Na Europa, estão entre as taxas mais baixas a Suécia e o Reino Unido (47%ambos) e Irlanda e Holanda (49%ambos). Mas também há países com probabilidades próximas às do Brasil, como Portugal (59%) e Croácia (58%), segundo dados apresentados no artigo.
Os pesquisadores apontam que a proporçãoempregos que podem ser automatizados tende a ser maior nos paísesdesenvolvimento do que nos desenvolvidos, devido à alta proporçãoocupações que exigem pouca qualificação e que são mais facilmente substituídas por máquinas.
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Trabalho informal versus formal
No Brasil, até 62% dos empregos informais do país podem desaparecer nas próximas duas décadas, por causa da automação, enquanto a probabilidade é55% para os empregos formais, segundo os pesquisadores.
E quem são as pessoas que costumam ocupar os empregos sob maior riscoautomação? "Em geral, estamos falandopessoas com menos escolaridade. E, geralmente, o menor grauescolaridade está relacionado também a algumas populações mais vulneráveis - o negrovez do branco, e pessoas das regiões mais pobres do Brasil, Nordeste, Norte", diz Ottoni.
'Barreiras' para o usonovas tecnologias
Rocha e Oliveira defende que, mais do que pensarprofissões que vão sumir, como um todo, é necessário focarquais atividades feitas por esses profissionais podem ser feitas por máquinas. Ele diz que é a natureza do trabalho que vai mudar, ao exigir que humanos se concentremtarefas que os computadores não podem fazer, como já vem ocorrendo.
"Quando a gente fala que o emprego vai desaparecer, o que a gente está dizendo é que muitas das tarefas que as pessoas hoje desempenham naquele emprego poderão ser substituídas por computadores. Isso quer dizer que as pessoas vão ser substituídas por computadores? Umas sim, outras não."
Ele também aponta que o fatoexistir tecnologia disponível para substituir tarefas hoje produzidas por seres humanos não significa que ela necessariamente será aplicada por todas as empresas.
O consultor lista ao menos três fatores que podem ser considerados barreiras para as empresas: dificuldadesimportaçãoalguns equipamentos por empresas brasileiras; necessidadetreinamentofuncionários para usar a nova tecnologiaforma eficiente; e a competitividadecada área.
"Se nenhum dos meus competidores for fazer esse investimento hoje, talvez não me convenha fazer. Isso pode levar alguns setores a atrasarem a adoção dessas tecnologias ou, eventualmente, até não adotarem", diz Rocha e Oliveira, que coordena a criaçãoum centro do ISE Business School e da consultoria iDados para estudar questõesautomação e produtividade nas empresas brasileiras.
'Apagãomãoobra'?
Os pesquisadores argumentam, no artigo, que os resultados encontrados não devem criar "pânico", mas funcionar como "alerta", ao indicar que novas tecnologias são tecnicamente capazessubstituir grande parte dos empregos brasileiros. Apontam que é "por meiopolíticas efetivas" que o Brasil pode "aliviar, ou até mesmo evitar, a perda maciçaempregos devido à automação, nas próximas décadas".
Ottoni diz que "a sociedade como um todo" deve se preparar para lidar com esse cenário - e cita governo, empresas, terceiro setor, academia e o próprio trabalhador. "Para todos os agentes que mencionei, a gente vai não vai ter como escaparpolíticasretreinamentomãoobra."
Especialistamercadotrabalho, ele diz que as novas tecnologias levarão, ao mesmo tempo, a uma destruiçãoempregos, mas também à criaçãonovas vagas. O problema, diz o economista, é que haverá um descasamento entre esses tiposvagas.
Se não houver profissionais retreinados, diz ele, podemos ter um cenárioque haverá muita vagaemprego aberta, mas sem ser preenchida - ao mesmo tempoque haverá muitos desempregados sem conseguir recolocação.
"As próprias empresas, se não se preocuparemtreinar, serão as mais afetadas pelo que a gente pode chamarapagãomãoobra", diz Ottoni.
- Texto originalmente publicadohttp://vesser.net/brasil-62223093
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