Tim Vickery: Resposta à tragédia da Chapecoense mostra que quase todas as terras são países do futebol:poker jogar gratis

Crédito, Eduardo Martino

Seria natural,poker jogar gratis1921, Graciliano enxergar o esporte como uma atividade dos grã-finos locais, imitando um hábito que começou com a elite britânica. O futebol se codificou nas escolas dos ricos da Inglaterra, procurando formar pessoas com uma mentalidadepoker jogar gratisequipe para administrar o império.

Sem se aprofundar nas características do jogo, não tinha como o escritor prever como o futebol era feito sob medida para a multidão: não precisapoker jogar gratisequipamento caro, pode ser jogadopoker jogar gratisquase qualquer espaço, todos os biotipos têm lugar no time.

Mas essa simplicidade esconde uma realidade complexa - afinal, a gamapoker jogar gratismovimentos no futebol é extensa.

Um homem com uma bola pode passá-la a qualquer distância, direção e altura que quiser. Aliás, nem precisa passar. Pode driblar.

Futebol, então, pode ser interpretadopoker jogar gratismuitas maneiras diferentes. Com frequência, a opção escolhida é cultural. O futebol sul-americano, por exemplo, vai além do vigor físico, mais característico dos britânicos.

Virou uma atividade mais artística, cheiapoker jogar gratisfintas e piruetas, perfeita para o jogador com centropoker jogar gratisgravidade baixo. A maneira como se joga diz muito sobre quem você é.

Estrangeiro?

O outro equívocopoker jogar gratisGraciliano Ramos foi o excessopoker jogar gratisnacionalismo e negaçãopoker jogar gratisque o Brasil, especialmente naquela época, tratava-sepoker jogar gratisum paíspoker jogar gratisimigrantes.

Depois que o Brasil atingiu excelência e predominância no esporte, esse mesmo nacionalismo começava a se manifestarpoker jogar gratisuma outra forma. Não era mais "uma coisa estrangeira". O Brasil, se dizia, era "o país do futebol". Era que nem bossa nova, muito natural. Bastava o craque tupiniquim acordarpoker jogar gratisum estadopoker jogar gratisgraça e o triunfo estava garantido.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Colombianos homenageiam a Chapecoense no estádio onde o time catarinense enfrentaria o Altético Nacionalpoker jogar gratisMedellín; reação à tragédia mostra que 'quase todas as terras são países do futebol', diz colunista

Interessante ver como, depois da última Copa, o jornalismo esportivo no Brasil está lutando para achar uma nova linguagem. Os mitos heroicos da escolapoker jogar gratisNelson Rodrigues não servem tanto quanto antes.

Sugiro que um passo importante neste processo é a necessidadepoker jogar gratisser honesto sobre o passado. Cito um exemplopoker jogar gratisprecisamente 80 anos atrás.

Em dezembropoker jogar gratis1936, houve três clássicospoker jogar gratisFlamengo x Fluminense. É um momento fundamental na história do futebol brasileiro.

O Riopoker jogar gratisJaneiro ainda era a capital, com a novidade glamourosapoker jogar gratisse ter a rádio transmitindo os jogos pelos quatro cantos do país.

Por que três Fla-Flus? Porque esses clubes já eram profissionais. Houve uma rixa. Botafogo e Vasco da Gama ainda jogaram um torneio só para amadores.

O aspecto profissional muda muito. Abre espaço para jogadores mais pobres. E transforma o esportepoker jogar gratisnegócios. Cria a necessidadepoker jogar gratisuma torcidapoker jogar gratismassa, muito além do quadro social - e elitizado -poker jogar gratisclubes como Flamengo e Fluminense.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Para Vickery, há referências mundiais na paixão brasileira pelo futebol

Sob a presidênciapoker jogar gratisJosé Bastos Padilha, o Flamengo já estava se esforçando para adquirir um toque popular. E quando o seu amigo Mario Filho comprou O Jornal dos Sports, ele ganhou o aliado perfeito.

Filho usou esses três clássicos para mudar o perfil do evento. Anunciou uma competição das torcidas.

"Haverá", escreveupoker jogar gratis15poker jogar gratisdezembro, "nas archibancadas, nas geraes, nas cadeiras, o duelo das torcidas - gritos, hurras, cartazes, hymnos, alleguas. Tentaremos portanto introduzir no Brasil o que se faz nos Estados Unidos".

Filho só poderia estar pensandopoker jogar gratisbeisebol,poker jogar gratislonge o esporte norte-americano mais popular da época. Quem diria? O "jeito brasileiropoker jogar gratistorcer" seria também algo importado!

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Futebol sul-americano vai além do vigor físico, tem um caráter mais artístico, diz Vickery

Duas semanas depois, Mario Filho comemorou o sucesso da iniciativa.

"O football no Brasil," escreveu no Jornal dos Sports de 29poker jogar gratisdezembro, "conseguiu dar o primeiro passo na 'americanização' da torcida que está agora pronta a se organizar definitivamente como fator preponderantepoker jogar gratisestímulo aos bandos a que correspondem".

Podemos concluir, então, que tanto o esporte quanto a maneirapoker jogar gratisassisti-lo são frutospoker jogar gratisum diálogo com o mundo.

Assim, "o país do futebol" não faz tanto sentido. País com a seleção historicamente mais bem-sucedida, perfeito. Mas, como a resposta global para a tragédiapoker jogar gratisChapecoense está mostrando, quase todas as terras são países do futebol.

*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formadopoker jogar gratisHistória e Política pela Universidadepoker jogar gratisWarwick

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