Muito além da princesa Isabel, 6 brasileiros que lutaram pelo fim da escravidão no Brasil:bet 365 roleta

Ilustração brasileiros que lutaram contra a abolição

Crédito, André Valente | BBC Brasil

Legenda da foto, Batalha pela abolição já ocorria nas províncias brasileiras anos antes da assinatura da Lei Áurea, e reunia escravos, negros libertos, pessoas da classe média e da alta sociedade

A disputa continuou no pós-libertação, para que novas políticas fossem criadas destinando terras e indenizações aos ex-escravos - o que nunca ocorreu.

Conheça abaixo as históriasbet 365 roletaseis brasileiros protagonistas na luta pelo fim da escravidão:

Luís Gama, o ex-escravo que se tornou advogado

Luís Gonzaga Pinto da Gama nasceubet 365 roleta1830,bet 365 roletaSalvador, filhobet 365 roletamãe africana livre e pai brancobet 365 roletaorigem portuguesa. Quando o menino tinha quatro anos,bet 365 roletamãe, Luísa, teria participado revolta dos Malês, na Bahia, pelo fim da escravidão.

Uma reviravolta ocorreu quando Gama tinha dez anos: ficou sob cuidadosbet 365 roletaum amigo do pai, que o vendeu como escravo. O menino "embarcou livrebet 365 roletaSalvador e desembarcou escravo no Riobet 365 roletaJaneiro", escreve a socióloga Angela Alonso no livro Flores, Votos e Balas, sobre o movimento abolicionista. Depois, foi levado para São Paulo, onde trabalhou como escravo doméstico. "Aprendi a copeiro, sapateiro, a lavar e a engomar roupa e a costurar", escreveu o baiano.

Retratobet 365 roletaLuís Gama, o ex-escravo que se tornou advogadobet 365 roletaescravos

Crédito, Acervo Biblioteca Nacional - Brasil

Legenda da foto, Calcula-se que Luís Gama tenha ajudado a libertar cercabet 365 roleta500 escravos

Aos 17 anos, Gama aprendeu a ler e escrever com um estudantebet 365 roletadireito. E reivindicoubet 365 roletaliberdade ao seu proprietário, afinal, nascera livre, livre era.

Em São Paulo, Gama se tornou rábula (advogado autodidata, sem diploma) e criou uma nova formabet 365 roletaativismo abolicionista: entrava com ações na Justiça para libertar escravos. Calcula-se que tenha ajudado a conseguir a liberdadebet 365 roletacercabet 365 roleta500 pessoas.

Gama usava diversos argumentos para obter a alforria. O principal deles era que os africanos trazidos ao Brasil depoisbet 365 roleta1831 tinham sido escravizados ilegalmente. Isso porque naquele ano foi assinado um tratadobet 365 roletaproibição do tráficobet 365 roletaescravos. Maisbet 365 roleta700 mil pessoas tinham entrado no país nessas condições. Apenasbet 365 roleta1850 o tráficobet 365 roletaescravos foi abolido definitivamente.

"As vozes dos abolicionistas têm postobet 365 roletarelevo um fato altamente criminoso e assaz defendido pelas nossas indignas autoridades. A maior parte dos escravos africanos (...) foram importados depois da lei proibitiva do tráfico promulgadabet 365 roleta1831", disse Gama na época.

O advogado ainda entrou com diversos pedidosbet 365 roletahabeas corpus para soltar escravos que estavam presos, acusados, sobretudo,bet 365 roletafuga. Ainda trabalhoubet 365 roletaaçõesbet 365 roletaliberdade, quando o escravo fazia um pedido judicial para comprarbet 365 roletaprópria alforria - o que passou a ser permitidobet 365 roleta1871,bet 365 roletaum dos artigos da Lei do Ventre Livre.

Luís Gama morreubet 365 roleta1882, sem ver a abolição. Seu funeral,bet 365 roletaSão Paulo, foi seguido por uma multidão. "Quanto galgara Luís Gama,bet 365 roletaex-escravo a morto ilustre,bet 365 roletacujo funeral todas as classes representavam-se. Comérciobet 365 roletaporta fechada, bandeira a meio mastro,bet 365 roletatemposbet 365 roletatempos, um discurso; nas sacadas, debruçavam-se tapeçarias, como nas procissões da Semana Santa", relata Alonso.

Na hora do enterro, alguém gritou pedindo que a multidão jurasse sobre o corpobet 365 roletaGama que não deixaria morrer a ideia pela qual ele combatera. E juraram todos.

Maria Tomásia Figueira Lima, a aristocrata que lutou para adiantar a abolição no Ceará

Filhabet 365 roletauma família tradicionalbet 365 roletaSobral (CE), Maria Tomásia foi para Fortaleza depoisbet 365 roletase casar com o abolicionista Franciscobet 365 roletaPaulabet 365 roletaOliveira Lima. Na capital, tornou-se uma das principais articuladoras do movimento que levou o Estado a decretar a libertação dos escravos quatro anos antes da Lei Áurea.

Segundo o Dicionáriobet 365 roletaMulheres do Brasil, ela foi cofundadora e a primeira presidente da Sociedade das Cearenses Libertadoras que,bet 365 roleta1882, reunia 22 mulheresbet 365 roletafamílias influentes para argumentar a favor da abolição.

Ao fimbet 365 roletasua primeira reunião, elas mesmas assinaram 12 cartasbet 365 roletaalforria e,bet 365 roletaseguida, conseguiram que senhoresbet 365 roletaengenho assinassem mais 72.

As mulheres conseguiram, inclusive, o apoio financeiro do imperador Pedro 2º para a iniciativa. Juntamente com outras sociedades abolicionistas da época, elas organizaram reuniões abertas com a população, promoviam a libertaçãobet 365 roletaescravosbet 365 roletamunicípios do interior do Ceará e publicavam textos nos jornais pedindo a aboliçãobet 365 roletatoda a província.

Maria Tomásia estava presente na Assembleia Legislativa no dia 25bet 365 roletamarçobet 365 roleta1884, quando foi realizado o ato oficialbet 365 roletalibertação dos escravos do Ceará, que deu força à campanha abolicionista no país.

Pintura da sessão parlamentar que aboliu a escravidão no Ceará,bet 365 roleta1884; há homens e mulheres dentro do Parlamento

Crédito, Acervo Biblioteca Nacional - Brasil

Legenda da foto, Nessa pintura da sessão parlamentar que aboliu a escravidão no Ceará,bet 365 roleta1884, é possível ver diversas mulheres entre os homens

André Rebouças, o engenheiro que queria dar terras aos libertos

André Rebouças nasceu na Bahia,bet 365 roleta1838,bet 365 roletauma família negra, livre, e incluída na sociedade imperial. Quando jovem, estudou engenharia e começou a trabalhar na área. Foi responsável por diversas obrasbet 365 roletaengenharia importantes no país, como a estradabet 365 roletaferro que liga Curitiba ao portobet 365 roletaParanaguá. Conquistou posição social e respeito na corte. A Avenida Rebouças, importante viabet 365 roletaSão Paulo, é uma homenagem a André e a seu irmão Antonio, também engenheiro.

Em uma das obrasbet 365 roletaque participou, outro engenheiro pediu que Rebouças libertasse o escravo Chico, que era operário e tinha sido responsável pelos trabalhos hidráulicos. "Foi quandobet 365 roletaatenção recaiu sobre o assunto", escreve Angela Alonso, tambémbet 365 roletaFlores, Votos e Balas. Chico foi, então, libertado.

"Sou abolicionistabet 365 roletacoração. Não me acusa a consciência ter deixado uma só ocasiãobet 365 roletafazer propaganda para a abolição dos escravos, e esperobet 365 roletaDeus não morrer sem ter dado ao meu país as mais exuberantes provas da minha dedicação à santa causa da emancipação", discursou certa vez Rebouças, na presença do imperador Pedro 2º.

Retratobet 365 roletaAndré Rebouças

Crédito, Museu Afro Brasil

Legenda da foto, André Rebouças era adeptobet 365 roletauma reforma agrária que concedesse terras para os ex-escravos

Na décadabet 365 roleta1870, Rebouças se engajou na campanha pelo fim da escravidão. Participoubet 365 roletadiversas sociedades abolicionistas e acabou se tornando um dos principais articuladores do movimento. Umbet 365 roletaseus papéis foi fazer lobby - uma ponte entre os abolicionistas da elite e as instituições políticas, para quem executava obrasbet 365 roletaengenharia.

As ideiasbet 365 roletaRebouças incluíam não apenas o fim da escravidão. Ele propunha que os libertos tivessem acesso à terra e a direitos, para serem integrados, não marginalizados. "É preciso dar terra ao negro. A escravidão é um crime. O latifúndio é uma atrocidade. (...) Não há comunismo na minha nacionalização do solo. É pura e simplesmente democracia rural", proclamou Rebouças.

O engenheiro também se opunha ao pagamentobet 365 roletaindenização para os senhoresbet 365 roletaescravosbet 365 roletatroca da liberdade - para Rebouças, isso seria uma formabet 365 roletavalidar que uma pessoa fosse propriedade da outra.

Apoiador da monarquia e da família real brasileira, Rebouças foi ainda um dos responsáveis pela exaltação da Princesa Isabel como patrona da abolição.

Adelina, a charuteira que atuava como 'espiã'

Filha bastarda e escrava do próprio pai, Adelina passou a vender charutos que ele produzia nas ruas e estabelecimentos comerciaisbet 365 roletaSão Luís (MA). Suas datasbet 365 roletanascimento e morte não são conhecidas. Seu sobrenome, também não.

Como escrava criada na casa grande, Adelina aprendeu a ler e escrever. Trabalhando nas ruas, assistia a discursosbet 365 roletaabolicionistas e decidiu se envolver na causa.

Ilustração Adelina

Crédito, André Valente | BBC Brasil

Legenda da foto, Como não há registros fotográficosbet 365 roletaAdelina, a charuteira, ilustração foi baseadabet 365 roletafotografiasbet 365 roletaescravas minas que viviam no Maranhão na época

De acordo com o Dicionário da Escravidão Negra no Brasil,bet 365 roletaClóvis Moura (Edusp), Adelina enviava à associação Clube dos Mortos - que escondia escravos e promoviabet 365 roletafuga - informações que conseguia sobre ações policiais e estratégias dos escravistas.

Aos 17 anos, Adelina seria alforriada, segundo a promessa que seu senhor fez abet 365 roletamãe. Mas, segundo o Dicionário, isso não aconteceu.

Dragão do Mar, o jangadeiro que se recusou a transportar escravos para os navios

O jangadeiro e prático (condutorbet 365 roletaembarcações) Francisco José do Nascimento (1839-1914), um homem pardo conhecido como Dragão do Mar, foi membro do Movimento Abolicionista Cearense, um dos principais da província, a primeira do Brasil a abolir a escravidão.

Em 1881, o Dragão do Mar comandou,bet 365 roletaFortaleza, uma grevebet 365 roletajangadeiros que transportavam os negros e negras escravizados para navios que iriam para outros Estados do Nordeste e para o Sul do Brasil. O movimento conseguiu paralisar o tráfico negreiro por alguns dias.

Ilustração Dragão do Mar

Crédito, André Valente | BBC Brasil

Legenda da foto, Francisco José do Nascimento se recusou a transportar escravos das praiasbet 365 roletaFortaleza para navios negreiros

Com o comérciobet 365 roletaescravizados impedido nas praias do Ceará, Nascimento foi exonerado do cargo, segundo o registrobet 365 roletaClóvis Moura. E se tornou símbolo da batalha pela libertação dos escravos.

Depois da abolição, ele tornou-se Major Ajudantebet 365 roletaOrdens do Secretário Geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará e morreu como primeiro-tenente honorário da Armada,bet 365 roleta1914.

Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista

A maranhense Maria Firmina (1825-1917) era negra e livre, "filha bastarda", mas formou-se professora primária e publicou,bet 365 roleta1859, o que é considerado por alguns historiadores o primeiro romance abolicionista do Brasil, Úrsula. O livro conta a históriabet 365 roletaum triângulo amoroso, mas três dos principais personagens são negros que questionam o sistema escravocrata.

A escritora assinava o livro apenas como "Uma maranhense", um expediente comum entre mulheres da época que se aventuravam no mercado editorial, e só agora começa a ser descoberto pelas universidades, segundo a professorabet 365 roletaliteratura brasileira da Universidade Federalbet 365 roletaMinas Gerais (UFMG) Constância Lima Duarte.

Ilustração Maria Firmina

Crédito, André Valente | BBC Brasil

Legenda da foto, Romancebet 365 roletaMaria Firmina dos Reis é considerado o primeiro a trazer o pontobet 365 roletavistabet 365 roletapersonagens negros no Brasil escravocrata

Maria Firmina também publicava contos, poemas e artigos sobre a escravidãobet 365 roletarevistasbet 365 roletadenúncia no Maranhão.

De acordo com o Dicionáriobet 365 roletaMulheres do Brasil:bet 365 roleta1500 Até a Atualidade (Ed. Zahar), ela criou, aos 55 anosbet 365 roletaidade, uma escola gratuita e mista para crianças pobres, na qual lecionava. Maria Firmina morreu aos 92 anos, na casabet 365 roletauma amiga que havia sido escrava.