Por que a leishmaniose avança no sul do Brasil e o que os cães têm a ver com isso:futebol ao vivo in

Cachorro com mulher

Crédito, Philippe Huguen | AFP

Legenda da foto, Cães são considerados intermediários do parasita para humanos, e recomendação do Ministério da Saúde é eutanásia

A primeira morte na capital gaúcha foi registradafutebol ao vivo insetembrofutebol ao vivo in2016. Nos meses seguintes, foram detectados quatro novos casosfutebol ao vivo inPorto Alegre. Três pessoas morreram. Em agosto passado, Florianópolis registrou a primeira contaminação humana. Atualmente, dois pacientes são monitorados na capital catarinense.

O que chama atenção é que não foi identificado na região o vetor tradicionalfutebol ao vivo intransmissão presente nas demais áreas urbanas do país, o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis). Por isso, os cientistas acreditam que o inseto responsável pela transmissão da doença no sul éfutebol ao vivo inhábitos silvestres, presentefutebol ao vivo inregiõesfutebol ao vivo inmata.

Uma pesquisa do Ministério da Saúdefutebol ao vivo inparceria com a Universidade Federalfutebol ao vivo inSanta Catarina (UFSC) tenta identificar exatamente quais espéciesfutebol ao vivo inmosquitos estão envolvidas na transmissão da doençafutebol ao vivo inFlorianópolis.

"A espécie que atua como vetor na região sul éfutebol ao vivo inbaixa resistênciafutebol ao vivo ináreas urbanas, por isso acreditamos que há um potencial menorfutebol ao vivo intransmissão", diz o coordenador substitutofutebol ao vivo inDoenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Franciscofutebol ao vivo inLima Júnior.

Segundo Mariana Teixeira, doutorafutebol ao vivo inCiências Veterinárias com ênfasefutebol ao vivo inParasitologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a expansão desordenada das cidades, assim como mudanças climáticas também podem estar relacionadas ao aparecimento da doença nas regiões metropolitanas gaúcha e catarinense.

"O vetor silvestre da leishmaniose se adapta à zona urbana à medida que as cidades avançam para a mata. Além disso, uma das proteções que a região sul tinha contra a expansão do mosquito era o inverno, e ultimamente as estações do ano já não são mais tão bem definidas", explica.

Intermediários

Para os pesquisadores, a transmissão do protozoário pelo mosquito silvestre, ainda menos adaptado às áreas urbanas, explicaria a expansão lenta da leishmaniose para humanos na região.

Mas casosfutebol ao vivo inanimais domésticos já ocorrem desde 2008 - os primeiros foram registradosfutebol ao vivo inSão Borja, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina. Por isso, quem tem cãesfutebol ao vivo incasa está sendo orientado a examiná-los para detectar protozoário leishmania infantum e,futebol ao vivo incaso positivo após dois testes, a eutanásia é recomendada.

A orientação segue protocolos do Ministério da Saúde e da Organização Pan-americanafutebol ao vivo inSaúde (Opas), mas levanta polêmica.

Em Porto Alegre, uma decisão judicial obrigou a prefeitura a suspender a eutanásiafutebol ao vivo in12 cães, após protestosfutebol ao vivo inativistas.

Pela convivência no ambiente doméstico, os cães são vistos como intermediários importantes da transmissão da leishmaniose visceral para humanos: o mosquito pica um animal contaminado e passa adiante o protozoário causador da doença ao picar outro animal ou uma pessoa.

"O fluxo migratório urbano favorece a dispersão geográfica da doença, pois as pessoas transportam seus cãesfutebol ao vivo ináreas endêmicas para outras áreas, muitas vezes sem saber que o animal está contaminado", aponta Lima Júnior.

Perdafutebol ao vivo inpeso, aparecimentofutebol ao vivo inferidas ou descamaçõesfutebol ao vivo inpele, queda anormalfutebol ao vivo inpelos, inchaço das pernas e sangramento do nariz são efeitos da leishmaniose visceralfutebol ao vivo incachorros. No entanto, a doença pode ser assintomáticafutebol ao vivo inmuitos casos.

Mesmo que o cão não apresente os sintomas típicos da leishmaniose, ele pode ser um intermediário da transmissão apenas pela presença do protozoário no organismo.

Parasita da leishmaniosefutebol ao vivo intecido subcutâneo

Crédito, CDC

Legenda da foto, Parasita que causa leishmaniose visceral ataca órgãos como fígado, baço e medula óssea

Áreas vulneráveis

Segundo Cíntia Petroscky, bióloga do Centrofutebol ao vivo inControlefutebol ao vivo inZoonosesfutebol ao vivo inFlorianópolis, já havia registrosfutebol ao vivo inleishmaniose visceral canina na cidade desde 2010.

De lá para cá, maisfutebol ao vivo in11 mil cães foram testados, sendo quase 400 positivos.

Os primeiros casosfutebol ao vivo incontaminaçãofutebol ao vivo incães foram identificados no entorno da Lagoa da Conceição, áreafutebol ao vivo ingrande circulação turística, que mescla residênciasfutebol ao vivo inalto padrão com moradias simples, onde a população mais pobre vivefutebol ao vivo incondições precáriasfutebol ao vivo insaneamento e higiene.

Diferentemente do mosquito Aedes egypti, vetor da dengue, que se reproduzfutebol ao vivo inágua limpa, o mosquito que transmite a leishmaniose prefere ambientes úmidos com farto material orgânico.

No casofutebol ao vivo inPorto Alegre, todas as vítimas da leishmaniose visceral humana residiam no Morro Santana, áreafutebol ao vivo inmata que vem sendo ocupadafutebol ao vivo inmaneira irregular nos últimos anos.

São da mesma área os 12 cães contaminados, que foram recolhidos pela prefeitura e passariam por eutanásia. Os animais seguem isoladosfutebol ao vivo inum canil municipal.

Em Florianópolis, os responsáveis por cães doentes que não queiram seguir a recomendação da eutanásia devem assinar um termofutebol ao vivo inresponsabilidade.

De acordo com Fábio Indá, membro da Comissãofutebol ao vivo inSaúde Pública do Conselho Regionalfutebol ao vivo inMedicina Veterináriafutebol ao vivo inSanta Catarina, o termo foi criado como instrumentofutebol ao vivo insegurança, pois o proprietário do animal deve assumir os riscosfutebol ao vivo inmanter um cão contaminadofutebol ao vivo incasa.

"É uma questão cultural que envolve uma relação afetiva delicada, porque hoje o cachorro é um membro da família, mas no caso da leishmaniose há um risco coletivo que não pode ser ignorado", assinala o veterinário, mestrefutebol ao vivo inBiotecnologia pela UFSC.

Mosquito transmissor da leishmaniose

Crédito, CDC

Legenda da foto, Mosquito-palha costuma ser o transmissor do protozoário da leishmaniosefutebol ao vivo ináreas urbanas

Alternativas

Há apenas um medicamento liberado pelo Ministério da Agricultura para o tratamento da leishmaniose visceral canina, porém ele não é considerado 100% eficaz.

Embora reduza os sintomas no cão, o medicamento não elimina totalmente o protozoário,futebol ao vivo informa que o animal continua sendo um repositório da doença.

"Para cães particulares, o uso do medicamento é uma opção, desde que associado a outras medidas, como usar coleiras repelentes e manter o cachorro segregadofutebol ao vivo ináreasfutebol ao vivo inmata", destaca Andersonfutebol ao vivo inLima, diretor da Coordenadoria-geralfutebol ao vivo inVigilânciafutebol ao vivo inSaúdefutebol ao vivo inPorto Alegre.

Como medidafutebol ao vivo insaúde pública, no entanto, Lima considera o medicamento inviável devido ao alto custo, que pode passarfutebol ao vivo inR$ 2 mil por ciclofutebol ao vivo inaplicação - o medicamento exige reforço a cada quatro meses - e ainda seria necessário acompanhamento periódicofutebol ao vivo inum médico veterinário para monitorar os níveisfutebol ao vivo incarga parasitária no organismo.

O Ministério da Saúde está conduzindo pesquisas para avaliar a relação custo-efetividade do usofutebol ao vivo incoleiras repelentes como medidafutebol ao vivo incontrole.

A vacina preventiva, que pode ser aplicada somentefutebol ao vivo incães saudáveis, não entrou nas políticas do governo porque os estudosfutebol ao vivo ineficácia foram considerados insuficientes.

A primeira vacina é aplicadafutebol ao vivo intrês doses, depois são necessários reforços anuaisfutebol ao vivo inaplicação única.

Como evitar a contaminação

Apesarfutebol ao vivo inser grave, a leishmaniose visceralfutebol ao vivo inhumanos tem tratamento com medicação, mas não vacina.

O combate à doença passa pelo controle da proliferação do mosquito. A limpezafutebol ao vivo inmaterial orgânicofutebol ao vivo injardins e a destinação correta do lixo são fundamentais. O usofutebol ao vivo ininseticidas e repelentes, bem comofutebol ao vivo intelas milimetradasfutebol ao vivo inportas e janelas também são recomendados.

Para a bióloga Cíntia Petroscky, o caso da leishmaniose é similar ao da dengue, da zika e da chikungunya, que teriam seu risco significativamente reduzido com medidas básicasfutebol ao vivo inhigiene e melhores condiçõesfutebol ao vivo insaneamento.

"Essas são chamadas doenças negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde. A leishmaniose é negligenciada mesmo, porque quase nem se fala sobre ela", conclui.