Milhõesnordeste futebol apostacrianças vão passar fome no Brasil neste 12nordeste futebol apostaoutubro:nordeste futebol aposta
E uma vez que as crianças estãonordeste futebol apostauma fase crucialnordeste futebol apostaseu desenvolvimento, é nelas que a fome pode deixar mais impactosnordeste futebol apostalongo prazo. Às vezes, para a vida toda.
Há ao menos 9,1 milhõesnordeste futebol apostacriançasnordeste futebol aposta0 a 14 anosnordeste futebol apostasituação domiciliarnordeste futebol apostaextrema pobreza (vivendo com renda per capita mensalnordeste futebol apostano máximo R$ 275), calcula a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança.
Na prática, isso provavelmente significa que elas estãonordeste futebol apostasituaçãonordeste futebol apostainsegurança alimentar, porque a família não terá dinheiro o suficiente para garantir todas as refeições.
"É uma situaçãonordeste futebol apostaque às vezes a família consegue fazer o almoço, mas não o jantar. E não sabe o que vai acontecer naquele mesmo dia", explica Cíntia da Cunha Otoni, líder da áreanordeste futebol apostasaúde da Fundação Abrinq. "Já existia uma situação grandenordeste futebol apostainsegurança alimentar, mas se agravou muito na pandemia devido à queda na renda familiar."
O cálculo da Abrinq foi feito com basenordeste futebol apostadadosnordeste futebol aposta2019 do IBGE (da pesquisa Pnad Contínua) e levanordeste futebol apostaconta inclusive o dinheiro recebido por essas famílias via programas governamentais, como Bolsa Família e Benefícionordeste futebol apostaPrestação Continuada.
Como a pobreza aumentou desde então, esse númeronordeste futebol apostacrianças na pobreza extrema e com fome muito provavelmente cresceu neste ano — sobretudo porque o custo dos alimentos tem um peso muito grande no orçamento das famílias mais pobres. Hoje, na média, uma família que ganha um salário mínimo já gasta 55% dessa renda comprando os alimentos básicos suficientes para apenas uma pessoa adulta, aponta o Dieese.
Outros dados reforçam essa percepção.
Enquanto 56% da população adulta brasileira viunordeste futebol apostarenda cair desde o início da pandemia, essa porcentagem sobe para 64% no subgruponordeste futebol apostaadultos que moram com crianças e adolescentes, segundo pesquisa do Unicef (braço da ONU para a infância) realizadanordeste futebol apostamaionordeste futebol aposta2021.
"Embora a gente saiba que as crianças não foram mais afetadas pelo vírus (da covid-19)nordeste futebol apostasi, elas são as mais afetadas pelos impactos secundários que toda essa situação trouxe e pela interrupçãonordeste futebol apostaserviços", disse a representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer, durante simpósio realizado no dia 6nordeste futebol apostaoutubro pelo Núcleo da Ciência Pela Infância (NCPI).
Comendo menos e comendo pior
Bauer destacou, também, como piorou a qualidade da comida ingerida: 29% das famílias brasileiras estão comendo mais alimentos industrializados, 22% estão consumindo mais bebidas açucaradas, e 18% estão ingerindo mais fast food, segundo a pesquisa do Unicef.
Esses alimentos são mais baratos e fartamente disponíveis. Mas costumam ser péssimos para a saúde, por não serem nutritivos e conterem excessonordeste futebol apostasódio, açúcares e gordura.
Ou seja, alémnordeste futebol apostaeles não proverem as crianças com os nutrientes presentes nos alimentos in natura, eles favorecem a obesidade, diabetes e outros problemasnordeste futebol apostasaúdenordeste futebol apostalongo prazo.
Nas casasnordeste futebol apostasituaçãonordeste futebol apostainsegurança alimentar (ou seja, com alimentosnordeste futebol apostaquantidade insuficiente), o consumonordeste futebol apostacomida saudável caiu 85% na pandemia, aponta uma pesquisa do grupo Food For Justice lançadanordeste futebol apostaabril.
A carne vermelha, cujo preço subiu maisnordeste futebol aposta30%nordeste futebol aposta12 meses, segundo o IBGE, é uma das principais fontesnordeste futebol apostaferro, um nutriente particularmente importante para as crianças — e a deficiêncianordeste futebol apostaferro (ou anemia) pode causar atrasos no desenvolvimento e deixá-las mais expostas a infecções.
A queda no consumonordeste futebol apostacarne, por sinal, desperta preocupação por potencialmente agravar uma estatística já considerada "trágica": anordeste futebol apostaque umanordeste futebol apostacada três crianças brasileiras sofrenordeste futebol apostaanemia.
"Não ter uma alimentação adequada nessa fase do desenvolvimento (na infância) pode deixar impactos na saúde para o resto da vida, pelo risconordeste futebol apostadesenvolverem problemas mais para frente (na vida adulta)", agregou Bauer.
Ela lembrou, também, que quase a metade das crianças da rede públicanordeste futebol apostaensino ficaram sem acesso à merenda escolar durante os mesesnordeste futebol apostaescolas fechadas. "E sabemos que, para muitas delas, essa era a principal refeição do dia."
A situação nutricional das crianças brasileiras já era preocupante. Uma ampla pesquisa nacional, feita entre 2019 e 2020 com 13 mil famílias com criançasnordeste futebol apostaaté cinco anos, apontou que quase a metade delas vivianordeste futebol apostaalgum graunordeste futebol apostainsegurança alimentar.
Isso corresponde a 6 milhõesnordeste futebol apostafamíliasnordeste futebol apostatodo o Brasil, com maior incidência nas regiões Norte e Nordeste, segundo os cálculos do Estudo Nacionalnordeste futebol apostaAlimentação e Nutrição Infantil (Enani), coordenado por Gilberto Kac, professor titular do Institutonordeste futebol apostaNutrição da Universidade Federal do Rionordeste futebol apostaJaneiro (UFRJ).
"Como a coletanordeste futebol apostadados foi realizada antes da pandemianordeste futebol apostacovid-19, avaliamos que a prevalêncianordeste futebol apostainsegurança alimentar pode ser ainda mais elevada", afirmou Kac,nordeste futebol apostacomunicado.
Desigualdade aumentando nas próximas gerações
O risco é que o aumento da pobreza, junto às interrupçõesnordeste futebol apostaserviços básicosnordeste futebol apostasaúde e educação durante a pandemia, coloquenordeste futebol apostarisco avanços conquistados a duras penas na redução das desigualdades brasileiras, diz à BBC News Brasil o economista Naercio Menezes Filho, pesquisador do Centronordeste futebol apostaGestão e Políticas Públicas (CGPP) do Insper.
Nesse sentido, vale lembrar que a pioranordeste futebol apostatodos os indicadores sociais apontados nesta reportagem incidiu mais fortementenordeste futebol apostacrianças negras, pardas e indígenas, e também mais nas regiões Norte e Nordeste, que já vinhamnordeste futebol apostauma situação mais vulnerável.
"A gente sabe que a pobreza tem impactos fortíssimos no desenvolvimento infantil e no futuro dessas crianças. Todos esses impactos (sentidos) hoje elas vão carregar ao longo da vida se nada for feito para atenuá-los. É uma geração inteira que pode ser afetada", apontou Menezes, também durante o simpósio do NCPI.
"Crianças que têm seu desenvolvimento dificultado vão ter problemasnordeste futebol apostapermanecer na escola no ensino médio,nordeste futebol apostaentrar no ensino superior,nordeste futebol apostaencontrar um emprego legal com carteira assinada,nordeste futebol apostaempreender, e vão ter problemas ao longo do seu ciclonordeste futebol apostavida."
O economista lembrou que, embora todos os grupos sociais tenham registrado perdanordeste futebol apostaemprego durante a pandemia, a maior parte das demissões ocorreu entre as pessoas menos escolarizadas.
E, mesmo agora no início da retomada econômica, esse é o grupo que também está tendo mais dificuldadenordeste futebol apostavoltar ao mercadonordeste futebol apostatrabalho.
Isso reflete na capacidade desses paisnordeste futebol apostaproverem o básico para seus filhos — e tambémnordeste futebol apostaacreditarem que seus filhos terão condiçãonordeste futebol apostasair da pobreza.
Dadosnordeste futebol apostauma pesquisa global da Gallup consolidados pela FGV Social apontam que, entre os 40% mais pobres do Brasil, 11% deixaramnordeste futebol apostaacreditar que as crianças teriam a oportunidadenordeste futebol apostaaprender e crescer na pandemia, índice quase dez vezes maior do que a média internacional nessa faixanordeste futebol apostarenda. Essa perdanordeste futebol apostaesperança tem um impacto importante, explica à BBC News Brasil o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social.
"Esses dados são subjetivos, mas refletem esse problemanordeste futebol apostatransmissão da desigualdade entre gerações. Ferir essa percepçãonordeste futebol apostaque, mesmo quando se é pobre, se pode subir na vida tem o efeitonordeste futebol apostafrustrar a ascensão social", explica. "Apesarnordeste futebol apostaos indicadores infantis enordeste futebol apostaeducação do Brasil serem (historicamente) muito ruins, eles vinham melhorando nos últimos 30 anos. Agora, o vento que soprava a favor está soprando contra."
As saídas
Mudar esse cenário dependenordeste futebol apostaum esforço articulado, sugere Naercio Menezes: desde um empenho muito grandenordeste futebol apostarecuperar a aprendizagem perdida pelas crianças mais vulneráveis durante os mesesnordeste futebol apostaescolas fechadas até um reforço nos programasnordeste futebol apostasaúde familiar, que identifiquem lacunas deixadas pela pandemia.
Mas um passo crucial e urgente, opina o economista, é corrigir lacunas no Bolsa Família, programa que o governonordeste futebol apostaJair Bolsonaro pretende reformular sob o nomenordeste futebol apostaAuxílio Brasil.
"O Bolsa Família já tinha (antes da pandemia) uma fila muito grande,nordeste futebol apostaforma que 35% das famílias pobres com crianças tinham direito a recebê-lo, mas não o recebiam. São problemas gravesnordeste futebol apostapobreza que estão se acentuando", argumentou perante o NCPI.
"Por isso eu ressalto a importâncianordeste futebol apostatermos políticas públicas, agora que a vacinação está atingindo grande parte da população. Para o ano que vem, a gente precisa reconstruir toda essa redenordeste futebol apostaproteção social dos últimos 30 anos para não termos esse risconordeste futebol apostaaumento da desigualdade no futuro. Nosso objetivo é gerar uma sociedade com mais igualdadenordeste futebol apostaoportunidades,nordeste futebol apostaque as chancesnordeste futebol apostarealizar seus sonhos na vida não dependam única e exclusivamente se você nasceu numa família mais pobre ou mais rica."
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