'Ela tinha 24 horas': três aviões e transplante salvam menina com hepatite fulminante:blaze apostas copa
A família do doador disse "sim", e Andrea conseguiu o transplante a tempo. Um decreto assinadoblaze apostas copa18blaze apostas copaoutubro pelo presidente Michel Temer, que regulamenta a atual Lei dos Transplantes, reforça justamente o papel dos parentes próximos nesse processoblaze apostas copadoação.
Na prática, o novo texto exclui a "doação presumida" - por meio da qual todo brasileiro que não registrasse a vontadeblaze apostas copadoar seus órgãos era presumidamente um potencial doador -, reforçando a importância da família na decisãoblaze apostas copadoar ou não seus órgãos.
Outra novidade com o decreto recém-assinado é a inclusão do companheiro como autorizador da doação, por ele ser, atualmente, "equiparado à condiçãoblaze apostas copaesposo ou esposa para efeitos civis". Dessa maneira, não é necessário estar casado oficialmente para dar essa autorização.
No casoblaze apostas copaAndrea, a doação foi fundamental, como relembra a mãe: "A minha filha só tinha 24 horasblaze apostas copavida quando entrou na filablaze apostas copatransplante. Estava praticamente morta, já estava entubada, inchada, eu não a enxergava mais. Ela não tinha tempo, precisava que alguém morresse. E isso deu vida a ela".
'Urgência absoluta'
Uma verdadeira operação foi montada para viabilizar o transplante da menina.
Duas aeronaves, uma do Rio Grande do Norte e outra do Ceará, foram utilizadas nos esforços para que o fígado chegasse a tempoblaze apostas copasalvar a vida dela. A primeira levou a equipeblaze apostas copacirurgiões para retirar o órgão e levá-lo a Natal. Dali, o fígado então partiu no segundo avião para Fortaleza.
Na capital cearense, o médico Huygens Garcia, chefe do Serviçoblaze apostas copaTransplante Hepático do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), aguardava para realizar o transplante.
"Recebi a ligação da Centralblaze apostas copaTransplante do Ceará, informando que havia a ofertablaze apostas copaum fígadoblaze apostas copaMossoró, e aceiteiblaze apostas copaimediato. A Andrea estava com uma hepatite fulminante, que leva à morte quase 100% dos pacientesblaze apostas copa48 horas se não houver transplante. É uma urgência absoluta."
Andrea, que havia sido primeiro enviada a um hospital pediátrico na cidade, foi transferida novamente, entubada eblaze apostas copaventilação mecânica, para o Hospital São Carlos para finalmente receber o novo fígado.
Quando acordou da cirurgia, o receio era a possibilidadeblaze apostas copasequelas resultantes do coma hepáticoblaze apostas copaque ela se encontrava antes do transplante. "Estava com medoblaze apostas copaela não me reconhecer,blaze apostas copater perdido a memória", relembra Tatiana. "Mas ela estava normal. Acho que, depois do transplante, ficou até mais bonita. Digo que sou mais apaixonada por ela agora do que era antes."
Uma filablaze apostas copa32,9 mil vidas
O Brasil possui hoje o maior sistema públicoblaze apostas copatransplantes no mundo e é,blaze apostas copanúmeros absolutos, o segundo maior transplantador, atrás apenas dos Estados Unidos,blaze apostas copaacordo com dados do Ministério da Saúde.
Se considerada proporcionalmente a população, no entanto, a realidade muda.
De acordo com dados da IRODaT (siglablaze apostas copainglês para Registro Internacionalblaze apostas copaTransplantes e Doaçãoblaze apostas copaÓrgãos), o país tem 14,1 doadores efetivos por milhãoblaze apostas copapopulação - é quase metade do registrado nos Estados Unidos (28,5). Com isso, aparece na 27ª colocaçãoblaze apostas copameio a 46 países. Os EUA estãoblaze apostas copa4° lugar na lista, encabeçada por Espanha e Croácia, ambas com uma taxablaze apostas copa39 doadores por milhão.
"Falta muito para a gente dar conta da nossa lista", observa Sergio Meira, coordenadorblaze apostas copatransplanteblaze apostas copaintestino eblaze apostas copatransplante multivisceral do Hospital Israelita Albert Einstein,blaze apostas copaSão Paulo.
No primeiro semestre deste ano, 1.662 famílias que perderam parentes próximos autorizaram a doaçãoblaze apostas copaórgãos no Brasil. O número representa um recorde no país e um crescimentoblaze apostas copa16%blaze apostas coparelação ao mesmo período do ano passado. Mas muitos familiares ainda dizem não para o procedimento, que pode salvar vidas.
O Brasil tem hoje 32.956 pessoas na listablaze apostas copaespera por um órgão. A maior demanda é por rim: maisblaze apostas copa20 mil pessoas aguardam por um doador. A segunda maior é ablaze apostas copacórnea, na qual há maisblaze apostas copa10 mil pacientesblaze apostas copacompassoblaze apostas copaespera.
Entre janeiro e junho desse ano, apenas trêsblaze apostas copacada dez possíveis doadores no Brasil tiveram seus órgãosblaze apostas copafato transplantados,blaze apostas copaacordo com informações do Registro Brasileiroblaze apostas copaTransplantes (RBT).
Há diferentes razões para a grande espera por órgãos no país. A recusa das famílias é um dos entraves: das maisblaze apostas copa3 mil entrevistas realizadas entre janeiro e junho para pedir permissãoblaze apostas copafamiliares, houve recusablaze apostas copa43% dos casos, segundo dados do RBT.
Mas outros fatores também contribuem para o baixo númeroblaze apostas copatransplantes no Brasil.
"O maior problema com doador é a recusa familiar, mas também perdemos muito na manutenção do doador. Assim como um paciente, o corpo do doador precisa estar bem cuidado, hidratado, recebendo antibiótico. Isso é muito importante, principalmente para alguns órgãos sensíveis", afirma Sergio Meira.
"Há órgãos mais fortes, como o fígado, o rim. Mas o coração, o intestino e o pâncreas são mais sensíveis. Precisamblaze apostas copacuidado maior", explica.
Ou seja: a alta recusa familiar, combinada com a faltablaze apostas copaestrutura para manterblaze apostas copafuncionamento órgãos possíveisblaze apostas copaserem transplantados, deixam o Brasil bem distante da taxablaze apostas copapaíses desenvolvidos quando o assunto é salvar vidas por meioblaze apostas copadoaçãoblaze apostas copaórgãos.
Desafioblaze apostas copadiminuir resistência das famílias
A recusa familiar está muitas vezes ligada ao medoblaze apostas copaque pessoas serão deixadas à morte para que seus órgãos sejam utilizados. Outra crença popular é que, mesmo após a morte cerebral, haja esperança caso alguns órgãos ainda estejamblaze apostas copafuncionamento.
"O conceitoblaze apostas copamorte não é quando o coração para - é quando o cérebro para", explica Garcia, do HUWC, do Ceará. "Quando há morte cerebral, os órgãos podem continuar funcionando por algumas horas, e o cuidado com esses órgãos é essencial."
Esse funcionamento, que é alimentado artificialmente por equipamentos médicos, leva muitos familiares a crerem que ainda há uma chance. Porém, argumenta Garcia, é necessário explicar à família que a morte cerebral é definitiva.
"Podemos diminuir o índiceblaze apostas coparecusa das famílias explicando o que é a morte cerebral e que, mesmo após a morte, é possível a manutenção do doador."
A recusa também pode melhorar quando as pessoas tomam conhecimentoblaze apostas copaum caso no seu entornoblaze apostas copaque uma vida foi salva por um doadorblaze apostas copaórgãos. Tatiana afirma que só decidiu virar doadora após vivenciar o dramablaze apostas copaAndrea, e que conhecidos também foram transformados pelo ocorrido.
"As pessoas no meu bairro mudaramblaze apostas copaopinião. Uma mulher aqui faleceu e imediatamente os filhos me avisaram que iriam doar os órgãos da mãe, que não era doadora. Eu agradeci. Muita gente mudou depoisblaze apostas copaver como essa ação salva vidas", afirma.
No decorrer do tratamentoblaze apostas copaAndrea, a mãe descobriu que a hepatite fulminante da filha tinha como causa a doençablaze apostas copaWilson, um distúrbio hereditário raro que provoca um acúmulo excessivoblaze apostas copacobre no organismo. Suas outras duas filhas,blaze apostas copasete eblaze apostas copacinco anos, também têm a doença e estãoblaze apostas copatratamento. É provável que também precisemblaze apostas copaum transplanteblaze apostas copafígadoblaze apostas copaalgum momento.
Sua esperança é que, como ela, outras pessoas mudemblaze apostas copaopinião sobre a importânciablaze apostas copadoar órgãos.
"Eu mesma achava que ser doadora era algo estranho. Achava que iam me matar para tirar os órgãos. Não imaginava como é que poderia o órgão estar funcionando e você já estar morta. Mas se está funcionando depois da morte, hoje penso, é porque vai servir para alguém e vai salvar vidas", diz. "Eu não era doadora, mas hoje, se me perguntarem, eu digo que sou doadorablaze apostas copatudo."
Quem pode ser doadorblaze apostas copaórgãos?
A doaçãoblaze apostas copaórgãos ou tecidos pode advirblaze apostas copadoadores vivos ou falecidos. Doador vivo é qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, desde que não prejudique ablaze apostas copaprópria saúde. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Fora desse critério, somente com autorização judicial. Já o doador falecido é a pessoablaze apostas copamorte encefálica cuja família pode autorizar a doaçãoblaze apostas copaórgãos e/ou tecidos, assim como a pessoa que tenha morrido por parada cardíaca, que poderá doar tecidos.
Quais órgãos podem ser doados?
blaze apostas copa Doador falecido: Coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões. Portanto, um único doador pode salvar inúmeras vidas. A retirada dos órgãos é realizadablaze apostas copacentro cirúrgico, como qualquer outra cirurgia.
blaze apostas copa Doador vivo: um dos rins, parte do fígado ou do pulmão e medula óssea.
Fonte: Ministério da Saúde