'Se a coisa tá preta, tá boa': a loja na Bahia que abre mercados com proposta '100% negra':paysafecard pokerstars
Estudantepaysafecard pokerstarsEngenharia Elétrica, ele toca o negócio ao lado da namorada, Monique Evelle, 23 anos, e da sogra Neuza Nascimento, 46 anos.
Frases e expressões feministas e antirracismo estampam produtos à venda no site. "Poder às minas pretas", "Nunca fui tímida, fui silenciada", "Tentaram nos enterrar, esqueceram que somos sementes".
Com seis mesespaysafecard pokerstarsfuncionamento, a Kumasi vem ganhando espaçopaysafecard pokerstarsduas frentes: clientes tradicionais, atraídos por peças específicas, e os "ativistas", que consomem por uma causa.
Desabafo social
E a própria loja nasceu por uma causa: levantar recursos para bancar a Desabafo Social, redepaysafecard pokerstarseducaçãopaysafecard pokerstarsdireitos humanos criada por Monique e que transformou a jovempaysafecard pokerstarsreferência quando o assunto é feminismo negro e ativismo social no Brasil.
A redepaysafecard pokerstarsjovens e adolescentes começoupaysafecard pokerstars2011 como uma chapapaysafecard pokerstarsgrêmio estudantilpaysafecard pokerstarsescola pública. Hoje tem 30 mil seguidores na internet. Com 80 voluntáriospaysafecard pokerstars13 Estados, organiza grupospaysafecard pokerstarsestudos, videoconferências e oficinas sobre temas como racismo e inserção social.
Pensandopaysafecard pokerstarscomo bancar a rede, Monique e Lucas tiveram a ideiapaysafecard pokerstarsvender camisetas com a frase que se tornou marca registrada da jovem: "Se a coisa tá preta, a coisa tá boa".
"Uma vez conversava com amigas sobre frases racistas e mencionamos que é comum dizer que a 'coisa está preta' quando algo está ruim. Então, numa palestrapaysafecard pokerstars2014, eu disse que 'se a coisa está preta, na verdade está boa'. Isso viralizou", diz Monique, prestes a se formarpaysafecard pokerstarsHumanidades na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Vitrine virtual
Na loja virtual batizada com o nome da cidadepaysafecard pokerstarsGana que abriga o maior mercado popular do oeste da África, apenas negros podem vender - e ser modelos para as peçaspaysafecard pokerstarsexposição.
"Uma vez recebemos uma mensagem dizendo que ter apenas modelos negros era racismo. Mas epaysafecard pokerstarstodo lugar que só tem modelo branco, não é racismo?", questiona Monique.
As camisetas são o carro-chefe, mas o site também expõe turbantes, agendas, bonés, colares e outros acessórios produzidos por oito microempreendedores convidados.
A família reúne os pedidos e faz dois despachos por semana - Rio e São Paulo são os destinos da maioria das encomendas.
Participantes
A artesã Evanilza dos Santos, 58 anos, participavapaysafecard pokerstarsfeiras esporádicas por Salvador e diz que suas vendaspaysafecard pokerstarssemijoias cresceram 50% no site. "É muito diferente a exposição do produto na internet", diz.
Em feiras, cobra-se,paysafecard pokerstarsmédia, uma comissãopaysafecard pokerstars20% aos participantes. No site, a taxa épaysafecard pokerstars12%, e integrantes contam com atividadespaysafecard pokerstarsqualificação, como workshopspaysafecard pokerstarsmarketing digital, produçãopaysafecard pokerstarsvídeos para redes sociais e acesso a microcrédito.
"Tento resgatar as raízes do povo negro com minhas peças. Sentia falta dissopaysafecard pokerstarsprodutos que encontrava na rua", diz Annia Rizia, 24 anos, que produz acessórios com búzios.
Estudantepaysafecard pokerstarsArtes na UFBA, Rizia diz que o trabalho artesanal épaysafecard pokerstarsúnica renda hoje, e ajuda a financiar os materiais do curso. "A grande vantagem do site é que posso enviar produtos a outros Estados. Sem essa parceria, o custo era muito alto."
Autoestima
Segundo o instituto Data Popular, oitopaysafecard pokerstarscada dez pessoas que melhorarampaysafecard pokerstarsvida no Brasil nos últimos 15 anos são negras. Ascensão social e aumento da autoestima se refletem no consumo, afirma o instituto, elevando a demanda por linhas e produtos específicos para a população negra.
No caso da Kumasi, a divulgação ganhou com "embaixadores voluntários" que endossaram os produtos nas redes sociais, como o ator Lázaro Ramos e os músicos Liniker e Tassia Reis.
Hoje já há outros empreendedores interessadospaysafecard pokerstarsintegrar a plataforma, que passa por um upgrade tecnológico para reunir mais vendedores e clientes sem prejudicar a navegação e a logística.
A visibilidade também tem seu preço - o sloganpaysafecard pokerstarsMonique, por exemplo, já estampa peçaspaysafecard pokerstarsoutras lojas. "A galera não tem criatividade. Nossos próprios clientes quando veem uma imitação nos avisam. Isso é mais uma provapaysafecard pokerstarsque se a coisa tá preta, a coisa tá boa", brinca a estudante.
Trajetória
Filha únicapaysafecard pokerstarsuma empregada doméstica epaysafecard pokerstarsum segurançapaysafecard pokerstarscondomínio, Monique foi criada no Nordestepaysafecard pokerstarsAmaralina, regiãopaysafecard pokerstarsSalvador estigmatizada pela pobreza e violência.
Desde cedo, ouvia histórias da mãepaysafecard pokerstarsque as protagonistas eram princesas negras epaysafecard pokerstarscabelo crespo. "Não existiam princesas negras. Eram todas brancas,paysafecard pokerstarscabelo comprido. Monique não se via nas princesas, então eu criava a personagem", diz a sócia e mãe, Neuza.
Desde a adolescência, Monique usava o tempo livrepaysafecard pokerstarsatividades com jovenspaysafecard pokerstarsbairros da periferia. Chegava sozinha - para se aproximar, jogava bola no meiopaysafecard pokerstarsgarotos ou cantava rap. Quando conseguia atenção, puxava papo sobre temaspaysafecard pokerstarscidadania e direitos humanos.
"Conversamos sobre como agir durante abordagens policiais, por exemplo, e também mostramos exemplospaysafecard pokerstarspessoas que mudaram a própria realidade", afirma Monique, que tem sido convidada a falarpaysafecard pokerstarseventos no Brasil e no exterior.
Apenas nos três últimos anos, a jovempaysafecard pokerstarsSalvador figurou entre as "25 mulheres negras mais influentes no Brasil" (site Blogueiras Negras, 2013) e "30 mulheres com menospaysafecard pokerstars30 para ficarpaysafecard pokerstarsolho" (Editora Abril, 2015), figurou na lista Mulheres Inspiradoras 2015 (site Think Olga) e ganhou o prêmio Laureate Brasil 2015, voltado para jovens com açõespaysafecard pokerstarsempreendedorismo social.
Parceria
O outro pilar da empreitada é Lucas - "realizadorpaysafecard pokerstarssonhos" da loja, segundo a definição no site da empresa.
Estudante do nono semestrepaysafecard pokerstarsengenharia, ele trabalha presencialmente por três dias da semana no espaço colaborativopaysafecard pokerstarsque organizam as entregas. De casa, responde clientes, faz a manutenção do site e cuida do marketing digital.
Neuza, que trabalhou maispaysafecard pokerstarsdez anos como empregada doméstica e diarista, hoje tempaysafecard pokerstarsúnica atividade na loja. Diz ter "muito orgulho"paysafecard pokerstarsser sócia da filha e afirma que sempre a apoiou. "Nunca desacreditei minha filha, mesmo no início. Ela não ganhava nada, mas ajudava várias crianças."
Hoje a Kumasi funciona como MEI (microempreendedor individual), com limitepaysafecard pokerstarsfaturamentopaysafecard pokerstarsR$ 60 mil/ano. A ideia é mudar para outro regimepaysafecard pokerstarstributação quando atualizarem a plataforma e puderem incorporar mais vendedores.
A loja funciona como marketplace - espaço onde expositores e compradores se encontram e fazem transações. Os vendedores, independentes, recebem pelos produtos que vendem, descontada a comissão do site.
Já a vendapaysafecard pokerstarsprodutos do Desabafo Social (como a camiseta "Se a coisa tá preta...") continua sendo destinada às ações da rede, que acabapaysafecard pokerstarsse enquadrar como Oscip (Organização da Sociedade Civilpaysafecard pokerstarsInteresse Público) e quer criar uma redepaysafecard pokerstarseducação à distânciapaysafecard pokerstars2017.
"Tudo que fazemos é pensando na transformação. Na Kumasi ou nas outras atividades, a ideia que todos cresçam juntos", diz Monique.