O que há contra o PSDB na Lava Jato? Você perguntou e a BBC Brasil responde:betpix365 mines

Os senadores Aécio Neves e José Serra e o governador Geraldo Alckmin

Crédito, Agência Senado

Legenda da foto, Os presidenciáveis do PSDB, Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin, foram citados

Aécio diz ter agido dentro da lei, enquanto Serra e Alckmin afirmam que se manifestarão apenas depois que as informações forem oficiais.

Os ministros Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades), o ex-deputado e prefeitobetpix365 minesRibeirão Preto, Duarte Nogueira, e o governador do Paraná, Beto Richa, também estariam entre os tucanos alvosbetpix365 minespedidosbetpix365 minesinvestigações. Os citados negam irregularidades ou dizem que se manifestarão após a divulgação formal dos inquéritos.

Todos estão na relaçãobetpix365 minesnomes apelidadabetpix365 mines"segunda listabetpix365 minesJanot",betpix365 minesreferência ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ela foi enviada ao STF maisbetpix365 minesdois anos depois da "primeira lista", que continha apenas um tucano: o ex-governador e senador Antonio Anastasia (MG), cujo inquérito foi arquivado.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot

Crédito, José Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, Tucanos integram relaçãobetpix365 minesnomes apelidadabetpix365 mines"segunda listabetpix365 minesJanot"

Segundo executivos da Odebrecht, os presidenciáveis do PSDB teriam recebido dinheirobetpix365 minescaixa 2. Aécio também é acusadobetpix365 minester ajudado empreiteiras a fraudar uma licitaçãobetpix365 minesMinas Gerais.

Procurado pela BBC Brasil, o PSDB nacional enviou uma notabetpix365 minesque disse ter sempre defendido a realizaçãobetpix365 minesinvestigações, "pois considera que esse é o melhor caminho para esclarecer eventuais acusações e diferenciar os inocentes dos verdadeiros culpados".

Tucanos têm afirmado que é necessário "separar o joio do trigo", buscando diferenciar quem enriqueceu com corrupçãobetpix365 minesquem recebeu dinheiro via caixa 2 para financiar atividades políticas.

Mas - perguntaram os leitores - por que as acusações contra o partido demoraram mais para vir à tonabetpix365 minescomparação com o que pesa contra PT, PMDB e PP, por exemplo? Confira quatro motivos:

1. O PSDB não integrava a base aliada quando a Lava Jato atingiu políticos

As investigações que alvejaram PT, PMDB e PP na "primeira listabetpix365 minesJanot" começaram por baixo, com doleiros, operadores, diretores da Petrobras e outras pessoas sem foro privilegiado, sujeitas ao julgamento do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federalbetpix365 minesCuritiba.

A Lava Jato era no início uma investigação contra lavagembetpix365 minesdinheiro e, depois, se descobriu que esse dinheiro sujo tinha como origem a corrupçãobetpix365 minespolíticos e empreiteiras.

Como o PSDB não estava no governo federal desde 2002, não tinha influência na Petrobras oubetpix365 minesoutras estatais que ficaram marcadas por esquemasbetpix365 minescorrupçãobetpix365 minesque os indicados políticos fraudavam licitações, escolhendo empreiteiras para superfaturar obras e repassar uma parte do lucro ilegal a políticos e partidos.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) chegou a pedir a investigação do senador Aécio Neves e do deputado Teotônio Vilela Filho, ex-presidente nacional do PSDB, por crimes teriam ocorrido entre 1998 e 2000. Na época, Aécio era deputado e Fernando Henrique Cardoso ocupava a presidência da República.

Os supostos crimes foram relatados na delação do ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado. Este ano, porém, a própria Procuradoria pediu o arquivamento do pedido, e foi atendida pelo relator da operação Lava Jato no STF, o ministro, Edson Fachin, pois houve prescrição dos eventuais crimes no finalbetpix365 mines2016.

Apenas após os corruptores - ou seja, as empreiteiras - começarem a delatar, o que ocorreu recentemente com a Odebrecht, passaram a ser revelados casos no nível estadual que abrangem políticosbetpix365 minesfora da base aliada nos governos Lula e Dilma Rousseff.

Operaçãobetpix365 minesbusca e apreensão realizada no Senado

Crédito, José Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, A operação Lava Jato completa três anos nesta sexta-feira

2. Os tucanos mais notórios citados têm foro privilegiado

Se os pedidos da "segunda listabetpix365 minesJanot" forem aceitos, Aécio e Serra, por terem mandatobetpix365 minessenador, devem ser investigados com a supervisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Já as medidas contra Alckmin devem correr no STJ (Superior Tribunalbetpix365 minesJustiça), que é a corte determinada pelo foro privilegiado dos governadores.

As cortes superiores são mais lentas para julgar as chamadas ações originárias (açõesbetpix365 minesque elas são a primeira instância). Sua especialidade são os recursos, onde se reavalia os trabalhosbetpix365 minesuma instância inferior. Além disso, o STF tem menos velocidade e costume para julgar ações criminais, que são minoria dos processos que correm por lá.

Essa lentidão acaba se reforçandobetpix365 minestodos os pedidos que demandam autorizaçãobetpix365 minesum juiz - bloqueiobetpix365 minesbens e contas, condução coercitiva, prisão temporária, prisão preventiva, quebrabetpix365 minessigilos e grampo telefônico, por exemplo.

De todos os políticos que tinham prerrogativabetpix365 minesforo no STF quando começaram a ser investigados na Lava Jato, apenas dois foram presos: o ex-deputado Eduardo Cunha - que teve o mandatobetpix365 minesdeputado cassado, perdeu foro e acabou preso por ordem do juiz Sergio Moro, da primeira instância - e o ex-senador Delcídio do Amaral, um caso excepcionalbetpix365 minesprisãobetpix365 minesflagrante autorizada pelo Supremo depois que ele foi gravado tentando atrapalhar as investigações.

Plenário do STFbetpix365 mines2016

Crédito, Nelson Jr./SCO/STF

Legenda da foto, Se os pedidos da "2ª listabetpix365 minesJanot" forem aceitos, Aécio e Serra serão investigados no STF

Todos os outros políticos presos na Lava Jato já não tinham mandato ou cargo quando a operação bateu na porta.

Como os inquéritos relacionados aos tucanos com foro correm mais lentamente, as pessoas sem foro que são alvo dessas investigações (como os eventuais operadores) se beneficiam da lentidão.

3. Primeiro grande nome tucano citado estava morto

O primeiro tucanobetpix365 minesalto calibre a aparecer, Sérgio Guerra, ex-presidente nacional do PSDB, foi citado pelo primeiro delator da operação, Paulo Roberto Costa. O problema: ele morreu 11 dias antes da operação Lava Jato ser deflagrada.

De acordo com Costa, Guerra teria atuado para que uma CPI (Comissão Parlamentarbetpix365 minesInquérito) criadabetpix365 mines2009 para investigar a Petrobras terminassebetpix365 mines"pizza".

Foi aberto um inquérito contra o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) que estaria envolvido nesse caso, mas a investigação foi arquivada.

O deputado Sérgio Guerra, quando era presidente do PSDB

Crédito, José Cruz/Agência Brasil

Legenda da foto, Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB, foi citado pelo 1º delator da Lava Jato

4. Aécio Neves tem sido poupadobetpix365 minesdelações?

Há indíciosbetpix365 minesque as delações vindas da construtora Andrade Gutierrez, fechadas aindabetpix365 minesnovembrobetpix365 mines2015 e homologadas no primeiro semestrebetpix365 mines2016, tenham poupado o senador.

O suposto envolvimentobetpix365 minesAécio foi divulgado pela imprensa e consta da delaçãobetpix365 minesum dos executivos da Odebrecht sobre a construção da Cidade Administrativabetpix365 minesMinas Gerais. Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão participaram do consórcio.

O delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, gravou conversa com o ex-presidente e ex-senador José Sarneybetpix365 minesque eles comentam que a delação da Andrade Gutierrez "vem muito pesadabetpix365 minescima do PT, mas poupa o Aécio".

Perguntado sobre isso pelo jornal O Globo, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefabetpix365 minesCuritiba, disse: "Todos aqueles que não falaram sobre Cidade Administrativa (do Estadobetpix365 minesMinas Gerais) deixarambetpix365 minesrevelar um fato importante, que hoje nós sabemos o que aconteceu. Entretanto, isso é uma investigação do Supremo Tribunal Federal e não temos esse material conosco, pois envolve pessoas com prerrogativabetpix365 minesforo".

A PGR passou a exigir que a Andrade Gutierrez complementassebetpix365 minesdelação.

Cidade Administrativabetpix365 minesMinas Gerais

Crédito, Leo Drumond/Divulgação Governobetpix365 minesMinas

Legenda da foto, Executivos da Odebrecht acusam Aéciobetpix365 minesfraudar licitação da Cidade Administrativabetpix365 minesMG

Partido 'aproveitou a onda'

Perguntado se políticos do PSDB acreditavam que não seriam atingidos pelas operações, o cientista político Cláudio Couto, professor do departamentobetpix365 minesgestão pública da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargasbetpix365 minesSão Paulo), afirmou que muitas legendas possivelmente não achavam que a Lava Jato chegaria a elas.

"Todo mundo,betpix365 minesalguma maneira, estava achando que eles não seriam atingidos."

Para o pesquisador, a operação ganhou uma dimensão tão grande que novas denúncias surgem com facilidade, independentemente da preferência política dos investigadores.

Ele afirma que as preferências político-partidárias deles se expressambetpix365 minesalguns momentos, como no vazamento do grampo contendo conversas do ex-presidente Lula e na apresentação PowerPoint dos procuradores que denunciaram o petista.

"De uma forma oubetpix365 minesoutra, o custo que a Lava Jato teve para o PT foi brutal. A gente teve uma presidente impedida e o PT sofreu um golpe - no sentidobetpix365 minespancada mesmo - que foi a perdabetpix365 mines60% das prefeituras. E o partido que mais se beneficiou disso foi o PSDB. Então, mesmo que o PSDB soubesse que seria atingido, era o momentobetpix365 minesaproveitar a onda", conclui.