'Irmãsite pixbet gratisvida'site pixbet gratisMarielle e ameaçadasite pixbet gratismorte: a vereadora mais votadasite pixbet gratisNiterói:site pixbet gratis

Talíria Petrone, vereadorasite pixbet gratisNiterói

Crédito, AFP

Legenda da foto, A vereadora Talíria Petrone teve a maior votaçãosite pixbet gratisNiterói na eleição municipalsite pixbet gratis2016

Decidiu voltar após dois anos. Quando passou no concurso para professora da rede municipal do Rio, escolheu dar aula na região da Maré, porque diz acreditar que é nas comunidades mais pobres que a educação tem maior potencial transformador.

Sente saudade da salasite pixbet gratisaula agora que está licenciada para exercer seu mandato, um trabalho que diz ser gratificante, mas ao mesmo tempo doloroso. Única mulher na Câmarasite pixbet gratisNiterói, ela contou à BBC Brasil sobre como compartilhava com Marielle as dificuldadessite pixbet gratisser uma vereadora negra,site pixbet gratisum ambiente majoritariamentesite pixbet gratishomens brancos.

"Eu nunca sofri tanto racismosite pixbet gratisforma explícita como na minha experiênciasite pixbet gratisum ano (como vereadora). Desde ser chamadasite pixbet gratisnegra nojenta, ouvir 'neguinha volta para senzala', 'que cabelo é esse?', até ameaças concretassite pixbet gratismorte", relatou Talíria.

"Mari tinha um jeitosite pixbet gratisdar um tapa e dizer: 'bora, negona, a vida é dura, baby', quesite pixbet gratisalguma maneira era um força que dava para a gente", recorda.

As duas se conheceram há oito anossite pixbet gratisum curso pré-vestibular comunitário da favela da Maré, onde Marielle cresceu e onde Talíria, que é formadasite pixbet gratisHistória, dava aula. A relação se intensificou na militância no PSOL e, ainda mais nos últimos dois anos, a partir do momentosite pixbet gratisque decidiram concorrer às eleições.

Ao contrário da carioca, que nunca havia sido ameaçada, a parlamentarsite pixbet gratisNiterói já recebeu ameaçassite pixbet gratismortesite pixbet gratisredes sociais e tambémsite pixbet gratistelefonemas para a sede do PSOL na cidade. Nesses contatos, o intimidador dizia que explodiria o local.

Os casos foram informados no ano passado na 76ª Delegaciasite pixbet gratisPolícia da cidade por meiosite pixbet gratisnotícia-crime. Segundo a Polícia Civil do Estado, as investigações estãosite pixbet gratiscurso, e um suspeitosite pixbet gratister feito a ameaça - que preferiu não identificar - estava sendo ouvido nesta quarta-feira.

À BBC Brasil, Talíria disse que ela esite pixbet gratisamiga, mas principalmente Marielle, tinham reticênciassite pixbet gratisdisputar a eleição, preocupadas com a exposição que isso traria, os prováveis ataquessite pixbet gratisódio e como esse trabalho poderia mudar suas vidas e a relação com suas famílias.

Talíria e Marielle
Legenda da foto, Para Talíria, o assassinatosite pixbet gratisMarielle foi um crime político, contra tudo que ela representava | Foto: Arquivo pessoal

Talíria se recordasite pixbet gratisquando,site pixbet gratis2016, as duas conversaram sobre se candidataremsite pixbet gratisum cafésite pixbet gratisNiterói - ela tomando cerveja, e Marielle, que não costumava beber, tomando água. Sua candidatura já estava consolidada, mas a amiga ainda não tinha se decidido.

"Eu falei: 'eu preciso que você também tope essa tarefa'. Lembro desse momento como se fosse hoje, a gente chegando no olho e tendo certeza que seria muito bom que fôssemos nós duas (concorrendo)", contou.

A vereadora explica que a decisãosite pixbet gratisconcorrer não era apenas um desejo individualsite pixbet gratiscada uma delas, mas uma certezasite pixbet gratisque tinhasite pixbet gratishaver mais mulheres na política. As dúvidas se dissiparam depois que assumiram seus mandatos, diz.

"A gente nunca duvidou que fizemos a escolha certa. E mesmo depois disso tudo, eu tenho certeza que ela não duvidaria. A Mari tinha muita convicção da tarefa que ela ocupava. A gente representa muita gente. Ela, que vinha da favela, mais ainda."

Dentro do PSOL ainda está sendo discutido como aumentar a segurançasite pixbet gratisTalíria, mas a vereadora diz à BBC Brasil que não recuará nasite pixbet gratisatuação política.

Segundo Luciana Boiteux, que foi candidata a vice-prefeitasite pixbet gratis2016 na chapa do PSOL com o deputado estadual Marcelo Freixo, Talíria, assim como Marielle, é uma mulhersite pixbet gratisfala firme, mas alegre, que dificilmente estásite pixbet gratiscara fechada. Ela ressalta que as duas "quebraram tabus" na política ao serem eleitas sem parentesco com homens políticos, como é comum.

"Queremos fortalecer politicamente Talíria e protegê-la, mas sem a lógica do medo, para que ela possa reafirmarsite pixbet gratisluta política. Ela não tem uma pauta moderada, se afirma feminista, anticapitalista, antirracista", ressalta.

Talíria Petrone, vereadorasite pixbet gratisNiterói, enxuga as lágrimas

Crédito, AFP

Legenda da foto, Talíria diz ainda não saber como, mas pretende se 'reorganizar' para continuar na vida pública sem a parceriasite pixbet gratisMarielle

Embates na Câmara

Talíria já apresentou 34 projetossite pixbet gratislei na Câmarasite pixbet gratisNiterói,site pixbet gratisgeral voltados para os direitos das mulheres mais vulneráveis, mas só conseguiu aprovar um, que obriga as empresassite pixbet gratisônibus a fazerem campanhas contra o assédio sexual a passageiras e a treinar os funcionários para lidarem com essas situações.

Sem apoio na Casa, ela considera que o mais importante é dar visibilidade às minorias. Por iniciativa do seu mandato, foi criado um gruposite pixbet gratistrabalho com representantes também da áreasite pixbet gratissaúde, para melhorar o atendimento a vítimassite pixbet gratisviolência sexual na rede pública e fiscalizar e ampliar a ofertasite pixbet gratisaborto legal (em casossite pixbet gratisestupro, por exemplo) na cidade.

Assim como Marielle, também tem atuado na denúncia da violência policial. Segundo dados oficiais do governo do Rio, Niterói é a cidade do Estado com maior taxasite pixbet gratismortes causadas durante intervenção policial - umsite pixbet gratiscada três casos.

Talíria, Tarcísio e Marielle
Legenda da foto, Talíria diz que ser vereadora negra é um processo 'doloroso', mas diz não se arrependersite pixbet gratister entrado nesse caminho | Foto: Arquivo pessoal

Um dos "picossite pixbet gratistensão" do seu mandato, conta, foi quando subiu à tribuna para chamarsite pixbet gratis"chacina" a mortesite pixbet gratisoito pessoas durante operação do Exército e da Polícia Civil no Complexo do Salgueiro, favelasite pixbet gratisSão Gonçalo, município vizinho a Niterói,site pixbet gratisnovembro.

Segundo laudossite pixbet gratisnecropsia obtidos pelo jornal Extra, as oito vítimas receberam 35 tiros, todos pelas costas. Talíria pediu um minutosite pixbet gratissilêncio pelas vítimas, o que gerou reaçãosite pixbet gratisCarlos Jordy (PSC), aliado do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) - repetindo localmente a mesma oposição que ocorre na Câmara dos Deputados, onde é comum ver enfrentamentos entre o presidenciável e parlamentares do PSOL.

Emsite pixbet gratisfala, ele ressaltou que parte dos mortos tinha antecedentes criminais e acusou Talíriasite pixbet gratis"defender bandidos".

Os embates entre os dois são frequentes e costumam ser divulgados no YouTube por canais ligados a Jordy, com linguagens agressivassite pixbet gratisrelação à vereadora. Um deles, publicado pelo canal "Jordy Opressor", leva o título: "Carlos Jordy arregaça com vereadora do PSOL e MC Carol ao vivo".

Procurado pela BBC Brasil, o vereador disse que essa página foi criada por um apoiador do seu trabalho e que lhe envia cópias das filmagens das sessões sempre que solicitado. "Não acho que seja um tom agressivo, mas sim uma forma bem humoradasite pixbet gratisdivulgar os debates antagônicos entre mim a vereadora Talíria", afirmou.

Após a morte da vereadora carioca, esses mesmos vídeos passaram a ser divulgados por outros canaissite pixbet gratisgrupos identificando Talíria falsamente como Marielle. Jordy disse à BBC Brasil que não conhece quem fez isso e atribuiu a identificação errada a uma confusão devido à semelhança física esite pixbet gratispautas ideológicas entre as duas.

"Jamais tiraria proveitosite pixbet gratisuma situação como essa. Lamento profundamente a morte dela e a única coisa que espero é que as investigações prosperem até chegar aos culpados", afirmou.

Talíria recusa a explicaçãosite pixbet gratisque a morte da amiga "é mais uma expressão da violência da cidade", um crime comum. E, ainda que as investigações não tenham sido concluídas, para a vereadora, os indícios até agora levam a crer que o assassinatosite pixbet gratisMarielle foi um crime político, contra tudo que ela representava - ser mulher, negra, favelada, LGBT,site pixbet gratisesquerda e que lutava contra um "modelosite pixbet gratissegurança pública genocida". Para ela, é preciso, sim, "politizar essa barbárie que foi a execução da Marielle".

Talíria e Marielle
Legenda da foto, Talíria diz que Marielle era 'antessite pixbet gratistudo uma irmãsite pixbet gratisvida' | Foto: Arquivo pessoal

'Muitas Marielles estão brotando'

Admiradorsite pixbet gratisTalíria, seu colega vereador Sandro Araújo (PPS), policial federal e também professor, diz que ela sofre hostilidadessite pixbet gratisuma minoria dentro da Câmara, sendo tratada com cordialidade pela maioria dos colegas. "Mas é óbvio que a ausênciasite pixbet gratismais mulheres torna o ambiente um pouco mais complexo para ela atuar", observou.

Araújo conta que abriu mãosite pixbet gratisassumir a Comissãosite pixbet gratisEducação para dar lugar a Jordy, e assim liberar a Comissãosite pixbet gratisDireitos Humanos para Talíria,site pixbet gratisatual presidente. Defensor da restruturação da polícia, ele também já registrou ameaçassite pixbet gratismorte.

"É um risco grande para mim, para Talíria, principalmente por ela ser mulher. Mas não vai ser isso (a mortesite pixbet gratisMarielle) que vai amedrontar a Talíria, ela é muito corajosa", afirmou.

No domingo, Talíria voltou a Maré para participar do ato por Marielle, movimento liderado por mulheres negras.

"Foi muita dor, mas foi onde mais vi a Marielle viva, naqueles corpos, naquelas vozes. Muitas Marielles estão brotando nas favelas do Brasil", acredita.