Moro candidato? Como ex-ministro pode afetar corrida à Presidência:bet756
"Eu diria que ele está hoje no mesmo patamar do (governadorbet756SP) João Doria", afirma Mauro Paulino, diretor do Instituto Datafolha.
O ex-ministro é considerado uma grande "aquisição" pelo Podemos, cujo integrante mais conhecido nacionalmente era até hoje o senador Álvaro Dias (Paraná). Mesmo que Moro acabe não concorrendo à Presidência, seu capital eleitoral será aproveitado pelo partido, que também considera a possibilidadebet756lançá-lo como candidato ao Senado.
Entenda quais são os pontos fortes e as fraquezasbet756Morobet756uma eventual campanha presidencial e seu impacto na disputabet7562022 — caso o ex-ministro decida realmente enfrentar Lula e Bolsonaro nas urnas.
Rosto conhecido
Embora Lula e Bolsonaro sejam hoje os favoritos para as eleições presidenciais do ano que vem, não se pode desconsiderar a possibilidadebet756um outro candidato ir para o segundo turno, explica Mauro Paulino, do Datafolha.
"Nos últimos anos,bet756maneira geral os eleitores têm se divididobet756três grupos. Um maisbet756esquerda, um maisbet756direita e um grupo 'pêndulo', ou seja, que tende a votar no centro ou que variabet756um extremo a outro", explica Paulino.
"Apesar do favoritismo atualbet756Lula e Bolsonaro, não dá para desconsiderar um terceiro nome por causa desse grupo mais ao centro — que votoubet756Bolsonarobet7562018 mas agora está descontente."
Moro é umbet756muitos nomes entre os possíveis candidatos conhecidos como "nem-nem" —bet756eleitores que não querem nem Lula, nem Bolsonaro. Políticos como Ciro Gomes (PDT), João Doria e Eduardo Leite (ambos do PSDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) ainda podem ser lançados como pré-candidatos pelo seu partido e disputar uma vaga no segundo turno.
Uma vantagem que Moro tembet756relação a esses e outros políticos que se colocam como uma "terceira via", aponta Mauricio Moura, diretor do institutobet756pesquisa Ideia Big Data, é o fatobet756seu nome já ser conhecido nacionalmente.
"O fatobet756ser amplamente conhecido pela opinião pública é um grande diferencialbet756relação a outros candidatos", diz Moura.
Colocado sob os holofotes na última década por causabet756sua atuação como juiz dos processos da operação Lava Jato, Moro foi tratado como símbolo do combate à corrupção durante anos, atingindo alta popularidade no auge da operação.
"O positivo desse reconhecimento (do seu nome) é que ele já tem uma imagem consolidada com o público, não precisabet756muito pra reforçar essa imagem", afirma Mario Paulino.
No entanto, aponta o pesquisador, o fatobet756Moro ser um rosto conhecido também traz aspectos negativos — ele também precisa lidar com desgastes associados àbet756imagem.
Alta rejeição
O lado negativobet756ser mais amplamente conhecido é ter que lidar com uma índicebet756rejeição relativamente maior.
No casobet756Moro, cercabet75626% dos brasileiros diziam que não votariam no ex-ministrobet756jeito nenhumbet756pesquisa divulgada pelo Datafolhabet756maio deste ano (última na qual ele foi incluído).
A passagem do juiz pelo governo Bolsonaro e a suspeição declarada pelo STF são principais fatores dessa rejeição.
"Moro saiu do governo Bolsonaro menor do que entrou", afirma Maurício Moura, do Ideia Big Data.
Ministro da Justiça e da Segurança Públicabet756Bolsonaro entre janeirobet7562019 e abrilbet7562020, Moro rompeu com o governo dizendo que o presidente não estava cumprindo as promessas feitas quando o convidou para o ministério. O episódio se deu pouco depoisbet756uma polêmica envolvendo a acusaçãobet756que o presidente havia interferido na Polícia Federal para proteger seus filhos.
A aliança mal sucedida com Bolsonaro foi especialmente problemática para Moro porque acabou afetandobet756imagem com dois públicos: pessoas que rejeitam Bolsonaro e ficaram decepcionadas quando Moro entrou no governo, e bolsonaristas, que o consideraram "traidor" ao abandonar o presidente.
Já a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que o considerou parcial no julgamentobet756Lula no âmbito da Lava Jato prejudicoubet756imagem como juiz.
"Essa imagem amplamente associada à Lava Jato se deteriorou, ele teve seu capital reputacional diminuído", afirma Maurício Moura.
"Moro vai ter que lidar com algumas perguntas indigestasbet756uma campanha", afirma Creomarbet756Souza, CEO da consultoria política Dharma e professor da Fundação Dom Cabral. "Ele interferiu nas eleiçõesbet7562018 ao condenar Lula, como acusa a esquerda? Por que ele aceitou ser ministrobet756Bolsonaro?"
O ex-ministro não foi incluído nas últimas pesquisasbet756rejeição feitas pelo instituto,bet756julho e setembro. Na última, que ouviu 3.667 eleitoresbet756190 cidades nos dias 13 a 15bet756setembro, a maior rejeição erabet756Bolsonaro (59%), seguido por Lula (38%).
Tradicionalmente, candidatos com alta rejeição não iam para o segundo turno das eleições presidenciais, explica Mauro Paulino. "Mas isso mudoubet7562018, quando a disputa no segundo turno ficou entre Haddad e Bolsonaro, ambos com alto índicebet756rejeição."
Corrupção e economia
O público que votariabet756Sergio Moro para presidente hoje é composto basicamente por eleitores "órfãos do PSDB" no sul, sudeste e centro-oeste, diz Mauro Paulino, do Datafolha.
"Eleitores que consideram a corrupção o principal problema do país, têm uma tendência conservadora, optaram por Bolsonarobet7562018 e agora estão insatisfeitos", explica Paulino.
Ter a imagem fortemente associada à pauta anticorrupção é um ponto a favorbet756Moro caso dispute a Presidente contra Bolsonaro e Lula, cujos governos tiveram que lidar com uma sériebet756escândalos.
Por outro lado, Moro terá o desafiobet756fazer uma campanhabet756uma momentobet756que a sociedade está pressionada por outras questões,bet756ordem econômica: inflação, desemprego, desigualdade.
"As pessoas não sabem como Moro se posicionabet756relação à política econômica", afirma Creomar Souza. Seu posicionamentobet756diversos outros assuntos também não é conhecido. Moro evitou se posicionar até agora, por exemplo, sobre a postura do governo Bolsonaro no combate à pandemia, outro tema que deve ser central na campanha para 2022.
A economia sempre foi um fator importante na eleição, explica Mauro Paulino, e o tamanho que o tema da corrupção tevebet7562018 foi atípico. "Se as previsõesbet756que a situação econômica no ano que vem vai estar até mais difícil do que hoje, o assunto vai readquirir o protagonismo perdidobet7562018", diz ele.
"Por outro lado, ainda existe uma capilaridade desse tipobet756discurso anticorrupção. Combater a corrupção é algo que tradicionalmente é visto no Brasil como a missãobet756um 'herói político'", lembra Souza. "Basta lembrar que o PT, antes do mensalão, tinha esse discurso. E Bolsonaro foi eleitobet7562018 com esse discurso."
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