Caso Marielle: 'Ninguém bota a cara como minha filha fez', diz mãeroleta devereadora, um ano após assassinato:roleta de
"Foi um avanço, mas ainda há muita coisa para fazer", considera Marinete. "A gente precisa saber quem foram os mandantes. Precisa prender quem mandou matar. Não é só por nós. É para responder às cobranças do mundo."
Marielle Franco foi executada na noiteroleta de14roleta demarçoroleta de2018 no Rio depoisroleta demediar um debate sobre o empoderamentoroleta demulheres negras na Casa das Pretas, na Lapa.
De acordo com o Gaeco/MPRJ, a empreitada criminosa foi "meticulosamente planejada durante os três meses que antecederam o atentado" (Confira abaixo a linha do tempo com os principais fatos da investigação até agora).
"É inconteste que Marielle Francisco da Silva [nomeroleta debatismo da vereadora] foi sumariamente executadaroleta derazão da atuação política na defesa das causas que defendia", descreve a denúncia do MPRJ, classificando o atentado como um "golpe ao Estado Democráticoroleta deDireito".
Cartas exigem soluções
As cobranças e expressõesroleta desolidariedade vêmroleta decartas do mundo todo. Na Anistia Internacional do Rio, há caixasroleta decartas endereçadas à família. Muitas outras foram enviadas à Delegaciaroleta deHomicídios por pessoas e organizaçõesroleta dedireitos humanos mundo afora.
"O Giniton (Lages, delegado responsável pelas investigações da Polícia Civil até quarta-feira, quando foi afastado do caso) me mostrou as pilhasroleta decartas que ele recebe. Todo dia chegam mais cartas", conta Marinete.
"Não é só a gente que precisaroleta deuma resposta. Esse é um compromisso com o mundo todo, com o Brasil e com a sociedade, que perdeu muito com a morte da minha filha. Todos os grupos aos quais ela dava voz perderam muito."
"Ninguém faz o que ela fazia. Ninguém bota a cara com a minha filha fez", diz a mãe.
Negra, lésbica, feminista, "cria da favela" e defensoraroleta dedireitos humanos, Marielle estava no segundo anoroleta deseu primeiro mandato como vereadora.
O aniversárioroleta desua morte será marcado com uma missa na Candelária, no Centro do Rio, igreja simbólicaroleta demuitas lutas e passeatas das quais Marielle participou, eroleta deseu engajamento para ajudar familiaresroleta devítimasroleta deviolência, como as mães dos mortos na chacina ocorrida na escadaria da igrejaroleta de1993. "Ela participouroleta deanosroleta decaminhadasroleta deprolroleta devítimasroleta deviolência da barbaridade que aconteceu ali", diz Marinete.
Rotinaroleta deluta
Marielle era mulherroleta deMonica, filharoleta deMarinete e Antonio, mãeroleta deLuyara, irmãroleta deAnielle e madrinharoleta deMariah,roleta desobrinha. Morava com Monica,roleta dequem ficara noiva um ano antes, e com a filha, Luyara, que tem 20 anos e nasceu quando a mãe tinha apenas 19.
Depois da morte da mãe, Luyara passou a viver com os avós. A jovem iniciou a universidaderoleta deEducação Física e acabaroleta decomeçar a trabalhar no gabinete da deputada estadual Renata Souza, do PSOL. Renata integrava o gabineteroleta deMarielle na Câmara dos Vereadoras e foi eleita no ano passado como uma das "herdeiras" políticasroleta deMarielle.
"O que ocorreu com ela foi um feminicídio político", diz a deputada, que, como Marielle, também é cria da favela, do Complexo da Maré.
"Até hoje não tem resolução porque o Estado não conseguiu compreender o tamanho do que é a execução sumáriaroleta deuma vereadora como a Marielle", critica a parlamentar. "Não entendeu que é uma afronta direta à democracia. Esse crime bárbaro, covarde, desumano tem a ver com alguma estruturaroleta depoder que as investigações ainda não trouxeram à luz."
Marinete diz que a rotina tem sido dura, tendo que conciliar o engajamentoroleta detorno do assassinato da filha com o trabalho para sustentar a casa. Ela é advogada, atuando nas áreas cível e previdenciária, e seu marido, Antonio Francisco da Silva, é aposentado.
"A gente continua trabalhando muito e está sempre na luta. Não temos outros meios para manter o nosso sustento a não ser o nosso próprio trabalho. Somos uma família humilde, a Marielle ajudavaroleta decasa (financeiramente), então até nesse sentido a falta dela pesa. Eu mantenho toda a estrutura da minha casa há muito tempo, e não posso desanimar. Em momento nenhum posso fracassar. Tenho que continuar lutando", diz Marinete.
'Anderson presente'
Na casaroleta deAgatha Arnaus Reis, a vida mudou completamente após a morteroleta deseu marido, Anderson Pedro Gomes aos 39 anos.
Na época do assassinato, Anderson estava substituindo o motorista fixoroleta deMarielle, que se acidentara. Naquela noite, os tiros que partiram do Cobalt mirando a janela do bancoroleta detrás onde a vereadora estava sentada atravessaram o carro na diagonal e atingiram Anderson na direção.
Agatha ficou viúva aos 27 anos, sozinha para cuidar do filho do casal, Arthur.
Um ano depois da morte do marido, ela passa pouco tempo na casa onde viviam. Nos dias da semana, prefere ficar morando com a mãe e a irmã,roleta deInhaúma, na zona norte do Rio, para ter companhia e poder dividir os cuidados com Arthur, que tem quase 3 anos. O filho nasceu prematuro, teve que passar por uma sérieroleta decirurgias e sofreroleta deatraso no desenvolvimento e hipotireoidismo.
"A minha família ajuda muito para que eu possa continuar trabalhando e levar ele para a escolinha", diz Agatha, que é servidora pública e está alocada no Ministério Público do Rio. "Eu dividia tudo com o Anderson."
Em setembro, Agatha teve um "susto tremendo". Arthur teve uma obstrução intestinal e precisou passar por uma cirurgiaroleta deemergência. "Quando eu estava sozinha no hospital, correndo com bolsa, leite, exames, com ele no colo, vomitando sem parar, a ficha caiu", diz. "Agora é tudo comigo."
Ela diz ter ficado impactada pelas prisões dos suspeitosroleta deterem executado o crime. Mas ressalta as perguntas que exigem resposta.
"A gente precisa saber quem mandou matar e por quê. Não podemos ficar sem essa resposta. Isso pesa muito. Um dia o Arthur vai me perguntar, e o que eu vou falar para ele?", questiona.
"Tem que ter um fim. Até lá, é como se a gente ficasse sempre revivendo aquele dia", diz a viúvaroleta deAnderson. "Só quando chegar no final é que a gente vai poder terminarroleta deenterrar (os mortos)."
*Colaborou Rafael Barifouse, da BBC News Brasilroleta deSão Paulo
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