Lula e Boric expõem visões distintasaposta libertadores hojeVenezuela e evitam criseaposta libertadores hojenota conjunta :aposta libertadores hoje

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Chile, Gabriel Boric, conversando frente a frente durante encontro bilateralaposta libertadores hojeSantiago, no Chile

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Lula e Boric tiveram agenda conjuntaaposta libertadores hojeSantiago na segunda (5) e terça-feira (6)

O documento abordou, além dos acordos bilaterais e assuntosaposta libertadores hojeinteresse comercial dos países, manifestações sobre as guerrasaposta libertadores hojeGaza e na Ucrânia — mas nada sobre a contestação da reeleiçãoaposta libertadores hojeNicolás Maduro que provoca protestos no país vizinho.

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No primeiro dia do encontro, na segunda-feira (5/8), Lula abordou a situação venezuelana rapidamenteaposta libertadores hojeseu discurso no Palácio La Moneda, sede do governo chileno.

"Expus [para Boric] as iniciativas que tenho empreendido com os presidentes Gustavo Petro [Colômbia] e Lopez Obrador [México]aposta libertadores hojerelação ao processo político na Venezuela", relatou Lula,aposta libertadores hojedeclaração à imprensa, sobre a reunião com Boric.

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"O respeito pela tolerância, o respeito pela soberania popular é o que nos move a defender a transparência dos resultados. O compromisso com a paz é que nos leva a conclamar as partes ao diálogo e a promover o entendimento entre governo e oposição," seguiu.

Durante o evento com Lula, Boric afirmou que falaria do assunto nesta terça, mas acabou por não fazê-lo, ao menos na agenda com o presidente brasileiro, que terminou na hora do almoço.

Na segunda à noite, no entanto, Boric fez uma nova declaração sobre Venezuela na rede social X, antigo Twitter.

O presidente chileno condenou a investigação do Ministério Público venezuelano contra Edmundo González, que disputou a eleição contra Maduro, e María Corina Machado, que lidera a oposição no país.

“Pedimos respeito aos direitos humanosaposta libertadores hojemanifestantes eaposta libertadores hojelíderes da oposição”, escreveu Boric.

"Agora o regimeaposta libertadores hojeMaduro anuncia uma investigação criminal contra González e Machado, enquanto reprime seu próprio povo, que exige que se respeite aaposta libertadores hojevontade, expressa democraticamente", seguiu o presidente chileno.

Na mesma noite,aposta libertadores hojediscurso durante evento empresarial, Boric mencionou a Venezuela rapidamente, dizendo que a defesa irrestrita dos direitos humanos deve valer para "o Chile, para o Brasil e com certeza para a Venezuela, nesses dias difíceis que estão passando".

Lula falando à imprensa durante viagem ao Chile

Crédito, Reuters

Legenda da foto, 'O compromisso com a paz é que nos leva a conclamar as partes ao diálogo', disse Lula na segunda-feira (5/8), durante viagem ao Chile

Uma fonte da diplomacia brasileira com quem a BBC News Brasil conversou garantiu que, durante a agenda conjunta dos presidentes, o assunto Venezuela foi minoritário — embora não se saiba o que foi tratado na conversa privadaaposta libertadores hojeambos.

De acordo com outra fonte diplomática, houve uma menção rápidaaposta libertadores hojepreocupação com a situação da Venezuela por ambas as partesaposta libertadores hojeuma reunião ampliada na segunda-feira, que incluiu ministros, assessores e diplomatas.

Publicamente, o assunto teria sido pouco abordado pelos mandatários para não ofuscar a agenda positiva. Lula enfatizou, nos bastidores e nos discursos, a retomada da relação diplomática bilateral e multilateral, contrapondo-se à política externa do governoaposta libertadores hojeJair Bolsonaro.

O encontro Brasil-Chile foi acompanhado por eventos paralelos, como um Fórum Empresarial com empreendedores dos dois países e uma reunião entre parlamentares chilenos e brasileiros.

Dezenove acordos e memorandos foram assinadosaposta libertadores hojevárias áreas, como turismo, saúde e tecnologia — quatorze ministros do governo Lula vieram ao Chile.

O tratadoaposta libertadores hojeextradição entre Brasil e Chile, que até então era da décadaaposta libertadores hoje1930, foi atualizado. Além disso, os presidentes indicaram a intençãoaposta libertadores hojeentregar no primeiro semestreaposta libertadores hoje2025 a chamada rotaaposta libertadores hojeCapricórnio, uma rodovia que integra Mato Grosso do Sul, Paraguai, Argentina e Chile.

Não há informações sobre por que o Chile, que teveaposta libertadores hojerepresentação diplomática expulsaaposta libertadores hojeCaracas após declarações críticasaposta libertadores hojeBoric, não pediu a ajuda do Brasil para mediar a situação e assumir a custódia da embaixada, como ocorreu com a Argentina e o Peru.

'Nós somos diferentes e isso é extraordinário'

Desde o início da crise na Venezuela, os presidentesaposta libertadores hojeBrasil e Chile firmaram posições distintas a respeito da situação política do país.

Enquanto Boric afirmou ser “difícil acreditar” na vitóriaaposta libertadores hojeMaduro, Lula cobrou a divulgação das atasaposta libertadores hojevotação, mas chegou a dizer que o questionamento do resultado pela oposição era uma situação “normal” que a Justiça do país poderia resolver.

Em seu discurso no Palácio La Moneda, após o encontro com Boric, o presidente brasileiro afirmou, sem mencionar diretamente a crise na Venezuela, ser natural que haja divergências entre países.

"Cada país tem aaposta libertadores hojecultura, cada país tem seus interesses, suas nuances políticas. A gente não pode querer que todo mundo fale a mesma coisa, pense a mesma coisa, nós não somos iguais”, disse Lula.

“Nós somos diferentes e isso é extraordinário, porque a diferença permite que a gente procure encontrar nossas similaridades, as coisas que nos ajudam."

Mais tarde, ao ser questionado por jornalistas na saída do hotel onde estava hospedado sobre o fatoaposta libertadores hojeGonzález ter se declarado presidente eleito, Lula retrucou: "O cara nem tomou posse e você quer que eu fale".

Segundo um diplomata que atua nas negociações relacionadas à crise política na Venezuela ouvido pela BBC News Brasil, a aposta principal da diplomacia brasileira é a articulação com Colômbia e México para abrir diálogo entre governo e oposição.

Os dois países têm governosaposta libertadores hojeesquerda que mantêm relações com a Venezuela. Junto com o Brasil, divulgaram na sexta-feira (2/8) uma nota se oferecendo "para apoiar os esforçosaposta libertadores hojediálogo e buscaaposta libertadores hojeacordos que beneficiem o povo venezuelano", mas sem detalhar como isso se daria.

A intenção, disse a fonte ouvida pela BBC News Brasil, é promover um encontroaposta libertadores hojealto nível, entre os chanceleres dessas nações, ou mesmo entre os presidentes. Nesse segundo caso, o encontro poderia ser virtual.

A principal dificuldade, porém, é convencer Maduro a participar desse diálogo, reconhece o diplomata. Já a oposição está mais aberta a negociar.

Para o cientista político chileno Patricio Navia, professor na Universidade Diego Portales e na Universidadeaposta libertadores hojeNova York, as diferenças entre Lula e Boricaposta libertadores hojerelação à Venezuela refletem não só as diferenças geracionais entre os dois líderesaposta libertadores hojeesquerda, mas também os papéis diferentesaposta libertadores hojeBrasil e Chile na região.

Ele destaca a grandeza da população, do território e da economia do Brasil,aposta libertadores hojecontraste com o tamanho do Chile — apesar deste,aposta libertadores hojegeral, ter índices sociais melhores.

"O Chile não pode ser um ator internacional. Se o presidente do Chile disser algo, ninguém vai prestar atenção. Se o presidente do Brasil fala, prestam atenção, porque é o maior país da América Latina. Então, o Brasil entende o seu papel no mundo."

Dawisson Belém Lopes, professoraposta libertadores hojepolítica internacional e comparada da Universidade Federalaposta libertadores hojeMinas Gerais (UFMG), aponta também para o fatoaposta libertadores hojeque o Brasil divide fronteira com a Venezuela, o que não é o caso do Chile.

"O Brasil temaposta libertadores hojelidar com esse vizinhoaposta libertadores hojeforma mais direta. No caso chileno, você pode até argumentar que o Chile tem hoje que lidar com uma leva grandeaposta libertadores hojeimigrantes venezuelanos, mas é mais indireto."

Lopes aponta que uma eventual ruptura com a Venezuela traria problemas para o Brasilaposta libertadores hojevárias esferas, comoaposta libertadores hojequestões energéticas,aposta libertadores hojecontroleaposta libertadores hojefronteiras e combate à criminalidade.

"[São questões que] Envolvem no fim das contas a própria perspectivaaposta libertadores hojeuma integração regional, que é um dos sonhos do Lula para o seu terceiro mandato: reintegrar a América do Sul", afirma o professor da UFMG.

"Enfim, o Brasil também é um país maior, é mais importante para o equilíbrio da região. O Brasil precisa ser mais cauteloso e pragmático. O custo para o Boric fazer os seus discursos e ser principista [privilegiar princípios morais] custa muito menos do que para o Lula. Para o Lula, o custo é muito alto", conclui.