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Eleição na Câmara: como a interferênciaroleta mágicaBolsonaro mudou o rumo da escolha do presidente da Casa:roleta mágica
Aliados do alagoano já falam atéroleta mágicavitória no primeiro turno. O número necessário para isto depende da quantidaderoleta mágicavotantes: se todos os 513 deputados votarem, serão precisos 257 apoios.
"Eu sou muito conservador com isso. Acho que o Arthur tem entre 280 e 290 votos", disse à BBC News Brasil na tarderoleta mágicasábado (30/01) o deputado Marcelo Ramos (PL-AM). No começoroleta mágicajaneiro, Lira prometeu ao amazonense o postoroleta mágicavice-presidente da Câmara.
"Se o PSL se mantiver conosco, o que tudo indica que sim; e o DEM e o Solidariedade blocarem conosco, aí acho que tende a alargar essa diferença. Acho que, neste cenário, o Arthur pode ter maisroleta mágica300 votos", disse Marcelo Ramos à BBC antes da decisão do DEM e dos tucanos.
Os blocos precisam ser formalizados até as 14h desta segunda-feira (1º/02).
Caso o DEM e o PSDB decidam apoiar formalmente Arthur Lira, o bloco comandado por ele também terá direito a indicar os principais postos na Mesa Diretora da Câmara.
As ações do Planaltoroleta mágicafavor da candidaturaroleta mágicaLira não passaram despercebidasroleta mágicaBrasília. "A intenção do presidente (Bolsonaro) é transformar o Parlamento num anexo do Palácio do Planalto", reclamou Rodrigo Maia no fimroleta mágicajaneiro.
"A forma com o governo quer formar maioria não vai dar certo, porque essas promessas (de emendas) não serão cumpridasroleta mágicahipótese alguma. Não há espaço fiscal", disse o presidente da Câmara.
Um dos principais aliadosroleta mágicaLira, Ramos diz que há outros fatores que explicam a adesão ao candidato.
"Não é só a força do apoio do governo. É que realmente o Arthur tem mais simpatia do plenário que o Baleia", diz Marcelo Ramos.
"Se deve ao fatoroleta mágicaque, com todas as qualidades e defeitos, o Arthur é um deputadoroleta mágicaplenário. Está lá presente negociando. Que conversa com todo mundo, conhece todos os deputados pelo nome. E o deputado Baleia, até por características pessoais dele, e isso não é uma crítica, é um deputadoroleta mágicamais diálogo na cúpula, e não na base do plenário", opina ele.
O próprio Jair Bolsonaro, no entanto, já admitiuroleta mágicamaisroleta mágicauma ocasião que está trabalhando para influir no resultado da disputa na Câmara.
"Vamos, se Deus quiser, participar, influir na presidência da Câmara com esses parlamentares,roleta mágicamodo que possamos ter um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil", disse Bolsonaro, após uma reunião com deputados do PSL na manhãroleta mágicaquarta-feira (27).
Inicialmente alinhado a Baleia Rossi, o PSL passou para o ladoroleta mágicaLiraroleta mágica21roleta mágicajaneiro, ajudando a ampliar a vantagem do alagoano. Além do partido comandado por Luciano Bivar (PE), também mudaramroleta mágicalado o atual vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos) e o próprio Marcelo Ramos, entre outros.
Bolsonaro está 'correndo atrás do prejuízo'
Para a cientista política Beatriz Rey, Bolsonaro é mais 'agressivo' nas negociações que seus antecessores por ter chegado à eleição das casas do Legislativo sem uma baseroleta mágicaapoio consolidada.
"Tudo isso é uma função das escolhas que ele fez no começo do governo. No sentidoroleta mágicaque, quando ele foi eleito, disse que não entraria nesse jogo do 'toma lá, dá cá' (...). Então, o que isso significa na prática? Que não foi montada uma coalizão estável e homogênea do jeito que precisaria ter sido feito", diz Beatriz, que é pesquisadora associada ao Centroroleta mágicaEstudos Latinos e Latino-americanos (CLALS) da American University,roleta mágicaWashington (EUA).
"Nos governos anteriores, isso (coalizão) já existia. Então, apesar das eleições para as presidências da Câmara e do Senado serem importantes, o bloco já estava mais ou menos costurado antes da eleição. Porque existia essa base. Então, essa ânsia agora do Bolsonaro,roleta mágicase envolver na eleição, tem que ser entendida dentro deste contexto. De um governo que não teve essa articulação prévia", diz ela, cuja pesquisa é sobre o funcionamento do Legislativo nos EUA, no Brasil eroleta mágicaoutros países latino-americanos.
"Essa articulação começou a ser feita no ano passado, quando a gente teve uma inflexão. Começamos até a falarroleta mágica'Governo Bolsonaro 1 e 2', sendo que o 2 começa depois que ele se dá contaroleta mágicaque, sem trânsito no Congresso, ele não consegue governar. E aí ele percebe que a presidência da Câmara para ele era fundamental", diz a cientista política.
"Bolsonaro passou a primeira parteroleta mágicaseu governo achando que não precisaria fazer o que outros presidentes (da República) fizeram. Viu, na prática, que não é possível, num sistema multipartidário, e agora está tentando correr atrás do prejuízo", diz ela.
Emendas extra-oficiais
Para convencer os deputados, o Planalto mobilizou recursos como indicaçõesroleta mágicainvestimentos, emendas e cargos. Também acenou com a realizaçãoroleta mágicauma reforma ministerial,roleta mágicaforma a abrir espaço para os partidos no governo.
Em dezembro do ano passado, Câmara e Senado aprovaram dois Projetosroleta mágicaLei do Congresso (PLNs) que abriram créditos extras para investimentos públicos. O primeiro deles, o PLN 29roleta mágica2020, foi modificado pelo governo dias antes da votação para liberar R$ 1,9 bilhão para investimentos e custeioroleta mágicaserviços públicos.
Pouco depois, outro projeto, o PLN 30, liberou mais R$ 6,1 bilhões para investimentosroleta mágicaoito ministérios.
Estes investimentos não são as emendas parlamentares tradicionais — modificações ao Orçamento da União do ano seguinte apresentadas por deputados e senadores. No caso dos PLNs 29 e 30, a destinação dos recursos foi feita pelos relatores dos projetosroleta mágicacombinação com o governo.
As verbas são depois "apadrinhadas" pelos deputadosroleta mágicamodo informal, geralmente para obras ou serviços públicos nos lugares onde eles têm votos. Como os acordos são apenas verbais, é difícil saber exatamente quem apadrinhou o quê.
No entanto, pelo menos parte dessa "contabilidade" do governo se tornou conhecida na semana passada.
O jornal O Estadoroleta mágicaS. Paulo revelou a existênciaroleta mágicauma planilha internaroleta mágicacontrole das verbas, organizada pelo gabinete do atual ministro da Secretariaroleta mágicaGoverno (Segov), o general Luiz Eduardo Ramos. O documento lista os nomesroleta mágica250 deputados e 35 senadores, que "apadrinharam" gastosroleta mágicaR$ 3 bilhões a serem investidos pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
Por causa do caráter informal desta destinaçãoroleta mágicaverbas, não é possível precisar o total distribuído pelo governo — recentemente, Rodrigo Maia acusou o Planaltoroleta mágicaoferecer R$ 20 bilhõesroleta mágica"emendas extra-orçamentárias"roleta mágicatrocasroleta mágicavotos.
Cargos e ministérios
Além da destinaçãoroleta mágicaverbas, o Palácio do Planalto também cedeu espaçosroleta mágicapoder para os aliados com a indicaçãoroleta mágicacargos na máquina pública — ao mesmo temporoleta mágicaque puniu deputados que declararam apoio a Baleia Rossi, cortando indicados destes.
Na última terça-feira (26/01), o jornal O Globo mostrou alguns exemplos: os deputados emedebistas Hildo Rocha (MA), Flaviano Melo (AC) e Fábio Reis (SE) perderam indicados na Companhiaroleta mágicaDesenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), na Secretariaroleta mágicaPatrimônio da União (SPU) e no Instituto Nacionalroleta mágicaColonização e Reforma Agrária (Incra), respectivamente.
De outra parte, deputados como Áureo Ribeiro (SD-RJ), José Rocha (PL-BA) e Junior Mano (PL-CE) emplacaram aliadosroleta mágicapostos estratégicos na estrutura da máquina federal, segundo o jornal.
Segundo reportagem da rederoleta mágicaTV fechada CNN Brasil, partidos do "centrão" que apoiaram Arthur Lira já têm uma reunião marcada com Bolsonaro para o começo desta semana, a fimroleta mágicadiscutir a distribuiçãoroleta mágicacargos.
Por fim, há a possibilidaderoleta mágicauma reforma ministerial no começoroleta mágica2021 para acomodar os partidos que apoiaram os nomesroleta mágicaArthur Lira eroleta mágicaRodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado.
Na sexta-feira (29/01), Bolsonaro chegou a dizer, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, que poderia dar "status"roleta mágicaministério a três secretarias do governo (Pesca, Cultura e Esporte), caso Lira e Pacheco terminassem vitoriosos.
No dia seguinte, porém, Bolsonaro recuou da ideia — ele confirmou, no entanto, que vai deslocar Onyx Lorenzoni, hoje no Ministério da Cidadania, para a Secretaria-Geral da Presidência. Com a mudança, a pastaroleta mágicaOnyx passa a estar disponível para a barganha política.
Segundo o jornal Folharoleta mágicaS.Paulo, são cogitadas também mudançasroleta mágicaoutras pastas, como a Agricultura, hoje sob a ministra Tereza Cristina; no Desenvolvimento Regional e na Economia. Neste último caso, a ideia é desmembrar a pasta e recriar o antigo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
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