As suspeitas sobre Fabio Wajngarten, chefe da Secomsites apostasBolsonaro investigado pela PF:sites apostas

Secretário Especialsites apostasComunicação Social da Secretariasites apostasGoverno, Fabio Wajngarten

Crédito, Alan Santos/PR

Legenda da foto, Polícia Federal abriu inquérito sobre atividadessites apostasWajngarten

sites apostas Fabio Wajngarten, chefe da comunicação do governosites apostasJair Bolsonaro, passou a ser alvosites apostasuma terceira investigação sobresites apostasatuação à frente da Secretaria Especialsites apostasComunicação Social (Secom).

O novo inquérito, desta vez no âmbito penal, foi aberto pela Polícia Federal na terça-feira (04/01). A instituição apura a suspeitasites apostastrês crimes: corrupção, peculato (desviosites apostasrecursos públicos) e advocacia administrativa, ou seja, "patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidadesites apostasfuncionário".

Ele nega todas as acusações e diz que a investigação servirá para provarsites apostasinocência. Bolsonaro afirma que o secretário "está mais forte do que nunca".

O casosites apostasWajngarten veio à tona a partirsites apostasuma sériesites apostasreportagens publicadas pelo jornal Folhasites apostasS.Paulo desde meadossites apostasjaneiro.

O veículo revelou que ele, mesmo com cargo público, segue como o principal sóciosites apostasuma empresa que presta consultoria e recebe dinheirosites apostasTVs e empresassites apostaspublicidade contratadas pela secretaria comandada por ele. Esse cenário implicaria conflitosites apostasinteresse.

Com a ação da PF, Wajngarten passa a ser oficialmente investigado e pode ser indiciado. A investigação atende a um pedido do procurador Frederick Lustoza, do Ministério Público Federal (MPF)sites apostasBrasília.

O prazo inicial para a conclusão da investigação criminal é geralmentesites apostas30 dias, mas esse período pode ser prorrogado se o delegado responsável pela investigação demandar.

Caso seja indiciado, ele pode ser alvosites apostasuma eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e, por extensão,sites apostasuma condenação ou absolvição judicial.

Ele também é alvosites apostasoutras duas apurações. Uma delas é conduzida pela Comissãosites apostasÉtica Pública da Presidência sob suspeitasites apostasconflitosites apostasinteresses público e privado.

Esse órgão é consultivo e tem a tarefasites apostasaconselhar o presidente da República sobre a condutasites apostasministros e altos funcionários, sem podersites apostasretirar alguém do cargo, por exemplo.

Fabio Wajngarten e Jair Bolsonaro

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Wajngarten (esq.) gostasites apostasficar pertosites apostasBolsonaro e delega os serviços da Secom a subordinados

A outra investigação corre no âmbito do Tribunalsites apostasContas da União (TCU), e apura suspeitasites apostasque o secretário tenha direcionado verbassites apostaspropaganda da Secom para emisorassites apostasTV mais alinhadas ao governo Bolsonaro. Ele é investigado sob suspeitasites apostasimprobidade administrativa.

Segundo a Folhasites apostasS.Paulo, na gestãosites apostasWajngarten, as clientessites apostassua empresa a FW Comunicação e Marketing passaram a receber porcentagens maiores da verbasites apostaspropaganda ligada à secretaria.

Quais são as acusações contra ele?

A legislação proíbe integrantes da cúpula do governosites apostasmanter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. O conflitosites apostasinteresses pode configurar atosites apostasimprobidade administrativa; a lei, nesse caso, prevê penalidades como a demissão do agente público.

Wajngarten nega irregularidades e diz que se afastou da gestão da empresa antessites apostasassumir o cargo, conforme determinado pela Casa Civil, responsável pelos trâmites da posse dos servidores públicos. Ele segue como donosites apostas95% da FW. Sua mãe controla os 5% restantes.

A Folhasites apostasS.Paulo diz também que Wajngarten omitiu informações sobre a empresa à Comissãosites apostasÉtica Pública da Presidência da República. O jornal teve acesso a uma cópia da declaração confidencialsites apostasinformações, preenchida pelo secretário e entregue ao órgão consultivo.

Nela, segundo a publicação, Wajngarten omitiu o ramosites apostasatuaçãosites apostasempresassites apostassua família e negócios mantidos por eles "antes e no momentosites apostasque ocupou a função pública".

A prática pode vir a ser considerada uma violação à Leisites apostasConflitosites apostasInteresses, sancionadasites apostas2013 pela então presidente Dilma Rousseff.

Segundo a Folhasites apostasS. Paulo, a FW mantém contratos com pelo menos cinco empresas que receberam recursos do governo federal, entre elas, duas emissorassites apostasTV cuja participação no bolo da publicidade federal cresceu durante o 1º ano da gestãosites apostasBolsonaro.

Além das emissoras, a empresasites apostasWajngarten também presta serviços a agênciassites apostaspublicidade que atendem contas do governo.

Fabio Wajngarten

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Wajngarten conheceu Jair Bolsonarosites apostas2016, e o auxiliou durante o período da campanha eleitoralsites apostas2018

Durante o mandatosites apostasWajngarten, uma das agências também viusites apostasparticipação nas verbassites apostaspublicidade da Secom crescersites apostas36%, tornando-se a que mais recebeu verbas da pasta: R$ 70 milhões. Os dados foram levantados pela Folhasites apostasS.Paulo nas planilhas da Secom.

Depois que assumiu a Secom, Wajngarten deixou a FW Comunicação e Marketing a cargo do empresário Fábio Liberman — o irmão dele, Samy Liberman, é o atual nº 2 na hierarquia do órgão.

Os valores pagos pelas emissoras a Wajngarten são relativamente pequenos. Uma das TVs disse contratar a empresa dele desde 2004. Em 2019, pagou R$ 109 mil à FW,sites apostastrocasites apostasserviços como o mapeamentosites apostasanunciantes.

O que Wajngarten e Bolsonaro dizem sobre as acusações?

Desde que a primeira reportagem sobre o caso foi publicada, o chefe da Secom vem negando veementemente qualquer irregularidade e passou a acusar o jornalsites apostasdivulgar "fake news".

Após a abertura do inquérito pela PF, Wajngarten disse que este era "mais um passo na rotina do processosites apostasinvestigação solicitado pelo Ministério Público Federal".

Em nota à imprensa, ele disse que esta "será a oportunidade que terei para provar que não cometi qualquer irregularidade na minha gestão" e que ficará comprovado não haver "qualquer relação entre a liberaçãosites apostasverbas publicitárias do governo e os contratos da empresa FW Comunicação - da qual me afastei conforme a legislação determina - que são anteriores à minha nomeação para o cargo, como pode ser atestadosites apostascartório".

Wajngarten afirmou ter um nome a zelar, um trabalhosites apostasmaissites apostas20 anos no mercado, o seu respeito e reconhecimento.

Presidente Jair Bolsonaro

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Fabio Wajngarten afirmou que ocupa o cargo na Secom porque 'confia' no presidente Jair Bolsonaro

Depois da primeira reportagem da Folhasites apostasS.Paulo, Bolsonaro declarou que manteria o secretáriosites apostasseu cargo.

"Se for ilegal, a gente vê lá na frente. Mas, do que eu vi até agora, está tudo legal com o Fabio. Vai continuar (no cargo), é um excelente profissional. Se fosse uma porcaria, igual a alguns que têm por aí, ninguém o estaria criticando."

Qual é a trajetóriasites apostasFabio Wajngarten?

Ele é um empresário paulistanosites apostaspouco maissites apostas40 anos. É formadosites apostasDireito, esites apostas2002 concluiu uma pós-graduaçãosites apostasServiçossites apostasMarketing na ESPMsites apostasSão Paulo. Seu pai, Mauricio Wajngarten, é um cardiologista conhecidosites apostasSão Paulo.

Sua empresa tem o nome fantasiasites apostasControle da Concorrência. Além dos levantamentossites apostasaudiência, a empresa faz também o que se chamasites apostas"checking" no mercadosites apostaspublicidade — isto é, verificar se as peças publicitárias contratadas foram realmente veiculadas.

Wajngarten conheceu Bolsonarosites apostas2016, e o auxiliou durante o período da campanha eleitoral. Também levou o então deputado federal a eventos da comunidade judaicasites apostasSão Paulo — um exemplo foi um jantar da instituição filantrópica Hadassah Brasil, da áreasites apostassaúde.

Segundo publicitários e jornalistas que trabalham com a comunicação pública, a chegadasites apostasWajngarten à Secom realmente ajudou a esfriar os ânimos do setor — com quem o governo viviasites apostasatrito nos primeiros tempos.

"Todo o mercado comemorou a chegada dele (Wajngarten), justamente porque ele é um empresário da comunicação. Antes, tivemos quatro mesessites apostasum clima cinza, nublado. Os generais brecavam tudo, desconfiavamsites apostastudo esites apostastodos. Não sabiam a diferença entre pesquisa qualitativa e quantitativa, não sabiam o que é um planosites apostasmídia", diz um publicitáriosites apostasuma das principais agências que atendem o governo, sob condiçãosites apostasanonimato.

"O Santos Cruz pensava que o BV (Bônussites apostasVeiculação) era crime. Tivemossites apostasmostrar a ele que não era, que estava na lei", diz o profissional. "A gente torce para que isto (a situação na Secom) se acalme, para que se use o bom senso", completa. O BV é uma comissão paga às agênciassites apostaspublicidade na comprasites apostasespaçossites apostasmídia.

Outros profissionais consultados pela BBC News Brasil dizem que Wajngarten pouco cuida do dia a dia da Secom e da relação com as agênciassites apostaspublicidade — este papel é exercido principalmente pelo publicitário Glen Lopes Valente, que chefia a áreasites apostasPublicidade e Promoção da Secom.

Wajngarten, enquanto isso, prefere ficar ao lado do presidente da República e aconselhá-lo na relação com os jornais, alémsites apostasfazer sugestões sobre como responder a crises.

Wajngarten mantém contato com a cúpula das principais TVs abertas do país há bastante tempo. Com o apoio dos canais Record, SBT, Band e Rede TV, ele comandou a tentativa frustradasites apostasemplacar, no Brasil, uma alternativa ao Ibope na aferiçãosites apostasaudiência do país, por meio do instituto alemão GfK.

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