Por que se diz que eleição no Uruguai é 'a mais chata' do mundo neste ano (e por que isso é invejável):depósito mínimo 1 real

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Delgado teve 26,7% dos votos.

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A disputa no Uruguai tem sido considerada "chata" porque, quem quer que se consagre vencedor, acredita-se que tudo continuará mais ou menos igual no país.

Orsi, do grupo opositor, já descartou realizar uma "mudança substancial" na condução econômica caso suceda Lacalle Pou na Presidência.

Lacalle Pou, pordepósito mínimo 1 realvez, também evitou emdepósito mínimo 1 realgestão uma mudança bruscadepósito mínimo 1 realdireçãodepósito mínimo 1 realrelação aos 15 anos anterioresdepósito mínimo 1 realgovernosdepósito mínimo 1 realesquerda.

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Legenda da foto, Yamandú Orsi, candidato da Frente Ampla
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A propostadepósito mínimo 1 realreforma mais radical a ser votada no Uruguai vemdepósito mínimo 1 realfora dos partidos: um plebiscito impulsionado pela central sindical Pit-Cnt e por movimentos sociais para reformular o sistema previdenciário e eliminar os fundosdepósito mínimo 1 realpoupança individual.

Mas os candidatos são contrários a essa iniciativa, e o debate entre eles se dá mais por nuances do que por diferenças profundas — ao pontodepósito mínimo 1 realparecer tediosodepósito mínimo 1 realcomparação com as disputas eleitorais acaloradasdepósito mínimo 1 realoutros lugares, como no Brasil.

"O Uruguai é um país onde historicamente se valorizam as transições mais lentas. Candidatos que propuseram mudanças mais drásticas perderam as eleições", explica a socióloga Mariana Pomiés, diretora da consultoria local Cifra.

"Somos como nossa geografia: uma peniplanície [região quase plana] suavemente ondulada. E as mudanças que gostamos são suavemente onduladas", diz Pomiés à BBC News Mundo (serviçodepósito mínimo 1 realespanhol da BBC).

Isso pode ser invejáveldepósito mínimo 1 realoutros países, embora para alguns uruguaios também seja um peso difícildepósito mínimo 1 realcarregar.

Nem histórica, nem épica

Para entender quão peculiares são as eleições uruguaias, basta compará-las com outras realizadas no continente este ano.

Algumas foram históricas: o México escolheudepósito mínimo 1 realprimeira mulher presidente, Claudia Sheinbaum, e El Salvador viu Nayib Bukele celebrar uma reeleição inéditadepósito mínimo 1 realum país que, por maisdepósito mínimo 1 realquatro décadas, proíbe pela Constituição dois mandatos presidenciais consecutivos.

Na Venezuela, por outro lado, Nicolás Maduro foi declarado vencedor por instituições alinhadas ao governo, sem apresentar as atasdepósito mínimo 1 realvotação, enquanto seus opositores o acusamdepósito mínimo 1 realfraude e repressão.

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Legenda da foto, Álvaro Delgado, ex-secretário da presidênciadepósito mínimo 1 realLuis Lacalle Pou, é o candidato do Partido Nacional, no poder

Os outros dois pleitos presidenciais deste ano na região, no Panamá e na República Dominicana, foram relevantes alémdepósito mínimo 1 realsuas fronteiras porque os vencedores propuseram medidas duras para conter a migração para os Estados Unidos através do Darién e do Haiti, respectivamente.

E no início deste mês, os olhos do mundo se voltaram para as eleições nos EUA. O ex-presidente Donald Trump foi eleito para um novo mandato,depósito mínimo 1 realum contextodepósito mínimo 1 realcrescente violência política e ansiedade sobre o futuro da democracia americana.

Recentemente, o historiador israelense Yuval Noah Harari fez um comentário no programa The Daily Show sobre a política americana: "Não seria melhor que fossem um pouco mais entediantes?".

No entanto, nada indica que a votação presidencial no Uruguai será histórica, épica ou transcendental foradepósito mínimo 1 realsuas fronteiras.

'Por que deveria?'

O Uruguai, com seus 3,4 milhõesdepósito mínimo 1 realhabitantes, esteve até agora afastado dos níveisdepósito mínimo 1 realpolarização políticadepósito mínimo 1 realoutros países.

Os candidatos participaramdepósito mínimo 1 realeventos sem atritos, até com sorrisos, e o presidente caminhou recentemente pelo centrodepósito mínimo 1 realMontevidéu sem grande aparatodepósito mínimo 1 realsegurança, como também faziam Mujica e outros antecessores.

Crédito, AFP

Legenda da foto, A novidade nestas eleições foi Andrés Ojeda, candidato do tradicional Partido Colorado, que integra a atual coligação governamental

A economia uruguaia, considerada uma das mais prósperas da região, cresceu anualmente desde 2010 um pouco acima ou abaixo da média sul-americana, sem os altos e baixosdepósito mínimo 1 realpaíses vizinhos, exceto pela queda durante a pandemia.

"Neste país, ninguém pensadepósito mínimo 1 realcolocardepósito mínimo 1 realrisco a estabilidade macroeconômica", disse Orsidepósito mínimo 1 realjunho.

Ele é ex-prefeitodepósito mínimo 1 realCanelones, o segundo departamento mais populoso do Uruguai.

"Isso faz partedepósito mínimo 1 realuma lógica que atravessa os partidos", acrescentou,depósito mínimo 1 realum evento do semanário local Búsqueda.

O Banco Mundial resume que "o Uruguai se destaca na América Latina por ser uma sociedade igualitária, com alta renda per capita e baixos níveisdepósito mínimo 1 realdesigualdade e pobreza".

Orlando D'Adamo, especialista argentinodepósito mínimo 1 realopinião pública e psicologia política que trabalhoudepósito mínimo 1 realvários países latino-americanos, acredita que esse equilíbrio relativo é o motivo pelo qual as eleições uruguaias são "mais entediantes" que asdepósito mínimo 1 realoutros países da região.

"A estabilidade democrática nunca foi dita como algo divertido, mas, por outro lado, é cheiadepósito mínimo 1 realbenefícios", explica.

"Um país forte institucionalmente e que não enfrentou nos últimos 20 anos uma crise econômica grave, por que deveria ter uma mudança radicaldepósito mínimo 1 realgoverno?".

"De fora, nunca ouvi ninguém dizer que o funcionamento político democrático do Uruguai não seja invejável", afirma D’Adamo à BBC Mundo.

'Não acontece nada'

O Uruguai se destaca pela continuidadedepósito mínimo 1 realsuas políticas, independentemente do partido no governo, incluindo iniciativas inovadoras como energia renovável e a legalização da maconha.

Em seu livro Repúblicas defraudadas, o cientista político peruano Alberto Vergara observa que a constância e o pluralismo político foram chaves no progresso uruguaio.

Porém,depósito mínimo 1 realconversa com a BBC News Mundo, Vergara explica que, na política, "há uma linha tênue entre previsibilidade e inércia".

O Uruguai enfrenta grandes desafios que foram negligenciados nesta campanha ou tratadosdepósito mínimo 1 realforma superficial.

Crédito, AFP

Legenda da foto, Apesar dadepósito mínimo 1 realrelativa prosperidade, o Uruguai enfrenta grandes desafios como a pobreza, especialmente a pobreza infantil, ou os homicídios violentos

Apesardepósito mínimo 1 realsua relativa prosperidade, faltam propostas e discussões sobre como reduzir a criminalidadedepósito mínimo 1 realum país cuja taxadepósito mínimo 1 realhomicídios se aproximadepósito mínimo 1 real11 por 100 mil habitantes — acima da Argentina ou Chile, embora inferior ao Brasil ou Equador —, atribuídadepósito mínimo 1 realboa parte à expansão do narcotráfico.

Com a segurança pública sendo a maior preocupação dos uruguaios, segundo pesquisas, os políticos têm preferido culpar uns aos outrosdepósito mínimo 1 realvezdepósito mínimo 1 realbuscar possíveis acordos.

Também não foram alcançados consensos para combater a pobreza infantil, que afeta 20% das crianças menoresdepósito mínimo 1 realseis anos — o dobro da taxa da população geral —, enquanto a Unicef apontou a "necessidade urgente"depósito mínimo 1 realimplementar políticas integradas nessa área.

Uma pesquisa da Cifradepósito mínimo 1 realagosto mostrou que mais da metade dos uruguaios (53%) acredita que o próximo governo deve "fazer muitos ajustes" ou "mudardepósito mínimo 1 realrumo".

Diante disso, alguns alertam que o lado negativo do status quo, que traz estabilidade ao país, é dificultar mudanças, mesmodepósito mínimo 1 realdesafios como a reforma administrativa, considerada essencial por cada novo governo.

"Há uma enorme faltadepósito mínimo 1 realrebeldia e coragem para mudar as coisas, porque todos estamos mais ou menos confortáveis”, diz Martín Bueno, advogado especialistadepósito mínimo 1 realtecnologias da informação.

"Mas existe um Uruguai que está sofrendo bastante e, se não houver mudanças estruturais, não vai melhorar muito".

"Enquanto não geramos mudanças, o mundo avança cada vez mais rápido", observa.

"E, com tudodepósito mínimo 1 realbom e ruim que tem, no Uruguai, não acontece nada".