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O traficante que deu origem ao culto do Senhor do Bonfim e outras descobertas do 'mapa da escravidão'dinheiro gratis casinoSalvador:dinheiro gratis casino
A iniciativa dos historiadores deu origem ao site Salvador Escravista, que mapeia homenagens controversas, homenagens reparadoras e também lugares esquecidos, onde ocorreram episódios importantes da história da população negra da cidade.
"O propósito do site não é simplesmente mudar nomesdinheiro gratis casinoruas ou retirar monumentos, mas isso poderia, sim, vir como resultado", diz à BBC News Brasil Felipe Azevedo e Souza, professor do Programadinheiro gratis casinoPós-Graduaçãodinheiro gratis casinoHistória da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e um dos realizadores do projeto.
"O que queremos é um debate maior sobre políticas públicas voltadas para a memória da cidade, que sejam mais democráticas e mais plurais."
O projeto já inspira historiadoresdinheiro gratis casinooutros Estados, como Pernambuco, Goiás e Rio Grande do Sul, a fazer iniciativas semelhantes.
Os organizadores também pretendem criar um aplicativo que transforme os verbetes do sitedinheiro gratis casinoum percurso turístico que possa dar mais informações aos visitantes sobre o lado menos conhecido dos personagens e monumentos da capital baiana — e do país.
A BBC News Brasil reúne aqui algumas dessas histórias:
O traficantedinheiro gratis casinoescravos que decorou a Igreja do Senhor do Bonfim
O português Teodósio Rodriguesdinheiro gratis casinoFaria foi capitãodinheiro gratis casinoum navio mercante da Índia por anos e, já com famadinheiro gratis casino"grande homem do mar", na décadadinheiro gratis casino1740, se estabeleceudinheiro gratis casinoSalvador, onde passou a investir no comércio — incluindo odinheiro gratis casinopessoas.
Ao que tudo indica, ele já era devoto do Senhor do Bonfim, que dava nome a umdinheiro gratis casinoseus barcos. Segundo o historiador Cândido Domingues, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o navegante invocou a proteção do Cristo crucificado durante uma tempestade marítimadinheiro gratis casinoviagem a Lisboa. E,dinheiro gratis casinoretribuição, levou para Salvador uma imagem do Senhor do Bonfim semelhante à que existia na cidade portuguesadinheiro gratis casinoSetúbal.
"A imagem foi eventualmente colocada na Igreja do Senhor do Bonfim, que estava sendo construída na Colina Sagrada. Segundo registrosdinheiro gratis casinooutros historiadores, Teodósio também investiu bastante na decoração da Igreja. Na pintura do teto se vê um paineldinheiro gratis casinoque um grupodinheiro gratis casinomarinheiros entrega aos santos e anjos um quadro representando o navio durante a tempestade, e a vela do navio", disse Domingues à BBC News Brasil,dinheiro gratis casinoentrevista por telefone.
A devoção e o investimento na igreja também lhe renderam lugardinheiro gratis casinodestaque na irmandade do Senhor do Bonfim, que reunia outros comerciantes influentes na sociedade da época.
Quando morreu,dinheiro gratis casino1757, Teodósio Rodrigues foi enterrado dentro da Igreja, que é um dos principais cartões postaisdinheiro gratis casinoSalvador e palcodinheiro gratis casinoumadinheiro gratis casinosuas maiores festas inter-religiosas, a Lavagem do Bonfim.
O capitão português também dá nome à praça que fica diante da igreja e a uma rua próxima, tamanha é adinheiro gratis casinoimportância nadinheiro gratis casinofundação.
"Só que, nos anos 1750, Teodósio Rodriguesdinheiro gratis casinoFaria também atuou intensamente no tráficodinheiro gratis casinoafricanos, um detalhe que costuma ser omitido ou postodinheiro gratis casinodúvida nas homenagens e reportagens sobre ele feitas durante a festa do Bonfim", diz o historiador.
Emdinheiro gratis casinopesquisa, Cândido Domingues encontrou registrosdinheiro gratis casinonavios negreiros que Farias possuíadinheiro gratis casinosociedade com outros traficantes da época e até uma prestaçãodinheiro gratis casinocontasdinheiro gratis casinoque ele reivindica escravizados que lhe pertenciamdinheiro gratis casinoum navio cujo dono morreu ao chegar da África.
"A importânciadinheiro gratis casinoconhecermos e discutirmos isso é dar a possibilidade a fieis e cidadãosdinheiro gratis casinocompreender outras histórias que estão no nosso passado. A ideia não é necessariamente desfazer esses monumentos. Mas, conhecendo as outras partes da nossa história, podemos registrá-las e fazer a crítica necessária", afirma Domingues.
O Elevador construído com dinheiro do comércio ilegaldinheiro gratis casinoafricanos
O famoso Elevador Lacerda, que liga as partes alta e baixa da capital baiana e chegou a ser o maior do mundo à épocadinheiro gratis casinosua inauguração,dinheiro gratis casino1873, não foi construído para homenagear um traficantedinheiro gratis casinoescravos, como outros monumentos agora polêmicos.
O projeto inicialmente foi chamadodinheiro gratis casinoElevador Hidráulico da Conceição, e era considerado uma ideia um tanto extravagante. Sódinheiro gratis casino1896 passou a se chamar se chamar Elevador Antoniodinheiro gratis casinoLacerda,dinheiro gratis casinohomenagem ao seu idealizador.
No entanto, segundo a historiadora Silvana Andrade dos Santos, doutoradinheiro gratis casinoHistória pela Universidade Federal Fluminense (UFF), a obra provavelmente não teria sido feita sem a riqueza acumulada pelo paidinheiro gratis casinoLacerda, o negociante português naturalizado brasileiro Antonio Franciscodinheiro gratis casinoLacerda, no tráfico ilegaldinheiro gratis casinoafricanos, ou seja, mesmo após a proibição por lei.
"Pela imagem que pude construir a respeitodinheiro gratis casinoAntonio Franciscodinheiro gratis casinoLacerda através da minha pesquisa, ele parece um especulador. Sempre que via uma oportunidadedinheiro gratis casinofazer um bom negócio ele fazia e, quando achava que aquilo já não era pra ele, saía", disse à BBC News Brasil.
"A historiografia tem demonstrado que cinco anos antes da proibição oficial do tráficodinheiro gratis casinopessoas, quando o Brasil começou a negociar os tratados com a Inglaterra, a demanda pela mãodinheiro gratis casinoobra escravizada aumentou muito. Isso fez com que muitos negociantes entrassem no comércio para obter altos lucros. Pelo que eu consegui perceber, esse foi o caso dele."
A pesquisadora encontrou registrosdinheiro gratis casinoque Lacerda, o pai, era sóciodinheiro gratis casinoao menos duas embarcações fretadas para fazer viagens negreiras para África no final da décadadinheiro gratis casino1830 — a importaçãodinheiro gratis casinoescravizados africanos para o Brasil já era proibida desde 1831.
As embarcações foram apreendidas e condenadas pela Marinha britânica. Por isso, os registrosdinheiro gratis casinoseus donos permaneceram arquivados.
"A documentação sobre o tráfico ilegal é justamente para as viagens que não deram certo. Quantas outras deram certo e não sabemos?", questiona Silvana.
De acordo com ela, era comum que comerciantes da época entrassem no tráfico, realizassem algumas viagens, ganhassem um bom dinheiro e investissemdinheiro gratis casinooutros negócios que tinham.
No casodinheiro gratis casinoAntonio Franciscodinheiro gratis casinoLacerda, o lucro foi usadodinheiro gratis casinoempreitadas como uma estradadinheiro gratis casinoferro, a maior fábricadinheiro gratis casinotecidos do país no século 19, o Banco da Bahia e a Companhiadinheiro gratis casinoTransportes Públicos. Seus filhos foram enviados para estudardinheiro gratis casinopaíses como Suíça e Estados Unidos, algo que só estava ao alcancedinheiro gratis casinofamília abastadas.
Em 1856, o filho, Antoniodinheiro gratis casinoLacerda, volta ao Brasil sem concluir o cursodinheiro gratis casinoEngenharia que havia começado nos Estados Unidos e assume os negócios do pai. Alguns anos mais tarde, ele consumiria boa parte da fortuna familiar na construção do Elevador.
Discursos da família reproduzidosdinheiro gratis casinojornais da época, no entanto, dão a entender que o Lacerda filho não acreditava ter recebido o devido reconhecimento pordinheiro gratis casinoobra. Umdinheiro gratis casinoseus netos reclamou, inclusive,dinheiro gratis casinoseu ressentimento por ter que pagar a própria passagem, que, na época, custava o equivalente a R$ 0,10.
O gritodinheiro gratis casinoliberdade eternizado nas ruas 13dinheiro gratis casinoMaio
Desde o final dos anos 1970, parte do movimento negro brasileiro questiona a importância do dia 13dinheiro gratis casinomaiodinheiro gratis casino1888, quando foi assinada a Lei Áurea,dinheiro gratis casinocontraposição à narrativadinheiro gratis casinoque a abolição da escravidão teria sido uma generosidade da família real para com a população negra.
No entanto, as ruasdinheiro gratis casinoSalvador contam outra história. Em seu mapeamento, os historiadores do site Salvador Escravista encontraram sete ruas Trezedinheiro gratis casinoMaio na cidade, quase todas elasdinheiro gratis casinobairros periféricos, como Liberdade e Paripe, cuja maioria da população é negra.
Segundo a historiadora Iacy Maia Mata, professora na Ufba e autoradinheiro gratis casinouma dissertação sobre as reações à abolição na Bahia, a nomeação das ruas dá uma pista sobre a importância real que a data teve na vida das milharesdinheiro gratis casinopessoas cujas vidas foram impactadas pela lei.
"Eu tenho esse debate com ativistas do movimento negro sobre a necessidade que temosdinheiro gratis casinovalorizar o 13dinheiro gratis casinomaio. Não podemos esvaziar o significado dessa data. Ela foi um resultado da luta abolicionista que as pessoas celebraram. Elas foram para as ruas, desafiaram os ex-senhores, afirmaramdinheiro gratis casinoliberdade", disse à BBC News Brasil.
A lei Áurea, segundo Mata, rompeu com a estratégiadinheiro gratis casinoabolição gradual da escravidão. Até então, a libertação dos escravizados ocorria atravésdinheiro gratis casinoleis como a do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1875). Mas ambas impunham condições à liberdade, como a indenização dos ex-senhores ou um tempo extradinheiro gratis casinoservidão.
Mas as disputas jurídicas sobre a legitimidade da escravidão começaram a crescer no país, assim como o movimento abolicionista.
"Quando o Brasil se viu internacionalmente isoladodinheiro gratis casinorelação à manutenção escravidão - já que foi o último país das Américas a acabar com ela - e o abolicionismo virou um movimentodinheiro gratis casinomassa, os legisladores brasileiros se viram forçados a resolver o que eles chamavamdinheiro gratis casino'a questão servil'", diz a historiadora.
O resultado disso é que a lei promulgadadinheiro gratis casino13dinheiro gratis casinomaio, que tramitou rapidamente no Parlamento e foi sancionada pela princesa Isabel, é a única sobre o tema a ter somente dois parágrafos: um acabando com a escravidão e outro revogando todas as disposiçõesdinheiro gratis casinocontrário.
"Os escravocratas baianos sabiam das discussões no Parlamento, mas não imaginavam que seria aprovada a abolição imediata, sem indenização a eles e sem um dispositivo que obrigasse os libertos a continuar trabalhando. Eles foram surpreendidos e reclamaram muito", conta Iacy Mata.
Muitos dos recém-libertados, pordinheiro gratis casinovez, passaram a se recusar ao trabalho nos moldes da escravidão. Jornais da época tinham relatosdinheiro gratis casinoescravistas que foram abandonados por seus cativos no dia 13dinheiro gratis casinomaio - alguns retornavam apenas para informar que não trabalhariam mais para ninguém.
"Entre 1888 e 1889 explodiram pedidos pelo uso da força policialdinheiro gratis casinovárias cidades da Bahia, inclusive Salvador, para conter os libertos porque havia muito samba, festas nas ruas e recusa a voltar às fazendas. Isso era entendido como insubordinação aos ex-senhores", conta Mata.
No momento da abolição, a Bahia abrigava cercadinheiro gratis casino10% da população escravizada do Brasil. Os beneficiados pela lei Áurea eram identificados nos registros policiais como "13dinheiro gratis casinomaio 88 recém-libertados".
"Sabemos que a aprovação da lei não abalou as estruturas fundacionais do Brasil, porque não trouxe inclusão para os ex-escravizados na sociedade", reconhece a historiadora.
"Mas ela colocoudinheiro gratis casinoxeque,dinheiro gratis casinoalguma medida, a hierarquia racial. Porque a liberdade,dinheiro gratis casinotese, já não tinha cor. Foi uma mudança importante para aquelas pessoas. E o caráter popular da lei pode ser visto na geografia da cidade."
Mas, se nas periferias da capital baiana encontram-se algumas ruas Trezedinheiro gratis casinoMaio, nos bairros nobres uma única avenida - entre a Graça e a Barra - é dedicada,dinheiro gratis casinocerto modo, à abolição da escravidão. Chama-se Princesa Isabel.
O barão que tentou frear a abolição
Também homenageado com uma longa rua no bairro da Calçada, na Cidade Baixa, o barãodinheiro gratis casinoCotegipe foi um dos principais antagonistas da princesa Isabel no tema da abolição — mesmo fazendo partedinheiro gratis casinoseu governo.
O barão, cujo nome era João Maurício Wanderley, foi um dos principais representantes dos interesses escravagistas na política brasileira. Ele também dá nome a ruasdinheiro gratis casinocidades do Riodinheiro gratis casinoJaneiro, São Paulo, Goiás e Paraná e atédinheiro gratis casinoum município no Rio Grande do Sul.
"Ele foi uma figura relevantedinheiro gratis casinotodo o país, masdinheiro gratis casinomemória pública não dá ênfase ao fatodinheiro gratis casinoque ele foi o escravocrata mais poderoso dos últimos anos do Império. E tomou muitas medidasdinheiro gratis casinoprol da perpetuação da escravidão", disse à BBC News Brasil o historiador Felipe Azevedo e Souza, da Ufba.
Como presidente do Conselhodinheiro gratis casinoMinistros, uma espéciedinheiro gratis casinoprimeiro-ministro durante a regência da princesa Isabel, ele propôs a lei dos Sexagenários, que libertava os escravos com 60 anos ou mais, mas os obrigava a pagar indenização ao senhor e a trabalhar por mais três anos para compensá-lo.
"Cotegipe acreditava piamente que a escravidão não era, por si só, um problema. O problema eram os maus senhores, porque os bons senhores iriam cuidar bem dos escravizados. Ele usava isso como argumento para adiar a abolição", conta Souza.
"Em 1887, quando se debate o fim da penadinheiro gratis casinoaçoite aos escravizados, ele se posiciona contra, dizendo que é uma maneiradinheiro gratis casinoo senhor educar o escravizado como um pai educa um filho 'dando-lhe uma palmada'."
Segundo o historiador, o barão havia sido alçado ao posto,dinheiro gratis casino1885, justamente para refrear as tendências abolicionistas da princesa. O resultado disso foi que um aumento da repressão violenta às manifestações pela abolição, que ganhavam força. Líderes foram presos e caçadas humanas a escravizados que fugiamdinheiro gratis casinofazendas, principalmentedinheiro gratis casinoSão Paulo e no Riodinheiro gratis casinoJaneiro, foram promovidas.
"O Exército foi convocado para atuar na repressão, e isso também gerou uma crise para o regime. De um lado, boa parte dos jovens oficiais, prendadosdinheiro gratis casinofilosofia e imbuídosdinheiro gratis casinoum certo idealismo, eram abolicionistas. De outro, os oficiais mais velhos queriam o reconhecimentodinheiro gratis casinoheróis nacionais pela vitória na Guerra do Paraguai e sentiam que estava sendo reduzidos a capitães do mato", diz Souza.
Sob pressão, o movimento pela abolição recorria cada vez mais a métodos radicais, como articular fugas coletivasdinheiro gratis casinoescravizados e criar quilombos urbanos para abrigá-los. E aumentava a tensão entre o barão e a princesa, que acabou conseguindodinheiro gratis casinorenúncia da presidência do Conselho dos Ministros.
Cotegipe ainda voltou ao Senado para votar contra a lei Áureadinheiro gratis casino1888. E disse à princesa Isabel que ela libertou os escravos, mas perdeu o Império.
"O interessante é perceber que boa parte da crise que acabou por derrubar o Império foi ele mesmo que causou, justamente por ser um escravista inflexível. Foi ele que provocou uma crise com os militares e demorou para negociar com os abolicionistas e com os setores progressistas da sociedade", conclui o historiador.
A revoltadinheiro gratis casinoescravizados que fez tremer o império — e foi apagada da cidade
O maior e mais importante levante urbanodinheiro gratis casinoafricanos escravizados já registrado no Brasil ocorreu durante algumas horas entre os dias 24 e 25dinheiro gratis casinojaneirodinheiro gratis casino1835dinheiro gratis casinoSalvador.
Em um sobrado na ladeira da Praça, no centro da cidade, cercadinheiro gratis casino50 africanosdinheiro gratis casinodiversas etnias, muitos deles muçulmanos (conhecidos como imales, na língua iorubá, da África Ocidental), se reuniam quando foram cercados por forçasdinheiro gratis casinosegurança.
Eles atacaram os soldados e dali saíram para libertar umdinheiro gratis casinoseus líderes, Pacífico Licutan, da cadeia pública. Enfrentaram mais soldados na praça Municipal e angariaram o apoiodinheiro gratis casinooutros gruposdinheiro gratis casinoafricanos, libertos e escravizados,dinheiro gratis casinoum percurso por todo o centro até o Terreirodinheiro gratis casinoJesus, local onde hoje é o bairro do Pelourinho. A batalha sangrenta continuou até Águadinheiro gratis casinoMeninos, na Cidade Baixa, onde os africanos foram derrotados.
Em nenhum desses pontos, no entanto, há qualquer placa, monumento ou marco sobre a Revolta dos Malês.
"Maisdinheiro gratis casino20 anos atrás, eu e alguns militantes do movimento negro colocamos uma placa modestadinheiro gratis casinomadeira marcando o lugar onde provavelmente a revolta começou. Não sabemos se a placa caiu ou foi retirada, mas ela não existe mais. Talvez essa tenha sido a primeira açãodinheiro gratis casinodemarcação da revolta na cidade", disse à BBC News Brasil o historiador João José Reis, da Ufba, autor do livro Rebelião Escrava no Brasil - A História do Levante dos Malêsdinheiro gratis casino1835.
Após a derrota, muitos dos revoltosos foram açoitadosdinheiro gratis casinopraça pública, presos ou deportados à África. Quatro deles foram fuzilados no Campo da Pólvora, na Cidade Baixa,dinheiro gratis casinolocal também mapeado pelo site Salvador Escravista como um dos "Locais esquecidos".
Mesmo africanos que não participaram do levante passaram a ser perseguidos pela polícia, e senhores também passaram a impor a religião católica a escravizados muçulmanos.
O medodinheiro gratis casinooutro episódio como aquele também tomou o Império. No Riodinheiro gratis casinoJaneiro, africanos escravizados que chegavam da Bahia esperavam muitas vezes por meses dentrodinheiro gratis casinonavios sem poder desembarcar, até que tivessem uma ficha corrida aprovada pela polícia baiana que provasse que não participaram da revolta.
Por que, então, um momento tão importante da resistência à escravidão nunca foi marcado no espaço urbano?
"Isso faz partedinheiro gratis casinoum pacotedinheiro gratis casinoapagamento da história do negrodinheiro gratis casinotodo o Brasil, e aquidinheiro gratis casinoSalvador especificamente. É obviamente resultadodinheiro gratis casinouma celebração da nossa história que privilegia temas não negros na monumentalização ou da nomeaçãodinheiro gratis casinologradouros públicos. Por outro lado, vejo uma certa tendênciadinheiro gratis casinomelhora", diz Reis.
Um projeto aprovado pela Câmara dos Vereadores da capital baiana quer nomear a estaçãodinheiro gratis casinometrô no Campo da Pólvoradinheiro gratis casinohomenagem aos malês, e colocar um monumento na praça onde fica a estação.
Um grupodinheiro gratis casinopesquisadores, que reúne historiadores e museólogosdinheiro gratis casinodiversas universidades do Estado, também planeja um Museu da Escravidão e Invenção da Liberdade, que contemple não só o período da escravidão, mas toda a organização da população negra na política e na cultura brasileira.
"É fundamental mostrar para as pessoas que os negros escravizados não se acomodaram, não aceitaram a situaçãodinheiro gratis casinovítimas. Eles reagiramdinheiro gratis casinomuitas maneiras silenciosas, invisíveis, no cotidiano, mas tambémdinheiro gratis casinomaneiras barulhentas, espetaculares e espantosas, como foi a Revolta dos Malês", afirma o historiador.
"E isso tem que ser inscrito na memória da cidade, particularmente na memória dos negros. Mas na dos brancos também, serve para todo mundo."
Como contribuição ao site Salvador Escravista, João José Reis enviou uma pequena rua encontrada no bairro da Liberdade, conhecido por abrigar a sededinheiro gratis casinogrupos culturais e políticos como o bloco afro Ilê Ayê e o Movimento Negro Unificado (MNU).
A homenagem torna o levante dos africanosdinheiro gratis casino1835 vitorioso, mesmo que não se saiba, até hoje, qual era o seu objetivo final — a rua foi nomeada Revolução, e não revolta, dos Malês.
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