Caso Miguel: morte777 slot clubmenino no Recife mostra 'como supremacia branca funciona no Brasil', diz historiadora:777 slot club

Miguel Otávio

Crédito, Reprodução Facebook

Legenda da foto, Morte777 slot clubgaroto777 slot club5 anos enquanto estava aos cuidados da patroa777 slot clubsua mãe causou comoção777 slot clubativistas, celebridades e políticos

Imagens do circuito777 slot clubcâmeras777 slot clubsegurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram o momento777 slot clubque a patroa, identificada por Mirtes777 slot clubentrevista à TV Globo como Sari Corte Real, fala com o menino no elevador e parece apertar um dos botões. De acordo com a investigação, o menino desceu no 9º andar, escalou uma grade na área dos aparelhos777 slot clubar-condicionado e caiu.

De acordo com a polícia, a patroa foi presa777 slot clubflagrante, pagou uma fiança777 slot clubR$ 20 mil e deve responder777 slot clubliberdade por homicídio culposo, quando não há intenção777 slot clubmatar.

O assunto se tornou o mais comentado do Twitter no Brasil na última quinta-feira, com mais777 slot club300 mil publicações.

Celebridades e políticos, como a ex-senadora Marina Silva e a vice-governadora777 slot clubPernambuco, Luciana Santos, se manifestaram sobre a morte do garoto e afirmaram que o caso mostra o racismo estrutural e o desprezo pelas vidas negras no país.

Isso não significa, no entanto, que o racismo no Brasil ganhará o centro do debate, segundo Luciana.

"Ainda precisamos ser pautados pelos Estados Unidos porque ainda queremos acreditar no mito777 slot clubque vivemos numa democracia racial. É mais fácil olhar para lá e dizer: 'graças a Deus aqui não é assim'. Mas aqui é assim, sim."

Luciana da Cruz Brito

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'O Brasil não criou leis claramente segregacionistas, mas encontrou formas igualmente perversas777 slot clublidar com a população negra, (formas) que transformaram o racismo777 slot clubalgo não dito', diz Luciana Brito

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

777 slot club BBC News Brasil - O que a morte777 slot clubMiguel Otávio revela, em777 slot clubopinião, sobre o racismo no Brasil?

777 slot club Luciana Brito - É trágico que uma criança tenha que morrer para mostrar isso, mas é assim que a ideia777 slot clubsupremacia branca funciona no Brasil. Eis a principal diferença entre a questão racial aqui e nos Estados Unidos.

Nem posso dizer que não temos aqueles supremacistas brancos clássicos, porque agora vemos aqui passeatas inspiradas na Ku Klux Klan, por exemplo.

Nós tivemos teses racialistas no Brasil, no início do século 20, dizendo que brancos seriam superiores a negros. Mas depois777 slot clubum certo momento, essa ideia começou a se enraizar nos costumes.

Enquanto a ideia777 slot clubsupremacia branca nos Estados Unidos se transformava777 slot clubleis, nos anos 1940, 1950 e 1960, aqui ela já estava profundamente nos costumes da população brasileira. Esta é a nossa supremacia branca.

Mesmo que não tenhamos tido as mesmas leis segregacionistas que os EUA, temos o mesmo princípio777 slot clubque algumas pessoas são mais humanas e mais cidadãs do que outras.

777 slot club BBC News Brasil - Que elementos do caso, na777 slot clubopinião, o tornam tão emblemático desse princípio?

777 slot club Luciana Brito - Desde o início da pandemia estamos falando das trabalhadoras domésticas. Elas foram as primeiras a ser infectadas sem sair do país. Foram as primeiras a aparecer no fundo das lives (transmissões ao vivo) das celebridades. Então essa mulher, Mirtes Renata, a mãe777 slot clubMiguel, foi infectada, não tinha onde deixar o filho e o levou para o local777 slot clubtrabalho, que era um local777 slot clubinfecção — já que os patrões dela estavam infectados. Esse é o primeiro ponto.

Depois temos a cena da patroa777 slot clubcasa rodeada777 slot clubserviçais. Eu chamo isso777 slot club"delírios escravistas coloniais da sociedade brasileira". É o saudosismo do Brasil escravocrata colonial. É o sentimento que faz uma pessoa se rodear777 slot clubserviçais num contexto777 slot clubpandemia e777 slot clubisolamento social. Ainda que esses serviçais, a doméstica, a manicure e o menino, estivessem correndo risco777 slot clubvida.

Também há o fato777 slot clubque a mãe da criança teve que sair para levar o cachorro para defecar, coisa que qualquer pessoa poderia fazer, inclusive a dona do cachorro. Ela não abre mão777 slot clubfazer as unhas para que o cachorro vá defecar. O cachorro tem um pouco da extensão da humanidade da dona. Ele tem uma atenção mais qualificada, que é a da trabalhadora doméstica.

O menino fica (em casa). Ele incomoda a patroa porque chora pela mãe, e ela o deixa no elevador sozinho. Eu vi a cena do elevador (no vídeo das câmeras777 slot clubsegurança exibido pela Polícia Civil). A forma como a patroa se dirige ao menino777 slot club5 anos é como se estivesse falando a um adulto impertinente.

Se a gente quer falar nos Estados Unidos, isso me lembrou Tamir Rice, que morreu777 slot club2014. Ele estava777 slot clubum parque brincando com uma arma777 slot clubbrinquedo, uma pessoa viu da janela e ligou para a polícia. Disse para a polícia que ele aparentava ter 20 anos. Ele tinha 12. O carro da polícia chegou e ainda estava777 slot clubmovimento quando o policial atirou e matou Tamir. Crianças negras, especialmente meninos, não têm infância.

A patroa777 slot clubMirtes fala com um menino777 slot club5 anos sem cuidado. Essa é a idade do meu filho. Ele não fica777 slot clubmomento algum fora777 slot clubnossas vistas. Meu filho nunca andou sozinho no elevador do meu prédio, nem nos meus momentos777 slot clubmaior cansaço e preguiça.

A mulher bota o menino no elevador, aperta o botão, como dá para ver no vídeo, e aparentemente volta e continua a fazer as unhas. Não conseguimos ter uma ideia exata777 slot clubtempo pela entrevista da mãe na imprensa, mas entendi que quando a mãe volta do passeio com o cachorro, ela fica sabendo pelo zelador que alguém caiu, e descobre o filho morto no chão.

Ou seja, a patroa colocou o menino no elevador e sequer ficou vigiando pra saber se ele tinha voltado ou não. Ela não sabia que ele tinha caído. Isso revela um desprezo por um ser humano. E é aí que eu vejo uma noção777 slot clubsupremacia branca. Não precisa vestir roupa da Ku Klux Klan.

Manifestantes777 slot clubNova Iorque777 slot club04777 slot clubjunho777 slot club2020

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Protestos motivados pela morte777 slot clubGeorge Floyd duram 10 dias e se espalharam por diversas cidades americanas e outros países

777 slot club BBC News Brasil - O Brasil parece ter herdado a comoção com a morte777 slot clubGeorge Floyd e os protestos antirracismo ocorrendo nos Estados Unidos na última semana. E houve quem dissesse que as mortes777 slot clubpessoas negras777 slot clubações policiais aqui, como o caso recente777 slot clubJoão Pedro 777 slot club ,777 slot club14 anos, não são alvo777 slot clubprotestos tão eloquentes. Por outro lado, muitos ativistas do movimento negro apontaram que manifestações acontecem, sim, especialmente nas comunidades mais atingidas pela violência policial. Por que esses protestos nacionais parecem menos visíveis?

777 slot club Luciana Brito - Um exemplo disso acabou777 slot clubacontecer. Eu estava vendo o jornal local e soube que ocorreu um ato por conta777 slot clubuma ação policial no Bairro da Paz,777 slot clubSalvador (Nota da redação: Dois jovens negros foram mortos em tiroteio). A comunidade fechou a Av. Paralela, tocou fogo777 slot clubpneus e777 slot clubum ônibus. Nós, as pessoas negras que são militantes, não fomos para lá. Não recebi nenhum informe sobre mobilização. E o comandante da polícia disse no jornal que aquelas eram pessoas influenciadas por traficantes777 slot clubdrogas, que mandaram que elas se manifestassem.

Quando ele diz isso, está fazendo duas coisas: primeiro ele conta com esse mito777 slot clubque as leis não têm corte racial,777 slot clubque as ações policiais777 slot clubque morrem negros são casos isolados — embora só negros morram dessa forma. E777 slot clubsegundo lugar, ele também desacredita a capacidade777 slot clubarticulação política daquelas comunidades.

A gente vê que nos Estados Unidos os policiais não negam777 slot clubmomento algum que há uma demanda política nos protestos. Eles podem até discordar, mas sabem que é um movimento político e que há uma questão para ser discutida.

Não temos uma polícia — nas Américas777 slot clubum modo geral — que respeite as pessoas negras, nem mesmo a777 slot clubcapacidade política777 slot clubse organizar para expressar777 slot clubrevolta através777 slot clubuma manifestação, por menor que seja.

No Brasil não temos uma imprensa que nos apoie, que esteja realmente comprometida com a luta antirracista. Isso já vemos com mais frequência nos Estados Unidos.

Também não há uma compreensão777 slot clubtoda a população negra brasileira777 slot clubque aquilo ali poderia acontecer com qualquer pessoa da nossa família, ou com nós mesmos, também por uma cobertura jornalística desses eventos que criminaliza aquelas pessoas.

Temos programas jornalísticos sensacionalistas que mostram todos os dias jovens negros sendo presos, com apresentadores dizendo: "são marginais, é isso mesmo". Não há um olhar mais sofisticado777 slot clubtodo o jornalismo sobre a maneira como são feitas essas prisões ou chacinas.

E nós também não temos um apoio da comunidade branca que se envolva naquilo como se fosse problema dela. E não falo dos brancos conservadores, porque já sabemos qual é a deles. Falo dentro do próprio coletivo que é777 slot clubesquerda, que tem um olhar humanitário sobre a sociedade, mas que diz "aquilo ali é problema do pessoal do movimento negro, eu não vou lá".

E tudo isso está ligado, é claro, à nossa história racial.

777 slot club BBC News Brasil - De que maneira?

777 slot club Luciana Brito - A polícia é violenta, tanto lá nos EUA quanto aqui. Mas nos Estados Unidos — e eu atribuo isso ao movimento pelos direitos civis, nos anos 1960 — as lideranças negras conseguiram promover uma educação racial nas comunidades negra e branca muito cedo. Isso porque lá o racismo era uma política777 slot clubEstado escancarada.

Depois da abolição da escravidão, houve um período chamado777 slot clubreconstrução nacional, quando se incentivou que negros fossem para a escola, se candidatassem a cargos públicos, houve fiscalização para que as pessoas não fossem escravizadas.

Mas chegou um momento777 slot clubque cada cidade e Estado sulista começou a implantar suas próprias leis segregacionistas, que é o que conhecemos como as Leis777 slot clubJim Crow. O governo federal fez vistas grossas enquanto os Estados do sul passaram a promover o que eu chamo777 slot clubterrorismo às populações negras no sul. Linchamento, enforcamentos, cenas que hoje conhecemos777 slot clubfotografias e777 slot clubfilmes, que mostram churrascos777 slot clubgente.

Manifestante777 slot clubSão Paulo no dia 31777 slot clubmaio777 slot club2020

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Protesto pela democracia777 slot clubSão Paulo no dia 31777 slot clubmaio também teve menções a George Floyd

777 slot club BBC News Brasil - E no Brasil?

777 slot club Luciana Brito - Depois que os EUA aprovaram a abolição,777 slot club1865, os jornais777 slot clublá passaram a cobrir quase que diariamente a situação no Brasil, que tinha recebido muito mais negros traficados. Eram 400 mil nos Estados Unidos e quase cinco milhões aqui. Chamava atenção que o Brasil conseguisse arrastar a escravidão por tanto tempo.

Mas os diplomatas e políticos brasileiros se justificavam dizendo que aqui a escravidão era branda, que não havia conflito777 slot clubcor. Outra justificativa comum era: "vamos chegar na abolição, mas estamos fazendo isso777 slot clubmaneira pacífica, porque aqui não tem guerra".

O Brasil acabou com a escravidão e entrou no pós-abolição com esse mito777 slot club"não temos conflito racial como nos Estados Unidos". E outros mitos como "o negro aqui não trabalha, é preguiçoso". Aí foram criminalizadas as atividades negras pela lei da vadiagem, do Código Penal777 slot club1890. Não tinha nada lá falando sobre negro, mas a capoeira era crime, o candomblé era crime. Ficar na rua, algo comum para as pessoas negras libertas que não tinham emprego ou tinham empregos informais, era crime.

Então, depois da abolição, o Brasil não criou leis claramente segregacionistas, mas encontrou formas igualmente perversas777 slot clublidar com a população negra, que transformaram o racismo777 slot clubalgo não dito.

A educação para sobreviver numa sociedade racista a partir do não dito deixou mais difícil para pessoas negras se organizarem777 slot clubtorno777 slot clubum inimigo visível.

Raramente uma pessoa negra no Brasil tentou entrar num restaurante e ouviu "preto não entra aqui". Nós sabemos, e vivenciamos isso, que aqui você ouve "as mesas estão todas ocupadas". Você entra777 slot clubuma loja e não é expulso, mas a vendedora lhe ignora. Quem não lhe ignora é o segurança.

Nós não tivemos uma formação, desde a infância, na qual somos treinadas e treinados para perceber o racismo no momento777 slot clubque ele está acontecendo, sem ser nomeado.

Isso faz com que vejamos coisas como o avô777 slot clubÁgatha (Félix,777 slot club8 anos, morta por tiros777 slot clubfuzil777 slot clubum policial militar777 slot club2019) dizendo a jornalistas na porta do IML (Instituto Médico Legal): "Ela fazia inglês, ela fazia balé, ela era boa aluna".

Porque ele acredita que a família fez tudo certo. Nesse pacto civilizatório brasileiro, nessa ideia da família777 slot clubbem, é preciso dizer "ela não merecia", como se fosse uma questão777 slot clubmerecimento.

Somos treinados, inclusive as pessoas negras, para que, quando vemos corpos negros na televisão sendo arrastados pela delegacia ou as chacinas nas comunidades, pensemos: "ali era marginal, e marginal tem que morrer".

O Brasil foi resolvendo seu problema racial assim: com muita força policial, muita repressão e sem falar abertamente do conflito. E construímos uma identidade nacional como uma democracia racial pacífica, acreditando que o problema racial é um problema do outro.

O nosso olhar, sobretudo o da grande imprensa, sobre o conflito nos EUA, continua sendo esse: "Olha que absurdo o policial branco que matou o negro". Mas dizendo subliminarmente, pelo silêncio, que no Brasil não tem isso.

Manifestantes777 slot clubWashington777 slot club04777 slot clubjunho777 slot club2020

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em memorial para George Floyd, advogado disse que ele foi morto por "pandemia777 slot clubracismo"

777 slot club BBC News Brasil - Mas ao mesmo tempo777 slot clubque falamos do racismo estrutural nos EUA como um dos fatores 777 slot club que provocaram a onda777 slot clubprotestos, no Brasil, estudos mostram que 75 a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil são negras, inclusive777 slot clubintervenções policiais. Estatisticamente 777 slot club , negros também têm menos escolaridade, menor renda e menos acesso à saúde, assim como lá. É possível dizer, mesmo subliminarmente, que "no Brasil não tem isso"?

777 slot club Luciana Brito - É cada vez mais difícil sustentar esse discurso.

Mas sempre tem alguém que usa um argumento do tipo: "Lá nos Estados Unidos o policial que matou o homem negro foi branco, mas aqui no Brasil não há essa dicotomia, porque os policiais também são negros".

Esse é o nó que o mito da democracia racial dá nas nossas cabeças.

Eu vi um vídeo777 slot clubum policial branco nos EUA atacando uma jovem negra. A superior do policial, também uma mulher negra, interrompe a ação dele, o empurra violentamente para longe da menina e o repreende na frente dos colegas.

No Brasil, essa mulher ou esse homem negro, quando veste a farda, é capaz777 slot clubabater uma pessoa negra, e é racismo mesmo assim. Porque, aqui, o policial negro é treinado pelo Estado para achar que todas as pessoas que se parecem com ele são criminosas. Quando está777 slot clubfarda, ele perde a identidade racial. Ganha uma espécie777 slot clubselo777 slot clubqualidade. Vira o "negro777 slot clubbem".

O racismo no Brasil é mais ardiloso. A população negra é maioria, mas é confundida como um inimigo que faz parte da777 slot clubvida, mas que não é declarado.

Por exemplo, não são todas as famílias negras que se identificam com a dor da família777 slot clubÁgatha ou777 slot clubJoão Pedro. Ou mesmo777 slot clubMiguel. Elas pensam: "Poxa, que má sorte aquela criança estar ali".

Aí vêm os argumentos: "Ah, mas estava ali fazendo o quê?" ou "Ah, foi um acidente". Todos esses "poréns" solapam uma realidade que grita, que é o fato777 slot clubque essas pessoas estão sendo abatidas por serem negras, por serem consideradas menos cidadãs. Menos seres humanos.

As pessoas no Brasil até aceitam dizer: "É porque era pobre". Parece que é mais aceitável atribuir determinadas desigualdades à pobreza do que ao racismo.

Manifestantes777 slot clubSão Paulo no dia 31777 slot clubmaio777 slot club2020

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em relação aos brancos, os negros brasileiros e americanos têm menos escolaridade, acesso à saúde e emprego, morrem mais777 slot clubcovid-19 e777 slot clubintervenções policiais

777 slot club BBC News Brasil - Como a classe influencia a percepção sobre o racismo no Brasil?

777 slot club Luciana Brito - É interessante pensar que os ganhos que a população negra teve, fruto777 slot clubconquistas do movimento negro, como a Lei777 slot clubCotas Raciais e a PEC das Trabalhadoras Domésticas, mexeram nas estruturas da sociedade brasileira e criaram uma reação violenta. E foram leis que se relacionam muito à formação777 slot clubuma classe média negra no Brasil.

As trabalhadoras domésticas passaram a ter direitos trabalhistas, os filhos777 slot clubmuitas entraram nas universidades, ou elas mesmas encontraram outras possibilidades777 slot clubemprego — eu tenho hoje colegas que foram trabalhadoras domésticas. E aumentaram as possibilidades para a juventude negra através da educação universitária.

Essa possibilidade777 slot clubque negros pudessem transitar,777 slot clubmaior quantidade, pra outra classe social, incomodou muito as estruturas do racismo brasileiro. Porque a diferença777 slot clubclasse social no Brasil se estrutura na raça.

Só que para uma pessoa negra — e aí falo da minha própria experiência e dos meus amigos — transitar para a classe média significa apenas que você acessa os bens777 slot clubconsumo da classe média. Você mora legal, tem carro bacana, seu filho vai para escola particular, mas você continua emaranhado no racismo estrutural.

Quando entro777 slot clubuma loja777 slot clubcreme777 slot clubcabelo, o segurança ainda me segue. Quando eu vejo uma criança como Ágatha ou João Pedro serem alvejados, isso me afeta diretamente, porque tenho uma criança com aquelas características. Eu tenho medo777 slot clubmeu marido dar um passeio na rua à noite sozinho.

Além disso, o restante da minha família não é classe média. Eu sou a única. É por isso que dizemos que não há saída individual para sair desse racismo, embora muitas pessoas negras acreditem que isso é possível.

Línea
  • 777 slot club Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube 777 slot club ? Inscreva-se no nosso canal!
Pule YouTube post, 1
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimos777 slot clubautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a política777 slot clubuso777 slot clubcookies e os termos777 slot clubprivacidade do Google YouTube antes777 slot clubconcordar. Para acessar o conteúdo clique777 slot club"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdo777 slot clubterceiros pode conter publicidade

Final777 slot clubYouTube post, 1

Pule YouTube post, 2
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimos777 slot clubautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a política777 slot clubuso777 slot clubcookies e os termos777 slot clubprivacidade do Google YouTube antes777 slot clubconcordar. Para acessar o conteúdo clique777 slot club"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdo777 slot clubterceiros pode conter publicidade

Final777 slot clubYouTube post, 2

Pule YouTube post, 3
Aceita conteúdo do Google YouTube?

Este item inclui conteúdo extraído do Google YouTube. Pedimos777 slot clubautorização antes que algo seja carregado, pois eles podem estar utilizando cookies e outras tecnologias. Você pode consultar a política777 slot clubuso777 slot clubcookies e os termos777 slot clubprivacidade do Google YouTube antes777 slot clubconcordar. Para acessar o conteúdo clique777 slot club"aceitar e continuar".

Alerta: Conteúdo777 slot clubterceiros pode conter publicidade

Final777 slot clubYouTube post, 3