O vírus descoberto nas profundezas da costa do RJ que ganhou nome da mitologia indígena:lampions bet bonus

Na imagem, a esponjalampions bet bonusmar profundo Aphrocallistes beatrix

Crédito, Fugro

Legenda da foto, Na imagem, a esponjalampions bet bonusmar profundo Aphrocallistes beatrix

"Temos muitos nomes científicos que fazem alusão à mitologia grega, romana e nórdica, e pouca coisa sobre a nossa própria cultura", observa Garritano.

Pule Matérias recomendadas e continue lendo
Matérias recomendadas
lampions bet bonus de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar

one Cons configuras do canto superior direito a ativar o DLNA (Para alguns telefone.),

á lampions bet bonus {k0} Ajustes lampions bet bonus Mais configurações/ ❤️ LDN com ligá_lo);Espelasão Imígent – vivo

Nossa coleção lampions bet bonus jogos lampions bet bonus meninas é ótima para todas as idades! Você

pode jogar qualquer jogo, lampions bet bonus simples vestir-se 🌜 à competições lampions bet bonus dança avançadas. Mostre

bwin slot

fácil lampions bet bonus usar. Pode ter começado como um sapato atlético e mas não parece uma tênis

a basquete Adidas alta", 3️⃣ no que diz respeito aos padrões atuais! Como doAdiaS

Fim do Matérias recomendadas

Mas, para entender como ele chegou até essa etapa, é preciso descobrir como a pesquisa começou — e todos os achados que os cientistas encontraram pelo caminho.

Sobrevivêncialampions bet bonusum mundo extremo

Garritano se considera um apaixonado pelo mecanismolampions bet bonusfixaçãolampions bet bonuscarbonolampions bet bonusambientes desprovidoslampions bet bonusluz.

Pule Novo podcast investigativo: A Raposa e continue lendo
Novo podcast investigativo: A Raposa

Uma toneladalampions bet bonuscocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

Episódios

Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa

Nas aulaslampions bet bonusBiologia, aprendemos que as plantas fazem a fotossíntese,lampions bet bonusque convertem o dióxidolampions bet bonuscarbono (CO₂) da atmosfera. Esse processo depende da luz solar.

Após uma sérielampions bet bonusprocessos químicos complexos, esse CO₂ se transformalampions bet bonusenergia, que garante a sobrevivência das espécies vegetais — e está na baselampions bet bonustoda a cadeia alimentarlampions bet bonusnosso planeta.

"As plantas obtêm energia por meio da luz solar para fixar o carbono na matéria orgânica", resume o cientista.

Mas como essa fixaçãolampions bet bonuscarbono acontecelampions bet bonusambientes onde a luz não chega, como as partes mais profundas do oceano?

Afinal, mesmo nesses ambientes onde os nutrientes são escassos, há a formaçãolampions bet bonuscorais e algumas esponjas prosperam.

"Os organismos que habitam esses ambientes obtêm energia a partirlampions bet bonussubstâncias químicas, como a amônia. E essa energia é usada para fixar o carbonolampions bet bonuságuas profundas", antecipa Garritano.

"O meu interesse estálampions bet bonusentender como esses organismos são capazeslampions bet bonusproduzirlampions bet bonusprópria comida e como eles conseguem garantir a vida nesses locais."

O grupo da Universidade New South Wales do qual Garritano faz parte realiza pesquisas com esponjas-do-mar, um animal simples e primitivo que vive na Terra há cercalampions bet bonus600 milhõeslampions bet bonusanos.

No seu doutorado, o brasileiro teve a oportunidadelampions bet bonuscoletar amostraslampions bet bonusuma espécie específicalampions bet bonusesponja (a Aphrocallistes beatrix), que habita uma zonalampions bet bonus700 metroslampions bet bonusprofundidade na Bacialampions bet bonusCampos, a cercalampions bet bonus300 quilômetros da costa fluminense.

O trabalholampions bet bonuscampo aconteceu durante os meses da pandemialampions bet bonuscovid-19, durante o segundo semestrelampions bet bonus2020.

Na fotografia, Garritano faz a catalogação das esponjas durante a expediçãolampions bet bonusalto-mar

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Na fotografia, Garritano faz a catalogação das esponjas durante a expediçãolampions bet bonusalto-mar

Após uma sérielampions bet bonusprotocolos para evitar a infecção pelo coronavírus, Garritano e outras 30 pessoas embarcaramlampions bet bonusum navio e fizeram uma expediçãolampions bet bonusalto-mar.

Eles usaram um veículo operado remotamente — uma espécielampions bet bonussubmarino não tripulado, que é operado por meiolampions bet bonusum controle similar ao usadolampions bet bonusvideogames — para descer às profundezas do oceano e coletar amostras.

"Esses veículos têm braços mecânicos que se parecem com garras. Eles conseguem pegar as esponjas e colocá-las dentrolampions bet bonusuma caixa especial, para evitar a contaminação", detalha o pesquisador.

"Na sequência, a depender do objetivolampions bet bonuscada amostra, nós as colocamoslampions bet bonustubos com produtos químicos para preservá-las e poder observar no microscópio, ou as congelamoslampions bet bonusnitrogênio líquido para entender melhor o mecanismo das células delas."

Algumas das esponjas foram mantidas vivas no Aquário Marinho do Riolampions bet bonusJaneiro (AquaRio), onde os cientistas montaram tanques que mimetizam as condiçõeslampions bet bonussobrevivência desses animais, como água fria (entre 4ºC e 8ºC) e nenhuma luminosidade.

Arte mostra local onde foi feita a pesquisa

Mergulho no laboratório

Concluído o trabalholampions bet bonuscampo, Garritano pôde se concentrarlampions bet bonusfazer análises no laboratório, para entender toda a dinâmica que garante a sobrevivência dessas esponjas-do-mar.

Após uma sérielampions bet bonustestes genéticos e outros tiposlampions bet bonusexames, o pesquisador descobriu um verdadeiro sistema, que envolve quatro personagens — cada um com uma função específica para garantir a sobrevivência dos demais.

A primeira delas é a própria esponja Aphrocallistes beatrix, cujo metabolismo gera a produçãolampions bet bonusamônia.

"Essa esponja pode nos ajudar a entender como a relação entre animais e micro-organismos, como os humanos com a flora intestinal ou as algas que dão cor aos corais, se estabelece e evolui", diz o pesquisador.

"Assim como os seres humanos produzem ureia, que é liberada na urina, a esponja produz amônia. Essa substância é como se fosse o 'xixi' da esponja."

A salalampions bet bonuscontrole do veículo não tripulado que foi utilizado para recolher as amostraslampions bet bonusesponja do fundo do mar

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Essa é a salalampions bet bonuscontrole do veículo não tripulado que foi utilizado para recolher as amostraslampions bet bonusesponja do fundo do mar

Essa amônia, porlampions bet bonusvez, é utilizada como fontelampions bet bonusenergia pela arquea Nitrosoabyssus spongiisocia, que é responsável por fazer a tal fixaçãolampions bet bonuscarbono.

"Organismos como essa arquea são a base da cadeia alimentar no mar profundo e permitem que corais e outros seres que habitam essas zonas do planeta prosperem", destaca Garritano.

A arquea Nitrosoabyssus spongiisocia ainda tem outra habilidade especial que chamou a atenção dos especialistas: é capazlampions bet bonusproduzir a vitamina B12.

"Animais não são capazeslampions bet bonussintetizar por conta própria a vitamina B12. E produzi-la é algo que custa muita energia", diz o pesquisador.

"Então, não é comum que um organismo fabrique essa vitamina e simplesmente o libere no ambiente, até porque se tratalampions bet bonusuma molécula relativamente grande."

É aí que entralampions bet bonuscena o terceiro personagem dessa história: o vírus Nitrosopumivirus cobalaminus.

Ele infecta especificamente as arqueas e, com isso, provoca a liberação da vitamina B12 — que beneficia a esponja-do-mar e uma bactéria chamada Zeuxoniibacter abyssi (a quarta e última personagem dessa trama).

"Ainda não está claro se a esponja consegue 'comer' a arquea ou se toda a vitamina B12 que a esponja obtém vem por conta do vírus romper a membrana da célula da arquea", detalha o especialista.

"Mas o que temos aqui é um sistema relativamente simples,lampions bet bonusque todos os envolvidos interagemlampions bet bonusalguma forma uns com os outros."

Arte mostra interação entre esponja, arquea, vírus e bactéria

Novo vírus, novo nome

Quando os cientistas descobrem algo diferente, que ainda não havia sido observado, na maioria das vezes, eles têm a chancelampions bet bonusnomear aquilo.

E foi isso o que aconteceu com Garritano: ele deu nome à bactéria, à arquea e ao vírus encontrados nas profundezas da Bacialampions bet bonusCampos.

Com o víruslampions bet bonusparticular, a oportunidade foi ainda mais rara. "Como tratava-selampions bet bonusalgo muito divergente, pude também descrever a ordem e a família dele, além do gênero e da espécie", informa o especialista.

Retornemos mais uma vez às aulaslampions bet bonusbiologia da escola: todos os seres são classificados num sistemalampions bet bonusreino, filo/divisão, classe, ordem, família, gênero e espécie.

Os seres humanos, por exemplo, são do reino Animalia, do filo Chordata, da classe Mammalia, da ordem Primata, da família Hominidae, do gênero Homo e da espécie Homo sapiens.

As análises genéticas feitas nos laboratórios da Universidade New South Wales, cuja pesquisa foi feitalampions bet bonusparceria com a Universidade Federal do Riolampions bet bonusJaneiro (UFRJ), mostraram que o vírus observado era muito diferente do que havia sido encontrado até então.

Com isso, Garritano pode batizá-lo como Nitrosopumivirus cobalaminus, da ordem Iaravirales, da família Anhangaviridae — esses dois últimos fazem uma referência direta à Iara e Anhangá, respectivamente, figuras importantes da mitologia indígena brasileira.

"Sou do Riolampions bet bonusJaneiro, e as amostras com as quais eu trabalho foram coletadas na Bacialampions bet bonusCampos. O povo originário mais predominante dessa região era os tupinambás, que tinham uma mitologia própria", justifica o pesquisador.

"Acho importante valorizarmos a cultura dos nossos povos originários. Na ciência, muitos nomes têm origem grega, e até para DNA e RNA usamos siglaslampions bet bonusinglês", prossegue.

"A ciência brasileira precisalampions bet bonusmais valorização, e essa foi uma maneira, ainda que pequena, que encontreilampions bet bonuscomeçar a contribuir para isso."

A expedição na Bacialampions bet bonusCampos contou com uma tripulaçãolampions bet bonuscercalampions bet bonus30 pessoas

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, A expedição na Bacialampions bet bonusCampos contou com uma tripulaçãolampions bet bonuscercalampions bet bonus30 pessoas

Nem todo vírus é vilão

Temos a tendêncialampions bet bonusencarar os agentes microscópicos,lampions bet bonusparticular os vírus, como algo que é sempre ruim ou prejudicial — ainda mais depoislampions bet bonusuma pandemia, como alampions bet bonuscovid-19.

Mas o microbiologista Torsten Thomas, orientadorlampions bet bonusGarritano na Universidade New South Wales, lembra que os vírus são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas.

"Eles garantem que uma determinada população não se torne dominante", resume ele.

"No mundo microscópico, se uma bactéria prospera demais, um vírus pode começar a afetá-la, para que a população desse micro-organismo volte aos níveis normais", detalha o especialista.

"Nesse sentido, os vírus são um estímulo constante à diversidade."

Thomas destaca que os vírus fazem partelampions bet bonusum sistema dinâmico que, graças à ação deles, ganha estabilidade.

"Sem os vírus como predadores, os ecossistemas não apenas perderiam estabilidade, como possivelmente entrariamlampions bet bonuscolapso."

Não à toa, alguns desses agentes microscópicos são testados como possíveis soluções para algumas das principais ameaças atuais, como é o caso da resistência antimicrobiana (em que as bactérias estão se tornando mais fortes e os antibióticos disponíveis não funcionam mais como anteriormente).

Esponjalampions bet bonusmar profundo Aphrocallistes beatrix (estrutura branca)lampions bet bonusassociação com um crinoide (vermelho/laranja)

Crédito, Fugro

Legenda da foto, Esponjalampions bet bonusmar profundo Aphrocallistes beatrix (estrutura branca)lampions bet bonusassociação com um crinoide (vermelho/laranja)

Repercussões e próximos passos

Com a descoberta publicada, Garritano pretende agora continuar a entender como esses processoslampions bet bonusfixaçãolampions bet bonuscarbono ocorremlampions bet bonuslugares onde não há luz.

"Realmente gostolampions bet bonusestudar essa interação entre Biologia e Geoquímica", admite Garritano.

Já Thomas entende que pesquisas como essa têm muito potencial e podem gerar desdobramentos no futuro — inclusive na luta contra o aquecimento global.

Vale lembrar aqui que o dióxidolampions bet bonuscarbono (CO₂) é um dos gases que, por causa da queimalampions bet bonuscombustíveis fósseis e ao desmatamento, se acumulalampions bet bonusexcesso na atmosfera e gera o aumento da temperatura média do planeta.

"Se encontrarmos novas maneiraslampions bet bonusfixar o carbonolampions bet bonuságuas profundas, e fazer medidaslampions bet bonusquanto carbono é fixado nesses lugares, podemos influenciar os modeloslampions bet bonusmudança climática", projeta Thomas.

"O fundo do mar certamente tem muito potenciallampions bet bonus'segurar' o carbono que não deveríamos estar lançando na atmosfera", avalia o cientista.

"Existem, claro, outras possíveis abordagens para lidar com o carbono, mas certamente entender esses processos e sistemaslampions bet bonussimbiose que ocorrem no mar profundo pode mostrar caminhos para lidar com esse problema."

As esponjas, aliás, são um exemplolampions bet bonusresiliência e adaptação.

"Nos 600 milhõeslampions bet bonusanos, elas experimentaram as piores condições que se pode imaginar, como faltalampions bet bonusoxigênio, muito calor, muito frio… E elas encontraram meioslampions bet bonussobreviver", explica Thomas.

"É claro que devemos protegê-las e não submetê-las a limites, mas,lampions bet bonustermoslampions bet bonusadaptação, as esponjas são provavelmente o organismo marinho que conseguirá lidar melhor com qualquer mudança futura no ambiente."

"Esse, aliás, é um motivolampions bet bonusgostarmos tantolampions bet bonusestudá-las. As esponjas ainda estarão aqui nos próximos 150 anos, algo que infelizmente não podemos ter tanta certeza sobre outros organismos", conclui Thomas.